Sou diferente, não me encaixo nos padrões.... - Selecionada Beverly Carter

♛Blair♛

Organizo novamente meus livros de arquitetura na estante. O dia foi cansativo, ainda mais por que hoje o Jornal Real mostrará as Selecionadas e estou ansiosa; me inscrevi na Seleção, por que minha mãe quis, ela achava que seria bom para minha carreira, eu contestei, disse que queria conhecer um amor verdadeiro, puro. Mas a verdade, é que duvido que possa nutrir algo pelo príncipe.

Amo estudar, isso é um fato, principalmente por que isso contribui e muito em minha carreira - já até escrevi alguns livros.

Nasci pobre e sem pai, minha mãe conseguiu nos manter como professora e após isto, quando mal conseguíamos sobreviver, começou a cozinhar em restaurantes; ela ficava o dia inteiro fora. As vezes, não tínhamos nem o que comer. Pelo fato de minha mãe ser uma ótima cozinheira, aprendi também, mas não levei isso á sério, por mais que não fosse uma má ideia.

– Ei, terra chamando Blair... – A voz sempre reconhecível de Bia me chama.

– Oi – digo e termino de organizar os últimos livros.

– Você está aérea hoje. Ansiosa? – Ela pergunta.

– Um pouco, admito. – Começamos a caminhar para a sala de estar. Pigarreio – Por que não se inscreveu? – Indago.

– Você sabe, o que seria de mim, sem o Pedro? – Uma de minhas melhores amigas, sente uma paixão platônica por nosso outro amigo. Ele deve ser a única pessoa da face da terra que não percebe que ela gosta dele.

– È, eu imagino.

– Mas então, vim te chamar. As Selecionadas já foram apresentadas. Umas 10 eu acho. – Ela coloca o dedo no queixo. Pensando.

– Você nunca foi boa em matemática – Pedro que estava sentado no sofá da sala diz. O rosto de Bia fica vermelho como uma pimenta –, já foram dezessete Selecionadas.

– Ótimo – digo – elas são bonitas? – Me acomodo com minha amiga no sofá ao lado; Pedro demora alguns segundos para responder.

– São, amistosas – ele diz. Bia parede se segurar para não pular em cima do amigo colorido e enforcá-lo. Pedro com certeza sabe que ela quer fazer isso.

– Vamos prestar atenção, é mais importante e interessante ouvir Bertrand falando do que você com essa sua boca suja – Bia diz. E ninguém á contradiz.

Me concentro na TV, e inesperadamente vejo-me refletida na tela.

– Blair, casta Três, 18 anos, estudante de arquitetura, Província de Nevada.

(...)

♛Jasmine♛

A pasta de documentos já estava quase totalmente organizada. Apesar de ser um trabalho exaustivo, era também, gratificante ver que todo o meu esforço havia valido á pena.

– O que está fazendo? – Minha mãe pergunta.

– Terminando de organizar esta papelada. – Respondo. Minha mãe entrega uma caneca de chocolate-quente á mim e bebo um pouco.

– Você deveria estar na sala, o Jornal irá começar em instantes.

– Juro que após terminar de organizar isto... – Minha mãe segura me pulso e me puxa para a sala-de-estar.

– Pare com este jeito durão, você vai assistir, sim! – Ela me faz sentar ao lado de meu pai, que assistia ao Jornal.

Moro com meus pais adotivos, Robert e Mikalina. Sou filha única.

Meus amigos James e Charlote, deveriam estar aqui conosco. Charlote se inscreveu na Seleção, e havíamos combinada de assistir ao sorteio, juntas.

– E o James, como ele está? – Minha mãe pergunta.

– Ele está ótimo, mãe. – Respiro – Mas se você me trouxe para cá, para assistir TV, acho que deveria permitir que eu assistisse. – Digo tentando não ser grossa.

– Tudo bem, querida. – Ela responde.

Tento soar o mais gentil possível quando estou com meus pais, eles fizeram e fazem tanto por mim!

Ninguém além deles e dos meus amigos importam.

Mordo os cantos da boca, ansiosa e nervosa.

Após alguns segundos, sinto o gosto metálico de sangue na minha boca. Eu não podia evitar, já havia acontecido tantas vezes...

– Jasmine Jessamine Herondale, 18 anos, casta Três, advogada, Província de Seattle.

Um enorme sorriso surge em meu rosto. Olho para o canto da tela e vejo, que o príncipe também sorriu.

(...)

♛Daphne♛

Já sentia o arder e o rasgo em minha garganta. Cantar, nunca, mas nunca foi o meu forte; e odiava quando, uma mísera musiquinha sob o chuveiro, deixava estragos catastróficos em minha humilde e sensível garganta.

Estava enrolada em um simples roupão de ceda, nada convencional; meu cabelo estava sob uma tolha perfeitamente posta sobre ele.

Não que eu queira me gabar, mas sou ótima na preparação do meu cabelo, além de amar fazer as unhas, que por sinal, estão perfeitas.

Coloco a mão delicadamente sobre a parte que menos dói da garganta, mesmo ali, parecia que uma navalha havia feito um pequeno tour;

Eu não tenho culpa se não possuo o talento suficiente – eu não admito isso a qualquer um – para ser uma excelente cantora. Mas em compensação, sou uma ótima “desocupada”.

Se isso para alguns é uma afronta ou algum indício de que eu não sou uma pessoa digna de respeito, para outros, eu nasci com muita sorte, já que ser uma Três, que não trabalha, pode ser gratificante.

Sou a filha mais velha de dois filhos. Meu irmão mais novo, Sam, é muito irresponsável. E o que isso tem demais? Bem, ele seguiu meu exemplo, e isso é algo que talvez eu nunca me perdoe.

Me visto desnecessariamente com uma saia de tule azul e uma sapatilha da mesma cor. Ao sair do quarto, encontro minha mãe no corredor.

– Por que a roupa? – Minha mãe pergunta.

– Tenho que comemorar! – Respondo.

– O quê?

– O sorteio, oras! – Minha mãe sorri e vai para a sala. Antes que eu pudesse segui-la, Sam passa correndo, com um copo de suco de uva. Ele o entrega a mim.

– Sai correndo! Sai! Ele está chegando! – E então ele corre e se tranca em seu quarto.

Observo o conteúdo do copo novamente, um pequeno pedaço de... ração de cachorro?

Droga!

Em questão de milésimos nosso cachorro Marley corre em minha direção, sem freio algum. Baba saía de sua boca, suas pupilas estavam dilatadas, ele estava em posição de ataque.

Tento me esquivar, e penso que por um milagre escapei da mira de Marley. Mas ter sorte sempre esteve fora de cogitação para mim.

Marley passa por minhas pernas num raio, me desequilibro, caio no chão e sinto o nojento liquido cair sobre minha saia e minha blusa de ceda.

Praguejo centenas de vezes, até ouvir meu nome ser chamado da sala. Me levanto – ainda praguejando e vou.

– Querida! – Minha mãe exclama. – O que aconteceu?

– Foi um acidente técnico, o que... – Minha atenção se dirige a TV. Meu rosto estava estampado lá.

– Daphne Mells, 20 anos, casta Três, sem ocupação, Província de Maine.