Acordei com papai mexendo no meu cabelo. Assim que percebeu que eu estava acordada, ele sorriu e disse:

– Seu amigos ligaram perguntando o que aconteceu.

Eu fiz cara de que?!, então lembrei do que havia acontecido na escola. Olhei pela janela e vi que já estava de noite. Me sentei na cama, sentindo uma onda de tontura, que demorou um pouco mais que o normal para passar, então contei ao meu pai o que tinha acontecido.

– Querida, não precisava ficar assim. - disse ele em tom preocupado. - Você é uma ótima aluna, e acidentes acontecem. Além de que, é muito pouco provável que todos os professores aceitem voltar você um ano!

– Mas e se eles aceitarem? - perguntei soluçando.

– Eles não vão. - disse papai.

– Mas... - comecei.

– Filha, você está muito insegura! - disse ele. - Sabe, estive pensando...

– Rick, você está mudando de assunto! - falei começando a ficar exaltada. Nossas conversas sérias sempre acabavam no mesmo assunto: minha "mãe", e eu não estava nem um pouco a fim de falar sobre isso.

– Anna, chega uma hora na vida das meninas que elas precisam de alguma referência feminina. - disse ele mesmo assim.

– Ah, papai! Você não vai dar uma de homem da Idade Média e querer se casar de novo por causa disso! - respondi. - Ou vai?!

– Não foi isso que eu quis dizer. - falou. - Eu estava pensando se você não gostaria de se reaproximar da sua mãe...

– Richard! - falei com muita raiva. - Você sabe melhor que ninguém que eu NÃO quero, nem vou, me reaproximar daquela mulher que você insiste em dizer que é minha mãe!

– Dianna, eu sei que você se sente "abandonada" por ela, mas não foi exatamente assim.

– Para pai! - falei soluçando.

Eles me abraçou e chorou junto comigo, então eu resolvi falar:

– Papai, eu tenho apenas uma lembrança dela: do dia em que ela apareceu aqui em casa com o namorado dela, querendo se "despedir da casa", e vocês começaram a brigar, enquanto eu chorava e pedia para vocês pararem. Então eu me aproximei e a empurrei para longe de você, e nesse momento eu pude sentir o forte cheiro de álcool que emanava dela. Aí, ela foi embora... Sem nem tentar se despedir de mim... - eu disse enquanto papai ouvia em silêncio. - Eu não quero nem chegar perto de uma pessoa que vai embora sem se despedir de sua própria filha.

– Desculpa minha queria. - disse papai com um olhar de culpa.

– Não tem problema. - respondi meio seca. - Só não toque nesse assunto de novo, por favor.

Nesse momento eu levantei para pegar o John e levá-lo para a cozinha, mas fui impedida por uma onda muito forte de tontura. Vi o chão se aproximando cada vez mais, então tudo ficou preto.