You Are The Only Exception escrita por Smile


Capítulo 30
Sons Indistintos


Notas iniciais do capítulo

Oi! Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/612723/chapter/30

– Alô?

– Dianna? - perguntou uma voz de choro do outro lado da linha.

– Sim? - respondi trêmula. Eu conhecia aquela voz.

– Querida, você pode me encontrar na cafeteria perto de casa?

– Que casa? - perguntei, realmente não entendendo.

Eu estava paralisada. Nem consegui lembrá-la de que eu não era sua “querida”!

– A nossa! - respondeu ela como se fosse algo óbvio.

– Até onde eu saiba, nós não moramos juntas há muito tempo! - falei nervosa.

O James estava parado ao lado da porta enquanto eu andava de um lado para o outro no corredor.

– Você precisa vir! - disse, como se minha vida, corrigindo: SUA vida (já que ela só se importava com ela mesma), dependesse disso. - Agora! Por favor, filha.

Lágrimas brotaram nos meus olhos.

– Não me chama assim. - falei num sussurro quase inaudível.

“O que houve?” perguntou o Jamie sem emitir som. Fiz um sinal com a mão para que ele esperasse um instante.

– Você sabe onde é? - perguntou desesperada.

– É claro que sei. - respondi e desliguei o telefone.

Permiti que uma lágrima escorresse enquanto decidia se devia ir ou não, mas todas as outras que caíram junto com ela foram sem meu consentimento.

– O que está acontecendo, Dinny? - perguntou ele, me abraçando por trás.

– V-você pode ir comigo a um café? - pedi soluçando.

– Sim, claro. - respondeu com cara de quem não está entendendo nada, afinal, ele não estava, e isso era culpa minha.

– Obrigada. - sussurrei enquanto ele me envolvia em seus braços.

Fomos até o carro assim que consegui me acalmar. Falei onde ficava a tal cafeteria, e assim que chegamos, a vi acenando do terraço.

– Parece que eu estava chorando? - perguntei antes de sair do carro.

– Não. - disse ele sorrindo.

– Então vamos. - respondi. Antes que eu mude de ideia, acrescentei mentalmente.

Entramos no café, e subimos.

– Querida! - disse ela, me abraçando.

– Sai de perto de mim! - falei, me desvencilhando de seus braços.

– Quem é esse? - perguntou olhando para o James, como se nada tivesse acontecido.

Ele me lançou um olhar perdido, e eu me coloquei na sua frente, impedindo que ela se aproximasse. Ele colocou as mãos nos meus ombros, me passando um pouco mais de coragem para enfrentar aquela criatura.

– Filha…

– Já falei para não me chamar assim. - disse interrompendo-a.

Ela começou andar para perto da mureta que impedia as pessoas de cairem dali, e eu fui atrás, levando o James comigo.

– Ela é sua mãe? - perguntou num sussurro.

Fiz que sim com a cabeça.

– Mas ela não estava morta..? - sussurrou novamente.

Não respondi. Era óbvio que eu tinha mentido sobre isso, mas ele já sabia. Me lembrava de ter mencionado alguma coisa sobre ter mentido a respeito dela.

– Então… - continuou ela. - O bonitinho aí é seu namorado?

– Não te interessa. - respondi seca, enquanto apertava a mão dele involuntariamente.

– Ah, querida… Sempre achei que você seria parecida comigo, e preferiria homens mais… - parou para pensar na palavra certa. - cultos, inteligentes.

– Quem você pensa que é para julgar o meu namorado?! - perguntei. Eu quase podia me sentir fervilhar, de tanta raiva.

– Sua mãe! - respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

– Nem sei por que eu gastei meu tempo vindo até aqui!

Virei de costas para ela, e comecei a andar no sentido contrario, com o James logo atrás de mim.

– Dianna. - chamou ela. - Eu ainda não falei o que eu tinha para dizer.

– Então trate de falar logo! - respondi voltando a encará-la.

– Eu… Queria pedir desculpa. - pronunciou as palavras como se elas se recusassem a sair de sua boca. Por tudo. Por todos esses anos.

Esse era aquele momento que eu devia abraçá-la, dizer que a desculpava, então nós iríamos começar a chorar e depois seríamos felizes para sempre. O problema era que eu não confiava mais nela há muito tempo, e isso nunca iria acontecer!

– Me desculpa. - pediu ela.

– Não. - respondi e virei as costas.

– Dianna, eu imploro! - disse.

– Você é completamente louca. - falei sem nem olhar para ela.

A esse ponto já haviam vários espectadores pensando que EU era a louca por não aceitar o pedido de desculpa da minha “mãe”.

– Dianna, ela vai se jogar! - disse o James num sussurro desesperado.

– Ela só pensa nela mesma. - falei alto. - Duvido que se jogue!

– Querida, eu te amo! - gritou ela atrás de mim.

– Não, você não me ama. - respondi.

Ela ficou me encarando, e eu a encarei de volta.

– Você é louca. - sussurrei alto o suficiente para que ela ouvisse, enquanto me aproximava. - Você está bêbada, como sempre. Você devia procurar ajuda. Eu falo sério.

– Se você não me desculpar, a vida não tem mais sentido! - gritou.

– Se você quer se matar, pelo menos assuma isso! - Gritei de volta. - Não fique jogando a culpa para as outras pessoas! Eu nunca tive importância na sua vida, não me venha com essa agora.

– Me desculpa. - sussurrou.

Lágrimas escorriam por seu rosto, e percebi que o mesmo acontecia comigo.

– Não. - sussurrei lentamente, saboreando o gosto daquelas palavras na minha boca.

Fui até o James e me encostei em seu peito. Enquanto ele me abraçava, eu permanecia com os olhos fechados. Até um grito agudo cortar o ar, as pessoas começarem a correr, e meu namorado me puxar até a mureta.

Olhei para baixo. Lágrimas deixavam minha visão borrada. Um corpo conhecido estava caído de maneira estranho na calçada, e havia uma poça vinho cada vez maior em volta dele. Era ela. Minha MÃE. Um grito sufocado escapou da minha garganta, e, aos poucos se transformou numa risada histérica, que, por sua vez, passou para um choro descontrolado. James pressiona minha cabeça com força sobre seu peito, ou talvez seja eu que o faço. Já não sei mais, apenas mantenho os olhos fechados e garanto que ele esteja o mais perto possível de mim.Ouço uma sirene ao longe, que se aproxima rapidamente. Numa tentativa falha de manter os olhos abertos, vejo luzes azuis e vermelhas, mas não consigo focar em nada e os barulhos soam indistintos aos meus ouvidos.

De repente, um turbilhão de pensamentos invadem minha cabeça, e, entre eles, um se destaca: eu tinha um fiapo de esperança de que, depois de pedir desculpas, ela fosse esperar que eu pudesse perdoá-la, no meu tempo. Mas não. Ela insiste em ser sempre assim, egoísta. Ela novamente só pensara nela mesma, duvido que tenha se perguntado como eu ficaria depois de tudo isso.

Talvez julgar as pessoas depois de mortas seja errado (pelo menos, é o que as pessoas devem achar), mas eu não sei. A única coisa que sei é que não vou “torná-la santa” agora que ela morreu (já não tenho esperança no que os médicos podem fazer, depois de ver aquela poça de sangue gigante ao lado de seu corpo retorcido, já sabia que ela não tinha mais salvação), não depois de tudo que ela me fez! Lágrimas continuavam escorrendo enquanto eu tentava não pensar demais sobre isso.

Senti o James se mexer, e ouvi algo que não pude compreender sair de sua boca.

– Quer que eu ligue para o seu pai? - perguntou.

Fiz que não me importava com os ombros, e ele pegou o telefone no meu bolso para ligar pro Rick.

Olhei para baixo novamente, e dessa vez, além de não enxergar nada, me senti tonta. Todo meu corpo tremia, e minhas pernas já não estavam aguentando mais. James me segurou por um tempo, até perceber que eu já não tentava mais me manter em pé. Ficamos apoiados na mureta, eu encolhida encima dele, enquanto pessoas vinham até nós, e eu esperava papai chegar.

Ele acariciava meu cabelo e onde quer que suas mãos tocassem.

Em certo momento, achei que fosse adormecer, mas alguém, que me parecia um policial, apareceu e começou a fazer um monte de perguntas, nas quais eu não prestava atenção. O Jamie respondeu algumas, então o homem logo foi embora. Senti uma mão a mais no meu cabelo, e percebi que o Rick tinha chegado. Me soltei por um instante do James e o abracei, mas ele saiu rapidamente para falar alguma coisa com alguém, acho que tinha que levar o corpo embora. Voltei a me espremer contra o James. Sua camisa de manga comprida era quentinha, mas pinicava meu rosto. Depois de um tempo acabei acostumando com aquela sensação: de sua camisa na minha cara, e de ter ele tão perto.

Papai voltou até onde estávamos e falou algo com meu namorado e deu algumas explicações (alguma coisa há ver com flores, acho). Então deu um beijo na minha testa e prometeu que tudo ficaria bem, e saiu de perto da gente.

– Dianna. - sussurrou o James.

Olhei para ele, e seus olhos azuis tão perto dos meus. Por um instante me lembrei de ter adormecido olhando para eles. Eu queria tento por fazê-lo agora.

– A gente tem que ir. - disse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem!!
:)