Se eu fosse você escrita por Adri M


Capítulo 5
Dane-se


Notas iniciais do capítulo

Olá. Bom, espero que gostem do cap. A nova capa eu ganhei de presente da Luzi Smoak, eu amei, então a coloquei. Obrigada Luzi



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Diggle tentava em vão fazer Felicity se acalmar, antes que um buraco surgisse no meio da sala. Ela andava em círculos, murmurando palavras sem nexo. Diggle pedia para ela ter calma, mas era impossível ficar calma quando ainda estava no corpo de Oliver, no corpo do homem que ela ama.

– Ah já chega! – disse Diggle, pousando seu enorme corpo na frente de Felicity, ele segurou seus ombros e fez Felicity olhar dentro dos seus olhos. – Felicity, conte até 10 e comece tudo outra vez e assim sucessivamente até quando estiver mais calma.

– Tudo bem. – disse Felicity assentindo. – 1.2.3.4.5.6... Não dá, eu não consigo ficar calma. Dig olha para mim, nada aqui é meu, essas pernas não são minhas, esses braços não são meus. Nada aqui é meu. Isso é loucura, eu ainda acho que estou presa dentro de um pesadelo, aqueles que não consigo acordar de forma alguma...

– Felicity! – Dig tirou o celular do bolso, para entregar para ela. – Fala com o...

– E o pior de tudo é ir ao banheiro. Ontem, eu segurei o dia inteiro, mas parecia que eu tinha uma bomba relógio na bexiga pronta para explodir a qualquer minuto. Dig, eu não quero mais ir ao banheiro no corpo de Oliver, foi um tanto quanto... Traumatizante. Isso precisa acabar, para o bem da minha saúde mental e da do Oliver também. – Felicity deu uma pausa para respirar. – Dig, prometa que não vai contar isso que lhe falei para Oliver. Não conseguiria olhar na cara dele novamente.

O rosto de Diggle se contorceu em uma careta do tipo “tarde demais”. Felicity olhou para a mão dele que ainda segurava o celular. Ela suspirou e deixou o corpo cair para trás. Nunca mais conseguiria olhar na cara de Oliver, tudo que ela queria era voltar para casa e se trancar no quarto, esperar toda aquela coisa insana acabar.

– Oliver escutou isso? – Dig assentiu. – Ó meu Deus. – Tampou a boca com as mãos. – Eu quero que isso acabe Diggle. – desabafou, deixando o peso cair sobre seus ombros.

– Felicity. – Diggle, notando sua palidez sentou-se ao lado dela. Abraçou-a pelos ombros, mesmo com certa dificuldade para envolver o corpo grande de Oliver, ele apoiou os lábios no topo da cabeça de Felicity e começou afagar suas costas. – Vai ficar tudo bem. – murmurou.

– Hum... – ambos olharam na direção do corredor, Lyla estava parada com os braços cruzados e encarando os dois abraçados. – Estou atrapalhando alguma coisa? – questionou, tentando segurar o riso, sem êxito. – Desculpa, é que isso tudo é engraçado, Felicity. – a loira olhou chocada para Diggle que apenas encolheu os ombros.

– Tinha que dividir com alguém. – defendeu-se Dig. – Lyla sabe guardar segredos.

– Eu entendo. – disse Felicity. – Confio em você Lyla.

– Deus, é estranho ver o Oliver tão delicado. – as bochechas de Felicity ganharam um tom vermelho e ela sorriu. – Fica uma graça com as bochechas vermelhas.

– Acredite, é bem mais estranho estar aqui. – apontou para si.

– Com certeza. – concorda Lyla. – Vou preparar um café da manhã para a gente.

– Eu vou voltar para a minha casa. Quer dizer, para a casa do Oliver. Porque agora eu sou o Oliver, cheio de massa corporal, um abdômen definido e músculos, muitos músculos. Mas, muito obrigada. – disse Felicity.

– Levo você para casa, Felicity. – comentou Dig, procurando as chaves do carro.

– Não precisa. Vou andando, é bom para o meu novo corpo, e ajuda a espairecer.

– Tudo bem. – concordou Diggle, realmente uma caminhada faria bem para sua amiga, ela parecia estar pirando, chegando ao seu limite. – Mas, qualquer coisa me liga.

Felicity deu um leve aceno com a cabeça acompanhado de um mínimo sorriso nos lábios. Abriu a porta e saiu. Diggle e Lyla trocaram um olhar cumplice. John olhou para o celular e Oliver ainda não havia desligado.

– E aí, você escutou? – perguntou. – Ela está pirando.

‘Eu escutei. ’ – Oliver suspirou e passou a mão pelos cabelos longos e cheios de nó. ‘Mas, eu não sei o que fazer. Não queria que ela se sentisse assim.’

– Acho que vocês precisam conversar. – sugere Dig.

‘Nós vamos acabar discutindo. Nesses ultimo dias é a única coisa que acontece entre nós dois.’

– Então? Não acha que está na hora de acabar de uma vez por todas com essas brigas?

‘Você está certo. Mas, conheço Felicity, ela não vai querer conversar comigo agora. Vou esperar a poeira abaixar.’ – disse. ‘O que faço com Palmer? Não posso aparecer na empresa dele hoje. Minhas habilidades condizem mais com quebrar o seu pescoço do que ajuda-lo.’

– Acho que você terá que ligar para ele, e, inventar outra desculpa. Terá que enrola-lo.

‘Você não entende, se eu falar a ele que estou doente, ele aparecerá aqui para mimar a Felicity, e no caso eu sou a Felicity, teoricamente, porque na pratica não. Você sabe que sou o Oliver.’

– Nesse caso você aceita os mimos dele. – sugere Dig. – Só fica bem longe da boca do Ray. – acrescenta e em seguida explode em gargalhadas.

‘Isso não tem graça Diggle!’ – repreende Oliver. – Vou desligar agora.

– Nos vemos no covil a noite.

Oliver escutou as ultimas palavras de Diggle e ficou pensativo. E se algo ruim atacasse a cidade logo agora que ele está no corpo de Felicity, a pessoa que ele não quer machucar de forma alguma. E se a cidade precisar do arqueiro, o que ele fará? Nunca aceitaria lutar contra os bandidos estando no corpo de Felicity. Isso era redondamente contra a sua vontade.

[...]

A cabeça de Felicity estava explodindo, fervilhando com tantos pensamentos, e nenhum a ajudava sair da grande confusão que Oliver e ela estavam metidos, seria impossível achar algo ou alguém que ajudasse os dois voltarem ao normal.

Pensou que talvez uma maldição fora jogada sobre os dois por uma bruxa feia e com verruga na ponta do nariz, mas isso era impossível. Porém, pensando bem, se eles trocaram de corpos, não é tão impossível existir bruxas que joguem maldições sobre os humanos.

Acordou dos pensamentos que a consumiam quando respingos de lama caíram sobre seu corpo. Olhou para si de cima a baixo, estava coberta de sujeira, parecia um abominável homem da lama, literalmente.

– Seu desgraçado. – permitiu-se praguejar baixinho, o carro havia passado em alta velocidade sobre um buraco na estrada. – E sou a pessoa mais sortuda do mundo.

Quando chegou em casa foi direto para o banheiro. Olhou-se no espelho, a lama havia secado e grudado em sua pele e também no cabelo curto. Não tinha outro jeito, teria que tomar banho. Estava em um corpo masculino e não qualquer corpo, mas mesmo assim a higiene ainda era necessária.

– Dane-se. – murmurou, tirando o moletom, depois tirou a camisa e por ultimo a cueca. – Imaginei tirar as roupas de Oliver em outras circunstancias. – sussurrou. Tentou não se olhar de cima a baixo, mas falhou. Ligou o chuveiro e se enfiou em baixo do jato de agua morna. A sensação da agua correndo pelo seu corpo foi tranquilizante, ela relaxou naquele momento. – Eu me sinto uma tarada, mas... Dane-se novamente.

Depois do banho relaxante que deixou os ânimos de Felicity mais calmos, ela deitou-se na cama de Oliver, abraçou o travesseiro sentindo o cheiro dele. O quarto dizia muita coisa sobre Oliver, era escuro, de cores escuras e persianas na janela que impediam a entrada de luz, bem como na vida dele, onde algo sempre impede a luz.

Levantou-se e foi até a janela, escancarando as cortinas e deixando que a luz-do-sol dominasse o pequeno cômodo. Ficou um tempo em pé com os olhos fixos no emaranhado de prédios no lado de fora, a vista era incrível.

– Ollie?! – escutou a voz de Thea do outro lado. – Você está aí? Posso entrar?

– Sim. – respondeu Felicity. Estava na hora de mentir para Thea e por mais que odiasse mentiras, Thea merecia ser poupada de tudo o que estava acontecendo.

– Você está melhor? – indagou Thea, pouco receosa.

– Sim, estou bem e você? – perguntou formalmente, analisando as expressões da garota. – Está precisando de alguma coisa?

– Sim. Que você me explique por que está agindo dessa forma. Ollie, ontem você estava fazendo faxina. – disparou Thea ainda chocada.

– Precisava me acalmar e Dig disse que a faxina ajudaria muito.

– Diggle disse isso? – Felicity assentiu. – Okay... Pelo jeito você vai continuar me escondendo as coisas. Mentindo para mim.

– Não! – exclamou Felicity. – Não é nada disso.

– Então é o arqueiro? Digo, ele está lhe deixando maluco? Ou a cidade?

– Não é nada disso, Thea. – Felicity falou, com o mesmo tom de voz de Oliver. Thea cruzou os braços, arqueou as sobrancelhas e encarou o irmão. – Talvez um pouco, mas não que eu esteja ficando maluco. E realmente, fazer faxina me acalmou.

– Sabe que sou sua irmã e estou apenas tentando lhe ajudar. E acho que você precisa de férias.

– Não agora, mas prometo pensar no assunto. Quem sabe uma viajem até o por do sol?

– Seria perfeito. Por favor, Ollie, descanse um pouco disso tudo. Você merece. – Thea abraçou o irmão. – Conta comigo tá?

– Está bem.

– Te amo. – finalizou Thea e depois saiu do quarto fechando a porta. Felicity jogou-se na cama e ficou fitando o teto. Thea tinha uma pitada de razão em seu discurso, Oliver merecia mesmo um tempo de descanso, porém a cidade não estava a salvo de ameaças e Oliver sempre escolheria proteger Starling. Com esse pensamento ela sucumbiu em um sono leve e profundo, livre de todo o estresse que no momento a assombrava.

[...]

Oliver andava de um lado para o outro, pensando no que dizer para Ray. E se ele por acaso perguntasse sobre os acontecimentos da noite anterior? Quais seriam as desculpas de Oliver? Ele era péssimo com mentiras e no momento não tinha nada arquitetado em sua cabeça. O celular tocou e ele pegou, logo olhou para o visor e viu a foto de Ray Palmer.

– Tarde demais. – disse baixinho. – Alô?! – falou, afinando a voz.

‘Felicity... Estou meio confuso. Pode me esclarecer o que aconteceu na sua casa ontem?’ – indagou Ray. Oliver ficou em silencio por um longo tempo, talvez Ray desistisse. ‘Felicity, ainda está aí?’

– Sim. – pigarreou, quando notou a voz grossa. – Você esteve aqui e logo foi embora.

‘Engraçado. Eu me lembro de tentar lhe beijar e em seguida tudo ficou escuro.’ – as palavras fizeram Oliver se engasgar, ele disfarçou com constantes tossidas.

– Você me beijou... – a feição de Oliver se contorceu, formando uma expressão repugnante, jamais beijaria Ray. – E aí você foi embora.

‘Eu acordei no bagageiro do meu carro.’ – desabafou Ray. ‘Isso é estranho. Mas, mudando de assunto, você está melhor?’

– Na verdade não. – ponderou. – Estou com catapora, várias bolas vermelhas no meu corpo. Preciso manter distancia de todos. Então, por favor, não apareça aqui hoje. Acredite estou lhe protegendo.

‘Você tem sorte!’ – exclamou Ray, com a voz empolgada. ‘Já tive catapora. Não corro risco de pegar mais uma vez. Vou levar sopa, você merece ser tratada muito bem hoje’

– Droga. – praguejou Oliver. – Acho melhor não vir. Não quero que me veja assim. – insistiu.

‘Pare de bobagem. Vou levar sopa de frango.’ – Ray permanecia irredutível, e Oliver estava a ponto de manda-lo para o quinto dos infernos.

– Não quero você aqui. Quando eu estiver me sentindo melhor, volto para a empresa e nós conversamos. Acredite, estou lhe mantendo longe por uma boa ação. – Oliver encerrou a ligação na cara de Ray. Não podia, mas se sentia muito bem pelo feitio. Ray era mais chato do que ele imaginava.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar. E apenas uma perguntinha básica. Acham que devo manter isso oculto da Thea, ou alguém deve falar isso a ela? Está na escolha de vocês. Bom, espero que tenham gostado. Bjos.