Só não me troque por ela. - Vossa Alteza a princesa Rosie Alary Clark klíphius

♛Barbara

Sentei-me no sofá ao lado de meus avós, Baltazar e Amélia; os dois pareciam estar entretidos num jogo de quem pensava mais rápido, ou algo do tipo.

Meus pés doiam por ter ficado tempo demais dançando. Eu gostava de dançar balé, mas principalmente, deveria fazê-lo para poder ajudar minha família. Somos da Cinco.

Com a caneta e papel em mãos, comecei a rabiscar e fazer desenhos desconexos, algo que eu faço muito. A caneta de cor vermelha fazia traços precisos e formas geométricas quase ilegíveis.

Sussurava para mim mesma palavras sem sentido, enquanto o desenho de uma garota, usando um longo vestido, pendurada em um troco de árvore estava em meu papel.

– O que está fazendo Blair? - Meu avô disse ao tentar dar uma espiada em meu desenho, usando o apelido que havia posto em mim quando ainda era pequena - Você tem que parar de fazer isto, você é uma bailarina.

– Deixe a garota! - Minha avó disse.

– Tudo bem vovó - digo e sento-me no chão.

Após alguns minutos, meu pai entra, fazendo com que todos parem o que quer que estivessem fazendo e olhem-no.

– O-o que foi? - Meu pai gagueja

– O que você acha, Orion? - Meu avô soa provocativo.

– Não sei do que está falando, pai - Meu pai tenta fugir do assunto.

– Claro que sabe, - Meu avô prossegue - hoje será a apresentação das Selecionadas. Como pôde esquecer?

– Só não queria que ela...

– Nós não sabemos ainda, há milhões de garotas em nosso país, que também fizeram a inscrição, isso não significa que irei deixá-los(não por enquanto, penso)– digo. Coloco meus materiais sobre uma parte segura do chão e vou ao encontro do meu pai. Dou um beijo em sua bochecha.

– Se continuar assim, você não vai mesmo - meu pai diz aproximando minha cabeça do ombro dele.

– Eu não vou ser escolhida - digo - não se preocupe.

Meu pai é um escultor e em minhha opnião - e na dos meus avós também - suas obras são magníficas.

Na casa, moramos - eu e meu pai - juntamente com meus avós; minha mãe não mora mais conosco, desde meus dois anos, quando após um acidente, ela ficou tetraplégica. Não me lembro dela - pequenos resquíços de lembranças, poucas vezes invadiram minha memória - ela foi trasformada em Oito. Aqui em casa, evitamos falar dela.

– Vamos, já começou! - Minha avó grita eufórica.

Me acomodo ao lado do meu avô, enquanto meu pai liga a pequena TV.

O programa já havia começado; o rosto de uma garota de cabelos cor chocolate e blusa surrada - claramente uma Seis - invade a tela. A Seis havia deixado o príncipe um pouco... impresionado. Ou pelo fato dela ser Seis ou por outro motivo. Outra Selecionada aparece.

Pego meus materiais no chão e começo a desenhar a última Selecionada que havia visto.

– Barbara Frost, 16 anos, casta Cinco, Bailarina, Chicago.

Minha foto aparece diante da tela, meu cabelo louro coberto por um chapéu cor creme, meus lábios num leve tom de rosa.

Sinto-me feliz.

Meu pai não muito, mas sei que ele compreende.

Meus avós estão felizes, só havia me inscrito para dar-lhes orgulho, e pela primeira vez senti que tivesse feito o correto.

(...)

♛Clarissa♛

Piter, Sofhia e eu, terminávamos de colher o restante do milho, enquanto nossos outros irmãos – Beatriz, Nicolas, Kassia e Karen – organizavam os cestos de trigo.

Moramos numa fazenda, ao norte de Kingston; onde há muitas fazendas.

Nossa família, é bem grande, mas isso não nos impediu de ter uma vida razoável. Somos Cinco, apesar de não fazermos parte da área da música. Os fazendeiros e donos de terras, possuem melhores condições do que os Seis, mas sua renda está abaixo dos Quatro; ou seja, pela escala acabamos virando Cinco.

– Clary! – Nina, a irmã caçula, corre em minha direção, trazendo consigo um chapéu e sua inseparável boneca de pano.

– O que foi? – Coloco um punhado de milho no cesto e me dirijo á ela.

– O Jornal Real já vai começar! Vem! Corre! – Nina berra.

– Calminha aí, raio. – Piter, nosso irmão mais velho á pega pela cintura e á coloca sob seus ombros.

– Me coloca no chão, Piteeer! – Ela grita, não contendo um sorriso. Peter tem 20 anos, portanto, é o mais velho de 10 irmãos(Peter 20 anos, eu com 18 anos, Sofhia de 17, Beatriz com 15, Nicolas de 13, Kassia e Karen de 11, Alex de 10, Fernanda de 9 e por fim, Nina de 6).

Sofhia e eu nos escrevemos para a Seleção. Ela por que quer um amor verdadeiro, e eu por que, mesmo amando minha família me acho esquecida aqui dentro. E sei que poderia ser uma boa princesa e futuramente uma boa rainha, além de poder dar uma vida melhor para minha família.

– Ainda não começou, – digo – vou dar um passeio e quando eu voltar, o Jornal já terá começado.

– Não vai me esperar? – Sofhia se instala ao meu lado segurando um chapéu.

– Sabe como é, né? Você nunca foi muito boa em cavalgar. Tenho medo que se machuque – respondo com sinceridade.

– Não se preocupe, não vou me machucar. Podemos ir, Peter? - Ela pergunta ao nosso irmão.

– Claro! – Ele coloca Nina no chão, que imediatamente se junta aos outros irmãos menores, que a poucos segundos haviam começado a se dispersar de seus postos e irem para dentro da casa.

Sofhia e eu montamos em nossos cavalos e cavalgamos até a cachoeira próxima á fazenda.

A natureza sempre me fascinou, por isso me sinto melhor quando venho até a cachoeira;

Ao chegar deixamos nossos cavalos presos no tronco de uma árvore e sentamos á beira da cachoeira.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, ouvindo o som da água chocando-se contra as rochas. O que é estranho, já que nós duas gostamos muito de conversar.

Sofhia estava inquieta, e isso não era normal, algo estava errado e a única coisa que podia estar lhe causando mal-estar, ou era a minha companhia – o que não fazia sentido – ou... a Seleção.

– Você tem que parar com esssa obsessão, Clary – Ela por fim diz.

– Do que está falando? – digo.

– Você quer ser rica á qualquer custo, isso estraga totalmente a sua personalidade.

– Eu só quero o melhor para nossa família – respondo.

– Por favor. Pare com isso.

– Descupe, mas não entendo onde você quer chegar, Sofhia.

– Se uma de nós for a escolhida, tudo será diferente. Você não poderia ter feito a inscrição.

– Eu só quero o melhor para nós, Sofhia, – dou um leve suspiro – não quero brigar com você – levanto-me e saio cavalgando até em casa.

Essa disculsão não nos levaria em nada.

Ao abrir a porta de casa, sou recepcionada por Alex, que me puxa até o sofá, onde todos, com excessão minha e de Sofhia – agora só de Sofhia – já estavam sentados.

– O Jornal já começou. Seis Selecionadas já foram apresentadas.

– Que bom – Digo animada.

A foto da Selecionada que estava na tela á alguns segundos atrás desaparece, dando espaço á foto de uma garota de cabelo tom marrom, blusa de manga comprida e um par simples de brincos. Aquela era eu.

– Clarissa Wild, 18 anos, casta Cinco, fazendeira, Província de Kingston

Antes que eu pudesse ver a reação o príncipe, a porta se fecha num baque e Sofhia corre com o rosto inundado de lágrimas para o quarto.

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