Runaway escrita por Grace


Capítulo 13
Four


Notas iniciais do capítulo

Oi mores
Espero que gostem desse capítulo.
Perdão pela demora (juntou semana de provas + bloqueio criativo e eu não consegui escrever nada que prestasse).
beijos, boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/615551/chapter/13

Tris

Era hora do jantar. Eu não tinha percebido o quanto estava com fome até eu realmente sentir o cheiro da comida. Eu havia perdido o café da manhã e o almoço, e não tinha tido tempo para comer nada durante o dia. Entrei no refeitório praticamente embriagada pelo cheiro. Eu realmente tinha esperanças de que a comida estive boa hoje.

Notei Quatro sentado numa mesa próxima a porta, junto com Zeke, Shauna e mais alguns. Ele fez um sinal discreto para que eu me aproximasse da mesa.

— Sabe, Tris, temos mais alguns cúmplices — Ele disse, sorrindo. Eu dei um sorriso discreto. Era uma ótima notícia. Os amigos de Quatro eram pessoas influentes e bem informados. Zeke era um líder nato.

— Eu conversei com Tori hoje — Eu disse, tomando os devidos cuidados para parecer que era apenas uma conversa informal — Ela está disposta a ajudar. Eu me apoiei nos ombros de Quatro.

— Ótimo — Ele disse, apertando a minha mão, que continuava apoiada em seus ombros — Pretendo conversar com mais algumas pessoas após o jantar.

— Eu também — Eu respondi simplesmente. Olhei para a mesa que eu costumava sentar — Eu vejo você depois, Quatro — Baguncei o cabelo dele levemente e depois me despedi dos outros que estavam sentados na mesa. Eu tinha certeza que meu olhar dizia muito obrigada, e acho que eles entenderam, já que sorriram pra mim.

Peguei minha bandeja e me servi de tudo que achei mais gostoso, e depois rumei para a mesa que eu costumava dividir com meus amigos, que conversavam e riam tranquilamente.

— Olha só quem resolveu aparecer — Uriah disse, assim que eu me aproximei — Já estávamos começando a pensar que você tinha nos trocado pra andar com a turma do meu irmão.

— É mesmo Tris — Will acrescentou — Você realmente sumiu hoje. Não apareceu pro café da manhã, nem pro almoço. Já estávamos combinando uma força tarefa pra buscar por você.

— Vocês são muito dramáticos — Eu respondi, me sentando ao lado de Christina — Aconteceram algumas coisas, e eu acabei perdendo a hora — Fiz uma pausa — E agora estou morta de fome.

— Você não teve que ir treinar os Iniciados hoje? — Marlene perguntou. Então, pelo jeito, a notícia do problema da noite anterior não tinha se espelhado pelo complexo. Nem da facada em Eric nem da invasão a uma das salas. Era incrível a história não ter vazado, principalmente aqui na Audácia, onde paredes tinham olhos, ouvidos e boca.

— Ontem foi a noite de caça a bandeira — Eu disse, devagar — Tivemos um pequeno problema, que acabou atrasando tudo e fomos todos dormir muito tarde. Dispensamos os Iniciados das aulas da manhã, e de tarde fomos visitar a cerca.

— O que aconteceu? — Lynn perguntou, prestando atenção.

— Eric… atrasou — Eu disse, com cuidado — Ele ia liderar um dos grupos e não apareceu na hora marcada — Eu não gostava de mentir para os meus amigos, mas eu contaria a verdade depois. Eu só não julgava seguro contar a verdade no meio do refeitório.

— Típico dele — Christina resmungou, revirando os olhos — Eric se acha uma espécie de príncipe intocável. Eu adoraria acabar com a raça dele — Houve uma concordância geral, e eu então aproveitei o momento.

— Eu preciso falar com vocês — Eu olhei para cada um deles. Quando encarei Al, que estava muito silenciosos, ele não me olhou de volta, como os outros haviam feito. Ele encarava a comido ainda intocada que estava em sua bandeja. Eu o havia magoado, e tinha consciência disso. Ele havia aberto o coração pra mim, e eu o havia rejeitado. Não tinha sido por mal, mas eu não queria dar esperanças nem brincar com ele, sendo que eu sabia que nunca ia amá-lo de uma outra forma, a não ser como amigo.

— Parece sério — Lynn observou.

— E é — Eu respondi — Podemos nos encontrar nos trilhos às nove horas? — Eu perguntei, sem realmente dar tempo para que eles respondessem — Não acho seguro nos encontrarmos dentro do complexo da Audácia pra contar o que eu tenho pra contar, principalmente porque somos um número grande de pessoas.

— Claro que sim — Christina respondeu, pensativa. Os outros concordaram com a cabeça.

Depois de mais algumas brincadeiras descontraídas, nossa mesa ficou bem quieta. Eu tinha certeza que eles estavam tentando advinhar o que eu precisava conversar com eles. Elas sabiam que devia ser algo sério.

A comida já não me parecia tão boa agora. Eu estava ficando nervosa. Eu acabaria expondo minha divergência para os meus amigos pela primeira vez, e isso me fazia sentir vulnerável.

— Tris? — Uma voz baixa, grave e misteriosa me tirou de meus devaneios. Era a voz que eu mais gostava de ouvir — Eu posso falar com você um instante?

— Claro — Eu respondi, olhando Quatro nos olhos e sorrindo pra ele. Levantei da mesa e o acompanhei para fora do refeitório, feliz por ter outra coisa com que me preocupar.

— E aí? — Ele perguntou quando entramos em um corredor ao lado. Ele passou a mão pelo meu rosto lentamente.

— Vou falar com eles às nove horas. No trem — Eu informei — Não quis arriscar fazer uma reunião com um grupo grande dentro do complexo.

— Perfeito — Ele sorriu — Temos tempo para o que eu pretendo fazer agora — Ele começou a caminhar, me puxando junto com ele, enquanto segurava a minha mão.

— O que exatamente nós vamos fazer? — Eu perguntei, arqueando a sobrancelha — Pra onde estamos indo?

— Tris, você é a pessoa que mais me surpreende nessa vida — Ele disse, me encostando na parede e me beijando em seguida — E é a pessoa que eu mais gosto nela — Ele me beijou de novo — Acho que está na hora de você me conhecer um pouco mais intimamente — Ele me beijou novamente, antes que eu tivesse tempo de responder qualquer coisa — Vem — Ele recomeçou a andar, puxando minha mão.

Eu prestava atenção em Quatro, ao invés de prestar atenção para onde estávamos indo. Eu confiava nele o suficiente para não perguntar nada nem exigir respostas imediatas.

Quatro era silencioso para andar, como um felino prestes a dar o bote. Eu já havia visto as tatuagens dele, elas indicavam uma pessoa com personalidade forte, segura e decidida, como ele era mesmo.

Ele mantinha o corte de cabelo curto, como os homens costumavam fazer na Abnegação. Eu não sabia por que ele o mantinha assim. Se eu tivesse que arriscar, chutaria que o teste dele havia dado Abnegação e Audácia.

Abnegação. Quatro também era um transferido, embora as vezes eu me esquecesse disso. Será que ele havia vindo da Abnegação? Era muito raro alguém de lá se transferir para a Audácia. Antes de mim, o único a fazer isso havia sido o filho de Marcus Eaton, um velho amigo dos meus pais. Exatamente dois anos antes de mim.

Quatro havia chegado aqui dois anos antes de mim.

Ele parou de andar abruptamente, e eu quase esbarrei nele. Estávamos em um lugar que eu reconhecia. Era onde nós passávamos pela paisagem do medo, na nossa iniciação. Eu havia estado lá apenas uma vez desde que me juntara a Audácia, e havia sido para enfrentar meus medos.

— O que nós viemos fazer aqui? — Eu perguntei.

— Você merece me conhecer melhor — Ele respondeu, sorrindo e me oferecendo uma agulha em seguida. Eu a peguei e procurei o ponto em seu pescoço — Não se preocupe — Ele disse, em seguida — Está programada para mim. Você vai me acompanhar e descobrir algumas coisas sobre mim, meu passado e as consequências dele.

— Quatro, qual seu nome? — Eu sussurrei, enquanto ele procurava o ponto em meu pescoço e injetava o líquido da simulação em mim.

— Tente descobrir, Tris — Ele respondeu, e então, nós estávamos de pé em frente a um abismo.

Quatro tinha medo de altura, mas isso não era novidade pra mim. Eu me lembrava de dois anos atrás, quando ele havia escalado a roda gigante comigo, pela primeira vez. Tomei uma decisão rápida. Peguei a mão dele e comecei a correr rumo ao abismo. O melhor jeito de vencer o medo era enfrentando-o. Pulamos.

O próximo medo de Quatro era de confinamento. Estávamos confinados a um lugar que diminuía a cada instante. Pude notar que esse era pior do que o medo de altura. Ele murmurou alguma coisa como trauma de criança, por ficar preso num armário pequeno, por horas, de castigo. Consegui que ele se concentrasse em minha respiração, para se acalmar.

No próximo, uma mulher sem rosto o encarava, apontando uma arma para ele. Uma outra arma estava depositada em uma mesinha, esperando que ele a pegasse. Ele a pega, e sem pensar muito, a aponta para a mulher e atira. Ele cai de joelhos e eu o entendo. parece real. Muito real.

Avançamos e esperamos o próximo medo. É quando Marcus Eaton surge. Eu prendo a respiração. Só tinha um motivo para ele aparecer nos medos de Quatro. Quatro era o filho de Marcus, que se transferira da Abnegação para a Audácia. Ele era Tobias.

Marcus então se multiplica, me pegando de surpresa. As várias cópias nos cercam, de maneira assustadora. São dezenas dele, que me deixam um pouco assustada. Eles então pegam o cinto e avançam furiosamente em nossa direção, gritando “É para o seu bem”.

Eu já tinha ouvido boatos, quando era pequena, que Marcus era uma pessoa violenta. Eu não acreditara antes porque havia tomado partido da ideia dos meus pais. Eu acreditava agora. Marcus batia covardemente no filho, quando esse era menor.

Marcus levanta a mão e olha para Tobias. Ele vai acertá-lo. Vai bater nele, de novo. Eu não consigo permiti isso, não consigo assistir. Antes que eu consiga pensar melhor sobre o assunto, eu me coloco entre Tobias e o cinto, que acaba acertando me braço.

Tobias então se move, reagindo com raiva. A simulação então termina tão rápido quanto havia começado.

Quatro. Quatro medos. Ele só tinha quatro medos.

Tobias me abraça. Devo chamá-lo de Quatro ou de Tobias? Eu o abraço de volta, apertando forte.

— Agora você sabe — Ele sussurra em meu ouvido, beijando minha testa em seguida — Você se lembra do meu nome?

— Tobias — Eu sussurro — Você é Tobias.

— É bom escutar meu nome de novo — Ele diz, sorrindo. Eu beijo a ponta do queixo dele.

— Quatro medos, hein? — Eu brinco — E eu achando que fiz um grande feito.

— Sete, se me lembro bem — Ele responde, brincando com o meu cabelo.

— Acho que são seis agora — Eu digo, pensativa — Acho que já deixei um deles pra trás — Eu não acho que tenha mais medo de estar com alguém. Não se esse alguém fosse Tobias — Qualquer dia desses eu te mostro, embora você já os tenha visto na segunda fase.

— O tanque de água, os corvos, sua família — Ele sussurra — A maioria deles tem a ver com perder o controle.

Eu dou um aceno com a cabeça, confirmando. Por um segundo, me recuso a lembrar que somos Divergentes, que corremos perigo, que queremos tomar um poder, que estamos juntando um grupo para lutar pela Audácia. Esqueço a Erudição, a Audácia, Max e os outros.

Somos só eu e Tobias. Ele é meu, e eu sou dele. Nós pertencemos um ao outro.

— Sabe, me sinto melhor agora — Ele diz — É um alívio daber que a mulher que eu amo me conhece de verdade. No meu intimo. Eu nunca mostrei isso pra ninguém.

— Eu amo você, Tobias — Eu finalmente digo, colocando toda a verdade possível nas minhas palavras.

— Eu amo você, Beatrice — Ele responde, e nós nos beijamos em seguida. Sou tomada por uma sensação rara de paz, e eu sei que se ficarmos juntos, tudo vai dar certo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

QUEM GOSTOU?????
#4Tris, bitches!