Not Your Type, boy. escrita por Ary Chases


Capítulo 1
I Choose My Type, girl - único.


Notas iniciais do capítulo

Primeira vez que escrevo sobre Percabeth, espero que gostem. One-shot estilo colegial mesmo.



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– Tudo bem, não se esqueçam de estudar as páginas 233 a 237 e fazer os exercícios das 238 e 239. Se não entregarem, eu... – Um som alto interrompeu o raciocínio da Sra. Dodds. Era hora do intervalo e todos na sala – inclusive eu – comemoraram.

A professora bufou, detestava ser interrompida, mas permitiu que os alunos saíssem depois de mais uma ameaça de nos deixar de detenção até o fim do semestre se não entregarmos o dever na semana que vem.

– Ah, eu amo a sexta! – Disse Leo, enquanto andávamos pelo corredor. Eu desembrulhando meu lanche, ele olhando para as garotas que passavam com o uniforme de líder de torcida, Thalia e Nico brigando por nenhum motivo aparente.

– Green Day! – Dizia ela.

– Arctic Monkeys! – Retrucava ele.

Viu? Como eu disse, sem motivos.

A briga foi interrompida porque a amiga de Thalia a chamou, a morena se despediu e lançou um olhar raivoso para o Di Ângelo, a outra garota abriu seu sorriso iluminado e piscou seus olhos cinza, acenando para trás. Retribuí o aceno um pouco rápido demais e quase deixei meu sanduíche de presunto cair no chão.

– Percy, você não baba apenas enquanto dorme. – Zombou Leo, mas eu ignorei e continuei olhando para os cabelos encaracolados da garota batendo de leve em sua cintura até que ela sumisse de vista.

– Me deixa! Aposto que elas vão encontrar a Reyna também, então veremos quem vai babar Valdez. – Nico e eu rimos, quando o garoto corou.

Annabeth, Reyna e Thalia eram tão amigas quanto eu, Leo e Nico. A morena de olhos azuis elétricos era a única que também falava conosco – bem, ela é minha prima e tem aquele lance estranho com Nico – apesar de Leo e Reyna não perderem uma oportunidade para flertar um com o outro quando se viam no intervalo.

E quanto a mim... Eu era completamente apaixonado por Annabeth Chase desde a quinta série quando ela me pediu uma caneta emprestada pra desenhar o Parthenon na aula de história – e nós já estamos no segundo ano, então faz bastante tempo. – e eu adorava observar seus desenhos, era inspirador o jeito como ela falava que queria ser arquiteta e reformar antigas ruínas gregas.

– Eu acho que você devia tentar falar com ela. – Sugeriu Nico, mordendo uma maçã. Neguei imediatamente, não era a primeira vez que ele dizia isso. – Tipo, de verdade. – Não me levem a mal, mas nunca tive coragem para realmente falar com a loira, nem mesmo um “Oi, tudo bem? Qual sua próxima aula?”. Juro que tentei inúmeras vezes.

Como da vez em que cutuquei seu ombro na aula de literatura e ela se virou com aquele sorriso no rosto, a sobrancelha franzida, os olhos curiosos e eu simplesmente travei, não consegui nem mover a boca, então apontei para a borracha em sua mesa, a qual ela me entregou sem pestanejar e eu fingi apagar qualquer coisa do caderno.

Depois daquele dia, decidi que seria melhor observar a garota de longe, sem que ela percebesse ou que nós tivéssemos qualquer tipo de contato.

– Enlouqueceu? – Perguntei, incrédulo. – Quer que ela ria de mim? Porque é isso que vai acontecer. – Meus amigos reviraram os olhos para o meu drama de paixonite adolescente. Ignorei, preferindo entrar no mundo onde só existem cabelos dourados e olhos cinza. O mundo em que Annabeth me olha e sorri, corada como Reyna fica quando troca olhares com Leo.

– Vamos até lá, eu quero convidar a Rey pra sair. – Parei de levar meu sanduíche até a boca na mesma hora. Não apenas isso, para mim, parou o mundo.

Alguma coisa estava errada. Nós nunca fomos até a mesa das garotas antes – era tipo proibido, errado, talvez pudesse ser considerado um crime em outros estados – e agora lá estava o palhaço de nós três nos chamando justamente para isso. Pensei de cara que fosse mais uma piada e olhei para o garoto, esperando que estivesse com um riso sapeca nos lábios. Meu amigo estava com aquele sorrisinho idiota que assume, guarda vaga e paga as contas só para nunca mais deixar o seu rosto no dia em que você se vê suspirando apaixonado.

– Irritar a Thalia em local proibido? – Ponderou Nico. Ele não... – Que emocionante! Eu topo. – Eu já estava quase gritando para o refeitório inteiro ouvir que me recusava a ficar perto de Annabeth, pois algo de ruim aconteceria quando percebi que já estava em frente à mesa em que as três conversavam alegremente.

– Leo, Percy, Nico. – Disse Reyna, corando. – O que fazem aqui? – Sua pergunta soou de um jeito tão doce que pareceu “Por que demoraram tanto para vir?”.

– É. – Concordou Thalia. – O que fazem aqui? – A dela foi mais como “Perderam a noção do perigo?”. Julguei pela raiva saltando de suas orbes azuis.

– Então Rey... – Começou Leo. – Eu pensei que a gente podia conversar lá fora, o que acha? – Sugeriu, um pouco rápido demais arrancando risadas dos demais. Mas a garota concordou e ele a puxou para fora do local, meio tímido – o que não era de seu feitio, devo acrescentar.

– E você Di Ângelo? Quer brigar mais? – A morena perguntou, irritada. Nico sorriu e eu percebi que ele tinha mesmo perdido toda e completa noção do perigo. – Ou veio encarar meus lindos olhos azuis? – Ironia, doce ironia que vinha junto no pacote de Thalia Grace com o selo “Sem devoluções” na parte superior da caixa.

– É uma observação bem inteligente, Thals. – Ele não perdeu o juízo, pensei, ele perdeu o amor á vida e agora quer morrer pelas mãos de uma punk furiosa. – Mas eu achei um jeito mais prático de decidir qual banda é melhor. – Os meus olhos e os de Annabeth – que não tinha se manifestado ainda – iam de um lado para o outro tentando descobrir como ia acabar essa conversa.

– Posso saber qual? – Thalia se levantou da mesa com os braços cruzados e a testa franzida. Nico assentiu, tirando do bolso algo não identificado por mim até o momento.

– Que jeito melhor que indo ao show delas? – O garoto balançou os quatro ingressos na mão erguida. O queixo de Thalia caíra, totalmente. Sua mão de bater coçava a nuca, sem graça. Ele estava chamando-a pra sair ou era loucura minha?

– V-você está m-me chamando para um show do Green Day? – Gaguejou, corando. Ai meus deuses, eles são como Leo e Reyna.

– A-acho que sim. – Ele sorriu. – Decida logo, que teremos que dirigir durante algumas horas depois da aula. – Nós rimos. – Se você aceitar, claro...

– Eu aceito, Nico. – Ela sorriu. Espera, Thalia Grace sorriu com os olhos brilhando na direção de Nico Di Ângelo. A garota pegou sua bolsa e antes que pudesse colocar no ombro, ele a colocou e começou a guiá-la para fora do refeitório. Antes de partirem, li nos lábios de ambos “É a sua chance, cara” “Chama a Annie pra sair, primo” e foi então que a ficha caiu.

Eu estava sozinho com Annabeth Chase, sentado na mesa proibida. Suspirei, ela olhava carinhosamente para Thalia que deitara sua cabeça no ombro de Nico. Tenho que admitir, eles combinam muito.

– É. – Disse ela. – São um casal fofo, estranho, mas fofo. – Eu disse a outra frase em voz alta, então.

– Pois é. – Respondi nervoso, sentindo minhas mãos suarem. Foi a primeira vez que falei com ela e nem ao menos foi por querer. – Daqui uns dias vão até estar trocando camisetas. – Ela riu. Uma risada tão bela que me fez querer mover o mundo para ouvi-la novamente.

Isso soou meio gay, eu sei.

O sinal tocou segundos depois, avisando que os alunos deveriam retornar a sala, e todos começaram a se dispersar, inclusive ela.

Seu idiota! Até os teimosos do Nico e da Thalia se acertaram! Gritou uma vozinha na minha cabeça Nunca mais terá outra chance como essa, não a deixe partir!

Ela estava na minha frente, dando uma pequena arrumada na roupa e no cabelo, transformando-o em uma longa trança. Eles estavam certos, todos. Eu tenho que tentar, mesmo que ela ria de mim, mude de escola e nunca mais queira me ver.

Pensamento positivo, Jackson. Vamos lá!

– Annabeth. – Chamei a atenção da garota que voltou-se para mim no mesmo instante em que ouviu seu nome. – E-eu queria muito t-te falar uma coisa, e-eu... – Me interrompi, porque estava gaguejando e ela iria me achar um idiota.

A loira revirou suas íris cinza, como se soubesse o que eu ia dizer, sorriu debochadamente pra mim, amarrando um pouco mais seu casaco na cintura e disse:

– Não é nada pessoal, mas eu não sou seu tipo, garoto.

Ela soltou uma pequena risada e começou a andar na direção oposta, enquanto eu processava suas palavras. Como assim ela não é meu tipo? Como assim? Olhei para o refeitório já vazio e corri até a porta antes que ela tivesse a chance de passar. Eu já tinha começado mesmo, então que ela me odiasse, mas depois de saber tudo.

– Como assim não é meu tipo? Annabeth Chase, filha de Atena e Frederick Chase, sua mãe é arquiteta, seu pai é professor na faculdade do centro. Seu sonho é se formar em arquitetura e restaurar todas as ruínas das grandes batalhas. Você adora a aula de história, ama mitologia grega, devora pelo menos uns nove livros por mês e não pensaria duas vezes antes de trocar uma viagem a Londres pra visitar a Grécia.

Seu cabelo é loiro natural, seu cheiro é de morango e seus olhos são de um cinza jamais visto por mim antes, como as nuvens de tempestade em um céu escuro. Quando você está feliz, eles conseguem ser ainda mais brilhantes do que a luz do sol.

Teve seu coração quebrado pela primeira vez pelo garoto que hoje é um dos seus amigos, Luke Castellan. Sei disso porque peguei suspensão depois de bater nele por te magoar. – Ela me olhou incrédula, mas eu precisava continuar. – Também sei que ficou fechada para o amor depois disso, sei que sua cor favorita é vermelha e você não gosta de outro sorvete se não for chocolate com menta. Detesta calor e detesta a minha ex-namorada Rachel porque foi com ela que seu ex te traiu.

Mas principalmente sei que você é linda, inteligente, divertida, simpática, o tipo de pessoa que não perde a chance de ajudar o próximo. E por isso já deve estar acostumada a ouvir esses tipos de declarações de garotos que sonham em ter uma chance com uma garota como você. E tudo bem, pode rir de mim. Deve ser muito tosco ser apaixonado pela mesma garota desde a quinta série. – Soltei seu ombro. Os olhos dela estavam arregalados de tanta informação.

– Quer dizer que você é tipo um stalker profissional meu? – Ela riu e eu também, porque era exatamente isso que parecia.

– Acho que sim. – Dei de ombros. – Pode rir, eu sei que... – Fui interrompido quando ela colou seus lábios nos meus. Espera. Eu estou beijando Annabeth Chase? Não esperei um segundo a mais pra corresponder e ela logo encerrou mordendo meu lábio inferior e colocando um dos dedos sobre minha boca.

– Perseu Jackson. Sally e Poseidon Jackson. Seu pai trabalha no aquário municipal, sua mãe na Loja de Doces central. Seu sonho é se formar em biologia marinha e você não pensaria duas vezes em trocar essa escola para ficar horas em baixo d’água. Também gosta de mitologia grega, mas dorme na aula de história e baba na de matemática. Ah, e é o tipo de garoto que só entraria em uma biblioteca se tivesse uma piscina ao lado.

Seu cabelo negro está sempre uma bagunça porque é desse jeito que você gosta, seus olhos são verde água como o oceano Atlântico e você tem aquele cheiro natural de maresia, brisa do mar. Quando está feliz, eles assumem um tom esmeralda tão belo quanto o da verdadeira joia.

Não sei muito bem se Rachel quebrou seu coração porque você já estava planejando terminar com ela antes por não conseguir esquecer outra garota – Ela sorriu, corada. Corada pra mim. – E eu soube da sua suspensão, mas não sabia que tinha sido você que bateu no Castellan. O rosto dele ficou inchado por pelo menos um mês, então obrigada. Eu não fiquei fechada para o amor, porque já tinha encontrado outra pessoa pra observar de longe, assim não tinha o perigo de me machucar. Sua cor favorita é azul e fica fácil deduzir o seu sorvete predileto: azul, claro. Além de que você adora biscoito azul, principalmente quando foi feito pela sua mãe.

Você é lindo, engraçado, lerdo, fofo e eu não sou a única solidária aqui o.k.? Eu sei muito bem que você adora ajudar os garotos mais novos com os valentões e acaba levando alguns socos para protegê-los. Talvez seja lerdo até demais porque muitas repito, muitas garotas dessa escola te olham quando está sem camisa nos treinos de natação. Inclusive eu. – Ela riu. – Quinta série, hã? Acho que esse foi o ano dos apaixonados, estamos juntos nessa de ser idiota e querer uma chance com quem é muito pra gente, Cabeça de Alga. – Arregalei os olhos porque ela sabia tudo sobre mim, tanto quanto eu sabia sobre ela. Os meus amigos estavam certos em insistir para que eu tentasse. Annabeth correspondia todos, todos os meus sentimentos.

– Uma stalker minha, hã? Aposto que sabe mais do que isso. – Comentei, passando meu braço ao redor dos ombros dela.

– Muito mais. – Concordou. – Pensei que eu não fosse seu tipo, só te via saindo com líderes de torcida e garotas superficiais...

– Eu escolho meu tipo, garota. E ele se chama Annabeth Chase. – Ela sorriu, corada e eu puxei seu queixo, depositando um selinho em seus lábios. – E agora que tal me fazer um desenho enquanto eu babo na aula de matemática, sabidinha?

– Desde que me deixe arrumar esse seu cabelo – Assenti, fazendo careta e ela riu. Senti sua cabeça encostando em meu ombro e entrelacei nossos dedos. – Quantos você quiser, Cabeça de Alga. Quantos quiser.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado de ler. Obrigada aos que leram. xoxo, Ary.