Do Seu Lado escrita por Burn


Capítulo 2
Bem vinda, Pirralha.


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi oi, oi oi oi oi, vem dançar comigooo o/
Então geteeem, demorei mais cheguei e queria agradecer muito ao apoio de todo mundo que comentou. Sério, sinto que as que estão aqui comigo para essa nova jornada são as mesmas que me viram começar lá do zerinho e isso é tão emocionante *-*
Sem mais delongas...



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Julia

As pessoas se organizaram em uma fila indiana para seguir aeroporto adentro e eu fiz questão não seguir o padrão porque sou vida louca mesmo. Ta, mentira. Eu segui a fila também e aproveitei já que era a ultima para fazer coisas que ninguém veria na minha frente. Coisas tipo cuspir o maldito chiclete que eu mascava desde o início do voo. O único problema é que eu tinha dormido com ele na boca em meio ao trajeto e agora por algum tipo de punição do Deus dos chicletes a goma na minha boca havia virado uma farinha de chiclete nojenta. Eu devia ter saliva de cobra para ter praticamente desintegrado aquela porcaria. Minha tentativa de cuspir o chiclete discretamente no asfalto virou uma metralhadora de cuspe de farelo de chiclete e quando me dei conta todos me olhavam feio. Inclusive aquelas pessoas dentro do aeroporto na praça de alimentação que ficam grudadas no vidro pra assistirem a pista de pouso.

Bufei.

Certo, essa não era a pior coisa do meu dia então não ia me abalar por tão pouco.

Encarei todos de volta com a maior cara de que quem estava fazendo algo errado ali eram eles e uns desistiram de me julgar, enquanto outros faziam comentários baixinhos.

Logo em frente ao portal do aeroporto pessoas esperavam suas respectivas outras pessoas com plaquinhas de seus sobrenomes. Digo, as plaquinhas tinham o sobrenome de quem estava chegando, não de quem estava esperando.

Olhei primeiro para a cara do gordinho cheio de espinhas e dei graças a Deus pela plaquinha dele não ter o meu nome. Era só o que me faltava o filho da Vacadrasta ser um gordinho pronto pra disputar por comida comigo.

O magrelo varapau com dois metros de altura? Não.

O senhorzinho apoiado na bengala quebrada? Com certeza não.

A mulher peituda com cara de meretriz? Acho que não. Até onde sei o tal Noah é um homem...

O cara gato alto mas não tão alto, bronzeado mas não tão bronzeado, forte mais não tão forte, perfeito mas COMPLETAMENTE perfeito? Não, sem chance.

Ajeitei meu óculos na ponte no nariz pra ter certeza de que os meus mil graus de miopia não estavam alterando a plaquinha escrita com uma caligrafia tão perfeita.

“Morris”, ele segurava o meu sobrenome de forma tão sedutora. Caminhei me derretendo pelo percurso e agradecendo aos céus e a minha mãe pela ideia bizarra de me fazer passar as férias com o filho da Vacadrasta. Finalmente as coisas faziam sentido e o universo conspirava ao meu favor.

–Você é a Julia? - ele indagou com um sorriso receptivo fazendo seus olhos cor de chocolate parecerem tão derretidos quanto eu estava.

Ah meu Deus, esse cara é tão...

–Lindo! An.. er... ahn.. quer dizer... Sou! Errr.. é.. Digo meu nome é Julia, não Lindo.

Senti minhas bochechas arderem mais do que a queimadura que fiz quando encostei na panela do miojo.

Ele riu de forma encantadora.

–Imaginei que o seu nome não fosse Lindo – brincou pegando a minha mala de mão. - Deixe-me ajudar.

–Cla-claro – gaguejei. Nossas mãos encostaram por um milésimo de segundo e eu pude jurar que ouvi os sinos da igreja badalando no nosso casamento.

–Ah, antes que eu me esqueça ...– ele juntou as sobrancelhas de forma adorável - … meu nome é...

Acho que fiquei uns cinco minutos embabacada apenas admirando o músculo do braço esquerdo se contrair segurando a minha mala até que percebi que fazia cinco minutos que ele estava contando alguma coisa importante e eu não estava ouvindo nada.

Seguimos andando pelo aeroporto de New York até encostarmos na beira de um chafariz.

–...e aí o Noah pediu para que eu viesse te buscar. Você sabe né, eu precisava dar essa força...

Fiz uma careta quando meu ouvido finalmente começou a captar o que ele dizia e a ficha caiu logo em seguida com duas conclusões.

Ou o filho da vacadrasta é estranho e refere a si mesmo na terceira pessoa..

Ou esse cara gato não é o tal Noah



Noah

– Jered, pelo amor de Deus, é só colocar a mala em cima do carrinho – peguei uma das malas e joguei em cima do carrinho para exemplificar ainda mais exemplificado para o cabeça de vento.

– Se fosse simples assim, eles não colocariam esses cintos de segurança pra malas no carrinho – o mané revirou os olhos para mim como se eu fosse o mané. Vê se pode.

Bufei irritado. Discutir com o Jered era o mesmo que discutir com uma porta. Aproveitei o tempo que ele tentava inutilmente lidar com o tal “cinto de segurança para malas” para checar as mensagens no celular.

Eu ainda não estava acreditando que em poucos minutos viraria babá de uma pirralha catarrenta.

Eu tinha tantos planos perfeito. Festas de arromba. Peitos, muitos peitos. Bebidas. Mais peitos. Bundas. Mais peitos. O apartamento só pra mim. Tudo arruinado por causa de uma criatura que já era a concentração de todo o meu ódio antes mesmo de eu conhecê-la.

–Consegui! - Jered exaltou com orgulho.

Soltei um risinho que contemplava a perda de tempo que era colocar cinto de segurança em malas – afinal o máximo de aventura que esses carrinhos de carregar mala viviam era quando alguém estava atrasado para algum voo. Alta velocidade pra chegar a tempo, com certeza - e apoiei o meu corpo no meu carrinho.

Carrinho esse que deslizou alguns centímetros para o lado mas não me importei.

O celular vibrou e logo a tão esperada mensagem da Gio deu o ar das graças.

'Amanhã. 7 em ponto.'

Não pude deixar de sorrir de maneira convencida. Afinal, eu tinha realmente conseguido.

–O Noah – o palerma do meu lado deu um cutucão no meu ombro.

– Agora não Jered – dei de ombros começando a digitar uma resposta mais intensa.

– Mas o seu carinho...

Ergui a cabeça em busca do carrinho que não estava mais onde deveria estar.

– Cadê o carrinho, Jere-

Não terminei a frase. Não precisava. O carrinho já descia desgovernado pela rampa de cadeirantes que ironicamente se localizava alguns centímetros de onde ele estava parado a pouco.

Isso sim era alta velocidade.

Desci a rampa correndo o mais rápido que conseguia. Em minha cabeça mil tipos de acidentes aconteciam. O carrinho atropelava uma criança. O carrinho atropelava uma senhorinha. O carrinho atropelava uma criança de mãos dadas com uma senhorinha.

Senti aquela dor em baixo da costela, resultado de muito esforço para correr aliado à respiração irregular, mas isso não importava. A ideia de não machucar crianças e senhorinhas me fez correr ainda mais rápido.

Eu devia processar o engenheiro que colocou em pleno aeroporto internacional uma rampa tão ingrime e longa para cadeirantes. Parecia que ela não tinha fim.

Por fim, alcancei o carrinho a tempo dele não acertar ninguém e o segurei com toda força que pude, mas não teve jeito. O desastre estava feito.

O problema era que o carrinho tinha ficado e as malas... Bem, as malas não.

Elas voaram metros e acertaram uma garota para dentro do chafariz.

– Cuidado – gritei ridiculamente atrasado. A garota já estava se afogando com a mala na piscininha de 60 centímetros. Atrás de mim consegui ouvir o Jered gritando sobre o cinto de segurança de malas. Malditos cintos.

– Mas o que!? - Gabe jogou os braços pro alto sem entender o que acontecia e foi aí que eu entendi o que realmente acontecia.

A garota que eu havia acertado não era uma garota qualquer.

Se Gabe estava ao lado dela, a garota que eu havia acertado era a mesma garota que estava prestes a destruir os meus próximos três meses.

Desacelerei o passo de propósito.

Era óbvio que ela não teria capacidade de morrer ali, porém... se desse certo...era uma ótima chance de me livrar da pirralha.

Um “acidente”...

Não deu tempo de “salvá-la”...

Que peninha...

Quando cheguei a beirada do chafariz Gabe acabara de erguer a garota pelo braço.

A figurinha do pântano emergiu tossindo desesperadamente tentando sair agonia que é se afogar.

Tive que conter o riso.

Eu já me sentia vingado pelo estrago que ela iria fazer na minha vida.

Quando eu presumi que seus olhos haviam focado em mim – isso porque a garota usava óculos de lentes tão grossas que refletiam a luz tornando impossível enxergar os seus olhos – resolvi saudá-la.

–Bem vinda, Pirralha – sorri diabolicamente tentando implantar o medo na criaturinha do pântano.


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Notas finais do capítulo

E aí, curtiram esse novo encontro do Noah com a Pirralha? Me digam se sim, se não. O próximo cap vai sair terça ou quarta que vem. Vou tentar sempre no final de cada cap dar a previsão do próximo pra vocês terem uma noção.
Até breve e comentem :3