The Swan Sisters Saga escrita por miaNKZW
Pelo silêncio que reinava soberano na casa de Paul e em toda aldeia lá fora, eu soube que era noite e que todos já estavam dormindo. A chuva fina era tudo que quebrava a quietude do lugar e que de alguma forma me entretinha. Forcei para me concentrar e encontrar o som das ondas mais adiante, que levadas pelo vento batiam forte contra as areias da praia. O vento. Senti tanta falta da sensação do vento no meu corpo, a brisa morna de La Push em meu rosto, fazendo meus cabelos voar. Respirei fundo e desejei pelo vento.
“Venha!” – eu pensei. E então, sem demora, ele me respondeu batendo na janela do quarto como alguém que pede para entrar. – “Venha até mim.”
E o vento me ouviu, bateu apenas mais uma vez contra a janela e ela se abriu.
De repente senti um cheiro forte de rosas, não o cheiro de rosas frescas molhadas de orvalho, sentia o cheiro de rosas mortas. Senti então uma respiração muito próxima de mim, mas não me assustei, apenas fechei meus olhos e lânguida deixei que me tocasse em um abraço, então uma voz me falou ao ouvido e meu corpo gelado tremeu.
_ Você tem certeza? - Ele perguntou.
Lembrava de tudo agora, era ele. Damon...
Damon era o único que podia me ver, o único que sabia que eu ainda estava aqui. Talvez o causador desse tormento que era minha vida agora, se é que poderia chamar de vida. O homem que me enganou e que continuava a me perseguir, que com seus dentes afiados mudou minha vida, me tirou o sangue, me tirou a luz.
_ Damon? O que...
_ Shhh... apenas diga, diga o que quero ouvir.
_ Tenho. – respondi, eu só queria voltar - Dê-me mais um beijo e a eternidade da noite para o resto de minha vida. - Afinal de contas, o que poderia piorar?
Foi então que ele me deu a terceira mordida, a que não me deixaria mais acreditar nas coisas na qual eu acreditava e, eu morri pela terceira vez naquela noite.
Um fio de dor foi tudo que senti depois. Afiada e fria, mas só um fio de dor foi o que ficou depois que seus dentes penetraram a pele de meu pescoço. A dor foi se espalhando devagar e o frio deu lugar ao calor. Senti cada parte do meu corpo acordando, como se o sangue voltasse a correr em minhas veias depois de muito tempo. Meu coração batia forte e meus olhos se abriram. Pisquei várias vezes tentando me acostumar com a escuridão, meus olhos gostavam do que viam, uma noite muito mais viva e sem segredos. Os sons também eram outros. Eu não tinha medo, sentia sede, muita sede mesmo. Fui até a cozinha, abri a geladeira e só de olhar vi que não queria água, até tentei beber, mas... não deu. Estava com fome e comi um grande bife, estava cru, só depois me dei conta. Estava muito inquieta e comecei a andar de um lado para outro pela casa, na verdade eu queria alguma coisa, só não sabia o que.
A lua brilhava no céu e eu queria sair, mas ao invés disso, fiquei por horas sentada no sofá olhando para o nada. Vi toda minha vida passar pelos meus olhos, coisas boas e ruins. Lembranças para serem lembradas e outras tantas para serem esquecidas. As lágrimas desciam seguindo o caminho até minha boca e eu soube que aquele era o sabor de minhas recordações. De repente uma voz me fez voltar:
_ Então?
_ Pensei que tivesse saído...
_ E saí – Damon disse sentando-se ao meu lado e num gesto inesperado enxugou meu rosto lentamente, como se gostasse da sensação de nossas peles juntas novamente - Venha comigo. – ele, por fim, pediu.
Eu estendi a mão e toquei a sua, era fria e macia e suave e tão forte ao mesmo tempo. Damon segurou minha mão tão delicadamente que cheguei a me emocionar, pediu que eu fechasse os olhos e confiasse nele. E assim o fiz. Foi um piscar de olhos e quando me dei conta estava na beira do mar e a água molhava meus pés, comecei a caminhar pela areia e finalmente sentia o vento em meus cabelos soltos. A lua banhava o meu corpo, toda volúpia do vento dançava sobre minha pele que se arrepiava em resposta. Olhei para a lua, tão majestosa e imponente na noite, se sobressaía e orquestrava as estrelas, o vento que trazia o cheiro do mar. Me senti encantada com a beleza das cores, dos cheiros e das sensações daquela noite.
Deitei na areia, respirava devagar e com os olhos fechados senti novamente as mãos de Damon sobre as minhas.
_ Você pode abrir os olhos agora.
_ Agora, eu não quero.
Então, senti a boca, as mãos, e depois todo o resto de seu corpo sobre mim, eu sentia prazer ao mesmo tempo que minha alma parecia flutuar sobre nós. Eu não sabia mais e nem importava quem era ele e o que ele havia feito. Naquele momento, com sede e fome, apenas me entreguei àquela vontade. Mordi a pele de Damon devagar, e senti o gosto doce de seu sangue em minha boca, segurando-o forte com todo meu corpo, mordi mais forte, ele suspirou, olhou nos meus olhos me incentivando, e meu corpo parecia explodir de tanta vida, e eu só queria mais. Mas de repente ele parecia querer escapar, parecia ter medo e lutava, eu não entendi e ele me deteve.
_ Devagar – Damon disse ofegante e sorriu. Eu gargalhei.
Acordei de novo no quarto, o gosto de Damon ainda estava em minha boca o que só aumentava minha sede. Agora eu sei o que eu sou e tenho certeza do que eu quero. Só estou esperando a lua ficar cheia...
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