O ronco do motor soava baixo, eu tentava me manter tranquila, mas meu coração pulava cada vez mais, fazendo minhas mãos tremerem. Lentamente, parei o carro, desliguei o motor, tirei o cinto de segurança, peguei minha bolsa e suspirei. Eu queria correr daquele carro, mas minhas pernas não me pareciam confiáveis, então apenas saí do carro calmamente, tentando controlar minha respiração. Depois de passar pelo portão ao lado da casa, foquei meus olhos na árvore e na casa logo em cima, a mesma parecia silenciosa. Lentamente, subi as escadas de madeira, quase me atrapalhando por causa da bolsa, parei em frente à porta e vi a pequena bola no chão, usando um conjunto de moletom rosa, os olhos fechados, enquanto os lábios se moviam freneticamente, murmurando algo.

– A garota mais linda de todo o esse mundo estúpido. - murmurei, sorrindo.

Rachel abriu seus olhos rapidamente, parando o que fazia, soltou suas pernas e se sentou, com as lágrimas descendo de seus olhos.

– S-Santana? - entrei na casa da árvore, colocando minha bolsa no chão. - O que você está fazendo aqui?

– Bem... - me ajoelhei à sua frente, ainda sorrindo para ela. - Eu tenho uma namorada linda aqui, e ela não saiu da minha cabeça em nenhum momento, desde que fui embora, então vim ver ela, e matar a saudade.

– Eu sou essa namorada?

– Claro que sim, Rachel!

Ela sorriu, ainda chorando silenciosamente, levantei minha mão para o seu rosto e o acariciei, me aproximando para beijá-la, mas Rachel se afastou, ainda sorrindo.

– Eu achei que você não voltaria mais. - ela segurou minha mão, carinhosamente. - Mamãe disse que você tinha seguido sua vida, e que era para eu fazer o mesmo, mas eu não conseguia.

– Eu nunca serei realmente feliz, sem você. - beijei sua bochecha, fazendo ela fechar seus olhos. - Eu simplesmente não consigo parar de amar você.

– Isso é bom. - Rachel sussurrou, abrindo os olhos. - Oh! Vamos falar com a mamãe que você voltou! E Quinn e Brittany também vão adorar! Andrea deve estar na faculdade agora, mas... podemos ligar para ela e...

– Rachel...

– Será que mamãe deixa você passar uns dias aqui? Podemos assistir filmes juntas, brincar com Dino, fazermos o chá da tarde e...

– Rachel! - ela parou, arregalando um pouco seus olhos. - Me desculpe, mas eu não vim para ficar.

– M-mas...

– Eu te amo, por isso eu vim até aqui, na verdade, eu estaria trabalhando agora, mas tive uma boa oportunidade, então não pude deixar de vir te ver, mas... eu tenho uma casa em LA, tenho um emprego e quero ter uma longa vida lá.

– Então... essa noite, você vai ir embora?

– Sim, querida, me desculpe, mas eu terei que voltar para LA.

Rachel abaixou sua cabeça, ela murmurou algo, se aproximou mais de mim, e apoiou sua cabeça em meu ombro, justamente o ombro em que ela havia mordido.

– Você vai me deixar novamente... - ela sussurrou, fungando em seguida. - Não gostei de quando você foi embora. Eu caí das escadas de novo, meu braço ficou engessado, e mamãe me proibiu de vir para cá. Isso aconteceu porque você não estava aqui, isso aconteceu porque você estava em Los Angeles.

– Me desculpe... - coloquei minhas mãos em sua cintura e a puxei para mais perto, a abraçando em seguida. - Eu quero estar com você, quero passar o resto da minha vida com você, porque eu percebi que sem você, eu não sou quem eu quero ser. Eu não sou a Santana Lopez que apenas Rachel Berry conhece. - beijei sua bochecha, em seguida seu pescoço, fazendo ela se arrepiar. - Eu quero que você seja a futura Lopez, quero ser mãe, ou pai dos seus futuros filhos, quero ser mulher à qual lhe abracará, quando você conseguir seguir os seus sonhos...

– Está falando em... casamento? - ela levantou sua cabeça, franzindo sua testa.

– Casamento, ou seja lá o que você quiser comigo. Eu apenas quero viver com você, estar ao seu lado.

Antes que eu conseguisse dizer mais alguma coisa, senti os lábios de Rachel se chocarem com os meus, me fazendo suspirar de prazer. Seis meses longe daqueles lábios, seis meses longe dela, seis meses sofrendo por não ter minha namorada por perto. Rachel se afastou de mim rapidamente, respirando com dificuldade, juntou sua testa com a minha e sorriu, me fazendo sorrir junto.

– Eu quero estar com você. - ela murmurou, segurando meu rosto. - Eu quero viver com você.

Mordi seu lábio inferior com carinho e ri, ao ver ela gemer e fechar os olhos.

– Você quer ir para LA comigo? - perguntei. - Viveremos juntas, apenas você e eu.

– Ir para Los Angeles? - seus olhos se arregalaram rapidamente, enquanto ela se afastava. - M-mas... não acho que mamãe deixará e... É longe, não?

– Eu vou cuidar de você, Rachel. Eu estarei com você sempre, você não precisará de Shelby, e...

– Eu quero! - ela se levantou, fazendo eu me levantar. - Vamos logo!

– Hey! - segurei sua mão e a puxei, antes que ela descesse, em seguida a abracei, sorrindo. - Você está linda com essa roupa.

– O-obrigada... - ela abaixou sua cabeça, corando um pouco. - Você também está linda.

– Eu te amo...

A beijei lentamente, com mais calma e amor, a abraçando pela cintura, a puxando cada vez mais para perto.

***

– Los Angeles? - Shelby gritou, assustando Rachel. - Vocês enlouqueceram? Isso são...

– 30 horas de carro. - respondi, quase sussurrando.

– Rachel não vai para Los Angeles. Eu nem sei como você está morando, em que rua, se é seguro, se ela ficará bem, se sua casa está em boas condições, se você terá tempo para cuidar da minha filha, se...

– Se você vai aguentar viver longe de Rachel. - completei, calando ela. - Eu já lhe disse uma vez e torno a repetir. Rachel consegue se cuidar sozinha, Shelby, ela precisa disso, para crescer, amadurecer...

– Rachel não precisar ir para outra cidade sozinha, para crescer.

– Ela não estará sozinha, estará comigo.

– Uma garota da mesma idade que minha filha, e que não tem juízo nenhum.

– Não acha que, se eu não tivesse juízo, já não teria voltado para Ohio, para a casa dos meus pais? Eu estou bem vivendo em LA, mas... eu não me sinto bem, vivendo sozinha. Eu preciso de Rachel, eu preciso dela para sair do trabalho e ter um motivo para ir para casa, um motivo para chegar na mesma e sorrir, por ver o sorriso mais lindo do mundo. Eu quero ser dela, quero ter ela para mim, eternamente.

Shelby secou uma lágrima, que eu não vi cair, molhou seus lábios e suspirou, cruzando seus braços.

– Me desculpe, Santana, mas Rachel não irá para Los Angeles.

***

Abri a porta do carro, foquei meus olhos sonolentos em meu loft e suspirei, fechei a porta rapidamente, corri para o outro lado, abri a porta do passageiro e sorri, ao ver Rachel suspirar em seu sono. Com um pouco de dificuldade, a peguei em meus braços, Rachel abraçou meu pescoço e suspirou ali, me arrepiando.

– Já chegamos? - ela sussurrou, ainda de olhos fechados.

– Sim, querida, nós já chegamos.

Fechei a porta do carro com meu pé, Rachel se aconchegou mais em mim e suspirou novamente. Me aproximei da porta de casa, me atrapalhei um pouco para abri-la, mas ao fazer, empurrei a porta e entrei, fechando a porta em seguida. Lentamente, segui até o quarto, esbarrando no sofá e na parede vezes ou outra, entrei no quarto e coloquei Rachel na cama, com cuidado para não acordá-la. Tentei acender a luz do quarto, mas esta não acendeu, me fazendo bufar.

– Droga de luz... - tentei acender novamente, mas nada.

– Está tudo bem? - Rachel murmurou, se virando para mim.

– Sim, está. É que... eu esqueci de pagar a conta de luz, e...

– Estamos no escuro?

– Não por muito tempo.

Rapidamente peguei algumas velas no armário, as acendi com o esqueiro que Lexie havia esquecido comigo e coloquei as velas espalhadas no chão, com cuidado para nenhuma delas caírem. Rachel se sentou, colocou uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha e sorriu sonolenta.

– Venha até aqui.

Me deitei ao seu lado na cama, Rachel se deitou novamente e eu a abracei, fazendo ela se aconchegar em mim.

– Estou feliz por você estar aqui. - sussurrei, acariciando seus cabelos.

– Eu também estou. - ela beijou minha bochecha, de olhos fechados. - Mas ainda não sei como você conseguiu convencer a mamãe à isso.

– Santana Lopez tem os seus truques. - murmurei, rindo de mim mesma. - Boa noite, querida.

– Boa noite, Sant.