All Out War escrita por Filho de Kivi


Capítulo 7
Born to Run


Notas iniciais do capítulo

Esse é um capítulo bônus, um complemento para “Live together, Die alone”, será focado na missão de resgate de Andrea, encabeçada por Heath, Glenn e Spencer. Os fatos ocorridos a seguir seguem em parte a linha do tempo corrente no último capítulo, com exceção do início, que obviamente se dá antes da invasão.
Boa Leitura.



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— O que você tem em mente?

Glenn e Rick caminham em meio à penumbra da madrugada pelas ruas de Alexandria. O xerife segue em sua ronda, após deslocar dois grupos para verificarem cada centímetro cúbico dos muros, visando à detecção da menor fissura que fosse. Ele ainda está preocupado com a aglomeração de zumbis nos portões, e inevitavelmente em todo o perímetro da comunidade. Naquela mesma manhã, Bruce sucumbira e por pouco os novatos Tom e Amanda também não acabaram sendo devorados pela manada que parecera ter surgido do nada. Glenn por sua vez, parecia disposto a explanar suas ideias ao mandatário, que martelava em sua mente uma forma de resgatar Andrea, sua companheira.

— A Andrea tá lá fora e precisa de suprimentos... Eu sei que ela levou pouca coisa quando saiu... – Glenn desloca-se ao lado de Rick, com as mãos nos bolsos do casaco e o típico boné que costumeiramente utiliza, prossegue com sua linha de raciocínio enquanto encara o xerife – Eu e o Heath temos que ir lá, pelo menos para levar o bastante para ela aguentar mais uns dias, não sabemos por quanto tempo essa manada vai nos deixar presos aqui...

Rick o observa atentamente, parece captar e analisar cada palavra dita.

— O que sugere? – Manifesta-se Grimes – Quer atrair os errantes para longe do portão e depois sair? – Ele balança a cabeça negativamente – Já pensei nisso como última instância, mas é muito perigoso! – O xerife utiliza-se de sua excelente retórica, mantendo o mesmo tom de voz a cada frase – Não tem como sair daqui com um veículo, e a pé você só iria conseguir afastar uns poucos zumbis... Não sei se isso daria certo.

Glenn interrompe sua caminhada, estaciona a frente de Rick e, após estender a mão direita sobre o ombro do mandatário, exibe um breve sorriso de canto de boca.

— Rick, vai dar certo... – Ele faz uma breve pausa antes de prosseguir – Sei que não é a perfeição, mas é o que temos... De qualquer forma, precisamos levar esses suprimentos pra ela... Não importa se afastarmos um, dois ou nenhum errante, vai valer a pena!

Rick o encara por poucos segundos, após isso, desarma-se em um sorriso sincero.

— É... Não dá pra argumentar com isso... – Glenn balança a cabeça positivamente – Tudo bem, como você planeja atravessar a cerca?

— Eu ainda não sei... – O sorriso de Glenn cessa um pouco – Vou falar com Heath, imagino que ele tenha uma solução pra isso...

Os dois prosseguem caminhando em meio à madrugada fria, que parece fazer a temperatura cair ainda mais a cada minuto transcorrido. Após uma breve pausa na conversa anterior, Glenn retoma dessa vez referindo-se a outro assunto.

— Achei que traria o Carl com você nessa ronda...

Os olhos de Rick seguem vidrados nos menores detalhes das placas de metal. Ele responde sem devolver o olhar.

— Não... Eu sugeri que as pessoas dormissem juntas, utilizando o menor número de casas possíveis... Amanda, Leah, Susie e o bebê estão com Carl – Ele passa a palma da mão esquerda brevemente pela extremidade de uma das placas – Maggie e Sophia também, é claro.

— Leah, Amanda? – Glenn questiona de forma jocosa – Falando sério, ainda não sou capaz de reconhecer todo mundo aqui...

Grimes volta a sorrir.

— Não te culpo... Aqui tem muita gente, outro dia conheci um cara que jurava nunca ter visto antes... Por pouco não diria que era um penetra...

— Amanda, Susie... – O asiático parece esforçar-se para retirar uma lembrança de sua mente – O grupo novo... Susie é a mãe daquele bebê, o mesmo que o casal Johnson ficou babando quando...

Os dois são sumariamente interrompidos pela repentina chegada de Spencer, que primordialmente fora deslocado para vigiar os muros, porém, por sua postura atual, tudo indica que a derradeira tarefa fora abandonada. O rapaz loiro, de mais ou menos um metro e oitenta e cinco, recobre o corpo esbelto com um sobretudo negro de grandes botões prateados.O rosto limpo e os cabelos ondulados, parecem encaixar perfeitamente naquele homem que não deve possuir mais do que vinte e oito anos. Nos ombros, ele carrega uma longa corda enrolada em espiral.

— Spencer? O que te traz aqui? – Pergunta Rick arqueando uma das sobrancelhas.

O homem mal o olha antes de responder.

— A Andrea...

Grimes lança um olhar fulminante no homem que parece não ter coragem de olhá-lo nos olhos. Spencer e Andrea tiveram um breve affair logo que o grupo do xerife chegara a Alexandria, o romance não deu certo e a sniper acabou fisgando o coração do mandatário, revelando sempre ter o amado, desde o dia que o encontrara pela primeira vez no acampamento nos arredores de Atlanta. Andrea acabara trilhando um caminho diferente, relacionando-se profundamente com Dale, um distinto homem de meia idade que sempre a protegera acima de qualquer coisa. O xerife e a atiradora de elite acabaram encontrando-se nas perdas, após os respectivos companheiros serem mortos de formas horrendas. O sentimento que surgira disso parecia puro, sincero.

— Eu já sabia que o Heath tinha equipamento de alpinismo... – Spencer prossegue – Ele guardava para usar em Washington, quando fosse buscar suprimentos, achei que seria uma boa hora para usar isso aqui... Podemos ir por cima da cerca e levar os suprimentos necessários!

Rick Grimes tomba a cabeça levemente para o lado direito enquanto capta todas as palavras proferidas. Apesar de não gostar nem um pouco da possibilidade de Spencer tornar-se o salvador de Andrea, ele sabe que a ideia faz sentido e que pode dar certo. Queria ele próprio poder saltar pelos muros e resgatar a sniper, mas com todo o caos que envolve a comunidade, Rick sabe que não pode abandoná-la de uma hora para outra. Grimes tornou-se o líder daquele lugar e por mais que isso o regrasse, chegara a hora de agir como o tal em tempo integral.

— Faz sentido... – Rick parece engolir a seco suas próprias palavras – Arranje um substituto para a sua ronda, ainda quero o mesmo número de homens nos muros, depois nos encontre na dispensa... Acho que podemos sincronizar tudo isso!

O jovem rapaz dá as costas ao xerife assim que recebe as ordens, Rick por sua vez, achega Glenn para perto de si, puxando-o levemente pela manga do casaco.

— Eu não confio nesse cara, e você sabe muito bem o porquê... – Rick sussurra para que somente o asiático capte a mensagem – Quero que fique de olho nele o tempo todo, principalmente quando estiver perto de Andrea...

Glenn balança a cabeça positivamente, olhando de forma séria para os olhos de Grimes.

— Pode deixar Rick... Sei o que fazer!

*****

— Bom, a Maggie tá puta comigo! Ela até compreende, mas mesmo assim tá bem puta!

Glenn, Rick, Heath, Spencer e Olivia estão na casa utilizada como depósito de suprimentos e munições. Em um quarto rodeado de prateleiras, “os soldados” escolhidos para a missão, suprem-se com o que podem, guardando cada um em sua respectiva mochila.

— Denise também não está nada feliz... – Heath coloca uma garrafa de água e uma lata de atum dentro do bolso maior de sua mochila. O rapaz negro, com o seu já usual cabelo crespo e longo amarrado para trás, utiliza luvas e um manteau de longas mangas para proteger-se do frio – Isso ainda é esquisito pra mim, é o primeiro relacionamento que eu tenho desde que essa merda toda começou...

— Precisamos mesmo de tudo isso? – Interrompe Spencer com as feições cisudas.

Heath o olha com indiferença.

— As mochilas estão pesadas, mas sim, vamos precisar de tudo isso!

— Eu até iria com vocês... – Rick está recostado em uma das paredes próximo a porta – Mas tenho que ficar aqui, caso algo ocorra nos muros... De qualquer forma, não seria capaz de cruzar para o outro lado com isso aqui! – Rick ergue o braço brevemente, revelando o coto direito.

— Cruzar? – Spencer o olha com reprovação – Eu estava pensando em balançar até o outro prédio, não sei se cruzar seria o melhor...

— Rick está certo – Interpõe Heath enquanto arruma o óculos – Não tem nenhum prédio perto alto o bastante para darmos uma de Tarzan com a corda, vamos ter que cruzar por cima, como uma tirolesa... O único problema é conseguir fixar a corda do outro lado.

*****

Após reunirem todos os equipamentos necessários para a empreitada, os três homens dirigiram-se até a parte mais setentrional dos muros, onde um pequeno prédio de dois andares, recostado às últimas placas de metal, serviria como uma boa base para o deslocamento até a parte de fora dos muros. Rick, que tinha inúmeros problemas a resolver, solicitou que Holly e Enid os acompanhassem de perto, resguardando a parte interna de Alexandria, como uma válvula de escape caso algo desse errado.

Em cima do telhado, com a corda presa firmemente envolta de uma chaminé, os ali presentes puderam observar a situação de todo o perímetro que os cercavam. No solo, algumas dezenas de errantes aglomeravam-se nas placas de metal, atiçados pela presença humana há alguns metros de distância deles. Era possível ver também que praticamente toda a comunidade estava cercada pelos mortos, e que todo aquele alvoroço parecia atrair cada vez mais um número maior. No pós-muro, o prédio mais próximo encontrava-se há cerca de vinte metros de distância, provavelmente um antigo comércio, com não mais do que três andares de tijolos antigos. O melhor daquele posicionamento, porém, era que a torre do campanário estava bem próxima a esse telhado, portanto, se conseguissem chegar até o outro lado, seria muito mais fácil efetuar o resgate de Andrea.

Enid era uma garota calada, reclusa, chegara a pouco menos de oito meses e, sem família ou amigos, ainda tentava encaixar-se dentro daquela sociedade utópica. A menina de lisos cabelos negros chegando à altura da sua primeira vértebra lombar e rosto arredondado, acompanhando uma alva pele aparentemente delicada, trazia nos olhos levemente puxados uma decisão que há muito não possuía. As curvas de mulher já despontando no jovem corpo de quinze anos, era um sinal de que o amadurecimento já havia batido a sua porta há algum tempo. Pela primeira vez desde que chegara naquele lugar, Enid sentia-se parte integrante, e com uma .22 firmemente em punho, arma dada pessoalmente por Rick, ela sabia que a missão de ajudar o grupo de resgate era um momento de ruptura. Chegara a hora dela finalmente ser Alexandria.

Fixando os pés em uma parte mais firme do telhado, em busca de equilíbrio pleno, Heath gira a corda no ar três vezes, arremessando-a em seguida com força na direção do outro prédio. O gancho de alpinismo preso à ponta chega até o outro lado milésimos depois, arrastando-se pelos tijolos até finalmente se prender entre dois dutos de ventilação, localizados na parte central da laje.

— Droga! – Lamenta Heath, visivelmente decepcionado – Pelo menos acertei o telhado, espero que esses dutos consigam segurar o nosso peso!

— Acha que a Andrea pode nos ver aqui? – Pergunta Spencer, esticando o olhar na direção do campanário – Não vejo ela na torre...

Glenn está sentado no telhado, no limiar entre o prédio e o solo alguns metros abaixo. Com o olhar voltado para os mortos que esgueiram-se, esticando os braços em uma inútil tentativa de alcançá-lo, o asiático enfim manifesta-se.

— Eu quase já havia me esquecido desde os tempos na prisão... – O rapaz arruma o boné – Os gemidos... Com eles assim, do outro lado do muro... É um som horrível!

— Concordo...

Holly manifesta-se pela primeira vez. Com uma shotgun nas mãos, a mulher de curtos cabelos loiros parece saber muito bem do que Glenn está falando. Ela que desde que chegara a Alexandria, fora designada a trabalhar na construção dos muros, sabe mais do que muitos ali o que é estar diante daquelas criaturas todos os dias. Por noites a fio a forte mulher não conseguira dormir, com todos os gemidos e grunhidos reverberando por sua mente e invadindo os seus pesadelos. Todavia, assim como aparentemente tudo nesse novo mundo, ela conseguira passar por cima de tais dificuldades, pois sabe muito bem que o medo precisa ser controlado em uma dose certa. Se for extrapolado para mais ou para menos, a vida de quem o fizer provavelmente correrá um grande risco.

— Daremos cobertura a vocês, não se preocupem... – Complementa ela.

Heath estica a corda, dando alguns puxões para testar se os dutos onde ela se prendera poderia realmente aguentar todos que por ela passariam.

— Estamos fixos! Chegou a hora...

Enid verifica o nó dado na chaminé a seu lado, passando os dedos brevemente pelo cabo.

— Parece seguro para mim! – Atesta ela.

— Vai dar certo sim... – Manifesta-se Holly novamente – Vamos deixar ela um pouco elevada! – Ela ergue a corda com uma das mãos – Se as coisas piorarem, talvez essa seja a única forma de vocês voltarem, então é melhor tentar preservá-la o máximo possível!

— Me doeu tanto ver Maggie e Sophia chorando quando me despedi... – Glenn passa a mão na nuca enquanto se pronuncia diretamente para Heath – Não é como se eu estivesse indo para o trabalho... Hoje em dia, uma missão dessas pode significar a minha morte, e ela sabe disso... Sabe que talvez não nos vejamos mais... – Heath balança a cabeça positivamente, parece comungar com tudo que o asiático diz – Hoje eu tenho uma esposa e uma filha e, cara eu não quero morrer! Não é por mim, entende? É por elas, é por imaginar o quanto seria doloroso pra elas...

— Denise também ficou assim... Claro que em outras proporções – O rapaz negro sorri brevemente – Eu me envolvi profundamente com ela... Não quero perdê-la! Se passarmos por tudo isso, a primeira coisa que vou fazer quando voltar é pedi-la em casamento!

Glenn também sorri, dando um tapa no ombro do amigo, como que desejando-lhe os parabéns mesmo sem pronunciar uma só palavra.

— O que vocês têm em mente quando estiverem do outro lado? – Pergunta Holly, chamando a atenção dos dois. O asiático é quem toma a palavra.

— Vamos levar os suprimentos, ver o estado da Andrea e aí bolar um plano para afastar os errantes dos muros... Bem simples!

Holly arregala os olhos repentinamente.

— Vocês não tem nada planejado? Só perguntei por...

— Porque está preocupada... – Interpõe-se Glenn – Eu também estou, mas pode confiar em mim... Em mim, na Andrea, no Heath e Spencer... Vamos conseguir dar um jeito! Nós sempre damos um jeito...

Após atestar que poderiam finalmente iniciar a missão, Heath é o primeiro a aventurar-se na corda. Prendendo-se a ela firmemente pelas mãos e pés, o rapaz passara a lentamente deslocar-se em sua extremidade, de costas para o solo, com todo o cuidado necessário para que pudesse manter-se seguro. Glenn partira logo em seguida, com desvelo para que o balanço causado por seu peso não desequilibrasse o companheiro que seguia a frente ou comprometesse a segurança da corda.

— Cada vez que vamos chegando ao meio... – Heath está arfante – A corda começa a ceder mais... – Ele vira o rosto brevemente na direção do solo, observando os errantes famintos, parecendo cada vez mais próximos dele – Merda! Deveríamos ter vindo um de cada vez!

— Não temos tempo pra isso! – Exclama Glenn, logo atrás de Heath – Continua seguindo em frente! Ainda tem o Spencer pra descer e não sei quanto tempo isso vai demorar... Precisamos ser rápidos, não sabemos em quais condições Andrea se encontra!

Abaixo deles, dezenas de errantes sem pudores em exibir suas carnes pútridas em avançado estado de decomposição, lutam por espaço enquanto esticam os braços em um sôfrego desespero. Os olhos leitosos e profundos, rodeados pela parte óssea da base de seus lacrimais, não mais lembram as expressões humanas que um dia tiveram. Os hoje monstros, um dia já foram pessoas que pagaram seus impostos, votaram nos Democratas e assistiram a vitória dos Ravens no Super Bowl. Os mortos que inexplicavelmente voltaram a vida certo dia, tomaram conta do planeta, fincando nele sua bandeira e levando um oceano de horror e morte por onde passaram. Esse novo mundo pertence aos mortos, e não importa quando ou como, eles sempre revindicarão o que é deles por direito.

O peso de Heath e Glenn começa a fazer com que a corda lentamente ceda em sua altura, deixando-os cada vez mais próximos do solo. Apesar de todo o esforço de Enid, Holly e Spencer, que ainda permanece no telhado, as mãos dos errantes já começam a tocar a mochila dos dois, que em desespero, passam a acelerar cada vez mais, tentando alcançar o outro lado antes que fosse tarde.

— Tá muito pesado Glenn, volta! – Heath sente um puxão nas costas, um dos errantes conseguiu segurar em sua mochila.

— Continua indo! Não tem mais como voltar, vai!

O rapaz negro segura firmemente no cabo, empurrando o corpo e conseguindo enfim se livrar da pegada do zumbi. Os dois seguem por mais alguns metros, antes de finalmente conseguirem aportar ao outro lado, felizmente, sem dano algum. Após recuperarem o fôlego, os dois desbravadores sinalizam com as mãos para Spencer, dando o aval para que ele também atravessasse.

Spencer Monroe é filho de Douglas e Regina Monroe, antigos mandatários de Alexandria. O rapaz, que sempre tivera uma vida regrada e nunca precisara encarar o mundo real, já que seus pais foram os primeiros a se instalar na zona segura, teve o primeiro choque de realidade quando assistira sua mãe ser esfaqueada por Pete, o antigo cirurgião da comunidade, que enlouquecera após perder a mulher. Rick havia acabado de chegar com o seu grupo, e depois de ganhar a confiança de Douglas, ficou obvio que o xerife assumiria o posto máximo assim que o seu pai abrisse a guarda. O patriarca Monroe abdicou do cargo, passando-o a Grimes logo antes de se suicidar com um tiro na cabeça, sozinho e trancado em seu escritório.

O interesse por Andrea surgiu logo que batera os olhos naquele rosto sardento. De alguma forma, Spencer achou que haveria uma forte ligação entre os dois, e que inevitavelmente formariam um casal. Sua boa educação e cavalheirismo pareceram encantar a sniper a princípio, mas logo tudo se mostrou apenas uma impressão errada. Não havia muito em comum entre o jovem Monroe e a ex-assistente de um escritório de advocacia, que após revelar sua paixão secreta por Grimes, caiu perdidamente em seus braços ao atestar que o sentimento era recíproco.

Não restou muito mais do que o ódio no coração de Spencer, uma dor que o consumia por dentro, destruindo-o pouco a pouco, devorando cada parte de seu ser. Em seus profundos pensamentos, Rick era o culpado pela morte de seus pais, já que fora o xerife que levara Pete ao extremo, fazendo-o chegar o limiar da loucura. No julgamento que seu âmago proferia, Grimes levara tudo que era mais precioso em sua vida, deixando apenas uma casca oca, do que um dia fora Spencer Monroe.

Assim que chegara à metade da travessia, o filho de Douglas ouviu o único som que não queria escutar de forma alguma, um “snap” repentino que lhe causara um arrepio em toda a espinha. Mesmo com Holly e Enid tentando impedir o acontecido, o cabo acabara rompendo-se em sua base, fazendo com que o corpo de Spencer balançasse até o outro lado, chocando-se contra a parede e derrubando-o ao solo após o impacto.

Caralho! – Grita Heath – Spencer levanta! Pega a corda!

O homem vai erguendo o corpo lentamente, enquanto percebe que os zumbis aproximam-se do local de sua queda, cada vez mais rápido. Os ossos nasais se partiram após a pancada contra o concreto, o sangue escorre por sua face, pingando pela ponta do queixo. Sua cabeça parece rodar tamanha a tontura, ao levar uma das mãos até a testa, percebe que também há um corte nessa região, três centímetros acima do supercílio direito, o que gera um forte fluxo sanguíneo, cobrindo o seu olho com o líquido viscoso. Sem conseguir enxergar com precisão, Spencer leva as mãos trêmulas até a pistola presa a sua cintura, retirando-a e descarregando a arma contra os errantes mais próximos, eliminando pelo menos quatro deles. Ao perceber que a arma não possuía mais balas, lançou a pistola contra o rosto de uma das criaturas, virando-se rapidamente na direção da corda que acabara de arrebentar.

— Rápido Spencer! Segura na corda, nós puxamos você! – Grita Glenn de forma enérgica.

Um dos monstros consegue aproximar-se do homem que parecia não ter forças para sustentar o próprio corpo de pé, com as mãos magras, consegue puxá-lo pela gola de seu casaco, trazendo-o na direção de sua mandíbula, há poucos centímetros de experimentar o sabor daquela carne fresca. Um tiro é disparo, o projétil atravessa o occipital da criatura, eliminando-a de uma vez por todas. Ao olhar rapidamente para trás, o rapaz consegue observar Enid e Holly, habilmente exterminando os errantes que tentavam devorá-lo. Spencer ganhara agora uma sobrevida, a cobertura dada pelas garotas poderia dar a ele o tempo necessário para salvar-se.

Utilizando o dorso de uma das mãos para tentar enxugar o sangue que lhe cobria a visão, Spencer agarra-se a corda, aguardando ser erguido pelos dois companheiros localizados no telhado. O seu corpo começa a subir lentamente, arrastando-se pela parede, fazendo com que o sangue de sua face pinte parte do concreto com um vermelho vivo. Uma das insistentes criaturas consegue prender sua mão no tornozelo de Monroe, puxando-o para baixo com toda a força que possuía.

— Não... Não... – Balbucia Spencer, as mãos cerradas ainda mais fortes no cabo – Depressa! Depressa! Eu não quero morrer aqui! – Vocifera em meio ao desespero.

Heath e Glenn esforçam-se ao máximo para não deixar que Spencer sucumba ante ao errante, porém, sem muito apoio para prender a corda, ficara muito difícil lutar contra o contrapeso gerado pelo movimento contrário do patife que o prendera.

— Eu não consigo... – As mãos de Glenn queimam enquanto a corda desliza por ela. O suor causado pelo nervosismo só viera a atrapalhar, e a essa altura, parecia muito difícil que ele e Heath conseguissem erguer o peso do homem que implorava pela vida.

— Continuem puxando!

A frase bradada com fulgor desperta a atenção dos dois que estavam prestes a desistir de sua empreitada. De pé, com a corda enrolada na cintura, Andrea utilizara um dos dutos de ventilação do telhado para fixar os pés, dando a ela muito mais apoio para valer-se de toda a sua força na ajuda a Spencer. A face levemente alongada, com as inconfundíveis sardas na maçã do rosto, mostra-se decidida a finalizar o que já havia sido iniciado. Segurando firmemente o cabo, ela, Heath e Glenn, conseguem após muito esforço erguer Spencer em segurança, ajudando-o a chegar finalmente ao telhado.

— Merda... Merda... – O homem que quase perdera a vida está ofegante, o corpo totalmente recostado sobre a laje do prédio, ainda tentando recuperar-se do ocorrido.

Após enxugar a testa, Andrea arruma o loiro rabo de cavalo, exprimindo um leve sorriso antes de pronunciar-se.

— E então rapazes, foi um belo plano... Mas o que fazemos agora? – Ela vira o olhar na direção de Spencer, que segue na mesma posição – Você tá bem?

— Eu quebrei o meu nariz... – Lentamente ele começa a erguer-se – Queimei as mãos nessa corda... E perdi um sapato...

Andrea o interrompe.

— É, você está bem!

Heath toma a frente, caminhando rapidamente para o parapeito, assim que nota algo que o faz tremer na base.

— Mas que porra foi essa?

Ao olharem ao longe, na direção dos muros, conseguem observar uma grande quantidade de errantes deslocando-se na mesma direção. Como uma única célula viva, os monstros parecem aproveitar uma brecha em uma das placas de metal para desesperadamente tentarem adentrar de vez a comunidade.

— Vocês conseguem ver alguma coisa? – Indaga Glenn, todos parecem sem palavras, boquiabertos com o que assistem sem nada poderem fazer – Será que tinha alguém ali? Eu na consigo ver nada além dos mortos...

— Tá muito longe... – Manifesta-se Andrea, atemorizada – Só consegui ver o muro tombando e os errantes se aglomerando... Não dá pra saber... – Ela recosta uma das mãos no braço do asiático – Glenn...

— Não, não... – Repete o rapaz em um tom baixo, como se fosse para ele próprio – Maggie, Sophia...

— Não tem nada que possamos fazer, pelo menos não agora... – Volta a dizer a sniper – Estamos muito longe, não podemos nos precipitar!

— Eu sabia que alguma coisa ia acontecer... – Glenn parece ignorar completamente o que acabara de ser dito – Eu não conseguia tirar isso da cabeça, vinha sonhando todas as noites com algo assim... – Seus olhos se enchem de lágrimas – Se alguma coisa acontecer com elas Andrea, eu não vou conseguir... Não consigo imaginar minha vida sem elas...

— Nada de ruim vai acontecer... – Patenteia a atiradora de elite – Rick está lá, e não está sozinho... Michonne, Abraham, Morgan, Carl... – Ela caminha na direção do asiático – Nós protegemos uns aos outros, lembra? Morremos uns pelos outros... Eles nunca deixarão nada acontecer a elas!

Tomando postura de liderança, a mulher de lisos cabelos loiros, respira fundo antes de prosseguir falando, dessa vez direcionando o discurso a todos naquele telhado.

— Pelo que pude ver, Enid e Holly não estão mais ali – Ela aponta para o prédio que outrora servira como apoio para a missão de resgate – Isso significa que provavelmente elas precisaram descer para ajudar a combater os mortos que entraram... Não foram poucos, eu sei, e mais devem chegar a cada minuto... – Todos a escutam com atenção – Vai amanhecer em breve, até lá o melhor é ficarmos aqui... Já temos provas suficientes de que podemos confiar nossas vidas aqueles que estão do lado de dentro dos muros, portanto, acredito que eles consigam suportar algumas poucas horas sem nossa ajuda! No escuro não seremos úteis... Precisamos contar com a luz do sol como aliada...

Após uma breve análise de cabeça fria, todos concordaram com a ideia proposta por Andrea, já que ficara claro que agir por impulso naquele momento, só faria com que mais vidas fossem postas em risco. Glenn recostara-se sobre a própria mochila, olhando para o céu enquanto perdia-se em devaneios imaginando o que poderia estar acontecendo do lado de dentro dos muros, torcendo acima de tudo para que Maggie e Sophia ainda estivessem com vida.

Heath afastou-se dos demais, tentando conseguir uma visão mais ampla do horizonte, utilizando os binóculos para tentar enxergar qual o tamanho real da manada que causara tantos danos a Alexandria, e se havia alguma chance, mesmo que remota, deles conseguirem superar isso. Assim como o amigo asiático, sua mente fragmentara-se em duas partes, uma tentava seguir-se fixa no objetivo proposto, concentrando-se ao máximo para não perder o foco, enquanto a outra só refletia Denise Cloyd. Ele só conseguia pensar em como queria abraçá-la, sentir o seu afago, beijar a sua boca. Já havia decidido que a pediria em casamento, e desejava com todas as suas forças que aquele pesadelo terminasse logo, para que pudesse reencontrar a mulher que tanto o fazia feliz.

Andrea posicionara-se no parapeito, utilizando a mira de seu rifle sniper para tentar apurar o que poderia estar ocorrendo dentro de Alexandria. Não queria demonstrar a preocupação inerente que sentia por Rick e Carl, algo que a fazia querer descer daquele prédio imediatamente, mas também sabia que não podia deixar-se levar. Repetia diversas vezes em sua mente, a frase que proferira a Rick em uma conversa logo após a primeira transa dos dois: “Não importa o que aconteça Rick, nós não morreremos...”.

Assim as horas foram se passando, e lentamente a luz do sol começou a surgir, ainda tímida entre cinzentas nuvens.

— Se pegarmos um carro e passarmos por cima dessas coisas... – Andrea está de pé, com o rifle em punho, observando todo o perímetro atrás de sua mira, a seu lado está Spencer, com as mãos nos bolsos, ouvindo o que mulher tem a dizer – É provável que fiquemos presos, e se começarmos a atirar, mais vão se aglomerar, talvez aticem os que já estão lá dentro... – Ela balança a cabeça negativamente – Não sei ao certo o que fazer... Boa parte dos errantes já entrou, e mais surgem a cada minuto... Droga, eles já estão lá dentro, o que podemos fazer?

— E quem disse que precisamos fazer alguma coisa? – Indaga Spencer de forma séria – Porque simplesmente não vamos embora daqui?

Andrea arregala os claros olhos, assustando-se com a frase cuspida por Monroe.

— Tá dizendo pra deixarmos eles? – Pergunta incrédula – Que tipo de sugestão é essa? Glenn tem uma filha, e esposa... Ele nunca as deixaria pra trás!

Spencer aproxima-se da mulher que ainda não parece acreditar no que ele acabara de dizer.

— Eu não pedi para Glenn e Heath virem até aqui... – Ele baixa o tom de voz, direcionando uma das mãos até o rosto de Andrea – Aquele maníaco doente não te merece Andrea! Podemos aproveitar essa oportunidade... Só eu e você, podemos fazer...

Andrea interrompe o seu sórdido discurso com um cruzado de direita violentíssimo, acertando o nariz anteriormente machucado e lançando o homem ao solo, em meio a uma cachoeira de sangue que volta a escorrer de seu ferimento.

— Babaca! Nunca houve “eu e você”!

— Ei... Calma! – Glenn corre na direção de Andrea, tentando mediar uma possível briga que pudesse surgir, porém, nenhum dos dois resolveu manifestar-se a respeito do ocorrido.

— Precisamos agir agora! – Diz Andrea tentando focar-se no problema maior – A invasão foi gerada por uma das placas de metal que acabou tombando, isso chamou a atenção da maioria dos errantes... Se formos rápidos e utilizarmos nossa inteligência, podemos chegar sem dano algum até os portões... Uma vez lá dentro vamos poder ajudar a limpar as ruas... – Ela respira fundo – Tenho certeza que é isso que Rick está fazendo nesse momento!

Glenn retira o boné, passa a mão nos volumosos cabelos e assevera em seguida.

— Eu e Heath somos rápidos... – Ele recoloca o chapéu – Podemos atrair um grupo maior para alguma rua distante enquanto vocês terão o caminho livre até os portões...

— E como vocês vão se livrar deles? – Questiona Andrea interessada na montagem do plano.

— Uma das saídas da cidade está bloqueada por alguns carros... – Responde Heath – Nós podemos atraí-los até lá e usar os próprios veículos como empecilho para os errantes!

— Parece realmente uma boa ideia... – Andrea parece esperançosa – Vamos nos dividir então, vocês vão na frente, eu e Spencer descemos logo em seguida, indo diretamente para dentro da comunidade... – Ela olha novamente para Glenn – Está armado?

Ele levanta parte do casaco, mostrando a pistola na cintura juntamente a um facão. A líder do pequeno grupo sinaliza positivamente com a cabeça, autorizando a descida dos dois que prontamente a obedecem.

— Vocês sabem do risco... Só atirem como último recurso, disparos só vão piorar a situação dentro e fora de Alexandria. – Complementa a mulher loira.

Uma vez de volta as ruas, Glenn e Heath partiram na frente, tentando chamar a atenção do maior número de errantes possível, seguindo o plano de afastá-los do perímetro da comunidade. O número de criaturas diminuíra bastante, muito provavelmente pelo fato de grande parte deles ter conseguido entrar pelas falhas no muro. Pela primeira vez era mais seguro estar do lado de fora do que na parte interna daquelas placas de metal.

Spencer e Andrea partiram logo atrás, com a sardenta na linha de frente, erguendo o rifle sempre em posição de disparo, pronto para o menor sinal de perigo. Com a mão direita integralmente cobrindo o nariz quebrado, o primogênito dos Monroe seguia quieto, entristecido por tudo o que ocorrera a pouco no telhado do prédio. Não conseguia aceitar o fato de ter sido “trocado” por Rick, e ainda não entendia o motivo de Andrea ter achado sua proposta de fuga tão indecorosa. Virando o rosto para todos os lados, estremecia a cada morto vivo que se aproximava, e que logo era eliminado pela destreza sem igual da sniper.

— Tenta ficar calmo... – Disse ela após acertar uma coronhada em uma das criaturas, arrebentando o seu osso temporal e espalhando fluidos pelo asfalto gelado – A maioria dos bichos está lá dentro ou esbarrando na cerca para tentar entrar... Esses poucos aqui são moleza, vê se não faz merda!

O homem tenta respirar fundo, mas a cada movimento nasal, sente como se houvesse cacos de vidro sob sua pele.

— Eu só não estou acostumado a estar aqui fora... – O seu olhar escancara o medo que ele sente em todos os poros – É perturbador...

Andrea sorri, deixando a cicatriz, de quase seis centímetros, no lado esquerdo do rosto ainda mais aparente.

— É, realmente é perturbador...

Tal marca de guerra fora adquirida quando um sádico homem, de nome Brian Blake, juntamente a seu grupo de milicianos, tentara invadir a comunidade de Andrea e Rick, que na época residiam em uma prisão. O tiro disparado por um dos capangas daquele que referia a si mesmo como Governador, por pouco não acertara sua cabeça em cheio, atingindo apenas de raspão a lateral de seu rosto.

— Você ouviu isso? – Uma série de compassados sons secos chamam a atenção de Spencer – Eles estão atirando lá dentro?

— Precisamos achar Glenn e Heath, não temos mais tempo...

Os dois aceleram o passo deslocando-se na direção contrária a qual seguiam até o momento, sempre atentos as movimentações hostis ao redor. Andrea acerta mais um errante que atravessara o seu caminho, derrubando-o ao chão após um golpe com o rifle e desferindo vários pontapés contra o crânio da criatura, esmagando-o. Ao tomarem uma rua paralela que os levariam até um antigo túnel de acesso, Spencer e Andrea dão de cara com aqueles que procuravam, a passos rápidos achegando-se na direção dos dois.

— O que aconteceu? – Pergunta Glenn – Ouvimos os tiros e resolvemos voltar... Não haviam muitos deles por aqui, mas ainda assim conseguimos afastar um dúzia para o bosque... Já é alguma coisa!

— Já está na hora de voltarmos, não importa o quão perigoso esteja aqui ou lá... – Exclama a atiradora – A situação deve estar bem feia, precisam de nós! Não vai haver tempo para hesitações... – Ela olha diretamente para Monroe – Vidas estão em jogo... Vamos!

Os quatro seguem em direção aos portões. Com os facões em punho, Heath e Glenn abrem caminho, destruindo têmporas e decepando cabeças, enquanto Andrea portando o rifle cobre os dois que com a velocidade e esperteza que lhes é comum, conseguem mapear o melhor trajeto para alcançarem o mais rápido a entrada da comunidade. Ao olharem pela grade, todos puderam finalmente atestar o real estado de periculosidade em que Alexandria se encontrava.

Do lado de dentro, centenas de errantes deslocavam-se para a parte mais central da comunidade, aglomerando-se praticamente em um único ponto, enquanto que uma grande quantidade de desgarrados caminhava a esmo pelas ruas. Era possível ver o sangue na parede das casas, as cabeças esmagadas pelo chão, os corpos podres já sem vida daqueles que já haviam sido exterminados.

— Deus... – Embasbaca-se Andrea – Os mortos parecem estar em um frenesi, alguma coisa está causando isso...

Antes que pudesse terminar a frase, a mulher apruma a visão na direção em que a grande quantidade de zumbis se encontra e vê algo que traz a esperança de volta a seu coração. A lâmina da espada de Michonne pode ser vista ao longe, atravessando um crânio, enquanto logo é direcionada até a jugular de mais um patife. O taco empunhado por Abraham também é contemplado enquanto desce com violência no meio do parietal de um errante, acertando logo depois o temporal de outro. A machadinha de Rick é igualmente enxergada, quando violentamente é retirada da cabeça de uma criatura, jorrando sangue no rosto de seu dono.

Michonne, Abraham, Rick, Eugene, Holly, Enid, Aaron, Eric e até mesmo o Padre Gabriel, encontram-se exterminando com afinco a exorbitante quantidade de errantes que tentam se apossar da comunidade. Ao olhar para aquilo, Andrea sente algo tomar conta de si, ela consegue perceber o quanto aquele lugar significa para todos ali, e o quanto aquelas pessoas estão dispostas a arriscar para manter a zona segura de pé. O tempo de fugir e se esconder já passara, agora era preciso lutar pelo o que é seu.

— Preparem-se – Diz ela com os dentes cerrados – Temos uma comunidade para tomar de volta... Alexandria é nossa!


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Notas finais do capítulo

Hei!

E então, gostaram?

Esse capítulo, além de servir como complemento para o anterior, também serviu para embasar alguns personagens que irão ganhar mais destaque com o passar dos capítulos...
Em minha humilde opinão, ele até que ficou legal...

Até o próximo... Kiitos!



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