How To Win Your Heart escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 11
XI - Quinta-feira


Notas iniciais do capítulo

Gente, mil desculpas, leiam as notas que são importantes. Bom capítulo.



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Quinta-feira

Manhã: Uma vaca interrupção

Poseidon já não sabia o que fazer para fazer Athena voltar a falar com ele, e o moreno passara a manhã inteira tentando.

Ele sabia, na noite anterior, que ela estava furiosa. Athena já estava deitada, com os olhos fechados, e Poseidon sabia que aquilo era um claro sinal de “não fale comigo”. Deuses não necessariamente precisavam dormir, era apenas uma hábito. E talvez ali, na terra, fosse realmente preciso, já que estavam com seus poderes drasticamente reduzidos, mas mesmo assim, Poseidon sabia que se Athena quisesse conversar ela não teria dormido ou fingido dormir.

A deusa da sabedoria estava segurando um grosso livro sobre astrofísica, sentada no sofá. Poseidon via por cima do livro os olhos dela correndo de um lado ao outro, devorando linha por linha. Ele sabia, no entanto, que aquilo era apenas uma desculpa para evitar a conversa. Ele nunca interromperia a leitura dela. Era algo sagrado para Athena e Poseidon respeitava.

Além do fato da deusa tê-lo ignorado nas outras sete vezes que ele tentou iniciar uma conversa com ela.

Seus pensamentos vagaram para a letra cor de rosa de Afrodite, mando-o contar aquilo para Athena. Ele não teria conseguido. Não por ele, mas por ela. Admitir aquilo iria deixar Athena no mínimo sem graça, no máximo furiosa.

E o deixaria morrendo de vergonha.

Porém Poseidon tinha um plano para fazer a loura dos olhos tempestosos falar com ele. Um plano que envolvia toda e sua máxima concentração. Um plano muito difícil. Um plano...

— Ei, vamos jogar vídeo-game? — Ele jogou a pergunta para ela no instante em que Athena largou o livro para pegar o copo d’água ao seu lado. Ele estava sentado na cadeira da cozinha, analisando-a fazia mais de hora, esperando por aquele momento.

Athena revirou os olhos, prestes a pegar o livro e ignorar Poseidon novamente.

— Você prometeu, lembra? — Ele falou, sorrindo safado. — Eu arrumo minha bagunça, você joga vídeo-game comigo.

A deusa sentiu como se ela devesse matar Poseidon naquele exato momento. Exceto pelo fato de deuses não morrerem e ela ter prometido mesmo aquilo para o moreno, ela não o fez. Ela odiou a maneira como ele jogou com a promessa dela. Ela ainda estava furiosa com ele.

Ela havia contado uma coisa muito importante para ele. Algo sobre ela, particular. Ela havia dito que o havia amado ele. Mesmo ele sendo burro demais para ver isto. E ele havia se recusado a fazer o que? Contar para ela um segredo de Atlântida? Quem sabe com quantas garotas ele já havia dormido? Nada que Athena fosse realmente levar em conta.

Mas, por mais irritada, ela havia dado a sua palavra. Sempre que ele quisesse jogar, ela jogava. E quem sabe fosse bom ganhar de Poseidon para extravasar a sua raiva.

Ela apenas largou o livro e pegou um dos dois controles que estavam na frente do sofá, e observou-embora-fingido-que-não Poseidon pular feliz da cadeira onde estava sentado e correr em direção ao aparelho embaixo da TV. Ele escolheu algum dos trinta milhões de jogos que ele havia levado para o hotel, e se sentou ao lado da deusa, pegando o outro controle.

— Dessa vez eu ganho. — Poseidon falou, sorrindo feliz.

Isso eu quero ver.

Umas quarenta partidas depois, Athena já estava rindo alto das piadas de Poseidon e de seus ataques de “como-assim-eu-morri-e-nem-percebi-hãn?”. O plano do moreno, no final das contas havia funcionado exatamente como ele havia esperado.

— Vamos Athena, conta pra mim que truque tu tá usando! — Poseidon falou, depois de ver seu bonequinho ser jogado para o outro lado do universo pela bonequinha da loura. — Isso não é normal!

— Acostume-se a perder, Poseidon — Athena riu. — Você nunca estará páreo para mim.

E aquilo deixou Poseidon momentaneamente triste. Ele sabia que ela estava certa. Ele nunca estaria nem aos pés de Athena. Mas nunca diria isso em voz alta. Não queria que a loura achasse que ele estava se vitimando para cima dela.

— Então... — Ela falou, ao ver a deusa se inconstar relaxada contra o sofá enquanto mais uma partida começava. — Sobre ontem...

Athena manteve a face neutra. A raiva que ela estava sentindo de Poseidon já havia passado. Ela não conseguia mantê-la por muito tempo nunca. A deusa sabia que ele tinha razão na noite anterior, eles haviam ganhado o desafio do dia, o que eram 15 pontos?

— Deixa, Poseidon. — Ela falou, sorrindo de leve. — Não importa mais.

— Não é isso, — ele engoliu em seco. — Eu só queria poder te contar que... — ele olhou dentro dos olhos cinzas dela, procurando ali a coragem para contar. — Sobre o que o desafio se tratava.

Athena o encarou nos olhos com um ar neutro ainda, embora por dentro uma visgada de raiva havia voltado para ela. Ele não quis falar ontem que valia 15 pontos e quer falar agora que não vale mais nada?

— Sim, Poseidon? — Ela se esforçou em dizer, pois como uma boa deusa da sabedoria, ainda era curiosa como ninguém.

— Eu... — ele fechou os olhos, respirando fundo. — O desafio era sobre...

E as batidas na porta foram altas e sonoras, impedindo o moreno de continuar a falar. O deus dos mares lançou um olhar irritado para a porta, enquanto Athena pausava o vídeo-game para ir abrir, rindo consigo da face de Poseidon.

O deus dos mares  se sentia incomodado. Justo quando ele iria admitir. Contaria para Athena sobre os motivos por trás de seu casamento. Justo naquele momento...

— Poseidon. — A voz de Athena era forte e seca quando o chamou da porta. — É para você.

E assim a deusa da sabedoria sumiu para dentro do quarto, fechando a porta com força. Quando Poseidon levantou, viu a imagem de uma mulher de cabelos castanhos e expressão aristocrata o encarando.

— Olá, Poseidon. — Disse a sua ex-mulher, Anfitrite.

Tarde: Segredos

Desta vez não havia ninguém no saguão quanto Athena e Poseidon chegaram. Ninguém e subitamente nada. O lugar inteiro pareceu evaporar no momento em que eles colocaram os pés ali. No centro do nada, apenas uma mesa de metal com duas cadeiras do mesmo material.

Poseidon estava se sentindo desgastado por sua briga com Anfitrite pela manhã, então quando tudo sumiu ele começou a ficar irritado. O que tudo aquilo significava?

Mas Athena, quase como se sentisse a irritação do moreno, segurou levemente a mão dele, como quem quer fazê-lo prestar atenção. Poseidon arregalou os olhos e olhou para a loura com surpresa. Athena sorriu levemente e disse:

— Acho que há algo em cima da mesa.

E o levou até lá, soltando sua mão rapidamente tão breve quanto chegou.

— Ah, maravilha, mais uma carta rosa. — Poseidon bufou, irritado.

— Com cheiro de Chanel. — Athena completou, fazendo piada para o moreno. Ela percebeu desde que Anfitrite fora embora que Poseidon estava irritado, ela presumiu que deveriam ser problemas no reino ou algo assim.

A piada funcionou e Poseidon deu um leve sorriso, sentando-se em uma das cadeiras. Ele logo viu que haviam duas cartas, e quanto Athena estendeu a que estava na sua frente para ele, Poseidon reparou que a carta em sua frente estava destinada para ela.

Eles trocaram. E leram.

Nenhum dos dois falou uma palavra até que se passassem uns bons cinco minutos.

— Então... — Athena disse. — Afrodite nos colocou aqui e passou um scrip de perguntas para o outro. — Ela riu nervosa.

—A cada pergunta respondida cinco pontos. — Poseidon completou, se sentindo incomodado com o jeito da prova do dia.

— Mas podemos negar-nos a responder, ou ela não disse isso na sua? — Athena parecia genuinamente nervosa.

— Aparentemente sim.

Athena pensou em sugerir alguma estrategia. Que cada um só poderia negar uma pergunta, mas achou que seria algo muito injusto de sua parte exigir aquilo de Poseidon... E dela mesma. Afinal, somente Afrodite e Hera sabiam o teor daquele horror.

— Enfim, ao menos as perguntas teremos que fazer antes de irmos embora. — Poseidon falou, brincando com o papel da carta contra a mesa. — Quer começar?

Athena apenas assentiu, respirando fundo e olhando para a primeira pergunta. Ela já havia lido todas e pareciam bem inocentes, exato, talvez, a última.

— Por que você insiste tanto em desobedecer meu pai? — Leu Athena, rindo um pouco da pergunta, porém de nervosa. Ela achava que já sabia a resposta. Ele não gostava de se submeter a ninguém.

— O mar não gosta de ser controlado. — Poseidon disse, confirmando as suspeitas de Athena. — E Zeus gosta de ser hipócrita sobre muitos assuntos, apenas não gosto que ele se meta nos meus.

Athena assentiu com a cabeça. Ela amava o pai, mas não podia negar que ele realmente era hipócrita.

— Por que você lê tanto? — Foi a vez de Poseidon ler. Que tipo de pergunta era aquela? A ideia era facilitar para a deusa da sabedoria?

— Bem, dois motivos. — Athena sorriu, gostando da pergunta. Ela sempre gostava de falar sobre leitura, ler, e tudo mais. — Primeiro, eu sou a deusa da sabedoria. É minha função ler o máximo possível. Segundo... — Ela mordeu o lábio, talvez contar para Poseidon aquilo não fosse exatamente o que ela queria no momento. Ela a acharia idiota. Mas as regras eram claras, cinco pontos por cada pergunta respondida com honestidade. Ela não ia amarelar em uma pergunta tão simples. — O mundo é um perfeito caos. O dos mortais e o nosso. O meu mundo é um caos. Nos livros só existe ordem. Mesmo quando há caos, é um caos ordenado. É um mundo onde tudo pode acontecer. Você pode ser quem quiser, fazer o que quiser, sonhar com o que quiser... É uma rota de escape.

Poseidon absorveu a resposta. Por mais fácil que ela achasse que as coisas estavam sendo para Athena não era burro ao ponto de não apreciar cada oportunidade de saber mais sobre ela.

— Como você rege... Atlantida? — Leu a loura, antes que o silêncio se prolongasse por tempo demais naquele espaço vazio.

— Com sensatez, eu acho. — Poseidon riu, levemente. — Eu sempre tento ser o mais imparcial possível. E ter amor por tudo que há no meu reino. Não apenas Atlântida, como todo lugar onde haja água salgada ou animais que nela vivem.

— Sem peixes pro jantar?

— Sua criatura horrível! — Athena riu e Poseidon sabia que ela estava apenas brincando. — Ser a deusa da sabedoria significa ler? — Poseidon achou engraçada a pergunta. Ele mesmo poderia tê-la elaborado. O trabalho de Athena parecia tão um hobbie para ele, ainda mais considerando que ele administrava um reino inteiro, cuidava de seres vivos e tudo mais.

— Absolutamente não. — Athena parecia ofendida com a pergunta. — Eu tenho milhares de coisas para fazer, sempre auxiliando gênios, garantindo que a pessoa certa descobra tal coisa, que a sabedoria seja levada a serio por todos os mortais. E outra, eu sou a deusa da justiça, você tem ideia de como isso é difícil? Garantir que todo seja justo? E outra, a justiça não é branco e preto, é cinza. Não existe uma única maneira de julgar alguém. E eu tento estar sempre presente para auxiliar, e então vem o fato da guerra estratégica, que infelizmente ainda existem muitas guerras hoje em dia. Eu preciso encaminhar as pessoas certas para ajudar as pessoas certas e nunca escolher lado, além de intervir se alguém começar a pensar em extermínio mundial. Os seres humanos ficaram cada vez mais destrutivos e eu preciso estar sempre atenta antes que eles se matem de uma vez por todas...

Poseidon se sentiu levemente envergonhado por pensar que o trabalho da deusa era fácil. Mas ele ainda achava que governar os mares era um trabalho muito mais difícil.

— ... E também existem pessoas que precisam aprender o que o saber pode trazer para as nossas vidas, isso é muito complicado. E hoje em dia cada vez mais eles andam desvalorizando a sabedoria. Absolutamente tudo anda muito complicado.

— Terminou?

— Ora, Poseidon...

— Estou brincando. — Se defendeu o moreno, rindo. — Vamos, faça a pergunta.

— Unf... — Athena levantou o papel rosa com uma certa irritação. — O que você escondeu de mim... ontem? — Athena o encarou. — Oh, Poseidon, está escrito aqui, mil desculpas. Se você não quiser dizer, a gente já tem vinte pontos mesmo e...

— Ora vamos Athena, deixe-me ao menos ser corajoso. — Athena calou-se, observando o moreno focar em algum ponto atrás dela. — O que Afrodite queria que eu falasse ontem... Bem, era sobre, sobre algo que aconteceu a muito tempo atrás.

— Poseidon, você realmente não prec...

— Deixe-me falar! — Poseidon parecia cansado, cansado demais. E aquilo doeu na deusa. Ela não gostava de vê-lo daquele jeito. Como se todos aqueles milênios vividos finalmente tivessem o alcançado. — É sobre o meu casamento com Anfitrite.

Athena se sentiu tentada a pedir novamente para ele parar. Ela era curiosa. Sempre fora. Mas aquilo parecia trazer tanta dor para ele... Ela não queria que ele se sentisse tão obrigada a falar algo para ela.

— Quando eu me casei com Anfitrite... Naquela época... Eu estava sendo pressionado para encontrar uma esposa. E eu sabia quem eu queria. — Poseidon fitava as mãos sobre a mesa, sem nunca olhar para os olhos da deusa. — Mas ela... Bem, ela era inatingível. Ela estava tão acima de mim. Na verdade, ainda está. Eu sabia que ela não ia me aceitar. Quer dizer, olhe para mim e olhe para ela... Nós somos impossíveis de darmos certo. Mas eu queria que desse. — Poseidon parecia ficar cada vez mais nervoso a cada palavra. — Eu pedi ajuda para uma deusa, implorei que me ajudasse a conquistá-la. É por isso que Afrodite sabe da história, ela era a deusa para quem eu pedi ajuda. Nós... Nós tentamos de tudo. Mas era certo que a pessoa não sentia o mesmo por mim, então desistimos. E eu escolhi a Anfitrite porque, bem, porque tentei fazer ciúmes na garota... Não deu certo. Ela sempre foi muito educada. Tratou-me e Anfitrite com muito respeito e então... E então sumiu da minha vida.

Athena mordeu os lábios. Ela sempre soube que Poseidon gostava de alguém. Em seus primeiros anos eles eram tão próximos. Poseidon contava que estava apaixonado por uma dama, mas nunca falara quem era. Athena sempre supos que seria alguém do reino do deus, uma ninfa ou sereia, mas nunca perguntou. E não seria agora que traria a lembrança à tona. No lugar disto, preferiu mostrar-se educada e compreensiva, desviando-o de sua tristeza.

— A minha última pergunta? — Pediu, sorrindo para os olhos verde-mar tristes. — Para terminarmos isto de uma vez por todas.

Poseidon encarou seus olhos por tempo suficiente para se perder lá dentro. Era uma perfeita tempestade. Ele ainda lembrava quando os olhos de Athena, sua Athena, eram azuis como um céu sem nuvens.

Suspirando e cansado como nunca antes havia se sentido, Poseidon leu alto a última pergunta.

— Durante está semana, você mentiu para mim sobre um aspecto de uma história. Conte-me em que aspecto.

Não era uma pergunta. Athena sabia. Era Afrodite querendo jogar todas as cartas na mesa.

— Não era a história de uma amiga.

E a sala de estar do hotel voltou ao normal, a mesa e as cadeiras de metal desapareceram, e Afrodite, com toda a sua perfeição de cabelos castanhos e olhos tricolores, sorriu para os dois que caíram sentados no sofá.

— Isso foi muito bom.


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Notas finais do capítulo

Motivos pelo qual não teve o "noite": o noite geralmente era utilizado para fazê-los falar mais sobre si, porém, eles já falaram bastante neste capítulo.

Gente, me perdoem a demora, eu decidi que vou terminar a minha outra fanfic antes de voltar a escrever constantemente para esta aqui. Por este motivo, não sei quando poderei escrever o próximo capítulo, mas a ideia é terminar aquela (estou postando um capítulo por semana lá) e vir terminar está depois, postando dai, nesta, um capítulo por semana. Não se preocupem, não abandonei.

XOXO,
B.
P.S.: Irei responder os reviews correndo agora, me perdoem por toda essa demora.



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