Save Her escrita por STatic


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!
Minha primeira one, espero que gostem!
Boa leitura!



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Kate POV

Tudo o que eu podia ver era ela. Seu rosto retorcido em uma máscara de satisfação lunática que se transformava lentamente em uma careta de dor e compreensão. Compreensão de que tinha chegado ao fim. Que seus planos e suas armações haviam acabado. Que seu romance psicótico tivera seu rompimento brutal e fatal. Que eles estavam acabados. Que ela estava acabada.

Assim como o pesadelo. Ou parte dele.

Como policial, eu já tinha sido forçada a agir contra outras pessoas inúmeras vezes para me salvar ou salvar outros, pessoas inocentes que no momento dependiam unicamente de mim. E não me arrependia, nem mesmo agora. Nem mesmo dessa vez.

Embora já tenha sido forçada a isso, não é algo que eu goste ou que seja fácil de se acostumar. É apenas necessário, especialmente quando outras vidas inocentes correm risco.

Mas em todos os longos anos de carreira, eu nunca havia sido forçada ao extremo como agora. Agir de maneira rápida e através do puro terror para salvar minha vida, usando recursos extremamente limitados. Geralmente eu tinha minha arma. Ou reforços. E Rick, sempre. Mas não dessa vez.

Eu tinha certeza absoluta que estavam procurando por mim e que não desistiriam nunca, nem que levasse toda a vida. Mas eu não tinha esse tempo todo, por que ela tinha pressa. “Receio que seja hora, detetive”. Eram as palavras que não saíam de minha mente, assim como o rosto da mulher que as pronunciou.

Quando se atira em alguém, principalmente para se defender, geralmente se está longe, ao menos consideravelmente. A sensação que se tem quando ataca alguém de perto é completamente diferente, especialmente com um objeto que você manipula cada centímetro, do momento em que o coloca em mãos ao momento em que ele atinge o alvo. E ainda pior, aos momentos que vem depois; o momento em que você se sente completamente no poder da vida do outro, decidindo se ele morre ou vive, se retira aquela arma ou a crava mais profundamente.

Se for pra salvar sua vida, a melhor opção é a segunda. Ainda mais quando se está privando o mundo de um ser como Kelly Nieman.

Mesmo o alívio depois de toda confusão e medo não foi capaz de amenizar o que eu sentia agora. Na verdade, eu sequer sabia o que sentia agora. Tudo o que eu conseguia pensar era nela. Em suas palavras e em seu rosto, segundos antes de eu calá-la pra sempre.

Ao menos era o que eu esperava: tê-la calado pra sempre. Entretanto em tinha uma leve impressão que ela ainda viveria por muito tempo, ao menos em mim. Não seria trabalho de uma noite esquecê-la.

Do momento em que recebi aquela maldita ligação daquela maldita garota, até o momento em que escutei vagamente meu nome sendo chamado, parecia tudo saído de um filme de terror. Com exceção daquela voz chamando meu nome, me libertando ao menos um pouco do torpor em que me encontrava.

Eu me lembro bem da sensação esmagadora de não sentir meu corpo ou de não conseguir ao menos fazer meus pensamentos se organizarem e formarem algo concreto. Mal conseguia piscar, mas mesmo assim eu ouvi sua voz, me salvando mais uma vez. Mesmo em todo o torpor, eu ainda reagi àquela voz chamando meu nome; eu sabia que reagiria à ela independentemente da forma em que me encontrasse, talvez até morta, eu suspeitava. A voz que pertencia a pessoa que me salvou tantas vezes e que jamais desistiria de mim, assim como eu não desistiria dele. Por que pertencíamos um ao outro.

No momento em que escutei sua voz chamando por mim e finalmente encontrei os movimentos mínimos do meu corpo, eu me virei em sua direção. Não consegui fazer mais nada além de encarar o vazio e não tenho ideia de qual seria minha expressão no momento. Talvez houvesse algo ali, ou talvez expressasse exatamente o que eu sentia e o que se passava pela minha cabeça. Uma mistura atordoante de nada e medo. Eu sequer sabia que era possível uma mistura dessa.

Eu me lembro de sentir vagamente suas mãos acariciando meu rosto, e de ficar confusa com aquele toque até olhar em seus olhos azuis, seus braços envolvendo meu corpo protetoramente enquanto eu me aninhava um pouco ali, me apertando forte mas delicadamente, como se não tivesse a menor intenção de me deixar ir. Eu não teria reclamado.

Ele se afastou rápido demais, analisando todo o meu corpo em busca de qualquer machucado, e não havia nenhum, exceto talvez em minhas mãos. Quando acabou o exame apressado, me puxou novamente para os seus braços, me abraçando fortemente e acariciando meus cabelos, murmurando “eu tive tanto medo” e “estou tão feliz que esteja bem, eu te amo tanto” ou ainda “vai ficar tudo bem, eu estou aqui” o que me confortou mais do qualquer coisa. Me fez sentir mais segura e quando finalmente senti meus sentidos se aguçarem um pouco mais, me agarrei a ele, o apertando tanto quanto minhas forças quase escassas me permitiam, sentindo seu cheiro.

Ainda que não encontrasse forças nem mesmo pra me afastar, outros infelizmente fizeram isso por mim. Fui passada de abraço em abraço e o alívio ali presente era facilmente sentido. Mais alguns “estou feliz que esteja bem” e “nunca mais faça isso com a gente” e pude sentir os braços pelos quais eu tanto ansiava me envolverem novamente, me guiando pra fora daquela sala dos horrores.

Não lancei um segundo olhar em direção a mulher deitada no chão.

É estranha a sensação de estar se movendo mas não ter nenhuma consciência disso. Não senti nada enquanto era encaminhada até o lado de fora, onde o sol de fim de tarde quase me cegou. Não senti nada ao entrar no banco de trás do carro, nem mesmo ao vestir a blusa com mangas compridas que me ofereceram. A única coisa que eu tinha a mínima consciência era de quem estava ao meu lado, me abraçando de maneira protetora e até um pouco possessiva. Castle não parecia capaz de tirar as mãos ou o olhar de mim nem por um segundo, e eu agradeci mentalmente por isso.

Não fui sequer capaz de falar nada. Nem ao menos o quão apavorada eu ficara, ou que eu o amava e ficava feliz e grata por ele ter ido atrás de mim. Embora eu soubesse que ele iria. Sempre. Seus braços estavam em volta de mim e tudo o que consegui fazer foi segurar suas mãos exatamente onde elas se encontravam, bem em meu peito, onde meu coração batia.

Só o que fiz foi segurar suas mãos e deitar a cabeça em seu peito, tentando lutar contra a exaustão e não fechar meus olhos. E por fim o medo de ver as imagens perturbadoras que ameaçavam surgir caso eu me atravesse a fechar os olhos venceu o cansaço. Eu não dormi.

Passaram-se o que poderiam ser horas ou apenas alguns minutos –eu não saberia dizer exatamente- quando o senti mudar um pouco sua posição em baixo de mim e sussurrar que tínhamos chegado. Foi só aí que parei pra me perguntar exatamente onde estaríamos indo. Eu esperava que fosse pra casa. Não era.

Estávamos indo para delegacia e de alguma maneira era quase como estar em casa. Eu me sentia bem ali, confortável e segura. Era o lugar mais parecido com um lar que eu tive durante anos e mesmo agora, quando eu tinha um verdadeiro, eu ainda me sentia completamente em casa.

Entramos no elevador e minhas pernas fraquejaram um pouco, como se não pudesse me equilibrar ao senti-lo se mover em baixo dos meus pés. Castle soltou minha mão –que agarrara fortemente assim que saímos do carro- e passou os braços ao redor dos meus ombros, quase sustentando meu peso por mim. Eu não podia estar mais grata por tê-lo ali.

Ainda não tinha encontrado minha voz quando as portas do elevador se abriram e pude ver os rostos conhecidos se virando e sorrindo pra nós. Pra mim. Antes mesmo de fazer um movimento pra fora do elevador, busquei seus olhos. E os encontrei bem onde imaginei: próximo a mim, me olhando e me encorajando a seguir em frente, mostrando que ele estava ali comigo mais uma vez. Então eu iria em frente. Quando demos os primeiros passos pra fora, todos explodiram em aplausos felizes e dava pra ver o alívio ali também; ficava óbvio pra mim mais uma vez que éramos todos uma família, realmente. Eu tinha razão em chamar de lar.

Mesmo minha voz ainda com status de desaparecida, o sorriso ao pensar isso e ao ver aqueles rostos e aquele lugar foi inevitável. Mesmo tendo sido um sorriso mínimo, foi algo. Eu ia ficar bem.

Olhei de volta para o Rick e ele também me olhava. Apertou levemente meus ombros e deu aquele sorrisinho tão seu, onde os olhos azuis se estreitavam até formarem fendas. Era tão verdadeiro e real. Impossível não sorrir de volta.

Castle continuou me guiando em frente indo em direção a sala da capitã, supus. E de fato, lá estava ela, nos olhando e esperando com paciência. Sua expressão era impassível, mas eu podia ver alívio e certa felicidade ali. Desviei meu olhar dela e olhei em volta, novamente em direção aos meus colegas. Foi quando a vi, um furacão de cabelos negros correndo em minha direção. Precipitei-me e me soltei de Castle, indo em sua direção e me atirando em seus braços.

“Eu estava com tanto medo!” ela disse e me abraçou apertado. “Você está bem?” a preocupação em seus olhos era tão grande que senti meus olhos voltarem a arder. Era tão bom vê-la novamente, mas tudo o que consegui pra responder foi um murmúrio em tom de concordância.

Ela me soltou e próxima coisa que ouvi foi a voz da capitã. Obviamente ralhando com Castle por algum motivo que eu desconhecia. Me assustava pensar no que ele podia ter feito enquanto estava desaparecida, principalmente se me usasse de exemplo. Eu não havia sido exatamente cordial quando ele sumiu. Não era possível ser, no entanto.

Mas ela também o agradeceu. Victoria Gates agradeceu Richard Castle! Era uma daquelas coisas que mereciam ser gravadas e mostradas nas reuniões de amigos, junto com as fotos raras. Ele foi em frente e fechou com chave de ouro, a puxando pra um abraço. Não pude evitar rir da reação relutante dela. Eu sabia que no fim acabaria se rendendo. Não acho que existe um ser humano que fosse imune a ele.

“Ainda tem a questão das acusações de agressão.” Ah! Lá estava. Eu podia saber que tinha algo assim por vir.

“É uma longa história.” Foi a resposta dele. Eu tinha uma boa teoria sobre isso, sem sequer precisar da resposta. Ele tentou argumentar, mas como previsto, Gates foi irredutível; Ameaçou um serial killer com uma arma. Totalmente o que eu esperava, acho; Rick não se rendeu um segundo sequer e a cada minuto que se passava eu o amava mais. Se é que isso é possível.

Não havia muito o que fazer e ela tinha razão ao dizer que a promotoria levava aquele tipo de coisa muito a sério. Mil horas de serviço comunitário. Castle estava perplexo, completamente descrente; a voz ficou até mais esganiçada. Mas um segundo se passou e vi Gates tentar conter um sorriso. E então a frase que sonhávamos ouvir a tempo.

“Eu... Não estou mais banido?”

“Sr. Castle, bem vindo de volta” ela respondeu ainda sem conseguir conter o sorriso. E o abraço dessa vez foi ainda mais animado, impossível de resistir e ela riu, parecia extremamente feliz e aliviada. Era uma mulher incrível no fim as contas e eu a admirava.

Depois de se soltar dela ele se virou pra mim, tão animado quanto uma criança em manhã de natal e eu não pude deixar de me admirar –mais uma vez- com o homem que ele era. O sorriso e o contentamento em seu rosto era tão maravilhoso de se ver, que não pude deixar de rir com ele e me jogar de vez em seus braços, envolvendo os meus próprios em torno de seu pescoço, e senti meu corpo sendo levantado do chão no mesmo segundo. Me agarrei mais firme ainda, afundando meu rosto em seu pescoço e ficando ali por um segundo.

Ele estava de volta comigo na delegacia todos os dias. Depois de não morrer, essa era a melhor notícia que podia ouvir hoje.

Depois de me cumprimentar mais adequadamente, Gates nos dispensa. Disse que tínhamos passado por muita coisa e era melhor irmos pra casa descansar. Qualquer outra coisa poderia esperar por um tempo para ser feito.

Lanie e os meninos nos fazem companhia por alguns minutos “apenas pra ter certeza de que eu estava realmente ali”, segundo ela. Mas logo nos mandaram pra casa também, dizendo que tudo ia ficar bem agora. Estava acabado.

Então nós fomos. Rick me guiou novamente em direção ao elevador e quando as portas se fecharam atrás de nós, me puxou para o seu peito e me apertou tão forte que me deixou sem ar.

“Eu sou escritor e não consigo nem colocar em palavras o medo que senti de perder você.” Ele sussurrou junto ao meu cabelo.

“Eu tive tanto medo!” Eu o apertei mais forte. “Experiências de quase morte não são as mesmas sem você por perto pra me abraçar. Pra me proteger.” Minha voz era abafada em seu peito, mas eu sabia que ele conseguia me ouvir.

“Eu sinto muito não ter podido proteger você.” Que ideia absurda.

“Protegeu. Você foi por mim, no fim.” Eu senti meu corpo tremer um pouco, uma reação involuntária e seus braços ficaram ainda mais firmes em volta de mim.

“Shh. Eu estou aqui agora. Vou ficar grudado em você.” Antes que eu pudesse responder as portas do elevador se abriram novamente e ele me guiou até um taxi que já esperava ali. Estava exausta demais pra fazer perguntas.

Ele se sentou novamente ao meu lado no banco de trás e outra vez me puxou pra perto. Parecia depender daquele contato e de muitas maneiras, eu também dependia. Depois desses dias, o que eu mais precisava agora era de Rick.

O caminho até o loft foi silencioso e mais uma vez eu tive de lutar contra as pálpebras pesadas. Rick parecia perfeitamente satisfeito em me segurar nos braços, os dedos roçando meu rosto sem parar. Eu toquei seu rosto também, assim como seus cabelos; não queria perder qualquer contado, precisava sentir que ele estava ali.

Quando finalmente chegamos, tudo estava silencioso.

“Eu as mandei pra um lugar mais longe.” Eu assenti. Fazia sentido e eu o entendia. Toda a precação era pequena naquele caso. “Eu vou preparar um banho pra você. E depois vamos comer.” Eu apenas assenti novamente e ele beijou minha testa, me pegando pela mão e me levando até o quarto.

Me sentei na cama enquanto ele estava no banheiro e no momento em que fiquei sozinha, o rosto dela voltou a minha mente. Era impossível expulsá-la de meus pensamentos e a maneira desvairada que ela me olhava ainda me assombrava. Assim como sua expressão no momento em que peguei seu braço e a derrubei. E logo depois tudo o que havia era sangue.

“Prontinho.” Ele me tirou dos meus pensamentos, sua voz sempre baixa. Eu lhe lancei um sorriso - que não pareceu convencê-lo- e me dirigi ao banheiro. Tirei aquela roupa que me dava náuseas e a joguei diretamente na lixeira. Entrei na banheira e a água quente era absurdamente relaxante. Meu corpo estava um pouco dolorido e aquilo definitivamente estava ajudando.

Ainda fiquei ali por um bom tempo mas resolvi sair antes que Rick se preocupasse e viesse trás de mim. Depois de me vestir, fui andando devagar até a cozinha e me sentei na bancada, o observando em silencio e tentando não deixar meus pensamentos vaguearem de novo.

“Eu já ia subir pra ver se estava tudo bem.” Eu sabia.

“Eu sei.” Digo e ele coloca um prato na minha frente. Eu o olho por um segundo e então começo a comer. Sequer sabia que estava com tanta fome.

Ele se sentou na minha frente e apesar de não estar olhando diretamente pra ele, pude sentir seus olhos em mim.

“Rick...” comecei sem desviar meus olhos do prato.

“Oi?”

“Coma.” Disse e o olhei. Eu sabia que ele tinha descansado e se alimentado tanto quanto eu nos últimos dois dias.

“Sim senhora!” disse e também começou a comer. Ficamos ambos em silêncio, comendo e trocando olhares a cada cinco segundos. Eu tinha que me certificar que ele estava ali, e ele parecia precisar fazer o mesmo.

Terminamos de comer e voltamos para o quarto. A grande cama me parecia terrivelmente convidativa e não pude esperar um segundo pra subir em cima dela e me enfiar embaixo das cobertas pesadas que estavam ali. Pude escutar o chuveiro sendo ligado e o som baixinho e constante não estava me ajudando na tarefa de não dormir. Meus olhos se fecharam e em menos de um segundo eu os abri novamente.

Eu não sabia o porquê dessa imagem estar tão fixada em minha mente. Era uma agonia me lembrar dela e ao mesmo tempo eu não conseguia parar. Seu rosto crivado de loucura e obstinação, pra um segundo depois estar desfigurado pela dor e confusão. Mas ela sabia que estava acabada naquele momento e talvez a dor maior tivesse sido essa.

Não sei exatamente quanto tempo se passou até Rick voltar dizendo sobre Alexis e Martha voltarem quando terminassem de fazer compras. Eu estou deitada de costas para a entrada e posso sentir a cama se mover um pouco quando ele se junta a mim, mas não me viro. Mesmo de costas consigo notar que ele não se deitou e está me olhando.

“Eu não sei como você conseguiu.”

“O que?”

“Se manter firme nos dois meses que eu fiquei desaparecido.” Ele disse. Eu não respondi. Ele não sabia bem do que estava falando. Eu não fiquei firme. Fiquei desesperada, quebrada; completamente destruída e sem qualquer foco a não ser o de encontrá-lo. Mas ele tinha um ponto; mesmo quando ficava mais difícil e eu não sabia se conseguiria continuar eu me lembrava dele e procurava bem fundo por esperanças. Mas eu não fiquei firme. Eu fiquei perdida. Eu ficava completamente perdida sem Rick por perto, quase inválida.

“Dois dias em que eu não sabia onde você estava, e isso quase me matou.” Eu entendia esse sentimento. Durante os dois meses que ele ficou desaparecido, todos os dias em que eu acordava de manhã sozinha e sabia que ele não entraria pela porta e me tomaria em seus braços, e que não ouviria sua voz ou veria seu sorriso, uma parte de mim parecia morrer.

Finalmente me viro pra ele. Eu precisava saber e falar sobre isso, não podia ficar guardando pra mim mesma. Não quando eu o tinha ao meu lado.

“Você pensa sobre o que aconteceu... Quando você desapareceu?” Minha voz era baixa e sem qualquer ânimo, como se até mesmo a força para falar me faltasse.

“O tempo todo.”

“Toda vez que eu fecho meus olhos eu vejo o rosto dela.” Admiti na mesma voz baixa e rouca. Ele assentiu, seu rosto assumindo um tom compreensivo ao mesmo tempo em que parecia ter acabado de resolver um grande mistério.

Ele da um suspiro e responde: “Eu vejo o dele também. Desde aquela noite na ponte.”

Eu não digo nada, apenas continuo o olhando então ele continua: “Sabe como eu lido com isso?” pergunta.

Dou um pequeno sorriso e digo o óbvio. “Não.”

“Eu abro meus olhos e olho pra você.” Diz olhando diretamente em meus olhos e tudo o que eu consigo pensar é que eu sou a mulher mais sortuda do mundo. Dessa vez meu sorriso é completamente genuíno e eu toco seu rosto, me lembrando de dizer agora o que eu queria ter falado desde o começo, mas não tinha conseguido.

“Obrigada por ir me buscar.” Digo sem desviar meus olhos dos dele e sem deixar de tocar seu rosto, tentando transmitir toda a gratidão e amor que eu sentia.

“Sempre.” Ele responde com um pequeno sorriso, e eu posso ver em seus olhos exatamente o que eu tentava transmitir pra ele. Exatamente o que eu sentia. Amor. Um amor incontrolável e que aumentava de maneira impossível a cada minuto que passava.

Ele se inclina e nossos lábios finalmente se encontram. Não é um beijo longo e quente. É simplesmente o que precisávamos: um pequeno contato que transmitia o que sentíamos de maneira simples, mas preciosa. Todo o alívio, a saudade, o medo de perder e o amor.

Ele me puxa pra si quando nos separamos e eu me deito com agrado sobre seu peito, o abraçando enquanto ele acaricia meu ombro delicadamente.

Levanto um pouco a cabeça para olhar seu rosto e posso ver que está sorrindo, assim como eu.

Assim, aconchegada e confortável nos braços do único homem que já amei verdadeiramente, eu me senti segura. Segura o suficiente pra finalmente fechar meus olhos sem medo do que veria.

Por que, independente do que houvesse, eu sabia que quando eu abrisse meus olhos o veria ali. Sempre.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham lido e gostado *nervosa* ahuhauhu
Me digam o que acharam pleeease!
Bjoos