A semana passou depressa. Meu caderno se encontra com poucas palavras, na primeira semana de aula os professores utilizam todo seu tempo falando sobre o ano letivo, um saco. Estar na mesma turma de Liam tem sido maravilhoso, trocamos recados durante as aulas, alguns beijos roubados, sorrisos sem nenhum motivo.

Estamos no meio da floresta a caminho do lago, onde haverá uma festa ou algo assim. Liam prometeu me encontrar lá, e é nisso que estou pensando enquanto Caroline conta pela milésima vez seu plano infalível para chamar atenção de Jesse. Na verdade, essa é uma das coisas que mais amo em Caroline: quando ela quer algo, ela luta para conseguir; mas confesso que sua agitação é irritante. Seguro uma cesta com bebidas que nos pediram para trazer, Bonnie traz uma bolsa com nossas coisas, Rebekah está ocupada com seu celular - trocando mensagens com Matt, como já nos contou - e Caroline balança suas mãos freneticamente, achando que alguém está prestando atenção.

– É ou não é um plano perfeito? - Pergunta uma Caroline entusiasmada.

– É, é sim, Car. - Responde Bonnie, sem um pingo de animação.

– Sua alegria me contagia.

– Obrigada, é um dom. - Bonnie pisca para Caroline, sorrindo.

– Alguém sabe se estamos no caminho certo? - Pergunto.

– Sim, eu tenho um mapa do local, já estamos chegando. - Começamos a ouvir o barulho de pessoas conversando, gritando, algo caindo na água. - Eu disse.

Liam nos espera um pouco afastado do grupo de pessoas. Ele está encostado em uma árvore com as mãos nos bolsos da bermuda quadriculada azul, sua camiseta cinza mostra cada curva de seus músculos, uma toalha listrada de diferentes tons de azul repousa em seu ombro e um óculos enfeita sua cabeça. Chego nele, que me dá um beijo tímido. Ele desencosta da árvore e nos acompanha, segurando minha mão.

– Ual, você está quente. - Sussurra Liam em meu ouvido.

– Eu não estou quente, eu sou quente. - Respondo em tom provocativo. Ele sorri e aperta minha mão. - Vamos logo, não vejo a hora de te ver sem camisa.

O lago está cheio, como se todo o campus tivesse decidido vir. Meninos sem camisa e meninas de biquínis por todos os lados, como era de se esperar. Há uma rede de vôlei alguns metros à minha direita e outra do outro lado do lago. Apenas umas dez pessoas estão na água, alguns em boias, imagino como deve estar gelado. Pessoas deitadas na areia aqui ou ali. Quase todos seguram um copo vermelho na mão. Há uma mesa em um canto com bebidas em cima, Rebekah se oferece para levar a cesta até lá.

Liam encontra um amigo alto, com cabelo castanho claro e olhos verdes. Eles se cumprimentam como se não se vissem há algum tempo.

– Meninas, esse é Stefan. - Liam o apresenta.

Stefan é lindo, e percebo que Caroline sabe disso pois está encarando ele com a boca escancarada.

– Oh, não. - Escuto ela sussurrar. Ela olha de Stefan para Jesse, que está na margem do lago sem camisa, a confusão estampada em seu rosto. Ela solta um suspiro e se afasta, indo em direção à Rebekah e a mesa de bebidas.

– Ela está bem? - Pergunta Stefan, com uma voz suave e doce. Eu e Bonnie nos entreolhamos, rindo da situação.

– Ela está ótima. - Responde Bonnie com ironia.

Ficamos conversando sobre assuntos aleatórios. Caroline continua do lado da mesa, segurando um copo, ainda olhando de Jesse para Stefan, sem conseguir se decidir. Estou perdida na visão de Caroline até Liam me puxar pelo braço e me beijar, no meio de todos. Confesso que me sinto um pouco desconfortável, mas permito. A toalha quase caindo de seu ombro.

– Minha Helena de Troia é corajosa o suficiente para pular na água... utilizando a corda? - Liam aponta para os adolescentes que correm, se penduram em uma corda amarrada em uma árvore e pulam em direção à água.

– Fácil. - Respondo, tirando minha camisa preta e mostrando o biquíni azul por baixo. Ando em direção à corda, paro no meio do caminho e retiro o shorts jeans, jogando-o para Liam. Subo nas madeiras pregadas na árvore como uma escada, agarro-me à corda e pulo, sou lançada para frente, solto a corda e giro, dando um salto mortal, caindo perfeitamente de pé na água. Ao emergir do lago ouço que todos gritam em minha direção. Olho para Liam com sua cara de impressionado. Com um sorriso tímido no rosto, Stefan se afasta. Percebo que Bonnie guardou minhas roupas. Liam tira sua camisa e a joga no chão junto com a toalha. Aquela barriga de novo. O corpo dele é maravilhoso, fica até difícil descrevê-lo. Ele vem correndo e pula na água, mergulhando de cabeça e jogando água em mim.

Ficamos na água brincando ou trocando carícias por um bom tempo, mas o frio me atinge e começo a tremer, sinto meus lábios rígidos e meu maxilar bate freneticamente.

– Parece que não é tão quente assim. - Escuto Liam dizer, irônico.

– É por ser tão quente que sinto mais frio, gênio. - Respondo, roubando um beijo. - Vou sair e me enrolar em algo.

– Okay. - Liam me dá mais um beijo e me solta de seus braços. Saio do lago procurando Bonnie, que está com minha toalha. Ela está em baixo de uma árvore, sentada em uma toalha estendida com um livro na mão, Caroline está sentada ao seu lado e percebo que ela fala, mas é óbvio que Bonnie não presta atenção. Corro até ela, já pedindo pra ela pegar a tolha. Me enrolo na toalha rosa e dou alguns pulinhos, na intenção de me esquentar o mais rápido possível.

– Então Bonnie, sobre o que Caroline estava falando? - Pergunto. Sua expressão entrega sua confusão.

– Ela estava falando?

– Sério, Bonnie? - Caroline parece furiosa. - Estou há meia hora falando com você e você não escutou uma só palavra?

– Escutei as cinco primeiras, talvez só as duas. Eu estou lendo, esperava que eu te escutasse por muito tempo? - Responde Bonnie na defensiva.

– Argh. - Caroline levanta e segue até a mesa de bebidas novamente.

Bonnie balança seus ombros para mim e retorna sua leitura. Visto minhas roupas e vou atrás de Caroline.

–Acha que estou exagerando? - Pergunta Caroline antes mesmo de eu chegar até ela.

– Sim, mas faz parte da sua personalidade. - Brinco, pegando um copo e o enchendo com cerveja.

– Estou falando sério, Elena.

– Eu também, Car. Acho que precisa falar menos e agir mais. Ficar brava não vai ajudar e estamos aqui pra nos divertir também, lembra? - Caroline bufa, sabendo que estou certa. - Então encha a cara e vá pegar uns rapazes. - Passo um copo pra ela que o vira goela abaixo em um instante.

– Você tem razão, mas às vezes eu preciso falar e preciso de alguém para escutar. - Sinto a honestidade em sua voz.

– Vamos fazer assim, sempre que precisar conversar pode contar comigo, não importa o lugar, vou sempre parar para te escutar. - Sei que vou me arrepender dessa promessa no futuro, mas sei o quanto ela precisa disso.

– Então precisamos de um código secreto, que só nós duas vamos saber, então saberemos que a outra precisa falar e damos um jeito para que isso aconteça. - E o arrependimento já começou.

– Isso é realmente necessário, Car? - Ela afirma balançando a cabeça. - Então qual sinal vai ser?

Caroline parece pensar por alguns instantes. Ela admira o copo vermelho em suas mãos.

– Já sei! - Ela continua a olhar o copo. - O sinal vai ser dois dedos no pescoço, como uma mordidinha de vampiro. - Ela faz o sinal, colocando dois dedos afastados na jugular.

– De onde tirou isso? - Não é uma má ideia, mas ter ela do nada é completamente esquisito.

– O copo vermelho me lembrou sangue, que me lembrou vampiros. Enfim, vai funcionar.

– Só não o use em vão. Apenas assuntos importantes, fechado?

– Fechado. - Minha mão amolece e meu copo cai no chão. - Elena? Elena, você está bem?

Estou curvada contra meu corpo, minhas mãos apertando minhas têmporas. Minha cabeça está latejando, mais forte que a manhã de ressaca.

– Minha cabeça. - As palavras saem entrecortadas da minha boca.

– O que devo fazer? - Sinto o desespero na voz de Caroline. - Vou chamar o Liam, não saia dai.

Me agacho para evitar me machucar caso eu desmaia, o que suspeito que possa acontecer. Não demora para Caroline voltar com Liam, que ainda está molhado.

– Precisamos levá-la para algum lugar escuro e quieto. Caroline, veja se acha algum medicamento forte para enxaquecas. - Sinto alguém me levantar, mas minha visão está escurecida, sem conseguir distinguir ninguém. Sou carregada no colo por alguém. Minha mente começa a se perder, até que eu desmaio.