Monarquia escrita por Thaís Romes


Capítulo 14
A Família Wayne.


Notas iniciais do capítulo

Oi amores!
Hoje não haveria postagem, não gosto muito de postar as segundas, gosto de terça, terça definitivamente é meu dia, mas ao abrir o site não consegui resistir. Por que?
Bom, a Angel, que acredito ser realmente um anjo, fez uma recomendação que usando suas palavras, não posso descrever de outra forma, se não perfeita. Obrigada flor, o capítulo adiantado é em sua homenagem, minha forma de te dizer, muito obrigada!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/614953/chapter/14

FELICITY

Não conseguia dormir, pôr a cama ser grande demais, macia demais, ou minha cabeça estar a mil. Tudo parece errado ao meu redor, e o sentimento de perda oprime meu peito. A verdade é que não parei para pensar, ou fiquei sozinha desde que soube o que aconteceu com meu pai. Logo eu, que detesto quando dizem que ele foi um bom homem, e agora é só no que penso. Ele foi o melhor homem que conheci, e alguém foi capaz de se julgar mais importante do que ele. O matou como uma simples queima de arquivos, ele não morreu como um herói, foi assassinado por um bandido.

Me levanto, não consigo mais ficar parada, visto um moletom preto nada atraente, que com minhas calças de pijama de estrelinhas coloridas, conseguia ficar menos atraente ainda. E saio do meu quarto, só precisava andar um pouco, pensar em outras coisas, por que não consigo mais chorar, acho que meu ódio secou minhas glândulas lacrimais. E nem sei se isso é possível.

As pinturas penduradas nas paredes eram intrigantes, sentia que havia uma história ali. Resolvi segui-las, cada quadro era como ler um novo capítulo, primeiro um homem muito parecido com o príncipe Bruce, mas não tão bonito quanto, deve ser o rei Thomas. Depois ele estava com um mulher, muito linda, uau! Preciso parar para analisar seus traços delicados, seus olhos bondosos, tive certeza de que ela era Martha a rainha de Gotham, foi morta precocemente, assassinada, como meu pai. Acredito que o príncipe tinha oito anos.

—As pessoas sempre param em frente à essa foto. –uma voz grave chama minha atenção.

Ele estava a meu lado, era mais alto do que pensava e com certeza mais bonito também. Bruce Wayne olhava sério para a pintura da mãe a nossa frente, com as mãos nos bolsos de suas calças. Só então percebo que estava de camiseta e calças de moletom preta e parecia... Suado?

—Me desculpe alteza, não conseguia dormir. –peço desviando meus olhos dele.

—Tudo bem. –dá de ombros. –Pode me chamar de Bruce, não tem ninguém por perto, Felicity? –se vira em minha direção e estende sua mão em cumprimento, ela estava enfaixada.

Ao invés de apertar sua mão eu a pego com as minhas por puro instinto. –Está machucado? –questiono olhando as ataduras limpas em sua mão enorme, e pesada. A resposta não vem, então levanto meus olhos em sua direção, e o vejo me encarando com um mínimo sorriso no rosto.

—Não.

—Ou! –exclamo as soltando, o que acaba sendo um gesto um tanto brusco. Depois percebo que não respondi sua pergunta então pego novamente sua mão, com minha mão esquerda e a junto a minha direita completando o cumprimento que ele iniciou antes. –Sim, sou Felicity, Felicity Smoak, mas pode me chamar de Felicity, ou de Smoak, ou não sei... Você é a autoridade aqui, pode me chamar como quiser. –mas que merda estou fazendo? –Desculpe. –peço soltando sua mão. –Eu falo demais quando estou envergonhada, nervosa, ou desconfortável... Ou viva, falo muito de qualquer jeito.

—Percebi. –e eu percebi que ele é muito monossilábico! Bruce me olhava entre a diversão e a curiosidade.

—Não estou implantando bombas no seu castelo! –por que diabo eu disse isso? –Insônia! –me apresso a dizer. –Estou com insônia.

—Não pensei que estivesse. –o olho confusa. –Implantando bombas. –esclarece. –Também não conseguia dormir.

—Por isso as mãos enfaixadas? –Bruce olha para as próprias mãos.

—Sim, eu treino quando estou aceso demais, me ajuda a desacelerar.

—Oliver treina pelas manhãs. Não sei como ele faz para dormir... –começo a pensar em Oliver deitado em uma cama... Rolando de um lado a outro...

—Felicity? –o príncipe chama e sinto meu rosto queimar.

—É sua mãe, não é? –mudo de assunto apontando para a pintura.

—Sim. –ele suspira e volta a postura tensa de antes.

—Ela era linda, de uma forma impressionante.

—Acreditaria se dissesse que ela parece feia nessa pintura comparada a realidade?

—Você se parece com ela, com os dois na verdade, se parece com uma mistura dos dois. –divago observando. –É um saco não é?

—Me parecer com eles?

—Perder um dos pais. –Bruce me olha surpreso, mas não podia me controlar. –Desculpe, não queria ser inconveniente, é que não conheço ninguém além de mim que conhece o vazio, tem meu o amigo, ele perdeu um irmão, mas não um dos pais. Não sei como é perder um irmão, nunca tive um irmão... E como disse, falo muito...

—É sim, um saco. –responde com a voz um pouco mais fraca. –Quer caminhar um pouco?

Nós andamos pelo castelo, até uma sacada, onde era possível ver boa parte da cidade. Bruce debruça sobre o parapeito da varanda, observando a vista, e faço o mesmo parando a seu lado. Não posso negar, assim de longe, mas de bem longe, Gotham parece ser uma cidade bonita, até calma. Isso prova como a distância melhora a aparência das coisas.

—Como seu pai morreu? –me surpreendo com sua pergunta.

—Foi assassinado a sete anos, no atentado... –respiro fundo e sinto o olhar de Bruce sobre mim. O buraco em meu peito que venho controlando com maestria se abre um pouco mais, a ponto de minha voz falhar. –Ele era o guarda costas de Oliver, até poucos dias eu pensei que ele havia sido morto por ter o salvado, mas Oliver nunca foi o alvo. Mataram meu pai Bruce, por que ele era leal e muito bom em seu trabalho. –meus olhos ardem com as lágrimas que segurava.

—Diria eu sinto muito, mas assim como eu, deve detestar quando te dizem isso, eu não conheci seu pai para sentir por ele. –sorrio com tristeza, nada poderia consolar quem vive com o vazio. –Mas espero que quem fez isso, tenha a justiça que merece.

—É só o que quero. –concordo abraçando meu próprio corpo. –Se importa se perguntar sobre o seu pai? –Bruce volta a observar a paisagem sem nenhuma expressão no rosto.

—Ele está em coma, a quatro meses, mas essa parte você sabe. Os médicos dizem que não existe razão para que não acorde. Ele simplesmente dorme.

—Acha que pode ser...

—Tenho certeza do que é. –me interrompe. –E acredite em mim, estou mais do que motivado em terminar com isso.

THEA

Me sento em um dos bancos frios do hospital, a imprensa já começava a chegar, é uma droga ser uma princesa nessas horas. Para o azar de Clair, o médico que Oliver contratou estava de folga hoje, e ele não contratou um reserva. Roy se senta a meu lado e me oferece o que parece ser um copo de café.

—Obrigada. –murmuro aceitando.

—Falei com o médico dela, ele está a caminho.

—O médico que a atendeu disse que já estavam a levando para a cirurgia. –conto. –Não tem nada que ele possa fazer aqui. –tento não pensar no pior, mas era tudo surreal demais, escondo meu rosto com as mãos.

—Thea. –sinto a mão de Roy em minhas costas, tentando me confortar. –Clair parece ser forte, ela vai ficar bem. –tiro minhas mãos do rosto encarando seus olhos ternos.

—Eu mal a conheço Roy, mas meu irmão ama essa senhora. Ollie tem o mundo em suas costas, se sente responsável por tudo e todos, uma coisa dessas pode o fazer desmoronar, e ele não pode desmoronar agora. Clair não pode morrer hoje! –digo baixo, tentando não chamar a atenção das pessoas ao redor.

—Vamos torcer para que isso não aconteça. –ele olha para onde os paparazzi haviam sido barrados pelos outros seguranças que estavam no asilo. –Só um minuto. –me diz com a voz doce e um sorriso reconfortante nos lábios, então se levanta e sua expressão muda para o modo profissional e segue em direção a baderna.

Não sei o que Roy diz a eles, mas em segundos todos desaparecem apressados, ele vai em direção a recepção de diz alguma coisa. Quando volta em minha direção com o semblante sereno, está acompanhado de uma funcionária, que nos leva para outro lugar, que parece ser uma sala privada. Ela nos deixa a sós no local, prometendo notícias assim que possível.

—O que você fez? –questiono chocada.

—Um truque que Diggle me ensinou, não estou autorizado a contar. –brinca se sentando em uma das poltronas e me sento a seu lado.

—Não sei nada sobre você. –me dou conta olhando em seus olhos azuis. –Tirando o fato de que é o próximo John Diggle.

—Não tem muito para saber. –dá de ombros. –Vivo para servir a realeza, passo meu tempo livre me aprimorando para isso, treino com John todos os dias, e passei a treinar com seu irmão também. –ao dizer isso um sorriso divertido aparece em seu rosto.

—Por que está rindo?

—O príncipe, é assustadoramente bom. –aquilo parecia ser uma piada interna.

—Ollie treina desde a infância, ele é um príncipe herdeiro. –explico sem entender a graça.

—Existe alguma coisa em você... –Roy parece pensar alto me observando. –Fala de seu irmão como se ele fosse o único a ter sangue real. –engulo em seco o olhando assustada. –É aquele tipo de garota não é?

—Que... Que tipo de garota? –minhas mãos estão trêmulas, os olhos dele parecem enxergar além de mim e aquilo me assusta.

—Essas que não se enxergam como realmente são. Algumas se acham feias demais, outras magras ou gordas demais. No seu caso é diferente, sabe que é bonita, não parece duvidar disso. –ele me olhava, falava comigo, mas não parecia realmente falar comigo, era como se refletisse com ele mesmo. –Mas não se acha especial, estou errado?

OLIVER

Diggle andava de um lado a outro em minha frente, não sei quantas vezes repeti a mesma história para ele. Não que me incomode, Andrew era irmão dele e foi assassinado, mas já estava começando a ficar preocupado. Por fim ele parece se cansar e para cruzando os braços.

—Andy não me disse nada! Nunca nem mesmo suspeitei!

—Ele era tão bom quanto você John, eu realmente sinto muito. –digo com sinceridade e o vejo suspirar, passando as mãos no rosto.

—Ele morreu Oliver. E eu aceitei isso, aceitei a ideia de não ter um irmão, mas consegue compreender como o fato de ter sido um assassinato muda tudo? –seus olhos estavam marejados, e sei que está se controlando para não gritar.

—Não. –sou sincero mais uma vez. –Nunca perdi ninguém da minha família, mas perdi Alfred. E mesmo não tendo seu sangue... Bom, ele era como família para mim. E sei como isso mudou a forma com que vejo tudo agora. Se serve de consolo, vou realmente me empenhar em trazer justiça para a memória deles, por você e pelos Smoak.

—Parece bom o suficiente para mim. –ele se senta em uma poltrona parecendo estar exausto. –Alfred, ele me disse que o nosso trabalho nos faz criar uma ligação com vocês, algo que ele não poderia me explicar até que acontecesse comigo... O que quero dizer, é que te respeito Oliver, e consigo vê-lo como o futuro rei, alguém que sou capaz de seguir.

Me levanto e vou em sua direção estendendo a mão para ele, que se levanta e a aperta. –Obrigado. –precisava ouvir aquilo, por que nesse momento tudo está desmoronando, e não sei se sou capaz de ser o líder que todos esperam. –Vou honrar isso.

—Sei que vai. –diz indo em direção a porta. –É melhor dormir, ou no meu caso, revirar cada memória que tenho de Alfred e Andrew, em busca de algo.

—Queria ver Felicity, mas... –John sorri de lado.

—Felicity vai ficar bem, se precisar ela sabe onde nos encontrar. –ele aponta para a porta de acesso entre o meu quarto e o dela. –Boa noite, Oliver.

—Boa noite, John.

Sete anos atrás...

—Alteza, esse é John Diggle. –um homem negro e muito alto estava parado a minha frente, em posição militar. Caminho em sua direção e estendo minha mão para ele em cumprimento.

—Sr. Diggle, é um prazer. Conheço seu irmão a muito tempo. –digo educado quando me afasto voltando a me sentar na cadeira do meu pai, em seu escritório.

—Estava servindo no exército real, nos últimos três anos. –seu tom era profissional e frio, muito diferente de Alfred.

—Um soldado. –falo admirado. –Vai voltar a seus treinamentos com Alfred, ele me informou que será seu sucessor, meus parabéns. Espero vê-lo em breve.

—Obrigado alteza. –faz uma breve reverencia e Alfred o acompanha até a porta.

—O rei não teria feito nada diferente. –elogia Alfred quando volta. –Fico feliz por ter deixado o receio de lado e dar uma chance a ele. O que te fez mudar de ideia?

—Felicity gosta de John. Ela me disse que ele é o melhor.

—Então a opinião de minha filha, uma garota com aptidão para informática era o necessário? –brinca fingindo pensar. –Vou levá-la ao próximo conselho de guerra!

—Talvez a guerra nem se inicie. –entro na brincadeira o fazendo dar risada. Escutamos algumas batidas na porta.

—Alteza. –Andy entra e faz uma breve reverencia.

—Olá Andy. Precisa de algo?

—O Rei está chamando Alfred. –diz se voltando para ele que parecia tenso, assim que Andrew entrou na sala.

—Estarei indo, vou apenas chamar John para me cobrir.

—Estou aqui, não é necessário, fico com o príncipe até sua volta. –vejo o olhar temeroso que Alfred me lança.

—Podem ficar os dois, eu pedi a Alfred para me deixar um tempo com seu irmão, quero o conhecer. –sinto a necessidade de mentir, não sei exatamente por que, mas Alfred assente, ligando para John. O envolvo em uma conversa até que o outro chegue, para que não precise mais uma vez criar desculpas. Alfred sai assim que John passa pela porta.

—Andy como está sua esposa? –pergunto tentando quebrar a tensão que ficou.

—Carlie está ótima, agora o bebê dorme toda à noite e ela voltou a parecer uma pessoa normal. –sorrio divertido.

—Os vi essa semana na casa dos Smoak, ele se parece muito com você.

—Se parece com o John na verdade. –o irmão sorri, um pouco menos frio agora.

—Tem filhos Sr. Diggle?

—Ainda não, alteza.

—John acabou de se casar alteza, Lyla Michaels.

—A agente Michaels? –não posso evitar a surpresa em minha voz, Andy confirma e Diggle esboça um pequeno sorriso. – Lyla foi guarda costas de Thea antes de pedir dispensa para ir servir no exército. Parabéns, aos dois!

—Obrigado. –Diggle diz.

—No fim, só o que importa é a família, só a família. –Andy murmura olhando para o irmão com um sorriso orgulhoso nos lábios.

Agora...

—Eu não estou enrolada em uma toalha, e não estou aqui por isso ai que está pensando... –olho para Felicity que estava parada no batente da porta de acesso, com os olhos marejados e uma expressão confusa no rosto. –Descobri finalmente o que porta de acesso quer dizer. –diz olhando para a própria mão na maçaneta.

—O que aconteceu? –questiono preocupado me sentando na cama.

—Eu estou com insônia, andei pelo castelo, conheci o príncipe Bruce, que é um cara decente alias. –dispara a falar rapidamente. –E estou com uma saudade absurda do meu pai, que foi assassinado, não morto cumprindo seu dever como pensei durante anos. Eu queria Oliver, queria muito deitar em minha cama, fechar meus olhos e dormir. Queria acordar com doze anos, e tudo ter sido um sonho horrível, meu pai ainda estaria lá, minha mãe sorriria mais, Thea não teria passado por tudo o que passou e você... –ela suspira com um sorriso triste enquanto uma lágrima escorre por sua face. –Ainda seria meu príncipe, meu melhor amigo.

—Sou seu melhor amigo. Sou seu príncipe. –me levanto e vou em sua direção, paro em sua frente segurando seus ombros. –Não dá para voltar no tempo, se existisse um meio, um estudo ou qualquer coisa a respeito, moveria céus e terras para fazer isso por você. Mas não dá. –seus olhos encontram os meus, não secaria suas lágrimas, ela deveria chorar. –Então, posso garantir que farei tudo o que precisar ser feito para fazer justiça a memória dele. –A puxo para meus braços a sentindo estremecer enquanto chorava, ouvindo os soluços abafados por seu rosto pressionado em meu peito.

—Faz parar, por favor. Faz essa dor parar. –dizia entre os soluços. –Preciso que ela pare!

Não existem muitos momentos em toda minha vida em que me senti tão inútil. Sou o príncipe herdeiro, se vejo a necessidade de fazer algo, simplesmente faço, resolvo problemas, esse é meu trabalho. Mas essa situação vai além do meu alcance. A pego em meus braços como se fosse uma criança a levando para minha cama, deito seu corpo com cuidado, e me deito a seu lado, a puxando mais uma vez para meus braços.

—Não sei mais ser forte... Não consigo mais ser só eu. –sua voz sai entre um choro de perda, era como se a consolasse pela morte do pai nesse momento.

—Eu estou aqui Felicity, vou sempre estar aqui... –repeti isso mais vezes do que me lembro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bruce Wayne na parada, Felicity tristinha e nada de noticias de Clair, bom, foi um capítulo razoavelmente agitado, no próximo teremos o embate dos príncipes. Então comentem, me contem o que acharam de Bruce, de Thea e Roy e todo esse drama aqui.
Obrigada mais uma vez a Angel, sua recomendação foi linda, assim como todas as outras que recomendaram também, não tem ideia da alegria de um autor ao ver algo desse tipo.
Comentem meus amores!
Bjnhos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Monarquia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.