Blue Horizon A Luz da Liberdade escrita por Gislane Brito


Capítulo 18
Cap. 18 – Combatendo a solidão


Notas iniciais do capítulo

Quando a monotonia começa a incomodar, sempre aparece alguém com uma "ideia genial" para acabar com ela!

Querem ouvir a música que eles ouviram quando foram relaxar?
https://www.youtube.com/watch?v=xmfs19YOWfo



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Micky já passava mais tempo com o Conselho de Serenitat do que em casa. Apesar de estar ciente da importância de sua missão, eu já estava começando a me sentir abandonada. Ele estava muito preocupado com a segurança da Federação, pois temia que os pacificadores, em sua última tentativa de se manterem no poder, tornassem a capital um alvo. A deterioração da cadeia de Comando do Alto Conselho Pacificador era uma realidade, mas eles ainda não estavam derrotados.

Camilly estava há mais de uma semana em Moya... Para mim, restou meu trabalho como cientista auxiliar, meu treinamento em artes marciais com os monges tavleks e uma imensa saudade de meu planeta natal.

No dia da Festa da Grande colheita, eu estava voltando para casa depois de um dia longo e tedioso no laboratório quando vi Micky conversando com Tarnyn e Karla. Eles também pareciam tristes e cansados, mas quando me viram chegando, sorriram, mas sem muita convicção.

_ O que meus sebacians favoritos estão fazendo aqui neste frio e não estão aproveitando um pouco da maior festa de Serenitat?

_ Nós tínhamos alguns assuntos importantes a tratar, Mary! Infelizmente, não teremos tempo para apreciar a festa da colheita...

_ Quando vocês terminarem aqui, eu terei a honra de suas companhias para o jantar?!

_ Estaremos lá em 30 microts!

Voltei para a casa, preparei o jantar e enquanto esperava por eles, digitava o relatório de minha última análise de solo.

Nunca havia me sentido tão solitária desde que havia chegado àquele lado da galáxia.

O jantar foi mais parecido com um velório do que com uma reunião de amigos. Tentei melhorar o clima falando de minhas últimas descobertas, mas tudo que consegui foi um fascinante dito por Tarnyn.

Os sebacians só começaram a mostrar um pouco de interesse verdadeiro na conversa, quando comecei a falar de minha evolução com os treinamentos de luta e defesa pessoal.

_ Soube que você já derrotou o capitão e a Lux de uma só vez!... É verdade isso, Mary?!

_ Eles até hoje não entenderam como uma simples humana pôde derrotá-los em uma luta justa!

_ Pena eu não estar aqui para poder assistir a isso!

Micky sorriu meio encabulado, mas Karla tentou se justificar.

_ Você só me derrotou porque eu estava com um problema no pulso naquele dia e o Capitão estava muito cansado se eu me lembro bem! Que tal uma revanche amanhã?

_ Por mim, tudo bem!... O que vocês acham de me mostrar como se saem no combate com o bastão longo?

_ Muito bem... Prepare-se para enfrentar uma derrota humilhante, Mary!

_ Vai sonhando, Karla! Você topa ser meu segundo oponente, Micky?

_ Bom... Terei que adiar um compromisso... Está bem, eu aceito o desafio!

_ Que bom que consegui animar vocês... Mesmo que para isso eu tenha que me preparar para dar lhes uma outra surra! Que seja!...

Não foi bem o que eu esperava de uma noite agradável, mas eu finalmente consegui arrancar algumas risadas sinceras daqueles sebacians sisudos. Nós tomamos algumas cervejas kalishes e depois, fomos dormir um pouco mais leves!

Na manhã seguinte, fui até a cozinha preparar o desjejum e encontrei Karla fazendo alongamento.

_ Muito bom dia para você, Karla! Tão cedo e já está preocupada com a luta?

_ Não estou preocupada, você é que não está se dedicando ao treinamento como deveria, Mary!

_ Nunca estive em tão boa forma, irmã! Vim preparar algo para a gente comer... Guerreiros precisam estar bem alimentados... Ironizei e depois mordi meu pãozinho.

_ Não estou com fome. Vou comer só uma fruta!

Os homens acordaram e foram direto para a mesa. Sem camisa, eles se sentaram e em silêncio, começaram a devorar a refeição fingindo nos ignorar.

_ Um bom dia para vocês também, rapazes!

_ Bom dia, Mary! Você ainda está aí?!

_ Sim... Karla e eu ainda estamos aqui, Tarnyn!... Vou logo avisando que sua tentativa de nos distrair não está funcionando! Se quiserem, podem ficar só de calças... Tanto faz!

_ Eu não vou lutar... Serei o árbitro! Disse o displicente Tarnyn. Já escolheram suas armas?

_ O bastão branco é o meu...

Joguei um bastão para Karla e outro para Micky que ainda estava mastigando um último pãozinho, depois fui fazer o meu aquecimento.

No pátio principal, fiz meus melhores movimentos para impressionar, mas Karla também havia tido a mesma ideia. É... Ela conseguiu me impressionar, mas só um pouco! Micky, que continuava a fingir indiferença, foi o primeiro a golpear. Eu consegui me esquivar, mas tive que erguer o bastão para me proteger do golpe de Karla que veio logo a seguir. Me abaixei e quase consegui acertar as pernas dela. Depois, Micky investiu contra mim com uma série de movimentos rápidos com as extremidades do seu bastão e por pouco, ele não me desarmou. O pior momento para mim foi quando Karla me acertou um golpe direto no ombro direito. A dor e a descarga de adrenalina deixaram meus reflexos ainda mais rápidos. No segundo que eles abaixaram a guarda, consegui acertar um golpe nas costelas de Karla e quando girei meu bastão, acertei o rosto de Micky, mas ele não se abateu e logo depois, conseguiu me derrubar e me imobilizar.

_ Vitória do Capitão Braca! Gritou Tarnyn e a luta foi encerrada.

Micky me ajudou a levantar e eu vi a gravidade do ferimento que havia feito em seu rosto.

_ Seu rosto está sangrando, Micky! Eu não pretendia te machucar desse jeito, e nem a você, Karla! Me perdoem...

_ Não se preocupe com isso, Mary! Você só foi derrotada porque se sentiu culpada por nos ferir. Em uma batalha real, você deve aproveitar o momento que consegue uma vantagem sobre o inimigo e finalizar o combate!

_ Você quis dizer matar o cara, não é!

_ Sim... Às vezes, isto significará matar...

_ Não vou me esquecer disso, Micky! Tarnyn, veja se Karla fraturou alguma costela. Vou buscar ataduras e o antisséptico.

Quando me virei para sair do pátio, Micky me segurou pelo braço e tocou meu ombro machucado.

_ Este hematoma em seu ombro está muito feio. Também vai precisar de cuidados!

_ Mas primeiro, vamos parar este sangramento no seu rosto.

Peguei compressas embebidas em antisséptico, e entreguei algumas para Tarnyn e com outra, limpei o rosto de Micky. Enquanto ele fazia cara de dor cada vez que eu o tocava, eu pensava na grande besteira que nós havíamos feito nos ferindo daquele jeito.

_ Boa luta, Mary! Disse Karla colocando a mão em meu ombro ferido me fazendo gemer de dor.

_ Me desculpe, amiga!

_ Não precisa se desculpar! Eu a feri também... Me deixe ver como estão suas costelas! Acho que vai precisar de mais ataduras... Mas que grande demonstração de brutalidade gratuita nós demos hoje, hein pessoal?!

_ Artes marciais não são só violência, são uma lembrança que nem sempre conseguimos a paz só usando palavras. Às vezes, precisamos usar a força!

_ Pessoas queridas sempre se machucam em batalhas... No final de uma guerra, não há vencedor, apenas aqueles que sobrevivem para se lamentar!

Terminei de fazer o curativo em meu marido e ele estava me olhando de um jeito tão terno, que eu sorri e retribui com um carinho no lado são de seu lindo rosto.

_ Agora que terminou de cuidar de mim, é minha vez de cuidar de você!

Então ele me segurou no colo e me levou para o quarto.

_ É o meu ombro que está machucado e não minhas pernas, Micky!

_ Eu sou o vencedor e decido o que fazer com a derrotada.

_ Então?! Devo esperar uma punição ou um prêmio de consolação?...

Ele sorriu e não me respondeu a pergunta.

Olhei por cima do ombro dele e vi Karla apertando sua costela enquanto ria e fazia cara de dor ao mesmo tempo.

_ Tarnyn, acho que Karla também vai precisar do mesmo tipo de tratamento...

_ Pode deixar, Mary! Eu cuido dela...

Aquela solidão que eu estava sentindo até a noite anterior, naquele momento me pareceu tão distante, que até me senti idiota... Mas uma idiota muito amada!

Todos nós concordamos que merecíamos uma tarde de descanso. Micky se deitou em meu colo e deixou bem claro o que queria: Meus dedos deslizando por seus cabelos. Karla o imitou deitando no colo de Tarnyn, mas ele demorou um pouco para pegar o jeito. O resultado disso; apenas Tarnyn e eu estávamos acordados após meia hora de terapia para relaxamento.

_ Tarnyn...

_ Sim, Mary!

_ Você e Karla já pensaram o que vão fazer depois que a revolução acabar? Dois jovens como vocês seriam de grande ajuda aqui em Serenitat.

_ Não sei, Mary! Muitos sebacians estão se sentindo perdidos e precisando de apoio para se adaptarem a vida longe dos Pacificadores.

_ Eu entendo e respeito muito o que vocês estão fazendo para ajudar seus irmãos. Sei que o que vou dizer agora vai parecer egoísmo de minha parte, mas Micky também sente muita falta do contato com outros sebacians. E eu sinto falta de meus amigos!

_ Não me imagino vivendo preso a um só planeta, Mary! Vida sedentária não é para mim e imagino que também não seja para Karla... Serenitat é um lugar muito bonito, vocês são pessoas maravilhosas ... Mas morar aqui?!...

_ Mas, e se Karla quiser passar menos tempo no espaço? Talvez até ter filhos?!

_ Eu a amo e sei que ela não se importaria de continuar a viver no espaço comigo!

_ Acho que uma hora, vocês terão que conversar sobre isso!

_ É... Uma hora! Mas por agora, vamos só aproveitar o momento... Você também deveria descansar, Mary!

_ Eu estou me sentindo ótima hoje, Tarnyn!!! Você, não?!


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Notas finais do capítulo

Sabe que me deu até um pouco de inveja de Micky e Karla?!



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