Agilidade escrita por Diane


Capítulo 11
Capitulo 11 - A Verdade




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Você deve estar se perguntando o que eu fiz depois de achar um cadáver de um monstro sádico? Oras, eu fiz o que todo mundo faz, fui para o meu quarto dormir.

Para que eu chamaria Ilithya ou algum mestre? O cara já estava morto mesmo, era uma praga a menos no universo, e também seria muito suspeito eu e Alec estarmos fora de nossos quarto enquanto acontecia um assassinato. Graças aos deuses, Alec compartilhava esse pensamento e também decidiu que seria melhor que descobrissem o corpo de manhã, de modo que nos não pudéssemos ser considerados assassinos.

Entrei no meu quarto silenciosamente. Vanessa já estava dormindo, Idia e Mingau estavam enrolados um no outro e já deviam estar no terceiro sono. Deviam estar tão cansado que nem notaram minha falta, felizmente.

Deitei na cama e fechei os olhos.

Eu não conseguia dormir, por mais que tentasse.

“Alec, tá aí?” perguntei via telepatia.

“Sim”

“Também não consegue dormir?”

“Fico imaginando a reação que Vanessa vai ter quando descobrir.”, disse ele

Alec não tinha ficado triste com o acontecido. Eu não podia culpa-lo por isso, ninguém gostaria de ter um pai como o dele, e seria muita hipocrisia se ele chorasse depois de tudo que aquele velho fez.

Ela não vai ficar feliz”, conclui.

“Quem você acha que matou ele?” Alec perguntou.

“Alguma pessoa determinada a exterminar todas as pragas do planeta?” sugeri.

“Talvez...”

Nunca descobri o que seria esse talvez, por que ele caiu no sono antes de concluir a frase.

Muitas vezes quando era pequena, eu ficava triste por meu pai ter morrido antes de eu nascer, agora descobri que preferia um pai morto que eu nunca conheci do que um pai como o de Alec.

Decidi que seria bom dormir, mas meu cérebro não queria me obedecer. Meus pensamentos ficavam divagando em tudo que estava acontecendo.

Quem é esse assassino?

Quem gostaria de matar Ethan? Algumas pessoas, as várias ex-namoradas dele, garotos que o detestavam. Talvez não. Ethan aprontava, era uma coisa irritante, mas será que um levar um pé-na-bunda pode deixar uma pessoa tão odiosa a ponto de se tornar uma assassina? Será que um garoto o detestava tanto a ponto de derrubar um lustre do teto?

Quem gostaria de matar Lauren? Nunca conheci Lauren, mas nas poucas informações que descobri sobre ela percebi que ninguém gostaria de mata-la. Ela só era uma ninfa inofensiva, uma garota punk com mechas coloridas no cabelo e que gostava de usar fones de ouvido no volume máximo, um habito irritante, mas ninguém assassina alguém por que ele ouve música alta demais.

Ah, e também vamos citar a tentativa de mandar Damien para o além. Damien pode ser irritante, chato, convencido e uma cópia malfeita de Harry Potter sem óculos, mas nada disso era suficiente para tentar assassina-lo. Colocar uma bola laminada sobre a porta semiaberta do quarto dele... Deuses, quando eu era criança eu colocava baldes cheios de água fria em portas semiabertas para quando um idiota abrisse a porta, caísse água fria na cara. Quem quer que fosse esse assassino, era tão psicopata a ponto de transformar uma pegadinha infantil em assassinato.

Então em fim chegamos a Alaric. Para mim, Alaric sempre foi aquele garoto estranho que fica quieto e sozinho olhando para o teto e que sempre usa cores escuras na roupa e parece um zumbi vivo. Isso foi antes de Vanessa descobrir que ele estava praticando magia negra. Depois disso eu vi ele como o garoto psicótico que anda fazendo macumba por aí. Por um momento, um único momento, achei que ele era o responsável por esses assassinatos.

Mas a criatura que eu achava que era o assassino morreu. Seria bem conveniente se fosse ele. É fácil pensar que um garoto que pratica magia negra estava matando pessoas por aí para poder usar em rituais. Não era difícil imaginar. Mas aí ele morre. E a minha teoria vai descarga abaixo.

E agora, Gideon foi morto. De todos os que morreram, Gideon foi o único que mereceu o seu destino. Um cara sádico que chegou a ponto de tentar matar seu filho. Quem gostaria de mata-lo? A tentativa de assassinato dele não foi pública, então quase ninguém sabe. Ele nunca pareceu um assassino. Sendo o líder da Guarda, vestindo armaduras douradas e protegendo pessoas, ninguém para pensar que ele pode ser um psicopata sádico.

Quatro pessoas morreram. O engraçado é que não tinha nenhum padrão nessas pessoas que morreram. Alguns seriais kilers matam apenas mulheres, outros apenas matam um tipo de pessoa. Isso não era obra de um serial kiler, por que as vitimas não tinha nada em comum. Absolutamente nada.

Ah, e também tem o fato que o assassino não deixou nenhum vestígio. Nenhuma digital ou fio de cabelo. Ninguém descobria o assassinato até achar o corpo, pois não havia nenhum grito. Isso de ninguém ouvir gritos ou sinal de luta é estranho. Lauren podia ter sido assassinada enquanto dormia, Alaric também e o assassinato de Ethan foi publico, mas e o assassinato de Gideon? O cara era líder da Guarda, é certo supor que ele sabia lutar muito bem e ouvi falarem que ele tinha a mesma idade de Ilithya, quinhentos anos.

De qualquer forma, era para alguém ter ouvido algum barulho ou ter visto o assassino entrando no quarto das vitimas. Talvez alguém tenha visto e sido morta por isso. Essa poderia ser uma explicação para o assassinato de algumas vitimas.

Outra coisa que me intrigava era o fenômeno do lustre despencar. Isso foi tão hábil, fazer parecer que foi um acidente. Já foi comprovado que o lustre não podia cair exceto por magia, já que ninguém se penduraria no teto. Quem quer que seja, também é bom em magia.

Me levantei da cama e peguei o celular. Todas as conversas com os suspeitos estavam gravadas ali. Coloquei um fone de ouvido e dei play nas conversas.

Cada suspeito era mais estranho que o outro.

Cassie Lye, uma garota irritante — Na minha sincera opinião —, com tendências punk, e rebelde. Também não podemos esquecer que ela foi uma ex-namorada de Ethan. Outro fato curioso foi que ela não parecia nem um pouco abalada com a morte de Ethan... nem um pouquinho. E claro, Lauren, o porquê de Ethan ter deixado Cassie, também morreu. Curioso não é?

Outro suspeito promissor seria Tyler. Ele era primo de Ethan, e um elfo. Algumas famílias vampiras desprezam elfos por que os consideram fracos demais. Ethan humilhava Tyler. E Tyler odiava Ethan por isso. Fazia sentido, até, mas será que Tyler teria sangue frio para matar o primo e depois matar três pessoas por causa de um fator desconhecido?

Também tem Max. Ele é amiguinho de Damien desde a infância e tudo mais, mas bem, eu conhecia Layla desde que era pequena, e ela era uma psicopata. O que garante que Max também não é um psicopata? Não posso esquecer que ele tem facilidade para manipular o ar, e que isso tornaria derrubar um lustre extremamente fácil.

Tantos os suspeitos quantos os defuntos, nada fazia sentido.

“Talvez não seja para fazer sentido” disse Alec mentalmente.

Talvez ele tivesse a razão.

[...]

No dia seguinte estava tão cansada que dormi durante as aulas na faculdade. Meus olhos estavam se fechando por vontade própria e parecia que tinha um peso de cinquenta quilos sobre cada uma das minhas pálpebras. Resultado: versão zumbi de Christine.

Decidi que eu, Alec e Damien tentaríamos desenvolver uma teoria para os assassinatos depois da aula de Ilithya. Depois de amassar quase quinhentas folhas de caderno com teorias absurdas, finalmente chegamos em uma lógica.

— Finalmente! — Damien gritou de alegria.

Vanessa murmurou alguma coisa enquanto estava concentrada no seu joguinho de celular e arremessou um travesseiro na cara dele. Garota gentil e meiga...

— Tinha uma época que ela me beijava... — Damien murmurou tristemente — Agora ela arremessa travesseiros em mim...

Ri da cara dele, sei que foi perverso, mas, bom, é legal tirar uma da cara dos outros.

O difícil foi convencer Ilithya e Raphael a verem nossa teoria. Eles não levavam a sério, pensam que só por que eles tem quinhentos anos eles são melhores e até nos chamaram de crianças. Eu disse a Ilithya que criança era a avó dela, mas ela me disse que a avó dela tem quatro mil anos. A avó dela é uma criança bem idosa.

Mas depois de muito esforço — e promessas que eu seria uma boa aluna e nunca mais arruinaria lanças de meus professores e nem colocaria água oxigenada no shampoo deles, e também não iria espalhar para a escola inteira que vi os dois se agarrando — consegui convence-los a organizar uma reunião.

Estávamos na sala de Ilithya. A sala foi ampliada com magia para caber todos e tinha várias cadeiras espalhadas em volta da lareira como um circulo. Só para mencionar, naquele dia, estava com um clima de inverno, e ocorreram algumas brigas para quem pegaria as cadeiras mais próximas da lareira. Típico.

Sentei-me no centro da sala, de frente para todos. Eu insisti bastante e convencia Alec e Damien a me deixarem falar a teoria. Sempre sonhei em ter um momento de Hercule Poirot.

Nas cadeiras em volta de mim estavam Ilithya, Raphael, Mary, Vanessa, Sam, Damien, Ian, Alec, e é claro, os suspeitos. Cassie me encarava com ar de riso, ela devia estar me achando com cara de trouxa. Max estava dormindo e Tyler estava tirando sujeira das unhas.

Ilithya me encarava ceticamente.

— Você não nos chamou aqui e fez toda essa confusão para ficar nos encarando com essa expressão presunçosa. Pode começar a falar.

Ilithya, sempre tirando a atmosfera magica das situações. Tenho certeza que essa mulher nunca leu um bom livro de suspense para saber como é boa a sensação.

— Inicialmente, todos esses assassinatos pareciam confusos e sem sentido — disse —, nenhum deles tinha ligação com o outro. Mas isso foi feito para não ter sentido.

“Não roube minhas frases!” Alec disse via telepatia, arrancando todo o meu momento de glória.

“Cale a boca”

— Para falar a verdade, eu tinha pensado que era Alaric que tinha organizado os assassinatos, pelo fato dele praticar magia negra. Mas então ele morreu — continuei falando — Isso ficou cada vez mais confuso, acredite. Isso me deixou mais um suspeito: Cassie. Ethan foi o ex-namorado dela, e morreu, depois dele, Lauren, a namorada de Ethan, também morreu. Não tinha motivos óbvios para ela matar Alaric ou Gideon, mas pode ser que eles tenham descoberto tudo e tivessem ameaçado tomar alguma providencia e ela tenha se livrado deles.

Cassie arregalou os olhos.

— Não! Isso é mentira! Não matei ninguém, sua louca!

Revirei os olhos.

— Isso é uma teoria falha. Não foi você, Alaric praticava magia negra, não seria fácil usar uma magia para fazê-lo adormecer e poder enfincar uma faca nele tranquilamente.

Ela se acalmou. Melhor assim, um escândalo seria lamentável.

— Foi outra pessoa. Quando estava na biblioteca, certa vez, li uma coisa interessante sobre os generais de Trivia, caras psicóticos, eles eram uma ninfa, um vampiro e um feiticeiro. E por alguma coincidência louca, as vítimas também eram uma ninfa, um feiticeiro e um vampiro, naquela época Gideon não tinha morrido. Isso me fez suspeitar de algo em comum com o que estava acontecendo. Mas na hora pensei que era idiotice minha, Trivia estava morta, e os generais dela também. E então, os corpos sumiram do necrotério e descobri tudo.

Ilithya estreitou os olhos.

— Explique isso criança.

— Okay, titia Ilithya — ironizei — Para que um assassino iria querer corpos? O único motivo era para trazer os generais de volta a vida. Uma vez, Orfeu tentou trazer Eurídice, sua esposa, de volta dos mortos, isso não deu certo por que ele olhou para traz. No caso de Orfeu, o corpo dela não estava em decomposição, mas no caso dos generais, o corpo deles não passa de pó. Ressuscitar pó não é útil, e por isso arranjaram novos corpos. Trivia mandou um aliado dela para cá, para matar e arranjar corpos novos para os generais dela. Não importava quem era a vitima. Apenas importava se ela era forte. O assassino não tem nenhuma relação com as vitimas.

Parei de falar por dois segundos, apenas para respirar. Todos na sala estavam ansiosos.

— Então, reparei em outra coisa. O bilhete avisando Lauren. A garota não morreu por que tinha visto algo comprometedor, mas sim por causa do corpo dela e das habilidades dela. Mas se era por isso, por que era necessário avisa-la. Por fim, cheguei a conclusão que o bilhete era falso. E só tinha uma pessoa que podia falsifica-la: Ian.

Na sala, todos começaram a falar ao mesmo tempo. Ian protestava e me chamava de louca, Vanessa batia os pés, outros estavam abismados.

— Deixe-a falar! — Ilithya gritou e todos calaram a boca.

— Ele foi mandado nessa escola por Trivia. O “acidente” de Ethan aconteceu quando ele estava no corredor. E depois uma bola laminada quase caiu sobre Damien. Vi uma lógica nisso, tanto Ethan quanto Damien, namoraram Vanessa. E Lauren morreu logo depois que saiu para passear, e Ian estava nesse passei. Foi fácil para Ian matar Alaric, Ian é um feiticeiro poderoso embora finja ser fraco, descobri isso quando ele estava na blibioteca. Todos aqueles livros estão em idiomas antigos, que só feiticeiros poderosos conseguem ler. Ele derrubou o lustre sobre Ethan com magia, depois esfaqueou Lauren, e enfim matou Alaric. Ninguém nunca ouviu um barulho por que ele usava magia para deixar as vitimas em estado de sono. O único erro dele foi aquele bilhete, por que em até circunstancias normais, um assassino nunca faria uma ameaça tão obvia.

Encarei o garoto na minha frente. Os olhos dourados dele brilhavam ameaçadoramente.

— Estou certa, Ian? — perguntei ironicamente.

— Está certíssima — Ele falou, e então, desapareceu de onde estava.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Tenho certeza absoluta que ninguém pensava isso. Mas se repararem bem nos detalhes dos capítulos anteriores, dá para perceber...

Sou genial, né?