[HIATUS] Savin' me escrita por PC Boêta


Capítulo 5
Insônia


Notas iniciais do capítulo

Não ficou exatamente do jeito que eu queria porém é só um capítulo de transição, então compreendam.
Boa leitura, gente!



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A noite foi inquieta para Draco. Dormiu pouco mesmo com a chuva reconfortante que batia sem parar na janela de caixilhos ao lado de sua cama.

O cortinado estava puxado, o escondendo de todos. Só o que ele podia ouvir era o barulho ritmado das respirações misturadas no quarto. Ainda estava escuro e ele não fazia ideia das horas. Deitado de costas e olhando para os babados da cortina verde esmeralda, ele suspirou baixo. Apertou os olhos com força e sentou-se no colchão devagar. Decidiu-se em um minuto. Puxou as cortinas de leve, calçou os chinelos e se encaminhou para a porta do quarto. Iria tomar um ar.

O salão comunal estava deserto e o fogo que ardia na lareira se extinguia nas últimas ondas de calor. Os sofás pretos de couro estavam dispersos exatamente da mesma maneira de sempre. As mesas com cadeiras desparelhadas e bagunçadas e os vários quadros nas paredes ressonavam baixinho. Malfoy passou direto até a porta, altura em que parou e olhou para o relógio em seu pulso. Cinco horas e vinte e dois minutos. Suspirou. Abriu a porta e andou pelos corredores desertos com cautela. Acabou por ir direto para a torre de Astronomia; um de seus antigos lugares preferidos no castelo que hoje só te assombrava em pesadelos. Dumbledore. Respirou fundo e atravessou a sala em uma dezena de passadas rápidas se debruçando na grade. Olhou os jardins escuros pensando em como seria o seu primeiro dia de volta às aulas. Fechou os olhos sentindo a brisa fria batendo em seu rosto. Não chovia mais mas o tempo mantinha-se úmido e gelado. Dispensou alguns minutos apenas para sentir o vento beliscando suas bochechas.

Ele havia cochilado algumas vezes mas não chegou a dormir em momento algum dessa noite... Ele estava apreensivo com o que o dia havia reservado pra ele. Medo, principalmente, de não conseguir corresponder às suas próprias expectativas e não conseguir se adaptar. Olhou o relógio novamente: cinco horas e cinquenta e oito minutos. Os primeiros raios de sol despontavam no horizonte, tingindo de laranja tudo que podia alcançar.

***

Ela estava de volta à mansão Malfoy e sentia o braço arder. Olhou para o lado e sentiu um peso cair em seu estômago ao ver Bellatix rabiscando seu antebraço com a adaga de prata. Um soluço subiu por sua garganta e novas lágrimas, grossas e quentes, escorreram por sua têmpora em direção à seus cabelos volumosos que estavam espalhados pelo chão branco e bem polido da casa grande e fria. Ouvia os gritos desesperados de Rony vindos de longe. Seu corpo amolecia e ela começava a perder o controle de suas próprias ações e pensamentos. Então acordou.

Hermione sentou-se na cama respirando fundo. Acabara de ter mais um pesadelo. Abriu o cortinado vermelho escuro que se estendia ao lado da cama e olhou para o relógio que se encontrava em cima de sua mesa de cabeceira. Cinco horas e quinze minutos. Suspirou passando a mão com força sobre os olhos e a testa, enxugando o suor que se acumulava ali em pequenas gotas.

Levantou-se, calçou os chinelos e vestiu o robe que estava pendurado no cabide ao lado da porta, enquanto Parvati roncava na cama ao lado da sua e Lilá ressonava tranquilamente. Abriu a porta devagar e desceu as escadas. Iria à cozinha tomar um copo de chá, seria bom até mesmo para prepará-la para o dia que teria pela frente.

Caminhou pelos corredores com a ansiedade aumentando a cada passo: como seriam suas matérias? Como seriam seus NIEMS no final daquele ano? Quantos professores novos teriam e como eles seriam? Quando deu por si já estava estendendo a mão para fazer cócegas na pêra. Uma maçaneta se materializou onde antes a fruta se contorcia de rir. Ela girou-a e entrou no grande espaço que se encontrava na penumbra. Tão grande quanto o Salão Principal, que se encontrava em cima, mas mais simples e rústico. Cinco grandes mesas se estendiam onde as das casas se encontravam. Havia dado alguns poucos passos quando um elfo doméstico apareceu sorrindo para ela.

“Bom dia, minha senhora. Licky pode pegar algo para a senhora?” uma voz de soprano escapava da boca do elfo enquanto ele perguntava à Hermione se curvando em uma reverência. O F.A.L.E. poderia não ter dado certo na época mas agora que Kingsley era Ministro da Magia talvez conseguisse melhorar a representação dos elfos perante o mundo mágico.

“Bom dia! Poderia me arrumar uma xícara de chá, por favor?” ela perguntou carinhosamente, no que o elfo fez mais algumas reverências e saiu depressa para, depois de algum tempo, voltar com um bule de chá de maracujá fumegando, torradas, geléia de frutas vermelhas e alguns biscoitos amanteigados. Depositou-os em cima da mesa mais próxima e com mais algumas mesuras perguntou se Hermione precisava de algo mais.

“Não. Muito obrigada! Boa noite!” agradeceu afetuosamente. Licky retirou-se abanando as grandes orelhas de morcego se abaixando em mais algumas reverências.

Hermione sentou-se no banco e serviu-se do chá e alguns biscoitos. Estava delicioso, e já podia sentir os primeiros efeitos do maracujá acalmando seu sistema. Fechou os olhos saboreando os biscoitos e pensando que, talvez, conseguisse dormir mais um pouco antes de precisar se arrumar para as aulas.

***

Draco decidiu que estava na hora de voltar ao dormitório para poder tomar banho e se arrumar antes que os outros companheiros de quarto acordassem. Assim poderia descer para tomar café enquanto o Salão Principal estivesse vazio e ficaria longe dos olhares rancorosos em sua direção. Levantou-se do chão, apoiando as costas contra a parede fria, e limpou as vestes espanando as mãos nelas. Os corredores do castelo estavam vazios, corridos por uma corrente de vento frio e algumas partes mais claras com os poucos raios de sol que se infiltravam pelas janelas ornamentadas de vidraça.

Chegou na entrada do castelo, que tinha as portas fechadas, sem maiores problemas. Estava tão distraído que nem se deu conta que uma pessoa vinha caminhando na direção contrária à ele até eles colidirem e cada um voar para um lado, caindo no chão com um baque surdo. Levantou os olhos e viu uma figura pequena, com um robe vermelho escuro, tentando se levantar com dificuldade por estar com as pernas emboladas no robe. Os cabelos revoltos, cor de cobre, prenderam sua atenção e, por um momento, só o que ele conseguiu fazer foi olhar pro tom de cabelo mais fascinante que ele já tinha visto com o nascer do sol incidindo sobre ele. Espalmou as mãos no chão, ao lado do próprio corpo, e pegou impulso para se levantar. Limpou as mãos ao lado das calças e estendeu-a para a pequena mulher à sua frente.

“Desculpe... Estava distraído e não te vi. Deixe-me ajudá-la!” desculpou-se prestativo. A figura congelou em sua frente por alguns segundos e, deixando a bagunça do robe em suas pernas de lado, olhou por entre os cabelos rebeldes. Os olhos cor de chocolate se encontraram com os cinzas tempestuosos por um breve segundo e a boca da mulher se abriu em um pequeno, delicado e perfeito O.

“Granger!” Draco exclamou, deixando desinteresse pontuar sua voz por mais surpreso que estivesse. Ela recompôs a expressão e fechou a boca em uma linha fina. Segurou na mão dele, se apoiou pesadamente e levantou. A mão pequena, delicada e quente soltou-se rapidamente da mão firme e fria dele enquanto um choque estático passava por entre as mãos juntas.

“Malfoy!” ela disse com a voz fina de soprano carregada de farpas de gelo. “Obrigada pela ajuda!” agradeceu com uma careta e virou-se para continuar seu caminho, sem esperar por resposta, enquanto Draco ficava parado olhando para as costas diminutas que se afastavam cada vez mais. Quando Hermione virou o primeiro corredor e suas costas desapareceram, Draco voltou a se mexer. Encaminhou-se para as escadas que levavam às masmorras e chegou ao corredor da sala comunal. Disse a senha para a parede lisa, que rapidamente se transformou em uma porta, e entrou jogando-se esparramado sobre o primeiro sofá que alcançou. Fechou os olhos por um momento e decidiu-se por esquecer o breve encontro.

Levantou-se, cansado, e rumou para o banheiro. Hoje o dia seria longo... Como a noite de insônia mal dormida.

***

Hermione virou no primeiro corredor que passou e encostou-se à parede, fechando os olhos. Suspirou e pensou no sonho que a havia despertado antes. Ela se sentiu em um dèja vu... Mesmo que a cena não tivesse sido a mesma. Seria muita coincidência encontrar Malfoy em um corredor no início da manhã sendo que um sonho, com ele, a havia acordado no mesmo dia. Ela balançou a cabeça para os lados, clareando as ideias. Não tinha nada a ver.

Se desencostou da parede e rumou para a torre da Grifinória retomando o caminho, que fora obrigada a se desviar, no próximo corredor. Passou pelo retrato da Mulher Gorda, que fora magnificamente restaurado, e subiu as escadas para o dormitório das meninas onde todas ainda estavam dormindo. Pegou suas coisas no malão e entrou no banheiro. Enquanto a água quente escorria por seus ombros, relaxando seus músculos, pensou em Malfoy. Ele perdera os pais, fora inocentado e havia voltado à escola. Mas... Por que? Ele poderia muito bem seguir com sua vida. Ele tinha dinheiro, tinha uma casa enorme. Mas voltou à escola. Por que? Voltar à Hogwarts faria ele sofrer todo tipo de preconceito que existia. As pessoas o odiavam, por motivos óbvios, e ela não tinha motivos para pensar diferente dos demais. Sempre fora insultada e agredida, de inúmeras formas, por Malfoy durante todos os seis anos que cursaram juntos. E ela não havia se esquecido de nenhuma vez.

Porém ela estava curiosa... Ele estava arriscando a própria saúde mental para poder cursar o último ano. À troco de que?


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Notas finais do capítulo

No capítulo passado vocês foram bem maldosos... 3 comentários? Não custa nada perder uns 30 segundinhos do precioso tempo de vocês pra postar um review, gente. Então vamos lá! Me dêem suas opiniões!
Obrigada por lerem e até o próximo!



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