Segunda chance escrita por Mary Jane


Capítulo 1
1. Para todo fim, um novo começo


Notas iniciais do capítulo

E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer. A memória é uma vasta ferida." Chico Buarque.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/602497/chapter/1

As pessoas a sua volta eram apenas vultos para seus olhos embaçados, sua respiração era descompassada e ela teve certeza que seu coração falharia algumas batidas. Ela continuava a correr, desesperada, sem direção. Sem destino. Não conseguia acreditar. Não, não podia ser verdade.

Talvez seu coração nunca mais se curasse, e ela pode sentir que deveria morrer também. A vida não era justa. De forma alguma.

O sol já começava a se por quando ela sentiu que seu organismo não aguentaria mais. Suas pernas estavam bambas e seu rosto inchado. Ela havia andando durante muitas horas, mas ainda não era suficiente. Ela ainda não estava suficientemente longe. De tudo. Ela olhou para suas mãos, elas tremiam e sua cabeça rodava. Ela o havia perdido. Ele se fora. O anel em seu dedo pesava mil toneladas. As lembranças a atormentavam, ela queria morrer também, queria que tudo o que ela estava sentindo morresse junto dele.

Cadê a porra do final feliz que as histórias infantis vomitava na cara das pessoas?

A vida que ambos haviam planejados juntos, já não existia, assim como ele. o casamento marcado era uma dor a mais para se lidar. Ela vasculhou dentro de sua cabeça as lembranças mais dolorosas, e ouviu um grito agudo. Durante muitos segundos não soube dizer de quem havia sido, algum tempo depois sentiu a garganta seca, ela desabou no chão. A realidade era dura demais.

Não suportando mais o peso das últimas horas, a ruiva desmaiou no meio da avenida movimentada.

— Você é um idiota! - A carranca de Pepper não diminuiu em nada o sorriso de Harry.

— Sim, um idiota. Um idiota completamente apaixonado pela ruiva mais brava de toda Malibu. - Ele disse se aproximando dela. As flores esquecidas no balcão. A música suave tocando ao fundo, as velas acesas deixando o clima ainda mais romântico ao local, o cheiro provocante dele, e as risadas ecoando pelo espaço vazio. Tudo aquilo era felicidade. Estar ao lado dele.

Ela sorriu com essa declaração. Nunca deixaria de sorrir, ou de ama-lo.

— Não acredito que aceitei que você me vendasse, estou começando a ficar com medo de você. - Ela disse com os braços esticados tateando a parede a sua frente.

— Bem. - Ele limpou a garganta - Acho que estamos em um bom lugar. - Harry disse, trouxe Pepper para si, no centro da sala e colou seus corpos, aspirou o perfume doce do pescoço esbelto dela e sorriu, não conseguiria imaginar encontrar mulher como ela no mundo, seus dedos desfazendo-se do tecido que tampavam os olhos azuis da ruiva a sua frente.

— Preparada?

— Com certeza. - Mas nada a preparou para o que viu.

o sorriso dela iluminou o cômodo. - O que? - Ela disse vislumbrada, rodopiando o local. Ele riu. Ele ainda não conseguia acreditar que encontrara Pepper. Ela era realmente um tesouro. Seu tesouro para sempre.

— Espero que você tenha gostado. - Ele disse cruzando os braços. Não queria admitir, mas estava muito tenso ante a resposta de Virginia.

— Se eu gostei? Harry! Você nos comprou um apartamento! - Ela disse correndo para os seus braços fortes e o abraçando o mais forte que seus braços finos poderiam apertar. Dando tudo de si. Recebendo tudo dele.

— Bem, sim! E-eu, achei que seria uma boa ideia termos um teto para morarmos depois que nos cassássemos.

Os olhos dela se arregalaram ainda mais. Ela deslizou dos braços dele, em choque.

— O QUE? - Sua boca aberta em pânico.

— Bem... - As bochechas dele atingiram um tom escarlate. Ele se ajoelhou a sua frente. - Eu... Eu te amo. Muito, Gin. Desesperadamente. E gostaria de viver o resto da minha vida com você. B-bem, você aceita se casar comigo?

Ele era lindo. Harry James McDevon era um homem lindo. Integro, justo, amoroso, engraçado, doce e bonito e era o amor de sua vida. A alegria contagiante e o bom humor com que Harry lidava com o dia-a-dia a relaxava a ponto dela não surtar pelo trabalho estressante de se cuidar de nada mais e nada menos que Antony Edwart Stark.

Eles eram felizes juntos. Se respeitavam e se amavam acima de tudo. o relacionamento deles só tinha a crescer. E aquele, ali, era o passo mais importante da vida de ambos.

— Você sabe, não é amor? B-bem você estava lá. Meu joelho quebrado, se não se importa, gostaria de me levantar. - Ele estava muito nervoso, há pouco mais de cinco minutos e Pepper ainda estava do mesmo modo como se estivesse congelada, olhando-o como se não o conhecesse. Aquilo estava realmente matando Harry de uma forma que ele nem ao menos conseguia respirar.

— Hm? - Ela voltou a si. - Ah meu Deus, desculpa amor. Eu... É, bem é claro que aceito. Eu te amo. Te amo - Seus lábios se encontraram novamente naquela noite e Pepper soube, que aquele era o início da vida da qual ambos teriam juntos. Para sempre.

A calmaria do quarto branco não lhe era familiar, mas assim que conseguiu focar nas paredes brancas e o som do pib incessante, reconheceu como um quarto de hospital.

— O que aconteceu? - Disse com uma voz rouca que não reconheceu como sua.

A enfermeira sorriu, era uma mulher gorducha e baixa, que mais parecia a fada madrinha da Cinderela. - Querida, você desmaiou no meio da rua, algumas pessoas te reconheceram e te trouxeram para cá. - Ela se aproximou da cama analisando a quantia do frasco do soro. - Você está melhor?

— Acho que sim. Quando posso falar com o médico? - Virgínia perguntou.

— Agora mesmo. - A senhora sorriu e se afastou antes de a parabenizar.

Ela fechou os olhos ao escutar a porta bater, respirou fundo algumas vezes, o quarto girava. Quando a porta do quarto se abriu novamente, Pepper já estava encostada contra alguns travesseiros, seu rosto já estava corado e ela se sentia um pouco melhor.

— O que faz aqui?

— Eu odeio hospitais. - Os óculos escuros combinavam elegantemente com a camisa social vinho.

— Eu sei, por isso perguntei o que você faz aqui. - Ele sorriu.

— Happy te encontrou uma par de horas atrás, você estava, segundo as palavras dele, horrível.

— Já estou bem.

— Estou vendo.

— Hm, Tony... - Ela fungou e tentou ao máximo segurar as lágrimas. Seu chefe se aproximou dela desajeitadamente e lhe abraçou de uma forma estranha.

— Eu sei Pep, eu verdadeiramente sinto muito. Muito mesmo. - Ela limpou as lágrimas que lhe caiam furtivamente pela face.

— Ele se foi. Harry se foi. - Ela disse num fio de voz. Falar o fato em voz alta a deixava ainda mais tonta. Ela simplesmente não conseguia acreditar.

— Vamos, vamos carinho. Limpe essas lágrimas. - Ele disse. A verdade era que Tony Stark estava completamente desconfortável com toda aquela situação. Ele odiava hospitais, e mulheres chorando. Mas estava ali, abraçado a Pepper que lhe molhava sua camisa social nova. E ele não conseguia se importar menos com a camisa, ou com o local em que estava, simplesmente queria proteger Pepper. - Vai ficar tudo bem, por favor... Não chore.

— Eu perdi o meu noivo, Tony. Minha vida acabou. - Os soluços a faziam tremer.

— Não, carinho. Por favor. Não diga isso, sim? Por favor, eu sinto muito. - Continuaram em silêncio por alguns minutos, quando Tony resolveu olhar para o rosto de Pepper ele sorriu ao ver os olhos inchados e a boca pálida, mas nenhuma lágrima em seus olhos azuis. - Eu preciso sair agora. Eu, eu...

— Você tem um premio para receber em Las Vegas, por favor. Va até lá pegue o seu prêmio e volte para Malibu, eu precisarei tirar alguns dias de folga e não poderei te servir como baba. - Os lábios quente sob sua testa foi a única resposta que Tony deu antes de sumir através da porta.

Segundos depois Doutor Rogers adentrou ao local seguido pela enfermeira de meia hora antes.

— Bem doutor o que eu tenho? - Pepper estava muito apreensiva, seu coração martelava incansavelmente contra suas costelas. Por sorte ela morreria também.

— Amanhã poderá voltar para casa. Apenas ficará em observação por hoje. É claro, se fosse só você poderia sair hoje mesmo, mas com o bebê, eu acho difícil que...

— Bebê? - Pepper franziu as sobrancelhas. O médico entreabriu os lábios ao observar a face pálida de Virginia, sorriu abertamente.

— Ah! Me desculpe senhorita Potts. Meu Deus. - Exclamou, rindo. Os bips aceleravam conforme os batimentos de Pepper se descontrolavam. Respirando rápido e forte.

Quem falou agora foi a enfermeira. - A senhorita esta grávida de Quatro semanas e dois dias. Meus parabéns.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Segunda chance" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.