Parei o carro à tempo de ver Rachel sair de casa com Shelby, pensei em milhares de coisas ao vê-la séria, talvez não seria mais um dia bom para tentar me aproximar. Havia dois dias em que não a via, Quinn comentava sempre por mensagens que Rachel ainda não estava bem, mas eu não poderia abandoná-la naquele momento.

   - Rachel. - a chamei, vendo seu sorriso perfeito surgir.

   - Santana. - ela cantarolou, me fazendo suspirar.

   Senti meu corpo cambalear com o abraço que ela me deu, seu perfume era o mesmo de sempre, o que me fez lembrar da Rachel de anos atrás, quando nos conhecemos.

   - Nós precisamos conversar. - ela disse, se afastando de mim. - Mas precisa ser em outro lugar.

   - Podemos ir até sua casa na árvore ou...

   - Não. Precisa ser um lugar que eu tenha certeza que nunca mais conseguirei ir depois.

   Estranhei sua resposta, mas não questionei, ela entrou em meu carro após informar sua mãe, eu entrei em seguida. Seguimos quietas por todo o caminho, Rachel me guiava sempre. Quando percebi, estávamos no estacionamento da nossa antiga escola, eu parei o carro em uma das vagas vazias e desliguei o carro.

   - Eu preciso dizer que...

   - Não. - ela me cortou, olhando para fora do carro. - Eu preciso falar primeiro.

   - Certo. - tirei o cinto para ficar confortável, assim me virei para ela. - Continue.

   - Nós... - Rachel abaixou a cabeça, percebi as lágrimas escorrendo por seu rosto. - Nós precisamos terminar. Quero dizer, nós temos que terminar.

   - O que? Rachel, como assim?

   - Nós não podemos continuar assim. Eu... Você...

   - Você quer mesmo terminar? Millicent disse algo? Porque eu...

   - O que Milli tem a ver?

   - Se ela lhe contou sobre o beijo eu... Eu não quis beijar ela, eu...

   - Espere. Você beijou ela?

   - Na verdade, ela me beijou e...

   - Então deu certo? - seu sorriso me deixou mais confusa. - Você gosta dela?

   - O que? Não!

   - Por que não?

   - Rachel, eu te amo, e vou me casar com você.

   - Por que? Eu sou uma bomba, você não pode continuar se machucando por minha causa.

   - Eu não ligo para isso.

   - Mas eu sim. Hoje eu estou bem, mas amanhã posso não estar, então você vai se esconder de mim até quando? Vai fazer minhas vontades para me deixar feliz até quando? Você não pode ficar presa nessa cidade por minha causa.

   - Você é minha noiva, eu farei qualquer coisa para lhe ver bem e feliz.

   - Santana. - seus olhos me encontraram por segundos, percebi seu medo. - Eu não quero ficar sozinha de novo, eu não quero morar em Los Angeles, eu não quero que você vá embora, mas eu não posso deixar que você faça isso com você mesma.

   - Foi Shelby quem colocou isso em sua cabeça?

   - Mamãe não tem nada com isso, eu pensei sozinha.

   - Rachel, por favor.

   - Santana, por favor. Diga adeus.

   - Eu não posso.

   Rachel soltou o cinto de segurança que ainda a prendia, segurou minhas mãos e novamente seus olhos encararam os meus, agora demonstravam coragem.

   - Nós faremos assim. Você vai me levar para casa, depois vai pegar as suas coisas e ir embora.

   - Não.

   - Você vai ficar bem, vai conseguir ser feliz, vai encontrar alguém que lhe faça feliz.

   - Rachel.

   - Eu não ficarei bem, ao menos não agora, mas acho que é a coisa certa a fazer.

   - Por favor.

   - E sabe? Quem sabe daqui a alguns anos possamos nos encontrar novamente?

   - Eu vou te esperar para sempre.

   - E eu vou fazer o melhor possível para que, se nos encontrarmos, você consiga se aproximar de mim, me abraçar e, talvez, me beijar.

   ***

   Eu não queria soltar aquele pequeno corpo, sentir Rachel em meus braços e imaginar que seria a última vez que isso aconteceria, que seria nosso último abraço, meu último momento para sentir seu perfume e seu corpo quente, me fazia querer lhe abraçar mais. Ela já havia tentado sair do abraço várias vezes, mas eu não conseguia.

   - Santana. - ela murmurou, suspirando em meu pescoço. - Você precisa me soltar.

   - Deixe-me aproveitar por um tempo, por favor. Eu não consigo imaginar ficar longe de você.

   Senti seus lábios tocarem os meus com delicadeza, seu coração batia forte, assim como o meu, ambos podiam ser ouvidos. Novamente ela tentou se afastar, dessa vez eu deixei, a soltei mesmo que relutante.

   - Eu te amo. - murmurei.

   - Ok. - ela respondeu, soltando minhas mãos. - Diga adeus.

   - Adeus, Rachel.

   - Adeus, Santana.