Tocava Call Me Maybe. E eu cantava o refrão enquanto Jamie sorria pra mim.

“Hey, I just met you,
And this is crazy,
But here's my number,
So call me, maybe”

– Eu não acredito que você sabe a letra dessa música! – disse ele.

– Acho que todas as garotas do mundo sabem pelo menos o refrão dessa música. – respondi rindo.

– Era pra você ser a garota perfeita! – falou ele, também rindo.

Eu ri como “resposta”. Será que aquilo tinha sido um “você é a garota perfeita, apesar de cantar músicas de menininha”?! Eu esperava que sim.

Estava quase morrendo de curiosidade para saber onde ele estaria me levando.

Enquanto ele olhava para frente, eu o observava, pensando em como eu queria beijá-lo de novo. Você está muito assanhada!, diz meu subconsciente. É... Talvez... Acho que sim, penso, me repreendendo. Ele se vira para mim, e sou pega no flagra.

– Que foi? – pergunta com o sorriso lindo de sempre nos lábios.

Tão macios e quentinhos... penso. Pare com isso agora mesmo!, grito comigo mesma mentalmente.

– Nada. – respondo, então sou lançada para frente.

Sorte que eu estava com o cinto de segurança, pois o James tinha acabado de frear com tudo, pois havia um garoto atravessando a rua.

– Desculpe. – diz ele encabulado.

Eu ri. Tinha sido como quando ele me levou à sua casa (mansão).

Às vezes, eu podia sentir seus olhos em mim, enquanto eu olhava pela janela. E toda vez eu sorria, e podia sentir que ele sorria também. Eu sinto o carro parar, e olho para o portão enorme na minha frente, que se abre lentamente. O carro volta a andar, e a mansão se estende diante dos meus olhos.

Ele salta do carro, vai até o lado do passageiro e abre a porta para mim, me puxando para dentro.

– Obrigada. – falo.

– Não há de que. – responde ele.

Exatamente como da última vez..., penso.

A sala de estar continuava linda. Os móveis retrô ainda deixavam o ambiente aconchegante e luxuoso. Dessa vez, Jarbas, o mordomo, não estava. Pela hora, devia estar dormindo.

– Onde você está me levando? – pergunto, enquanto sou conduzida pela casa.

– À dois lugares. – responde ele.

– Sim, mas isso é muito vago. – falo.

– É surpresa! – diz ele.

Ele abre portas duplas de madeira, que eu já conhecia. Ao entrarmos na biblioteca, fico novamente sem palavras. O modo como as prateleiras iam até o teto, lotadas de livros, me deixava cada vez mais encantada. Era tudo tão PERFEITO!

Ele sorri para mim enquanto caminho entre os livros, tentando encontrar algo diferente, que possa ser uma surpresa.

– Na verdade, - começa ele. – a surpresa não está aqui. É só que a gente ainda tem que esperar umas duas horas para poder vê-la... Então pensei que fosse gostar de ficar um tempo na biblioteca....

– Como você sabia?! – pergunto rindo, meio sarcástica.

Passo mais um tempo andando entre as prateleiras. Então olho para a escada com rodinhas, e encontro um James deslizando encima dela. Começo a rir, e vou até ele.

– Vai me dizer que nunca passo pela sua cabeça fazer isso?! – pergunta ele.

Eu continuo rindo, enquanto ele desce.

– Pode ir. – diz ele. – É só pegar impulso com o pé.

Eu apoio um pé na escada e seguro com as duas mãos. É claro que eu queria fazer isso! James se posicionou atrás de mim, para me ajudar a pegar impulso, então foi o que eu fiz.

E foi tão legal! Eu senti como se estivesse voando entre os livros!! Então ficamos um tempão fazendo isso.

– Lê pra mim. – pede James.

– Ler pra você? – pergunto.

– Sim. – responde ele.

– Ok. – falo. – Mas ler o quê?

– Que livro te fez gostar de ler? – pergunta ele.

– Harry Potter. – respondo. – Na verdade, não foi apenas um livro, foram sete.

– Ótimo! – diz ele. – Então vai demorar mais para acabar!

Eu rio, e vou até a plaquinha Aventura, e procuro Harry Potter E A Pedra Filosofal edição colecionador. Pego o livro, sento em um puff que estava no meio de duas prateleiras, e encosto em James, que dividia o puff comigo.

– Capítulo um: O Menino Que Sobreviveu. – começo.

“O Sr. e a Sra. Dursley, da Rua dos Alfeneiros, nº. 4, se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, muito bem, obrigado. Eram as últimas pessoas no mundo que se esperaria que se metessem em alguma coisa estranha ou misteriosa, porque simplesmente não compactuavam com esse tipo de bobagem.”

Fiquei lendo para ele, até meus olhos ficarem pesados, e minha boca seca.

– Já está na hora! – diz ele, se levantando e me puxando para fora da biblioteca.