Só o amor libertará - Dramione escrita por Jéssica Amaral


Capítulo 6
Capítulo seis




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Já passava das 15horas e Hermione estava entediada dentro daquele quarto. Ela tinha mesmo que obedecer todas as ordens dele? E se não o fizesse? Ele a mataria?

Seguiu até a janela e olhou para fora. O jardim era enorme, a grama cortada perfeitamente. Parecia um grande tapete verde e sem fim. Suspirou. Queria estar lá e pisar nela sem sapatos.

Será que ele percebe se ela fugir um pouquinho? Ele não deveria fazer nada com ela... Se fosse fazer já teria feito.

Abriu a porta do quarto lentamente e olhou o corredor. Estava tudo silencioso. Saiu de fininho olhando todos os lados e nenhum sinal da fera. Desceu as escadas e se encolheu quando fez um barulho a madeira. Olhou para cima e não viu nada, então continuou descendo.

Chegou na porta de entrada e então tremeu dos pés à cabeça. Draco deu um salto e parou na frente dela. Como o susto foi grande ela não desviou os olhos dele por um momento. Conhecia esse olhar de algum lugar...

— Está me olhando... – fala rosnando e ela abaixa a cabeça rapidamente.

Respirava rápido e nem conseguia reagir.

— O que ia fazer?

— Pensei em dar uma volta no jardim...

— Quem deixou?

— Desculpa, é que estava entediada no quarto.

Silêncio.

— Se você pelo menos me deixasse arrumar alguma coisa...

— Você quer arrumar?

— Seria bom. Foi pra isso que eu vim.

— Então arrume.

— O que primeiro?

— Escolha – sai de perto dela e sobe as escadas.

Hermione respira aliviada quando ele sai de perto.

Olhou ao redor. Tanta coisa que nem sabia por onde começar. Foi até seu quarto, trocou de roupa, prendeu o cabelo e procurou os produtos de limpeza. Em pouco tempo estava limpando o salão principal.

Draco a observava lá de cima. Estava com fone de ouvido e de vez em quando dava umas dançadinhas enquanto varria. O loiro sorri um pouco. Queria ter pelo menos metade da alegria dela... Seria certo manter ela ali com ele?

Hermione terminou de limpar essa parte e suspirou. Logo ouviu o barulho da escada e nem se mexeu.

— Pode ir no jardim se quiser.

— É mesmo?

— Sim.

A menina sorri e Draco franze a testa.

— O que tem de tão interessante lá fora pra você ficar empolgada?

— Vamos lá e eu te mostro.

Ele fica sem fala. Ela quer que ele vá lá fora com ela? Essa garota não é normal!

— Eu nunca saio daqui.

— Por quê?

— Porque não.

— Deveria ir ao jardim pelo menos. Tenho certeza que vai gostar.

— Um dia talvez.

— Tudo bem. Eu espero esse dia.

Draco desvia o olhar, ela não estava olhando ele, mas tudo que ela falava o deixava desconcertado.

— Posso ir agora?

— Pode.

Hermione passa por ele e abre a porta de entrada. Logo ela é fechada. Draco corre até seu quarto e olha através da janela. Hermione passeava pelo lugar passando a mão nas flores. Sorria abertamente. Como essa menina é tão feliz? Como ela pode ser feliz sabendo que vai ficar trancada em uma casa com alguém como ele?

*********

Uns dias se passaram. Hermione já tinha limpado uma boa parte do lugar, mas as paredes estavam tão feias que não parecia que ela havia limpado.

A convivência com Draco não era ruim apesar de ele ser tão mandão. Agora ela o conhecia um pouco mais e de vez em quando o olhava de rabo de olho. Claro que sem ele ver.

Eram 19horas e a menina desceu as escadas indo para a sala de jantar. Ao chegar notou que ele já estava lá e abaixou a cabeça. Draco nunca chegava antes dela, por isso entrou normalmente.

— Sente-se.

Ela obedece e se senta na ponta da mesa. Draco estava na outra.

— Levante a cabeça.

Hermione pisca algumas vezes e levanta lentamente a cabeça, mas não o olha.

— Olhe pra mim.

Ela engole em seco. Lentamente seus olhos vão em direção a ele.

Os dois ficam em silêncio se olhando. Hermione o olhava fascinada. Era incrível apesar de tudo. E ela tinha certeza que o conhecia de algum lugar... Os olhos dele eram muito familiares. Só não conseguia se lembrar.

— Coma.

A menina pega o garfo e a faca sem tirar os olhos dele.

— Está olhando demais – fala carrancudo.

— Desculpe. É que é incrível.

O loiro a olha surpreso.

— Incrível?

— Sim.

— O que é incrível?

— Você.

E outra vez ele fica sem fala.

Com toda a certeza do mundo ela não é normal!

— Eu sou uma aberração! Não diga que é incrível.

— Isso é o que você acha! Eu acho incrível.

Draco aperta os olhos. Ela também tem uma língua afiadíssima.

Os dois comeram e depois ela fez questão de tirar os pratos e talheres da mesa. O loiro ficou a observando o tempo todo.

— Você quer chá?

— Sim.

Hermione foi até a cozinha e fez para eles. Depois de um tempo voltou e entregou a xícara a ele. Tudo isso com os olhos grudados.

— Está olhando demais.

— É que você não deixou eu olhar antes, então estou aproveitando. Antes que você mude de ideia, sabe?

Ele ri um pouco.

— Isso foi um sorriso?

— Claro que não!

— Ah claro... Você também não sorri, não é?

— Você é um tanto abusada...

— É o meu jeitinho... – diz olhando para o outro lado. Isso a fez lembrar de Rony, há dias não recebia notícias dele.

— Que foi?

— Não é nada.

— Lembrou de alguma coisa. O que foi?

— Você não me fala muito de você, por que deveria te falar de mim?

Os dois ficam em silêncio se olhando.

— O que você quer saber de mim?

— Por que não vai no jardim?

— Porque eu não quero.

— E o que mais? – bebe o chá.

— Não tem mais.

— Tem sim.

Draco fica pensativo. Como ela sabia? Será que lê mentes? É outra feiticeira?

— Não quero que me vejam.

Hermione dá uma risadinha, o que o deixa intrigado.

— Está rindo de que?

— Quem poderia te ver? Não tem ninguém nesse lugar – fala com as sobrancelhas levantadas.

— Acho arriscado.

— Por que não poderiam te ver?

— Olhe pra mim! Sou um monstro!

— Monstros não chegam nem perto do que você é – fala tranquila e bebe mais de seu chá.

Draco fica sem fala mais uma vez. Como ela conseguia isso?

— Vamos lá. Só uma voltinha...

— Não.

Hermione suspira.

— Tudo bem, como quiser – termina de beber o chá.

A menina segue para o jardim e Draco para seu quarto. Ela não sabia, mas ele ficava vigiando ela o tempo todo lá de cima. Não sabia porque fazia tanto isso, mas a felicidade dela o intrigava.

Hermione sorri olhando para um lugar e corre até ele. Draco não consegue mais vê-la e suspira. Onde será que ela foi? Esperou e como ela demorava! Céus! Será que ela fugiu? Achou um esconderijo e se mandou?

Desceu as escadas com fúria e quando chegou embaixo a porta se abriu. Era ela. Hermione entra tranquilamente e para na frente dele o olhando. Draco desvia o olhar.

— Ainda posso te olhar?

— Estou começando a querer mudar isso...

— Mas enquanto não mudou, vou olhar – direta e reta como sempre... 

— O que você tem ai? – pergunta ao ver as mãos dela atrás das costas.

— Achei uma coisa muito linda lá fora.

— O que?

— Ué você não gosta de ir lá...

— Mas eu quero saber – tenta ver, mas ela vira de frente não deixando.

— Tente adivinhar.

— Como vou saber?

— Só tenta...

O loiro suspira.

— É uma fruta?

— Não.

— É de comer?

— Não – responde rindo.

— Está rindo de que?

— Só pensa em comer?

Draco a olha carrancudo e ela ri.

— Então é uma folha ou pedaço de árvore?

— Também não.

— Que droga! Fala logo!

— Apressadinho... – puxa a mão para frente e mostra a ele.

Draco fica extremamente sério olhando o que ela trouxe.

— É lindo, não é?

Ele se aproxima feroz e a coloca contra parede. Hermione se assusta e bate as costas.

— Quem te deu isso?

— Eu achei no jardim...

Draco rosna e Hermione engole em seco.

— Desculpe não deveria ter pegado.

— Você sabe, não é?

— De que?

— Não se faça de sonsa! – grita e a menina pisca assustada.

— E-eu não sei do que você está falando...

O loiro respirava rápido e a olhava com fúria, mas por algum motivo ao ver que estava com medo ele se afastou um pouco.

— Sai daqui.

Hermione não perde tempo e sai correndo para o seu quarto. Draco olha para o chão onde ela deixou a rosa.

Ele a pegou e seguiu para o seu quarto. Chegando lá colocou a rosa ao lado da roseira. Draco não sabia explicar como elas estavam vivas ali dentro, pois não tinha nada em baixo para sustentar. Nem terra, nem nada, ela ficava flutuando no ar. Tinham várias rosas, só que com o passar dos dias ele percebeu que cada uma que morria não nascia outra e chegou à conclusão de que aquilo era o tempo que ele tinha. Por isso decidiu trazer alguém pra cá. Só que as rosas continuavam morrendo.

Isso o deixava completamente frustrado e furioso. Já trouxe a garota e nada das rosas pararem! O que mais precisa fazer?

Escutou um barulho e saiu dali fechando a porta. O som vinha do quarto de Hermione. Seguiu em silêncio até lá e parou em frente a porta. Como a audição dele estava muito aguçada, ouviu perfeitamente que ela chorava. Franziu a testa.

Será que foi pelo ataque que ele deu?

Bateu na porta e percebeu que o choro diminuiu.

— Vai embora!

Ah merda! Com certeza a culpa era dele!

— Abra a porta!

— Se não abrir, vai arrombar?

Draco se aproxima da porta e levanta as mãos com as garras apontadas, mas pensa e não o faz.

— Não...

— Então vá embora!

— Quero falar com você agora!

— Vai ficar querendo, senhor! – responde com ironia.

Draco franze a testa e um pequeno som de frustração sai de sua garganta.

Fica um grande silêncio do lado de fora do quarto. Hermione estava sentada na cama abraçando as pernas. Seu choro se resumia a tudo que aconteceu nesse dia. O ataque da fera, o que a assustou bastante e nem ao menos o motivo disso tudo ela sabia. E a outra coisa era a carta que recebeu de Rony.

O ruivo escreveu que a distância estava demais para ele e que precisava ficar um tempo sem falar com ela. Hermione não entendeu nada, mas como era orgulhosa, nem se quer resposta ia dar a ele. Estranhamente ela não se importava tanto com isso.

Viu alguma coisa ser colocada por debaixo da porta e ficou uns segundos olhando. Era um papel. Levantou da cama e o pegou. Dentro do envelope tinha uma pétala de rosa e um bilhete.

Desculpe pelo que fiz, eu só fiquei nervoso com o que me mostrou, mas pelo visto você não sabe mesmo... Não quero que chore, estranhamente isso me incomoda muito. E não é pelo fato de você chorar alto e parecer que vai morrer... Mas só porque... Me faz sentir mal te ouvir chorar...

Nunca fui muito bom em escrever essas porcarias, mas é isso, me desculpe por te fazer chorar, nunca te machucaria.

Hermione termina de ler e fica um tempo olhando a pétala em sua mão. De repente abre a porta, dando de cara com ele. Sem falar nada eles se encaram por um momento.

— Isso é o melhor que podia fazer? Sério?

— Pelo menos eu fiz – responde carrancudo.

— Obrigada.

— Não tem de que – diz sem olhá-la.

— Mas eu queria perguntar, se puder...

— O que?

— O que tem de mais na rosa?

Draco fica sem fala a encarando.

— Isso é coisa minha.

— Eu não posso saber?

— Não.

— E nem ajudar?

Ele fica pensativo.

— Talvez, mas não pergunte, pois não posso responder.

— Tudo bem. Seria melhor saber para ajudar, mas...

— Você pode ajudar sem saber.

— Então tudo bem.

— Vai no jardim de novo?

— Na verdade eu queria fazer outra coisa e acho que você pode me ajudar...

Draco pisca confuso.

— Como? E o que você quer fazer?

— Podíamos tirar esses papeis de parede e pintar.

Os dois ficam em silêncio se olhando.

— Por quê?

— Pra gente se divertir um pouco. Já que você não gosta de ir lá fora.

O loiro pensa por um momento e acha que isso seria perfeito, pois assim ficaria mais tempo com ela.

— Tudo bem.

— Jura? – pergunta sorrindo.

Draco sente uma coisa estranha revirar em seu estômago ao ver isso.

— Sim.

— Então vamos! – pega a mão dele e o puxa.

Quando chega no andar de baixo que ela o solta, ele fica um bom tempo olhando sua mão. Como ela pode o tratar como um igual se ele não é? E ainda mais depois de tudo que ele fez com ela... 

A menina olha para trás e vê que ele está paralisado olhando sua própria mão. Ela se próxima e puxa a mão dele olhando a palma.

— Que foi?

Draco puxa a mão dela.

— Não é nada.

— Tem certeza? Está machucado?

Draco franze a testa.

— Por que você é legal comigo?

— Não era pra ser?

— Não.

— Por quê?

— Porque sou uma aberração.

— Não acho – dá de ombros. – Até porque você foi amaldiçoado e com certeza pode ser revertido. Sei que há um homem ai dentro. E ele é bom.

Draco fica em silêncio abismado com o que ouviu. Ele nunca foi bom... Ela não sabe o que está dizendo!

— Você não me conhece.

— Tem razão você é muito misterioso e fechado... Mas o pouco que conheço e o que vejo, mostram que é bom. Você pode ter tido uma vida difícil ou algo parecido, mas você tem seu lado “humano”, seu lado bom.

— E onde você vê esse lado?

— Tipo na sua carta de hoje. Esse é um exemplo.

Draco desvia o olhar.

— Vai me ajudar ou não?

— Vou.

Hermione sorri.

— Vamos tirar esses papeis primeiro. Acho que você vai gostar dessa parte... – diz olhando o estrago que ele fez.

— Vou mesmo... – segue até a parede e começa a rasgar todo o papel.

A menina fica parada olhando, parecia descontar toda sua ira ali. Por que será que isso aconteceu com ele? Quem é ele? E o que passou antes de ser a fera?

Draco arrancava o papel da parede imaginando ser o rosto de seu pai e de Pansy. Isso era tão reconfortante para ele... Descontar sua raiva.

Hermione nem o ajudou nessa parte, pois ele realmente parecia gostar muito do que estava fazendo, então apenas ficou observando.

Depois de um tempo todos os papeis estavam picados no chão e Draco respirava ofegante olhando a parede.

— Se sente melhor agora?

— Sim.

— Vou varrer isso – sai dali e vai buscar a vassoura.

Draco tira os olhos da parede e observa ela sair da sala. Em pouco tempo limpou a sujeira que ele fez.

— Bem... Agora a gente precisa da tinta.

— Vou pedir ao Isaque para comprar.

— Tá bom.

O moreno comprou tudo que Draco pediu. Os dois prepararam tudo para começar a pintar a parede. Draco observava o que Hermione fazia, pois nunca tinha mexido com essas coisas. Em pouco tempo estavam pintando o lugar.

O loiro se sentia bem em estar fazendo isso. Nunca pensou que faria algo do tipo. No fim os dois ficaram parados em frente a parede observando o resultado de seu trabalho.

— Ficou bom afinal de contas.

— Como assim afinal de contas?

— Pensa que eu não sei que nunca fez isso? – o olha sugestiva.

— Não importa eu fiz bem – responde com o mesmo olhar.

— É... Mas você se sujou todo...

Draco olha a si mesmo não vendo nenhum vestígio de tinta.

— Onde?

— Aqui, olha – passa o dedo sujo no nariz dele e ri.

O loiro pisca confuso e vendo que ela ria aperta os olhos.

— Você me sujou?

— Depende do ponto de vista...

Draco olha para o lado como se estivesse pensando e com velocidade faz a mesma coisa com ela, só que suja a bochecha. Hermione fica com a boca aberta enquanto ele ri.

A menia sorri ao ver que ele estava relaxado e rindo. Ela pega mais tinta nas mãos e suja o rosto dele.

— Isso não é justo!

— Por quê? – pergunta rindo.

— Você vai se limpar com mais facilidade...

Hermione olha os pelos do rosto dele pintados de branco e ri mais ainda.

— Para de pensar nisso e curte – pinta mais a cara dele.

Com um movimento rápido, Draco segura os pulsos dela com uma das mãos e sorri de lado a olhando.

Céus! Ela está ferrada!

— Acho que para ficarmos quites... – enfia a mão na lata de tinta. – Tem que ser justo, não é? – leva a mão ao cabelo dela, mas não encosta.

Hermione só fecha os olhos e encolhe os ombros esperando ele sujar.

— Não vai reclamar?

— De que?

— Toda garota reclama se mexer no cabelo dela.

— Mas isso sai quando lavar.

Ele a olha surpreso. Todas as meninas que já se relacionou eram um nojo com o cabelo.

— Nesse caso... – passa a mão na cabeça dela deixando seu cabelo todo branco.

Hermione dá uma risada gostosa e o faz rir também.

— Parece que alguém se sujou mais que eu... – diz cínico.

Hermione se aproxima dele, Draco fica rígido. Ela chega mais perto e abraça ele encostando a cabeça em deu queixo. O loiro se surpreende mais uma vez. Quando ela vai parar de fazer essas coisas?

Ela se afasta dele.

— Não vou ser tão malvada com você. Já está sujo o bastante.

Draco pensa um pouco e então passa a mão no queixo percebendo que está todo sujo.

— Isso é golpe baixo.

— Não.

Os dois riem.

Um barulho forte assusta os dois. Isaque entrou na casa batendo a porta.

— Está louco?

— Tenho uma notícia ruim...

Hermione olha Draco, que não tirava os olhos de Isaque.

— Que notícia?

— Sua mãe... Ela...

— O que?

— Ela morreu.


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