– Darien o que faz aqui? – a loira perguntou se assustando um pouco ao vê-lo ali.

– Achei que precisávamos conversar – ele respondeu, encostando-se no beiral do coreto.

– E... sobre o que quer conversar?

– Eu sei que deve estar confusa com as minhas atitudes, e que acha que eu me reaproximei de você por obrigação e eu sei que agora deve estar mais confusa ainda com a chegada da sua filha, e certamente quer saber quem é o futuro pai dela – ele começou pensativo.

– Devo admitir que isso tudo me passou pela cabeça – ela respondeu ficando ao lado dele, se apoiando no beiral também.

– Por isso mesmo que eu queria conversar com você, a sós, não consegui falar com você essa semana então achei que esta seria a melhor oportunidade que eu teria – ele começou, e respirou fundo – primeiro quero que saiba que os meus sentimentos por você não mudaram, eu amo você e isso nunca vai mudar, e não pense que é por obrigação, são os meus sentimentos reais em relação a você – falou encarando-a seriamente.

– E os meus por você também não mudaram, ainda o amo – ela admitiu, olhando-o com certa tristeza e dúvida.

– Fico muito grato por isso, mas eu sei que tem muita magoa também, até que isso acabe, não posso falar o do porque eu ter falado aquelas coisas horríveis pra você, só posso dizer que teve um grande motivo – adiantou com pesar – no entanto eu quero fazer um pedido com você.

– Que pedido?

– Você me deixa corteja-la, prometo que não vou fazer nada que você não queira, sem pressão e têm total liberdade de aceitar ou não e... liberdade também para aceitar o cortejo de outros se assim desejar – ele falou.

A loira pensou um pouco, o pedido não era ofensivo e nem nada, e viu o receio dele quando falou a última parte, e por fim aceitou o pedido dele, deixando-o muito feliz.

– Eu agradeço a confiança. Prometo me fazer merecedor ela, agora... porque não voltamos para festa? – ele perguntou estendendo a mão, que ela aceitou.

Solaria e Rhuan estavam na varanda, observando o casal que estava no coreto, agora voltando para a festa de braços dados.

– Sol está tudo correndo nos planos? – o ruivo perguntou, vendo a expressão séria da pequena loira.

– Quase tudo, temos que dar uma forcinha – ela respondeu, agora olhando para ele – e a tia Kakyuu deu mais algum sinal?

– Ainda não, não entendo porque ela não me falou nada antes de me mandar pra cá – ele suspirou.

– Simples: para que o rumo dá história não fosse interferido mais o que já vai ser, conosco aqui, as sailors dessa era podem ter uma noção do futuro que terão, no entanto, se nós contássemos tudo o que iria acontecer elas não aprenderiam nada, foi por isso que nem meus pais e nem a tia Kakyuu não nos contaram nada, para que não caíssemos em tentação e acabássemos falando demais – Sol respondeu – e faça o favor de relaxar sim, tia Kakyuu vai aparecer uma hora ou outra, as coisas vão acabar bem, acredite.

– Eu sei, mas você sabe muito bem como sou ansioso e preocupado – ele falou a contra - gosto.

– Por isso mesmo que eu tô aqui – respondeu a loira sorrindo bagunçando os cabelos ruivos.

– Valeu Sol, não sei o que seria de mim sem você – comentou o pequeno ruivo sorrindo docemente, a loira enrubesceu com tal comentário – que tal eu pegar alguma coisa para comermos, fica aqui já volto – sugeriu para aliviar o clima, vendo que a amiga/amor de sua vida estava quase vermelha, a loira apenas assentiu.

Rhuan andou até algumas mesas que estavam com comida e bebida, não conseguia acreditar que tinha falado aquilo para ela, sempre tinha muito retraído em demonstrar seus sentimentos, ainda mais em relação a Sol, ela era sempre durona, não abaixava a crista para ninguém, sempre teve receio que se falasse a loira poderia ficar brava ou coisa do gênero, mas... se fosse considerar o modo como ela reagiu ao que ele falou... então achou que poderia ter uma chance com ela, mas teria que tomar ainda mais coragem, ela merecia alguém que não tivesse medo nem de falar o que pensava ou de fazer o que queria.

Pegou um prato para colocar alguns petiscos e doces, sabia do que a loira gostava, eram muitos anos de convivência, pelo menos no quesito comida tinha orgulho de falar que sabia agrada-la, o ruivo era um excelente cozinheiro. Estava divagando sobre sua loira quando sentiu uma pequena mão sem seus ombros.

– Oi Hélio – cumprimentou Rini incerta, e se olhasse bem daria para ver que ela estava um pouco ruborizada.

– Olá Rini, como vai? Gostando do baile? – o ruivo perguntou cordialmente.

– Vou bem, estou sim, é a primeira vez que venho em um baile como esses – ela respondeu tímida.

Rini nessa última semana tinha reparado muito em Rhuan. Era um menino deveras bonito, os cabelos ruivos brilhantes, que estavam geralmente bagunçados e para o baile estavam arrumados, não eram cortados curtos, eram longos o suficiente para que quando fossem penteados, ele ficasse com cara de príncipe de contos do de fadas, e os lindos olhos verdes, a rosada tinha impressão que quando olhava via duas esmeraldas, Rhuan tinha um rosto gentil, ainda de um menino, mas a Rini não tinha nenhuma dúvida de que quando ele fosse um homem... ele seria lindo.

Rini percebeu também que quando ficava perto dele, ficava um tanto nervosa, e sentia um formigamento, era estranho. Durante a semana que antecedeu ao baile, a rosada não conseguiu falar com o ruivo muito bem, sempre ou ela estava muito ocupada ou ele com o acréscimo que Sol sempre estava perto de Rhuan. Mas não poderia perder aquela chance única.

– Rhuan.... por acaso... gostaria de dançar comigo? – a rosada falou com a cabeça abaixada morrendo de vergonha.

– Eu... – o ruivo hesitou, pensou em recusar mas vendo a imensa vergonha que a menina sentia resolver mudar de ideia – claro que sim Rini.

O ruivo estendeu a mão gentilmente e a rosada com o alivio estampado na cara aceitou prontamente, foram para ao salão e dançaram tranquilamente.

– Que faz aqui Sol? – perguntou Apolo indo para perto de sua dona, que ainda estava na varanda.

– Bem... estou pensando em algumas coisas, até que estamos indo bem – ela respondeu sorrindo olhando as estrelas e Lua.

– Tudo está correndo como o planejado, não precisa se preocupar com nada – comentou o gato solicito – você é filha da Rainha Serena – A Deusa Absoluta da Lua e da Terra, tenho certeza que vai fazer um bom trabalho e sua mãe ficará orgulhosa.

– Também espero isso – ela respondeu suspirando, como princesa herdeira do trono tinha muitas responsabilidades.

Sua mãe no futuro sempre maneirava quando dava a ela alguma missão, não queria sobrecarregar a menina, mas Sol sempre pedia por missões mais perigosas, queria provar que seria uma boa governante e não tinha medo de nada, sua mãe sempre dizia que ela não deveria provar nada a ninguém, que não tinha dúvidas de que a filha seria uma governante justa e gentil para com todos, mas depois ela sorri gentilmente e acariciava os cabelos loiros da filha e dizia que admirava a coragem dela e que fizesse o que achasse que tinha que ser feito.

– Sol cadê o Rhuan? – perguntou Apolo olhando para todos os lados.

– Disse que ia pegar alguma coisa para comermos – ela respondeu serenamente, aproveitando o ar noturno.

– Bom então acho que ele mudou de ideia, por que está dançando com a Rini – o gatinho respondeu.

Sol virou imediatamente na direção que Apolo apontava com a patinha, eles estavam perto de onde Michiru e Haruka estavam dançando, podia ver a sincronia do ruivo e da rosada. E por alguma razão que ela ainda desconhecia ver aquilo a irritou muito, “em nome da Lua não posso ter tais pensamentos”, ela dizia mentalmente como um mantra. E foi isso que resolveu andar um pouco e esfriar a cabeça.

Apolo já tinha reparado a tempos que Rhuan era apaixonado por Sol, ela sempre o tratava como um querido amigo, nunca a tinha visto ficar tão furiosa daquele jeito antes. “Acho que os sentimentos dela estão despertando”, pensou o gatinho vendo sua dona indo andar novamente para os jardins da mansão de Hélio. “Acho que vou dar uma de Cupido para esses dois, e vou pedir ajuda as meninas”, pensou o gatinho e começou a ter ideias para untas e ruivo e a pequena loira.

Rhuan estava dançando com Rini, e viu como a rosada olhava para ele, “não devia ter aceitado, deveria ter feito uma desculpa”, pensou o ruivo, vendo que não tinha sido uma boa ideia ter aceito dançar com ela.

Tão logo a música terminou, pediu desculpas a Rini, e disse que tinha um assunto urgente em tratar com Sol, e foi a procura dela, foi até a varanda mas apenas Apolo estava lá, e o gatinho disse que Sol tinha ido aos jardins de Hélio, o ruivo engoliu em seco, e foi atrás de sua pequena loira. No caminho encontro Serena e Darien, que estava com a expressão um pouco preocupada.

– Vai atrás da Sol não vai? – perguntou Serena.

– Vou sim – o pequeno ruivo respondeu de imediato.

– Eu a encontrei no caminho, e ela me pareceu estar irritada com alguma coisa – a loira comentou.

O ruivo engoliu em seco de novo, “espero que ela não tenha pensado merda”.

– E Rhuan... só pra você saber, eu apoio você a Sol, fazem um lindo casal – a loira comentou sorrindo.

Rhuan ficou rubro até o pescoço, de tanta vergonha, e deduziu que ela os tenha visto dançando no coreto, “bem pelo menos tenho permissão para corteja-la”.

– Vai atrás dela, com toda certeza ela deve estar confusa quanto aos sentimentos que estão surgindo, mas tenho certeza que ela será sincera quando ela souber o que sente – assegurou a loira, o ruivo assentiu sorrindo e agradeceu e foi a procura da pequena loira.

– Tem certeza que é uma boa ideia? – perguntou Darien apreensivo.

– Claro, o Rhuan conhece bem a Sol, foram criados juntos, até onde eu sei, ele vai saber acalma-la – ela respondeu sorrindo.

Darien assentiu, ela como mãe conhecia melhor do que ninguém a filha, e ambos voltaram para a festa de braços dados.