Thorns escrita por Kamereon


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oláá!! Estou aqui mais uma vez :3 Boa leitura!



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Sasuke’s P.O.V

Essa Sakura é louca. Uma hora me xinga, outra hora me manda sms antes de dormir parecendo uma garotinha. Mas a verdade é que eu gostei, e até dormi mais feliz. Aquela sim, era a Sakura que eu conhecia! Parece que quando ela chegou da cidade grande ela havia sofrido uma transformação, e está voltando ao normal aos poucos. Também fiquei mais tranquilo em ver que ela está sorrindo um pouco mais. Eu espero que ela resolva logo essa história com o noivo dela. Espero que ela seja feliz, aconteça o que acontecer.

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Uns três dias se passaram, eu trabalhei normalmente, enquanto Sakura visitava regularmente a casa dos pais dela. Imagino que eles sentiam falta uns dos outros. Eles visitavam a Sakura algumas vezes lá na capital, mas mesmo assim as visitas não eram tão frequentes. Achei bom que ela ficasse um tempo com a família, talvez ela estivesse precisando muito disso, quem sabe assim ela se acalmasse mais em relação aos problemas que ela vinha tendo, sejam lá eles quais forem.

Mas mesmo que Sakura tenha visitado regularmente seus pais, ainda posso dizer que eu, ela e minha mãe convivemos bastante durante os últimos dias. Fizemos refeições juntos, conversamos bastante, assistimos tv, e até a desafiei a jogar um pouquinho de videogame. Ela ficou nervosa quando perdeu pra mim no Crash. E olha que a ultima vez que eu joguei Crash, eu tinha uns 12 anos. Só coloquei dessa vez por que ela pediu. Em um momento achei até que ela fosse chorar por ter perdido. Ela até disse que me odiava só porque eu ganhei e ela não. Mas logo ela estava sorrindo de novo, normalmente. Mulheres... Às vezes me assustam muito.

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Nessa manhã eu desci as escadas animado. Era sexta-feira! Finalmente! O fim de semana já estava chegando. Primeiro pensei no que eu ia comer, eu estava faminto. Mas ao chegar à sala, eu vi Sakura com aquele pijama provocante coberto pelo hobby mais comprido. Aquilo automaticamente me trazia a lembrança daquele dia em que ela caiu em meu colo.

Só que por alguma razão... Hoje ela estava diferente. Olhava pra cozinha com uma expressão assustada, pensei que tinha um alien lá.

– O que foi? – Perguntei inocentemente.

– Sasuke, graças a Deus você chegou! – Ela disse, correndo em minha direção e se escondendo atrás de mim. Nessa hora, eu me perguntei seriamente se não se tratava mesmo de um alien. – Tem uma barata na cozinha!

– O que?! Onde? Cadê? – Ok, era pior que um alien.

– Ali Sasuke! Ela tá voando, mata mata!!! – Ela gritou.

Ela esperava que eu matasse a barata? Coitada. Se havia uma coisa que Sakura não sabia sobre mim, ela estava prestes a descobrir.

– Ai meu Deus ela é enorme, ela ta vindo pra cá! – Gritei e subi no sofá.

É, eu sou homem e tenho medo de barata, qual o problema nisso? Elas voam e muito rápido, além disso, são sujas. Elas com toda certeza não passam seu precioso tempo em lugares limpos e cheirosos. Sou obrigado a agir com naturalidade e matá-las masculamente? Acho que não.

– Você não vai matá-la? – Ela perguntou, correndo atrás de mim e subindo no mesmo sofá.

– Eu não! Sakura ela tá voando pra cá!!! – E em seguida gritamos e nos abraçamos como se a morte estivesse vindo ao nosso encontro. A sorte era que minha mãe adorava usar mantas e mais mantas no sofá, e aí nos cobrimos com elas pra nos proteger.

Respirávamos ofegantes, agachados no sofá e em baixo da manta. Sakura estava entre minhas pernas, e se alguém entrasse na sala e visse aquilo poderia facilmente imaginar outra coisa. Mas tudo se resumia ao medo doentio que nós tínhamos de baratas. Por um milésimo de segundo me desliguei do mundo fora da nossa "cabana" e olhei pra ela. Era uma tentação vê-la usando aquele pijama pequeno com aquele hobby. Seus cabelos caíam pelos ombros com um ar bagunçado, ela estava um pouco suada e era impossível não olhar para o decote dela, a pele dela era tão convidativa... Eu juro que tentei desviar os olhos. Num impulso eu segurei a cintura dela com a mão direita, senti o fino pano deslizar sobre sua pele, pensei que fosse enlouquecer.

– Sasuke, e agora? – Ela cochichou. Voltei à minha razão e tentei avistar aquela barata monstruosa, levantando um pouco a manta. – Não! Assim ela vai voar pra cá! – Sakura me advertiu, baixando a manta.

– Mas eu preciso ver onde ela está! Precisamos dar um jeito nisso. Vamos abrir só um pouquinho...

Estávamos um em cima do outro, completamente de mau jeito em um sofá relativamente pequeno. Pra poder abrir a manta só um pedacinho, era necessário que Sakura se abaixasse ficando com o rosto praticamente colado à minha barriga. Era tortura demais pra mim, eu sou um homem afinal de contas! Se eu não resistisse bravamente eu teria agarrado ela ali mesmo, mas eu precisava me certificar de segundo em segundo que aquela era Sakura e não outra garota qualquer. Além disso, ela havia brigado com o noivo, mas ainda tinha um noivo! Estou certo?

– Ela está ali, está parada. Você tem um chinelo não é? – Ela tinha um chinelo no pé esquerdo. O do pé direito voou pra longe quando corremos pra baixo da manta. – Eu vou passar minha perna bem devagar pro outro lado e aí você pisa nela.

– Eu? Você é o homem da casa, você deveria matar! Ai que nojo! – Ela disse choramingando.

– Mas você é menor que eu! Até eu sair daqui de baixo ela já voou outra vez. Vamos, você é menor e tem mais agilidade, você vai conseguir. – Me senti um superior dando ordem a um soldado no meio de uma batalha. Não pensem que eu usei essa desculpa pra fugir da tarefa. Ela realmente estava numa posição melhor que a minha, e havia outro fator também. Se eu me levantasse, provavelmente ela veria um certo volume nas minhas calças, isso seria extremamente constrangedor. Por isso eu precisava de um tempo.

Mas ela foi ótima, como eu sabia que seria. Foi muito rápida e pisou em cima da barata. Sakura ficou com medo de tirar o chinelo e a barata ainda estar viva, mas ela pisou com tanto ódio no inseto que ela morreu mesmo.

Quando aquilo tudo passou e eu senti a região do meu "colega lá de baixo" mais calma, eu finalmente saí do sofá, e Sakura estava com um sorriso nos lábios.

– Eu matei! Eu matei a barata! – Ela dizia como se realmente tivesse vencido uma batalha.

É lógico que depois disso nós rimos um da cara do outro e rimos de nós mesmos. Só depois de rir fomos tomar o café da manhã. Essa coisa da Sakura estar em casa, de fazermos refeições juntos e ficarmos ofegantes sob mantas estava me confundindo fortemente.

– Hey. Amanhã eu não trabalho, quer passear hoje a noite outra vez? - Eu disse meio sem graça, colocando meu café na xícara e procurando o pote de açúcar.

– Hum... Onde nós vamos? – Ela disse de boca cheia, parecia animada.

– Não sei, quer escolher? A cidade aqui não tem muita opção de passeio como a capital.

Olhei pra ela por um instante e ela estava levando a sério o fato de escolher o local para sairmos. Me senti como um namorado levando a namorada para um encontro, mas afastei esse pensamento rápido da minha cabeça. Eu não podia pensar assim, isso não era certo.

– Aquela lanchonete que a gente comia depois de andar de bicicleta ainda funciona? - Ela me perguntou.

– Funciona sim, eles aumentaram o lugar, fizeram umas reformas... Fui lá algumas vezes depois que você foi embora.

– Será que o lanche continua o mesmo? Bateu uma vontade de comer o cheeseburguer especial de lá... – Ela sorriu.

– Então nós podemos ir até lá mais tarde. – Eu disse, sorrindo de volta. Isso estava ficando perigoso, muito perigoso. - Eu volto da oficina geralmente as 18hrs, então por volta das 19hrs nós podemos sair.

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Sakura’s P.O.V

Como combinado, ele chegou em casa às 18hrs. Eu passei o dia ansiosa pra que a noite chegasse logo, e também pensei muito em qual roupa eu deveria usar. Mais uma vez eu me sentia uma adolescente boba, me preocupando com coisas como essas. Estar com Sasuke me trazia uma sensação boa, a mesma sensação de estar completa que eu sentia anos atrás. Mas eu precisava encarar a realidade, a verdade é que estava sensível pelo término do meu noivado com Sasori e eu estou saindo apenas com o meu velho melhor amigo. Mesmo assim, é óbvio que eu não poderia escolher uma roupa qualquer pra sair. Eu tinha que estar linda! Não sei por que, mas eu queria me sentir bonita, por acaso é errado uma mulher querer se sentir bonita? Não, né? É, acho que não...

As 19hrs em ponto eu desci as escadas e me sentei no sofá para esperar a "Cinderela". Sasuke sempre foi assim, desde sempre ele era o atrasado da história. Mas dessa vez ele se atrasou apenas alguns poucos minutos, e quando ele desceu a escada eu senti como se o meu coração tivesse parado de bater. Ultimamente eu o via apenas usando o macacão da oficina, ou então alguma roupa confortável dessas de ficar em casa, onde ele geralmente usava calças esportivas e camisetas velhas. Mas agora ele estava usando uma calça jeans que lhe caía muito bem no corpo, a camisa xadrez preta misturada com alguns tons de azul tinha as mangas dobradas até o cotovelo e ele deixou-a aberta até o segundo botão. Sem contar que o perfume era hipnotizador.

– Ah... Vamos? – Eu disse, tentando não deixar claro que eu estava admirando a obra toda.

– Você está linda. – Ele falou, percebi que estava surpreso. Surpreso? Eu estava sendo gentil, Sasuke estava com a maior cara de besta. Será que a sensação que eu tive quando o vi descer foi a mesma que ele teve ao me olhar? Não, não poderia ser. Eu nem estava tão arrumada assim. Depois que ele disse que eu estava linda, Sasuke pigarreou como quem quisesse desconversar, e continuou:

– Vamos sim.

Como não ficava muito longe, nós fomos andando mesmo. Estávamos em silêncio, eu não sei por que Sasuke estava quieto, mas eu estava um pouco tímida andando ao lado dele e me forçando a não pensar em nada que não fosse “estou passeando com meu melhor amigo”. Pegamos o caminho mais curto por isso chegamos rápido ao local, e nos sentamos em uma das mesas que ficavam na parte de fora. A noite estava bastante agradável.

– Nossa, como ficou bonito aqui. – Eu disse. A lanchonete antes era pequena e simples, agora estava um pouco maior e mais bonita, realmente acolhedora. Sasuke parecia um pouco desconfortável, e a princípio eu não entendi por que. – Não está gostando daqui?

– Eu gosto daqui sim. – Ele disse, sorrindo discretamente de um modo um tanto nervoso. – Vamos pedir nosso lanche.

Uma garçonete se aproximou de nós, achei que conhecia ela de algum lugar. Depois me lembrei que ela estudava na mesma escola que eu e Sasuke, um ou dois anos antes de nós.

– Boa noite, posso anotar o pedido de vocês? – Ela falou, mas a expressão mudou completamente assim que nos viu. – Sasuke? Faz algum tempo que você não vem aqui...

– É, pois é. – Ele disse, direto.

– Você é a Sakura? Aquela que foi embora? – Ela perguntou direcionando o olhar a mim.

– Sim, sou eu mesma. – Sorri. Eu estranhei a forma que ela se dirigiu a mim... “Aquela que foi embora”. A minha partida causou tanta comoção assim?

– Ah, sim. – Ela fechou a cara. – Já escolheram o que vão querer?

Que horror, sempre achei que o povo do interior era hospitaleiro, mas essa moça foi meio mal educada. Porém, tratei de pedir logo.

– Um cheeseburguer especial e uma coca, por favor.

– Eu vou querer uma beirute de frango com uma porção de batata frita e uma soda. – Sasuke disse.

– Ok. - A garota disse curtamente. Achei aquele momento tão estranho...

– Você vai comer isso tudo? – Perguntei a Sasuke.

– Mas eu nem pedi tanta comida assim... – Ele respondeu e eu dei risada.

– Escuta, você sentiu o clima meio pesado quando a menina chegou? Foi estranho. – Tentei me informar da situação. Algo estava acontecendo e eu ainda não sabia o que era. Ouvi Sasuke respirando fundo antes de começar a falar.

– Aquela doida, quer dizer, aquela garota confessou que gostava de mim logo depois que você foi embora. Até hoje ela guarda rancor porque eu a rejeitei. – Ele me contou, vermelho de vergonha.

– Por que ela só te contou depois que eu fui embora? E por que você a rejeitou? Ela até que é bem bonitinha. – Eu estava fazendo o papel de melhor amiga muito bem, mas na verdade eu achei o máximo essa história dele ter rejeitado ela. Ainda é aquele lance de orgulho, lógico. Isso estava ficando muito interessante.

– Sei lá, nunca a entendi muito bem. Eu a rejeitei por que não gostava dela, ué. A gente acabou ficando por insistência dela... – Ele continuou. Sasuke ia revelando um ou outro detalhe quanto mais eu insistia. – Mas não deu certo, não durou quase nada. Eu não gostava dela mesmo no fim.

– Entendi... – Respondi. Eu ainda queria saber por que ela me olhou com tanto rancor. Será que ela sabia que eu gostava dele antigamente? Não sabia responder essa questão e preferi deixar pra lá. Eu também não queria saber mais sobre isso, não foi legal imaginar Sasuke beijando aquela garota, na verdade não foi nem um pouco legal.

– Se você ia se sentir desconfortável com ela aqui poderia ter me dito, eu poderia escolher outro lugar. – Eu falei sinceramente.

– Eu tinha me esquecido que ela trabalhava aqui, lembrei quando estávamos quase chegando. E você queria tanto comer aqui, eu posso aguentar um tempinho, não se preocupe. – Ele respondeu com um sorriso acolhedor, e nossas mãos se esbarraram sobre a mesa. Senti uma súbita vontade de sorrir também.

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Depois que terminamos nosso lanche fomos andando para casa, com a rua completamente vazia. Decidimos pegar o caminho mais longo e assim poder passar em frente o lago onde jogávamos pedrinhas quando éramos crianças, logo que nos conhecemos. Aquele "encontro" me proporcionou uma mistura de lembranças, sentimentos e perguntas dentro de mim. Por isso eu estava meio calada, acho que acabei deixando Sasuke um pouco confuso. Quando passamos em frente ao lago ele subitamente parou, e perguntou:

– Você está bem? Está tão quieta... Não gostou do passeio?

– Eu estou bem. – Respondi tentando sorrir um pouco. – Te preocupei?

– Hm, alguma coisa aconteceu. Anda, me fala logo.– Ele disse, exatamente como anos atrás. Quando eu cheguei esses dias nós começamos nos falando de forma tão diferente, quase de maneira formal. Agora nossa maneira de falar um com o outro estava voltando a ser como era antes, e eu não sabia se achava isso bom ou estranho.

– Eu só estava pensando na vida. – Eu falei, olhando pra lua que estava cheia lá no céu e estava sendo refletida pelas águas calmas do lago. – Sasuke, eu estou muito diferente?

Ele hesitou antes de falar. Quando ele hesita, eu sei que a resposta é aquela que eu não quero ouvir.

– Se eu mentir você vai saber não é? – Ele sorriu sem graça. – Você mudou bastante, Sakura. Parecia outra pessoa quando chegou aqui, mas parece que está voltando ao normal.

– Quando eu fui pra capital eu não tinha a intenção de mudar a mim mesma. Só queria mudar algumas coisas na minha vida, mas não meu comportamento ou jeito de ser. Agora vendo você, vendo minha família e a cidade, eu vejo que eu não sou mais a mesma, mas eu queria tanto ser... Queria ser aquela menina de 18 anos que não sabia nada da vida. Essa minha situação com Sasori me fez me arrepender de algumas coisas. – Desabafei, e involuntariamente lancei a ele um olhar triste, lamentando por saber que sim, eu havia mudado meu jeito de ser. Não era esse meu objetivo.

Senti a mão quentinha de Sasuke no meu ombro direito. Mais uma vez eu queria abraçá-lo, e uma vontade enorme de contar a ele tudo o que aconteceu comigo se apoderou de mim, desde o motivo pelo qual eu fui embora até o motivo da minha "briga" com Sasori. Mas eu travei, não consegui dizer nada, e na verdade foi melhor assim. Apenas senti a mão dele acariciando amigavelmente o meu ombro e me senti amparada de alguma forma.

– Mas você se formou, conseguiu um bom trabalho, até comprou um carro e aprendeu a se virar sozinha. Essas coisas são boas, não é? – Ele falou.

– É, acho que sim.

– Não chore, sua irritante. Se você quiser nós fazemos um campeonato de arroto agora mesmo, pra você se sentir melhor e colocar tudo pra fora. – Ele disse. Que bela frase pra se consolar uma pessoa.

– Você é um insensível. Eu estou falando dos meus problemas e você vem falar de arroto? - Falei surpresa, e sorri um pouco.

– Está vendo só, você sorriu! – Agora foi a vez de Sasuke sorrir como um garoto travesso.

– Você é mesmo um ridículo. E tire o seu cavalinho da chuva, eu não vou brincar de campeonato de arroto. Paramos com isso na 7ª série, por que foi quando você começou a virar um homenzinho e a ganhar de mim todas às vezes.

– Logo quando eu comecei a ganhar nós paramos de brincar. Ah, mundo é muito injusto... – Ele disse frustrado.

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Cheguei em casa um pouco mais leve. A noite havia sido boa, tirando a parte em que comecei a refletir sobre a minha vida estranha. Mas até nessa hora Sasuke soube como me fazer sorrir. Me perguntei se Sasori saberia me fazer sorrir numa situação dessas mas eu acabei por não pensar na resposta. Além de querer apagar Sasori da minha mente, comparar Sasuke com o meu ex-noivo não era algo muito normal a se fazer, não do meu ponto de vista. Entrei no quarto devidamente limpa, mas senti calor. O verão estava começando e eu quis ligar o ar condicionado para dormir, porque se não ligasse com certeza molharia os lençóis com suor. Se a conta de luz viesse mais alta eu diria a Sra. Uchiha que ajudaria com o valor.

O ar condicionado foi instalado bem no alto da parede, ao lado de uma prateleira que eu reparei estar empoeirada, onde havia alguns papeis, provavelmente pertenciam ao irmão de Sasuke que havia ido morar longe por causa do trabalho. Subi numa cadeira para ligar a tomada do aparelho, e passei o olho por cima dos papeis que havia ali naquela prateleira.

Nesse momento algo chamou minha atenção. Havia um papel no meio de uma outra pilha de papeis, uma folha de caderno amassada, amarelada e rabiscada de caneta azul, porém o que havia me chamado atenção foi que quando olhei de relance eu li meu nome naquela folha. Pensei duas vezes antes de pegar o papel para ler, afinal eu estava em um quarto que não era meu, mexendo em objetos que não eram meus. Mas o meu nome estava ali! Decidi então pegar logo aquela folha e o que eu li me deixou extremamente chocada. Dizia:

"Sakura,

Por que foi embora? Foi algo que eu fiz? Alguém te magoou? Eu estou sentindo muito a sua falta. Eu pensei em ir te visitar, mas não sei como ir até a capital e não sei se você iria me receber. Eu estou nervoso e confuso escrevendo essa carta, por isso devo estar parecendo meio desesperado, mas na verdade eu estou bem.

Sakura, eu amo você. Sempre te amei, e por isso estou sentindo tanta falta. Eu não queria que você fosse, queria voltar no dia que você foi embora pra não te deixar ir, não aguento mais ficar sem você aqui, e eu

A carta acabava exatamente assim. Ela "acabava inacabada". Havia um grande rabisco por cima das letras, como se a pessoa que escreveu estivesse com raiva. Eu não queria acreditar no que eu estava vendo, mas aquela letra era de Sasuke, eu reconheceria a letra dele até no fim do mundo. Sempre fazíamos lições e trabalhos juntos, como não reconheceria?! Mas o que aquele papel com a letra dele estaria fazendo nas coisas do irmão dele? “Estou bem”? Se é que essa carta era mesmo obra de Sasuke, conhecendo-o como conheço era mais do que óbvio que ele não estava nada bem escrevendo aquelas palavras. Desci as escadas, trêmula, bebi um copo d'agua e voltei rapidamente ao segundo andar, parei no banheiro e lavei o rosto. Será que eu estava com tanto sono que acabei vendo coisas? Quando voltei ao quarto a carta ainda estava lá, com as mesmas palavras e a mesma letra denunciando o dono. Minhas mãos tremiam, meu coração batia tão rápido que eu podia senti-lo mesmo sem encostar a mão em meu peito. Será que aquelas palavras eram verdade? Ou melhor, será que aquilo era realmente o que parecia? As palavras e as perguntas martelaram em minha cabeça a noite inteira. Pensei em ir atrás de Sasuke para resolver isso logo, mas eu não tinha coragem de perguntar diretamente sobre essa carta, por que afinal de contas ainda havia sentimento em mim, por isso achei melhor esperar a ocasião certa por mais que fosse sufocante.

"Ainda havia sentimento em mim", essa foi a primeira coisa que eu descobri quando li aquela folha de caderno. Era óbvio, no momento em que eu li uma esperança enorme acendeu dentro de mim e eu me senti absurdamente feliz em saber que eu ainda tinha chances com Sasuke. Foi um sentimento incrível, como se uma bomba estivesse dentro de mim e eu por muito tempo tivesse certeza de que ela estava inativa, porém subitamente explodiu.

Quer dizer, talvez ainda tivesse chances. Eu gostava dele esse tempo todo? Todas as coisas que eu senti inicialmente me fizeram ver que eu ainda gostava dele. Mas quando eu pensei com mais calma eu vi que se ele tivesse feito alguma coisa, eu não teria ido embora e nós teríamos aproveitado muito tempo juntos. Eu não teria sofrido como sofri, e também não teria o desprazer de me ver sendo traída por Sasori, e isso fez pesar meu coração. Pelo jeito que Sasuke escreveu a carta ele pareceu ter sofrido também. Enfim, eu não sabia o que pensar e nem como pensar. Resolvi tentar manter a calma e dormir.

Talvez... Se tivesse coragem, conversaria com ele no dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

Gente, vcs estão gostando mesmo? As vezes fico insegura sobre não estar atendendo as expectativas de vcs. Venham me amar T_T uhauhauha Espero q estejam gostando. Até a próxima ;)