Ele bateu, ou melhor quase esmurrou a porta, esperando ser atendido, esperou pouco mais de 5 minutos e tornou a bater.

Cebola ia bater de novo quando Cascão o parou.

– Calma Careca, vai quebrar a porta – Cascão disse segurando o braço do amigo.

– Me solta cara, vou matar ele. – Cebola disse agoniado.

DC abriu a porta e se não fosse por seus anos de aulas de Ninjutsu teria levado um soco bem no meio da cara.

– Ta louco cara? – DC perguntou fechando a porta ao sair pra rua.

– Vou te matar seu moleque – Cebola tentava ir pra cima dele, porém Cascão o segurava. – Me solta Cascão.

– O que deu no cinco fios? Acordou de mau humor? – DC perguntou pro Cascão na maior cara de pau.

– Eu devia é soltar ele, pra ele quebrar essa sua cara de pau. – Cascão retrucou.

– Aff, desembucha o que vieram fazer na porta da minha casa? – DC disse cruzando os braços. – Além de tentar me dar murros.

– Eu sei que foi você que mandou aquele e-mail para mim, você sabia que ela estaria na minha casa e iria ler... Foi tudo pensado seu... – Cebola disse conseguindo se soltar e empurrando o DC pra longe.

– Não sei do que está falando – DC o empurrou de volta se defendendo.

– Ah não sabe? Vou dar um socos na sua cabeça pra ver se ela volta a funcionar.

Cebola foi pra cima dele, porém uma voz o despertou e ele virou bruscamente.

– Nossa, nossa, Cinco fios, acordou valente hoje? – Toni perguntou se aproximando da casa do DC.

– Cala boca Toni, você não tem nada a ver com isso – Cascão disse se aproximando do Cebola.

– Mas quem disse que não? – Toni disse sorrindo sarcasticamente – Ela gostou do e-mail?

– O que? Foi você? – Cebola disse caminhando em direção a ele.

– Pra um gênio, você anda bem devagar Cebolinha. – Toni chegou mais perto.

– É Cebola, e eu vou quebrar a tua cara – Cebola partiu pra cima do Toni, com um soco no nariz do garoto. Que revidou o murro.

Cascão tentava separar porém percebeu que DC o empurrou e começaram e se peitar.

Xaveco que passava na rua conversando com o Franja, logo que viu o amontoado saiu correndo para separar, Franja segurou o Cebola e Xaveco o Toni.

– Não acredito que estão brigando de novo – Franja disse para o Cebola.

– Me deixa Flanja – Cebola se soltou arrumando seu cabelo e passando a mão na boca para ver se sangrava.

– Vai Toni, vai embora, se acalmar – Xaveco disse empurrando o garoto.

– Tchau Cebobinho – Toni saiu ofegando e rindo.

– Vai DC, vai se acalmar também – Franja disse dando tapinhas nas costas do amigo.

Cebola se sentou na mureta da rua se sentindo nervoso e mexendo com cuidado no seu cotovelo recém ralado.

– Alguém pode me explicar o que aconteceu? - Xaveco perguntou olhando o amigo todo ralado.

– Aquele... Aquele desgramado, ele mandou um e-mail para mim se passando por uma menina que tive um rolo faz tempo, falando que tinha amado passar o dia comigo, e que amou nosso beijo. Ele sabia que a Monica ia estar lá, mandou de propósito para ela ler – Cebola disse dando murros no chão.

– Ih, ai pegou pesado mesmo – Franja disse se sentando ao lado do amigo.

– Eu... Eu nem consegui explicar, ela leu e saiu de casa sem falar nada, ele pegou a oportunidade certinha, passei o sábado todo longe da Monica trabalhando e estudando, e ele usou disso para falar que a enganei, que passei o dia com outra – Cebola disse colocando a mão sobre o rosto.

– Agora você tem provas Careca, vai falar com ela – Cascão disse enquanto olhava pra ver se não tinha se machucado.

– Vou fazer melhor que isso. – Cebola concluiu tendo uma idéia repentina.

–-

Monica passou a tarde toda fazendo faxina, ao anoitecer pegou o celular e sentou no sofá assistindo TV junto da Magali. Abriu a conversa com o Cebola e digitou...

WHATS UP ON –

– Boa noite Ce.

Visualizado, nada de resposta. Meia hora depois...

– Boa noite Monica.

– Eu queria conversar com você, é que... Será que você pode vir aqui?

– Hoje não posso, desculpe. Marcamos outro dia.

– Ah.. Ta bom então, é... Bom descanso.

– Pra você também, beijos.

WHATS UP OFF

Seu olho se encheu de lágrimas, então era isso? Ele não queria mais falar comigo? Ela pensou enquanto disfarçava para a amiga não perceber sua tristeza.

Será que fui burra por não ter escutado ele, ela se perguntava o tempo todo. Será que deveria ter confiado...

Essas perguntas rondaram a cabeça da Monica durante a noite toda, fazendo com que ela acordasse cedinho com dor de cabeça.

Levantou foi até a cozinha, pegou um remédio para dor e tomou, pegou sua toalha e entrou no banho pra acordar, saiu do banho se trocou e desceu olhando pela janela da escada e vendo que o dia estava radiante. O Sol brilhava.

Lembrou se animando um pouco que hoje era o dia do vôlei das meninas na escola em que o cascão dava aula, ele convidou as amigas para participarem do jogo beneficente há mais de um mês e com certeza ela iria. Decidiu ir correr para começar a se aquecer, fazia tempo que não caminhava de manhã, subiu vestiu seu shortinho curto leve preto e rosa, e um top preto, pegou seu fone colocou seu tênis e trancou a porta.

Fazia 40 minutos em que estava correndo na praça onde em dias ensolarados todo mundo saia para aproveitar, e então ela se sentiu cansada, foi parando, parando, colocou as mãos no joelho e buscava ar para se recompor. Se sentou no banquinho na lateral do parquinho da praça, e pegou o celular para mexer.

Em meio a seus pensamentos, aquele que insistia em lhe tirar o ar, era o de ela não ter confiado no Cebola e no fim ter sido tudo um engano. Por vezes seus olhos se enchiam de lágrimas, mas ela não se permitia chorar em público.

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Cebola acordou injuriado, ainda com a vontade de bater na cara do Toni engasgada. Foi pro banho, comeu, e lembrou quase que repentinamente que hoje era o dia da disputa de vôlei das meninas na escolinha que o Cascão dava aula. Era um evento beneficente, promovendo a inclusão do esporte na vida dos adolescentes, dez reais para entrar, e o dinheiro seria revertido para reforma de instituições de esportes gratuitas.

Não ia perder, todas as meninas toparam jogar contra o time do bairro de cima, e de quebra depois teria uma festinha para todos aproveitarem...