Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 35
Você não entenderia


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me o chá de sumiço que tomei! O mês inteiro é de provas e eu resolvi participar do desafio do nyah (oh glória!).

De qualquer forma! Aqui é o ponto em que a treta começa e (após 30 capítulos) as coisas vão começar a andar! Espero que vocês gostem do rumo que isso vai tomar :3



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Acordei e vi uma mensagem pedindo desculpas por não ter me respondido de Sara e com um puta sono fui para a casa dela. Quando nos vimos, o clima não estava exatamente pesado, mas nenhuma de nós estava muito confortável.

Passamos o almoço juntas como sempre, mas assim que levantamos da mesa Ravena apareceu. Troquei alguns olhares desafiadores com ela e ela me devolveu todos antes das duas saírem em direção ao clube de teatro.

Era só o que me faltava.

– Bom dia. – Eu falei quando entrei na sala do clube e dei de cara com Nuno. Ele me dirigiu um sorriso pequeno e com certa discrição me chamou para fora.

Ninguém realmente notou quando saímos da sala e fomos até o pequeno jardim de inverno da escola. Tinha dois ou três bancos e eu vi que ele carregava seu material de desenho. Como estava chegando, todo meu material ainda estava na mochila então eu não tinha realmente por que voltar para a sala. A professora permitia isso de vez em quando também, eu digo sair pela escola para desenhar.

– Tá tudo bem? – Eu perguntei assim que a gente chegou lá e nos sentamos, um do lado do outro, no banco de frente para uma árvore grande. Ele deu de ombros e eu franzi a testa. – Você nunca sai daquela sala, Nuno. Qual é... Você pode me falar. – Mais um pouco de silêncio se seguiu e eu resolvi pressionar mais. – Sabe, você poderia me falar o que acontece com Ravena.

– Oh. Ela.

Ele estava muito mais estranho do que quarta-feira e aquilo me deixou inquieta, mas não demorou muito para que ele explicasse o que tinha rolado.

– Entrei ano passado atraindo muito mais atenção do que gostaria. A garota tentou dar em cima de mim e eu recusei de uma forma... Não muito legal. – Imagino o que ele tenha feito. – Ela acabou por descobrir algumas coisas sobre a minha casa e espalhou para todo mundo.

Eu tinha criado uma grande afeição por ele e acredito que ele por mim. Ele mesmo já disse que éramos amigos e para estar falando assim comigo era verdade. É estranho pensar em alguém como um amigo tão próximo assim, já que eu praticamente só falava com Sara.

Enfim, com alguns meses de rápida convivência, nos aproximamos um bocado. Nuno tinha uma personalidade parecida com a minha e, apesar de parecer que estava de saco cheio de tudo o tempo todo, era bem divertido. Pode achar que estou mentindo ou qualquer outra coisa, mas é verdade. Os treinos que me passou, como me ajudou a pegar o ritmo das coisas... Ele era um cara legal.

Eu não consegui entender o que foi que ela espalhou para a escola sobre ele, mas isso não ajudou em nada na sua personalidade pelo que vi.

– Nuno...? – Eu o chamei e ele suspirou.

– Não é como se isso tivesse me deixado mal ou qualquer outra coisa. Já faz tempo também e... Não é como se algo em específico estivesse errado. – Ele franziu o nariz. – Só pequenas coisas... Estou cansado.

Ficamos calados durante um tempo, ele pegou o caderno de desenho e eu peguei o meu. Começou a esboçar alguma coisa enquanto eu o olhava. Estava mais preocupada com estava o estava fazendo ficar tão mal. Eu suspirei e arranquei o caderno da mão dele quando cinco minutos de puro silêncio se passaram.

– Ei! – Ele protestou e eu simplesmente ergui uma sobrancelha.

– Você não me fez vir até aqui só por que é um lugar agradável. – Eu suspirei. – Eu não ligo para o que aconteceu com Ravena porque aquela menina é uma idiota e você não deve passar mais do que meio segundo pensando nela. Apenas me diz o que são essas... “Pequenas coisas”.

Ele suspirou pesadamente e começou a falar. Parece que vários problemas estavam acontecendo com a família dele. O irmão mais velho parece que tinha se metido com drogas e estava praticamente correndo risco de vida. Acabava sumindo por dias, não falava com ninguém e parecia não dar a mínima para a faculdade. Com isso, seus pais queriam voltar para Portugal, mas Nuno não queria voltar para lá e sem pensar acabou falando isso para eles.

– Eles ficaram extremamente chateados – Franziu a testa e eu devolvi o caderno para ele. – Não quero voltar para lá.

– Por que não?

– Por que... – Ele suspirou. – Eu finalmente achei uma amiga. – Franziu a testa. – Lá irá ser pior do que ano passado, não quero passar por aquilo. Passei muito tempo sozinho e agora que experimentei uma amizade de verdade tudo está indo por água abaixo.

Nuno sempre foi mais reservado quanto a si mesmo em nossas conversas, apesar de falarmos muitas vezes com entusiasmo sobre tipos de traços e desenhos diferentes, ele não falava muito sobre sua família. Sempre achei que tivesse amigos mais próximos no segundo ano, mesmo que eu nunca tenha o visto falar com ninguém fora da sala.

Eu dei um soco de leve no ombro dele e sorri.

– Não tem por que se preocupar, cara. Eu, sinceramente, também não quero que você vá... Mas se tiver mesmo que ir, existe algo chamado Skype.

Ele deu um pequeno sorriso e nós começamos a desenhar e a conversar sobre o quão ridículo era termos que ficar pintando madeira para o clube de teatro. Então resolvermos mudar de assunto e logo estávamos analisando cada uma das pessoas do grupo, analisando o jeito de desenhar delas e como agiam lá. Conversamos principalmente sobre Rogério, um garoto novo que tinha acabado de entrar. Tanto eu como Nuno não tínhamos sequer dirigido a palavra para o garoto, mas notamos que era talentoso para caramba.

– Nem dá para ver muito os desenhos dele já que estamos presos a essa bosta de peça.

– Bom, eu pegava sem problemas. – Pisquei para ele e ele soltou uma gargalhada. Era disso que eu estava falando.

– Mas que porra é essa?

Eu olhei em direção ao corredor e vi Sara ali, de olhos arregalados e bochechas vermelhas. Parecia que tinha corrido e eu olhei rapidamente no meu celular. Tinha passado dez minutos do término da aula e Sara tinha provavelmente se apressado para chegar aqui, mas para falar a verdade eu nem tinha notado o tempo passar.

– Sara... – Eu comecei a falar, mas ela me cortou.

– Fala. – Ela elevou o tom e tinha um quê provocativo nele. – Estou atrapalhando seu momento?

Eu franzi a testa e olhei para Nuno que estava ainda mais confuso. Não falei para ele sobre como eu estava chateada com Sara por causa da Ravena, mas ele sabia que alguma coisa de errada tinha.

– O que tá acontecendo? – Eu perguntei no mesmo tom que ela. – Vai com calma...

– Calma? Ah vai se foder. - Ela me deu as costas e saiu correndo.

– Mas que porra... – Eu olhei para ele e Nuno franziu a testa.

– Olha, sei lá o que aconteceu, mas vai atrás dela. Ela parece estar muito brava. – Ele fechou meu caderno de desenho e guardou meus lápis para mim. – E é melhor você correr.

Eu assenti e sai correndo atrás de Sara. Ela provavelmente tinha ido para o banheiro ou algo assim. Dirigi-me então diretamente para o banheiro daquele andar e qual foi minha surpresa de não vê-la ali. Começando a ficar preocupada, eu comecei a andar pelos corredores checando todas as salas que estivessem abertas.

Até que eu vi a porta da antiga sala dos professores aberta. Entrei sem fazer cerimonia e a vi ali totalmente frustrada e com cara de que queria esmurrar algumas coisa.

– Mas que diabos foi aquilo Sara? – Indaguei me aproximando dela. Eu não me assusto só com uma pose nervosa.

– Qual é a parte do “vai se foder” você não entendeu? – Ela praticamente gritou.

Meu coração pulava batidas e acho que meu corpo inteiro se lembrou da briga de poucos meses atrás, pois minha mão começou a tremer e eu senti meus joelhos enfraquecerem. É, acho que eu tinha ficado traumatizada, mas não ia deixar aquilo por menos. Ela tinha feito o maior auê na frente de Nuno e por motivo nenhum.

– Você está sendo ridícula, Sara! Porra, e você?! Qual parte do “mas que diabos” você não entendeu?! – disse exasperada.

Os olhos dela estavam furiosos e eu sentia minhas pernas bambearem de novo.

– Ah, quer dizer que você cheia de carinho para aquele português estúpido não é nada?! Mas é claro... – Ela soltou um riso de escárnio. - Você não entenderia de qualquer jeito!


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Notas finais do capítulo

Não revisei o capítulo, então qualquer coisa me avisem!

Ah! E quem quiser ler minha fic do Desafio: https://fanfiction.com.br/historia/649993/Omundocomooconhecemos/

Não é um romance, mas sim um lugar onde estou tentando retratar através de Maria os inúmeros defeitos desse mundo em que vivemos e como ela pode fazer algo para mudar isso... Estou adorando escrever akjsjdksdjskjlsjkds

Espero que se vocês forem lá, que vocês gostem também :3

De qualquer maneira! Estou ansiosa para saber a opinião de vocês sobre o que vai acontecer :3



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