P.O.V Annabeth

Odeio voar.

Eu estava na janela do avião observando a vista do alto morrendo de medo. Andar de avião é uma das poucas coisas que eu temia, não sou essas garotas frescas que tem medo até da própria sombra. Quando se cresce em Nova York você aprende a encarrar o show de horrores constantes.

Me ajeitei na poltrona e passei a ponta dos dedos pela minha marca de nascença no ombro direito, ela era meio avermelhada e tinha forma de lua crescente. Quando eu a tocava me sentia protegida.

Eu era realmente uma garota estranha.

O motivo da minha vinda para Nova Orleans? A sinistra e misteriosa cidade de bruxas?

Bem, o meu aniversário de 16 anos, ontem pra ser mais exata. Eu completei 16, meus pais tiveram que viajar a negócios e resolveram me deixar com a minha tia Agnes que mora em Nova Orleans, e o mais incrível é que eu tinha parentes que moravam bem mais perto.

Segundo a minha minha mãe eu tenho que voltar a minas raízes e blá blá blá...ela esta com essa baboseira dês de que voltou de uma viagem a Índia.

—Estamos pousando em Nova Orleans, tenham um bom dia! -A voz da aeromoça me tirou dos meus devaneios, aquela sensação de ansiedade e medo do desconhecido estava me matando. Eu realmente tinha um espirito selvagem e aventureiro....mas ele estava adormecido por hora.

(...)

Depois de sair do aeroporto entrei no táxi rumo a casa da minha tia, botei os fones de ouvido e escolhi uma musica qualquer.

Queria voltar pra casa, voltar pra minha cama, meu banheiro, minha vida, meus amigos....Queria fazer birra pra resolver meus problemas mais isso parou de funcionar a algum tempo.

Cantarolei a musica baixinho em quanto via rostos desconhecidos em ruas desconhecidas pela janela do táxi. O tempo passou lentamente, eu ate pensei em dormir, mais o táxi parou assim que fechei os olhos.

—Chegamos senhorita! -Disse o taxista simpático, sorri e paguei a corrida.

—Muito obrigada! -Disse a ele antes de partir, estava na frente da casa da minha tia com minhas duas malas gigantes em mãos. Fechei os olhos e respirei fundo. -Raizes né? Okay. -Sussurrei para mim mesma ainda de olhos fechados, quando abri os olhos um menino estava andando em minha direção.

Ele tinha por volta da minha idade. Seus cabelos cor de petróleo estavam jogados para o lado de forma bagunçada, ele era alto e forte com certeza fazia academia ou algum tipo de esporte, pele pálida de uma forma bonita e sexy, os lábios avermelhados formavam um sorriso de lado que considerando a minha atual situação me intimidou um pouco. Ele era lindo no geral mas oque realmente chamou minha atenção foram os seus olhos, olhos tão verdes quanto duas esmeraldas nunca havia visto olhos daquela cor. Seu olhar era penetrante e presunçoso e foi aonde o meu olhar se focou.

Verde no cinza. Ele parecia tentar ler minha alma.

—Oi! -Disse sem conseguir desviar a visão de seus olhos, ainda estava atônita no meu lugar.

—Olá! -Ele respondeu, sua voz era rouca e melodiosa -Você deve ser a sobrinha da Agnes. Acertei? -Ele arqueou a sobrancelha e eu mordi o lábio inferior, como ele podia ser tão lindo?

—Sim sou eu Annabeth! -Estendi a mão para que ele apertasse.

—Perseu Jackson ,muito prazer....-Ele pegou minha mão e a beijou -em conhecer!- Mordi mas forte os lábios -Mas por favor me chame apenas de Percy!

—Então... -Tentei disfarçar meu constrangimento- Você mora aqui? -Ele sorriu para mim, aquele sorriso que fazia qualquer garota ovular....meu Deus que sorriso.

—Sim, no final da rua! -Sorri de volta- Sua tia Agnes é uma grande amiga minha... -Ele olhava pra minha marca de nascença

—Ah, é de nascença! -Esclareci quando vi que seu olhar se voltou pra ela

—Em forma de lua? -Ele ainda olhava curioso para a minha marca

—Sim! -Soltei o ar pelo nariz-Estranho eu sei...

—Não, eu acho que já vi essa marca em algum lugar- Ele se aproximou mais e passou o indicador pela minha marca, me arrepiei -Em um livro.

—Sério? Em que livro?

—Eu tenho ele na minha casa, se você quiser eu posso traze-lo... -Ele agora olhava por cima do meu ombro, me virei para ver oque ele estava olhando.

Era um cara de um 20 anos, pálido, cabelos e olhos bem pretos e olhava para nos com urgência, me virei novamente para Percy e ele tinha uma conversa silenciosa com o cara....algo tinha acontecido.

—Algum problema? -Perguntei com cautela

—Sim -Ele bufou- Vem deixe me te ajudar a levar as malas para dentro.

—Não é melhor falar com o seu amigo? -Olhei para outro lado da rua ,mas ele não estava mais lá -Ou não né! -Ele riu para mim e pegou minhas duas malas no braço como se fossem dois poodles, oque era bem estranho para malas de 45kg.

—Vamos? -Fiz que sim com a cabeça ainda sem acreditar na facilidade que ele conseguiu carregar as malas, ele era realmente muito forte.

Subimos cinco degraus até a porta aonde eu toquei a campainha, a minha tia atendeu poucos segundos depois.

Lá estava ela, os cabelos loiros presos em um coque mal feito, a calca jeans escura, uma camiseta qualquer e chinelos...a tipica empresaria quarentona.

—Annabeth! -Ela me abracou com força, sorri para ela -Quanto tempo

—Oi tia, como a senhora está?

—Senhora? -Ela riu alto- Annabeth querida, nós duas sabemos que eu tenho energia pra mais uns bons anos! -Rimos juntas

—Eu sei que tem tia! -Ela me olhou, tínhamos os mesmos olhos cinzas. Ela notou alguém ao meu lado e viu Percy, sorriu também.

—Percy, Oque faz aqui? -Ela perguntou enquanto o abraçava também.

—Eu vim ver a Hazel, e na volta acabei encontrando Annabeth! -Ele respondeu

—Ótimo, agora entrem os dois eu já preparei a mesa!

—Agnes, eu preciso conversar com você....é urgente! -Percy disse

—Entrem! -Ela olhou para Percy compreensiva

Entramos na casa, Percy levou as minhas malas para o andar de cima e eu segui com a minha tia pra cozinha.

—Okay Annabeth Chase, pode me contar! -Minha tia disse assim que fechei a porta da cozinha

—Contar oque?

—Você nunca soube disfarçar olhares querida! -Ela me olhou fundo nos olhos- Ele é gatinho não é?

—TIA! - A repreendi e ela riu 

—Ha vai me conta, oque você acha dele? -Ela me olhava com expectativa.

—Ha sim, ele é muito lindo -Comecei- E tem esse jeito bad boy misterioso, como quem não viveu nada e mesmo assim não ta nem ai pra vida, mais também é cavalheiro. Eu gosto disso! -Quando terminei de falar ela abriu um sorriso de orelha a orelha -Mais eu nem conheço ele, ele é como um livro novo pra mim.

—Vocês formariam um belo casal! -ela disse e eu corei

—TIA! -disse novamente e ela riu 

Me sentei na mesa e esperei que ela me servisse chá em uma bela xícara de sua coleção e ela assim o fez. No momento em que peguei a xícara Percy entrou na cozinha.

—Sente-se Percy, por favor! -minha tia pediu apontando uma cadeira

—Muito obrigada Agnes mais eu realmente preciso conversar com você...-Ele disse me encarando

Minha tia compreendeu o recado e foram para o lado de trás do balcão da cozinha e começaram a conversar, eu congui escutar umas poucas partes.

—....a profecia da Hazel dizia que eu encontraria a princesa crescente e ela traria paz , e que ela seria a unica capaz de quebrar a maldição e curar a cidade...- Mas oque? Nenhuma das palavras de Percy faziam sentido

—.....Mas ela ainda não esta pronta pra isso!... -minha tia falou- Mas e quanto as bruxas? Enquanto tivermos Hazel elas não podem fazer magia.

—Sim e os vampiros estão muito ocupados atrás do clã ,não podem protege-lá... -Não ouvi mais nada. Depois de um tempo eles saíram falando sobre um livro que eu imaginei ser o motivo da conversa, respirei aliviada. Eles não estavam enlouquecendo.

—Muito bom papo, mais eu preciso ir! -Percy disse se despedindo da minha tia -Até mais Annabeth!- Ele disse e a minha tia o acompanhou até a porta.

Algo em Percy havia me cativado bastante, e eu queria saber mais. Mais sobre quem ele era.