The Swan Sisters Saga escrita por miaNKZW


Capítulo 55
Capítulo 3 - Ivy




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Ivy

 

 

_ Você acredita em reencarnação, tia Maggie?

_ Ah... Ivy querida! Mas que pergunta difícil! Eu não sei lhe dizer... já vivi tempo demais nesta vida e acho que não poderia suportar outra como esta! Mas de qualquer forma, eu acredito que só temos uma chance, sabe? – o rosto de Maggie se contraiu com a triste lembrança do inicio de sua vida sobrenatural, mas ela parou antes que a melancolia lhe tomasse e sorriu largamente, assumindo o bom humor que lhe era tão característico – Por isso, temos de nos esforçar para sermos bons e tentar crescer o máximo que conseguirmos; você me entende meu bem? – Ivy parecia perplexa com as palavras que acabara de ouvir, então Maggie continuou - Mas quem sabe, não é mesmo? Por que você pergunta isso?

_ Bem... é que... eu tenho esses sonhos, sabe?

Maggie sorriu novamente e acenou em afirmação.

_ Eu me lembro de você ainda muito pequena quando começou a falar nesses sonhos...

_ É... faz tanto tempo que eles fazem parte de minhas noites que eu não saberia dizer quando começaram, talvez desde o dia em que nasci... é como se eles fossem uma outra vida. Como se eu fosse outra pessoa, em outro lugar...

As noites de Ivy eram sempre repletas de aventuras. Seus sonhos a remetiam a lugares distantes e exóticos, lugares que ela nunca havia estado e muitas vezes que ela sequer imaginava que podiam existir. Algumas vezes, Ivy se via como uma bela mulher com longos e negros cabelos, forte e sedutora, pele clara como a neve e sanguíneos olhos vermelhos. Outras vezes, ela era uma pessoa totalmente diferente, quase oposta, loira com a pele dourada pelo sol – e essa era versão que Ivy mais gostava, pois nesses sonhos ela se via num lugar maravilhosamente ensolarado, rodeada pela natureza e por criaturas selvagens.

O que mais abismava Ivy era o realismo em seus sonhos. Algumas vezes, era capaz de jurar que estava acordada, mas todas as manhãs ela tinha a mesma decepção, seus olhos se abriam deparando-se com a fria realidade de sua vida “Moscou... eu ainda estou em Moscou!”.

_ Você continua sonhando com aquelas crianças? - Maggie se lembrou das historias que Ivy costumava contar quando criança e os sonhos que a faziam acordar com aquele belo sorriso que há tanto tempo não era visto em seu rosto - Ainda sonha com seus filhos? – perguntou ironicamente.

_ Ah... não exatamente! – Ivy fez uma breve pausa tentando decifrar o semblante curioso de sua babá – Eles já cresceram agora, sabe? E estão bem diferentes... às vezes, é só um garoto e às vezes, é um casal... eu não sei dizer!

_ Três! Sim, sim. Eu me lembro dos três, uma menina e dois menininhos... você chegou a dar-lhes nomes, lembra? Ahnn... como era mesmo? – Maggie pausou pensativa - EJ e...

_ Nessie! – Ivy completou imediatamente com um lindo sorriso nos lábios – E Nate...

_ Nate... – um arrepio lhe percorreu a espinha e então Maggie repetiu o nome com rispidez – Nate! De onde é que você tirou esse nome Ivy? – ela perguntou irritada.

A memória de Maggie retrocedeu quase um século atrás e ela se recordou de um antigo amigo que se fora há muito tempo, Nathan. Um lobisomem que havia se voltado contra os Loup Garou e que para tristeza de Maggie e de muitos outros havia sido assassinado por Jean. 

_ Qual deles?

_ Nate. – afirmou seca – Não tinha outro nome para inventar, não?

_ Ah, tia Maggie! – Ivy levantou os braços em descrença revirando os olhos - Eu já disse que eu não inventei nada disso! Foram eles que me falaram... - forçou a voz para soar mais séria - Meus sonhos! – depois gritou quando percebeu que Maggie já havia se retirado do quarto e rumado para a cozinha. 

 

 

 

Nos arredores da fria Moscou mais um dia cinza surgia enquanto Ivy observava os flocos de neve pousando sob a limusine estacionada frente ao portão. Um homem alto e pálido esperava ao lado da porta vestido num smoking e usando um quepe antiquado. Mesmo debaixo da neve incessante que caia do céu ele não se movia sequer um centímetro.

“Quão insensato Jean pode ser? Pobre Jonas...” – pensou Ivy sem tirar os olhos do local.

Um clique anunciou o sinal que o chofer esperava. Jonas rapidamente abriu um guarda chuvas e se dirigiu para a porta de entrada da Mansão ao estilo colonial que se destacava em meio as arvores banhadas de neve.

Alguns minutos depois Jonas voltou, abriu a porta da limusine e esperou que Jean lançasse um ultimo olhar em direção a janela do quarto de Ivy antes de fechá-la novamente; então rodeou o veículo, abriu a porta do motorista e como se pedisse desculpas acenou com a cabeça para Ivy deixando um leve sorriso escapar de seus lábios. O carro partiu devagar e o som de seu motor ficou cada vez mais fraco.

Ivy suspirou profundamente e se ressentiu por não ser mais forte, pois assim as grades soldadas nas janelas de seu quarto não lhe seriam de tamanho empecilho como eram agora.

 

 

 _ O que você pensa que está fazendo em meu escritório?

 

 _ Oh! Eu...

 

 _ Sua insolente! Quantas vezes eu tenho que lhe falar que você não pode entrar aqui? Por que você insiste em me desobedecer o tempo todo Ivy?

 

 _ Jean... eu...

 

 _ Cale-se! Estou cansado de suas desculpas!

 

Os gritos cheios de raiva de Jean eram tão assustadores que enquanto caminhava para a porta Ivy esbarrou na escrivaninha derrubando os belos suvenires lupinos que Jean tanto adorava. 

 

_ Meu lobo de prata! – gritou Jean enquanto acariciava os pedaços de gesso da centenária estatueta de lobo espalhados pelo chão – Como? Como você pode ser tão desajeitada e imprestável? O que foi que eu fiz de errado para merecer esse castigo? – Jean gritava a todos os pulmões – Todo o dinheiro e todo o tempo que eu perdi com você! Tudo perdido e inútil! Inútil como você! FORA!! – ele apontou para a porta – Saia daqui antes que eu te deixe em tantos pedaços quanto este gesso! – ele ameaçou Ivy enquanto esfarelava os pedaços da escultura em suas mãos – FORA! Saia daqui antes que você quebre tudo!

 

 

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Ivy e parou sobre seus lábios que se apertados com força prendendo o grito de desespero que se forçava para fora de seu peito. Seus cabelos avermelhados brilhavam sob os poucos raios de sol que conseguiam adentrar em seu quarto, Ivy fechou seus lindos olhos verdes e tentou aproveitar cada instante da alegria que o calor do sol lhe proporcionava enquanto se imaginava em umas das ensolaradas praias que sempre habitavam seus sonhos. O som de alguém batendo à porta lhe despertou do transe.

_ Ivy querida? Posso entrar? – Maggie chamou.

_ Arran... – ela murmurou se jogando sobre a cama.

_ Oh! Não fique assim meu bem! – Maggie tentava consolar – Não é tão ruim quanto parece!

_ E como você sabe tia Maggie? Você já se casou alguma vez? – Ivy acusou e logo se arrependeu de sua crueldade quando viu o semblante triste de Maggie – Desculpe-me... não foi isso que eu quis dizer. É só que... bem... você nunca foi obrigada a se casar com um homem desprezível como Giacomo.

_ Eu sei querida! Eu sei o que você quis dizer, não precisa se desculpar, meu bem. Você é tão doce!

_ Oh, tia Maggie! Por que meu pai me odeia tanto? – lamentou Ivy, desconsolada.

_ Não! Não! Não fale assim Ivy! Jean não te odeia! Ele é seu pai!

_ Mas por que ele me trata assim? – ela já não conseguia conter a lagrimas que jorraram deixando seus olhos avermelhados – Por que Jean quer que eu me case com Giacomo mesmo sabendo que eu o odeio? 

_ Bem... você sabe o que Jean espera desse matrimonio, meu bem.

_ Netos! – Ivy disse afundando o rosto no travesseiro e soltando um sonoro lamento – Alguém mais forte do que eu! Mais ágil e habilidosa! Alguém mais parecido com ele! Mas se ele quer tanto um monstro por que é que ele mesmo não faz um filho que seja realmente dele?

_ Do que você esta falando criança? – Maggie questionou surpresa com as palavras de Ivy.

_ Tia Maggie! Eu sempre soube como eu fui criada! – Ivy aguardou a negação de Maggie não veio dessa vez então continuou – Eu sei que fui criada em um laboratório! Eu sou um dos experimentos de Jean, o único que deu certo... Ou errado, pelo que parece... bem, sou o único dos experimentos dele que sobreviveu, não sou?

_ Mas como...

_ Descobri o segredo do cofre dele... aquele que fica escondido atrás do quadro. – explicou – É a data do meu nascimento, quão irônico é isso? Jean me odeia e claramente preferia que eu nunca tivesse existido e ainda assim usa a data em que eu nasci para guardar os registros de suas mais maléficas ações, suas mentiras! Eu li os arquivos e as anotações que ele guarda lá dentro!

_ Ivy! Por que você fez isso? Se Jean descobrir...

_ Eu estarei morta é isso? Então que ele descubra! Eu prefiro morrer a ter de suportar as mãos de Giacomo sobre o meu corpo!

_ Ivy! Não! Pare com isso! – Maggie usou um tom autoritário e se levantou bruscamente – Eles já devem estar chegando. Você precisa se arrumar, Jean quer que você esteja ao menos apresentável quando seu noivo chegar. Vamos, vamos... – ela puxava Ivy pelo braço enquanto passava os olhos pelo armário procurando por um vestido.

A contra gosto Ivy fez o que Maggie lhe pedira e com sua ajuda, se arrumou e se vestiu. O vestido vermelho que Maggie escolhera ressaltava o belo tom rosado da perfeita cútis de Ivy, além de intensificar a forma de seu corpo completamente modificado pela puberdade. Seus olhos verde-esmeralda ficaram ainda mais evidentes quando Maggie prendeu seus cabelos vermelhos num coque alto, arrematando-o com uma presilha no mesmo tom esverdeado. 

_ Pronto! – Maggie exclamou – Você esta linda Ivy!

_ Humm...

_ Agora só falta um sorriso...

Ivy tentou forçar um sorriso como Maggie lhe pedira sem encontrar a força necessária, então se lembrou de algo que lhe chamara a atenção outro dia e quis aproveitar o raro momento a sós com sua babá.

_ Tia Maggie?

_ Sim querida – Maggie respondeu concentrada na arrumação do quarto.

_ Quem são A. e B. Swan?

_ O que?

_Meus progenitores... – Ivy completou enfatizando enquanto Maggie se aproximava para se sentar junto a ela – Nos arquivos de Jean... eu li que meus progenitores são A. e B. Swan. São meus pais, não são?

_ Não. Não no seu caso, meu bem... eles provavelmente são os doadores...

_ Doadores?

Maggie sorriu em afirmação e deixou um leve beijo na bochecha de Ivy

_ Querida... eu devo lhe dizer que não os conheci, para falar a verdade, eu não tenho idéia de quem eles são! Quando Jean me trouxe para cá você já existia, eu nunca perguntei nada. Você sabe como Jean odeia perguntas e ele também nunca me contou nada a respeito.

Maggie nunca conheceu Bella e Angel Swan e não sabe muita coisa a respeito da origem de Ivy, somente que ela é especial e que fora gerada por uma humana – uma barriga de aluguel – que depois do parto foi sacrificada para “alimentar” Ivy. Mas mesmo ainda um bebê recém nascido, para o desgosto de Jean, Ivy se recusou a beber sangue humano.

_ Mas doadores? Tipo... inseminação artificial ou... fertilização in vitro?

_ Uhunn... mais ou menos. Eu não sei lhe dizer direito, mas pelo que entendi você é uma espécie de cópia ou... – Maggie hesitou por um momento parecendo confusa – Clone! É isso! Essa é palavra!

_ Eu... eu sou um clone?

_ Ahn... mas... Oh, querida... por que não paramos por aqui, huh? – Maggie tentou desconversar temendo ter revelado mais do que devia.

_ Não tia Maggie! – Ivy chorou, sua voz suplicante como de uma criança – Eu preciso saber mais...

_ Mas eu não sei de mais nada, meu bem!

_ Tem certeza?

_ Humm... Ivy, Ivy – Maggie balançou a cabeça e depois suspirou derrotada cedendo aos olhos pedintes da híbrida – Deixe-me ver... – ela pareceu divagar por alguns instantes – Ahn... até onde eu sei... Giacomo foi quem conseguiu as amostras de sangue das quais você foi clonada.

_ Giacomo? Então é por isso que Jean me prometeu a ele?

_ Por isso e também por causa das habilidades do próprio Giacomo. Ele é o braço direito de seu pai lá na França, você sabe disso. É ele que comanda toda a aldeia e cuida dos negócios de Jean. E Jean não confiaria um cargo de tamanha importância a um reles lobisomem.

 

 

Lá fora o ronco do motor da limusine anunciava a chegada de Jean e Giacomo.

 


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Notas finais do capítulo

CAPÍTULO CAPÍTULO BETADO PELA MARAVILHOSA BELLS MASEN!!
THANKS BELLS!!!



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