Eu não sabia exatamente o que esperar da Amanda, e eu não conseguia imaginar o motivo para que ela pedisse justamente ao Theo para me dar esse recado. Quem sabe ela simplesmente estava querendo me dizer para eu ser esperta o suficiente e ficar com o Theo. Bom não importava os motivos, eu apenas duvidava muito que a Amanda pudesse me dizer algo de especial. Então quando o diretor da escola resolveu organizar uma visita cortesia para Amanda e o Thiago, claro com a autorização dos pais dela, meu estomago não parou nenhum instante de se contrair violentamente.

Quando finalmente chegamos à casa da Amanda, o Thiago não estava lá, algo dentro de mim mudou imediatamente. Eu não sabia dizer o que era apenas havia ficado vazio e gelado.

Eu tinha consciência que a Amanda queria falar comigo, mas eu não tinha muita certeza se queria escutar, haviam acontecido muitas coisas deste que ele entrou na minha vida, nenhuma havia sido boa, eu já não sentia mais como a mesma e duvidasse muito que poderia voltar a ser.

A Amanda já aguardava a visita da turma sentada no sofá impecavelmente arrumada, ela até parecia uma boneca, de tão linda, Amanda sempre fora muito bonita, mas hoje havia algo de especial nela, e eu arriscaria que a garotinha no seu colo tinha muito mais muito haver com isso.

Todos aglomeraram em volta da Amanda curiosa, eu me mantive o tempo todo na porta. Preste a fugir a qualquer momento. Não que aquela criança despertasse raiva ou rancor em mim, mas elas pertenciam à vida do Thiago de uma maneira que eu nunca pertenceria. E isso causava mais dor do que eu podia suportar.

—Não vai vê-la? —Uma voz extremamente conhecida soou bem atrás de mim, eu senti meu corpo inteiro arrepiar enquanto eu procurava por qualquer vestígio de sanidade mental em mim.

—Como você esta? —Eu me virei lentamente em direção ao Thiago, eu não o havia visto deste do hospital, meu peito estava apertado, eu fitei seu rosto que estava mais pálido que o normal.

—Bem. —Ele disse num murmuro suave.

Ficamos em silencio, não havia nada para ser dito, nenhuma palavra para ser trocada, eu senti meu coração despedaçar, era dolorido demais perceber que era o fim.

—Sarah, a gente tem que conversar...

—Não temos nada para dizer. — Eu não conseguia olhar no olho, eu tinha medo que não fosse capaz de segurar minhas lágrimas, minhas vergonhosas lágrimas.

—Você tem razão. —ele disse vencido.

AS pessoas começaram a passar por nós pela porta nos separando. A professora Rose parou diante de mim.

—Sarah, Amanda gostaria de falar com você? —Ele me informou.

Eu olhei diretamente para a Amanda que me fitava com altivez.

—Não demore, estamos de saída. —ela disse fechando a porta atrás de mim.

Só havia restado, Thiago a Amanda e eu. O clima era mais tenso do que eu poderia imaginar, nenhum de nós se moveu, ficamos em silencio. A Amanda foi a primeira a falar.

—Chegue mais perto Sarah. —Ela pediu, e eu senti vontade de fugir, imagens de tudo que a Amanda me causo veio na minha frente. Tudo poderia ter sido diferente se não fosse ela. Enquanto eu caminha na sua direção eu senti a raiva crescer dentro de mim.

Eu não queria ter esse sentimento, mas eu era humana eu não podia me controlar.

—O que você quer Amanda? —Minha voz saiu ríspida.

—Thiago. —Ela olhou para ele pela primeira vez, ele apenas acenou com a cabeça, saindo por uma porta qualquer.

—Você que deveria esta no meu lugar. —Ela disse assim que o Thiago sumiu.

Eu arregalei os olhos, imaginando se ela estava desejando que eu estivesse tão doente quando ela ou se eu que deveria ter um filho do Thiago.

—Não Amanda. —Eu silabei atômica ainda.

—Eu sei que as coisas poderiam ter sido completamente diferentes.

Eu apenas queria entender aonde a Amanda pretendia chegar.

—Eu deveria ter percebido que isso nunca daria certo. —Ela prosseguiu com a respiração falha como se tivesse fazendo um grande esforço. —Mas eu não podia deixar que fosse diferente. Você me entende, não entende Sarah? —Seu rosto estava mudando de expressão serena para uma careta de dor.

Ela estava pedindo meu apoio pelo que havia feito.

—Você esta bem? —Eu perguntei preocupada.

—Você entendeu o que eu disse Sarah? —Ele me ignorou refazendo a pergunta.

—Não Amanda. —Eu precisava ser sincera, ela tinha que saber que havia acabado com minha vida e nada iria mudar o que ela havia feito.

—Eu estava grávida, e o pai do meu filho, o cara que eu era apaixonada não me queria, amava você... —Seu rosto se contorceu novamente eu fiquei imaginado se era de dor ou raiva.

—Você não pode obrigar ninguém gostar de você. —Eu disse contendo minhas lágrimas.

—Eu apareci na vida dele primeiro. —Ela me acusou. —Será que você não percebe que se você não tivesse aparecido tudo havia sido diferente para mim, eu teria uma chance com o Thiago...

—Isso não ia mudar os fatos Thiago. —Eu não precisa ficar ali ouvido desaforos. —O Thiago não ia te amar do mesmo jeito.

Eu devia estar enlouquecendo, eu não precisava discutir com a Amanda sobre aquilo.

—Quer saber Amanda. —Eu disse decidindo colocar um fim naquilo tudo. —Você venceu o Thiago é todo seu...

Eu gritei pronta para partir.

—Mas ele sempre vai te amar. —Amanda gritou, mas era um grito de pura agonia e desespero então seu corpo caiu no chão num baque surdo. Novamente tudo aconteceu muito rápido. Quando dei por mim eu estava andando de um lado para o outro no corredor do hospital, aquilo não ia acabar nunca.

—Quem é Sarah? —Uma enfermeira perguntou parando na porta.

—Sou eu.

—Amanda quer falar com você, ela esta muito agida qualquer coisa me chame. —ela disse abrindo a porta para mim enquanto passava a orientação.

Eu entrei no quarto e fiquei surpresa, Amanda parecia muito pior do que eu imaginava. Isso fez meu estomago rebolar desnecessariamente.

—Acho que agora chega né Amanda? —Eu queria encerrar aquilo de vez.

—Não Sarah. —Ela murmurou e eu tive que me aproximar para pode-la ouvir. —Eu quero que você saiba a verdade.

—Tudo bem Amanda. —Eu murmurei me enchendo de paciência, Amanda não aprecia estar em estado de ser contrariada.

—Eu só fiz isso tudo porque estava completamente apaixonada e grávida. Entenda meu desespero quando o Thiago disse que te amava...

Eu tendei me colocar no lugar dela, eu sabia que não havia sido fácil para Amanda, não havia como ser.

—Eu não tinha como falar para os meus pais a verdade, que eu estava grávida de um cara que não me queria.—Sua voz estava sumindo novamente. —Quando o acidente aconteceu eu acreditei que tudo estaria resolvido, mas mesmo assim eu nunca consegui o amor do Thiago para mim...

Eu respirei fundo, minha cabeça dava voltas violentas.

—Eu entendo Amanda. —Eu não precisava sentir raiva, Amanda havia sido mais uma vitima como eu.

—Me desculpa por favor. —Ela pediu segurando minha mão. —Eu não quero morrer com isso... —Ela disse de repente me aterrorizando. Sua voz estava fraca.

—Você não vai morrer. —Eu rebati sentindo meu estomago revirar violentamente, meu corpo estremeceu.

—Por favor me perdoa. —Ela repetiu.

—Eu não preciso te perdoar. —Eu sorri tentando passar confiança. Meu Deus o que estava acontecendo? Aquilo parecia um pesadelo. Não podia ser verdade.

—Por favor, Sarah...

—Eu te perdoou. —Eu repeti rapidamente enquanto o ar entrava e sai dos meus pulmões causando mais dor do que o normal.

—Sarah agora a minha filha tem o seu sangue.—Eu estava começando achar que ia pirar, aquilo não podia ser real. —Ela é tanto minha do que sua. —Sua voz agora não passava de um sussurro. —Se acontecer alguma coisa comigo...

O que era isso. Parte de um novela.

—Pare com isso Amanda. —Eu ordenei irritada.  Isso não era brincadeira de verdade. —Você não vai morrer...

—Diz que cuida dela. —Ela pediu me ignorando. —Como se fosse sua...

—Sim. —Eu disse querendo sair correndo dali.

—Como filha? —Ela insistia.

—Eu prometo que cuido dela como se fosse minha própria filha. —Eu concordei desesperada

—Obrigada Sarah.—Ela murmurou fechando os olhos.

—Vou chamar a enfermeira.—Eu disse vendo sua careta de dor.

Eu levantei minha cabeça para dar de cara com o Thiago parado na porta olhando intesamente para mim.

—Thiago. —Eu sussurrei como os olhos cheios de lágrimas imaginando até onde ele tinha escutado.

—Obrigado Sarah. —Sua voz saiu carregada de emoção.

Eu sorri de volta feliz pó pode-lo ter por perto, ele sorriu de volta como se sentisse a mesma coisa, então um dos aparelhos conectado a Amanda disparou eu e o Thiago olhamos para ela em pânico.

—Eu chamar ajuda. —Ele disse saindo do quarto voando.

Eu me aproximei rapidamente para o lado da cama. Seu corpo estava completamente sem reação, imóvel.

Ela não podia estar morrendo... Aquele pensamento fez o pânico brotar no meu cérebro, meus olhos se encheram de lágrima enquanto meu corpo tremia violentamente.

No instante seguinte a porta foi aberta e uma equipe medica começou a se movimentar rapidamente em volta da Amanda, braços fortes me envolveram me forçando a me mover.