EPDV BELLA 

Angel não sabia que os Cullens conheciam sua recém descoberta irmã. E Bella - que sempre acreditou que sua irmã falecera ao nascer - não fazia idéia da existência de Angel, e muitos menos que ela era fora acolhida por sua futura família. Este e o próximo capítulo contam como foi o reencontro de Angel e Bella, o primeiro é sob o ponto de vista de Bella.

 

_ Charlie, eu sei que as coisas estão fora de ordem. Tradicionalmente, eu devia ter te pedido antes. Eu não tenho a intenção de te desrespeitar, mas já que Bella já disse sim e eu não quero menosprezar a escolha dela nesse assunto, ao invés de te pedir a mão dela, eu te peço sua benção. Nós vamos nos casar, Charlie. Eu a amo mais do que tudo no mundo, mais do que a minha própria vida e graças a algum milagre ela me ama da mesma forma. Você nos dará a sua benção? - Ele soou tão seguro, tão calmo.

Por apenas um instante, escutando àquela absoluta certeza na voz dele, eu experimentei um raro momento de insight. Eu pude ver rapidamente a forma que todos olhavam pra ele. Durante um bater de coração, essa noticia fez total sentido. E ai eu vi o rosto inexpressivo de Charlie, os olhos dele agora estavam grudados no anel.

Eu prendi a respiração enquanto a pele dele mudava de cor - de normal a vermelha, de vermelha a roxa, de roxa a azul, eu comecei a me levantar - eu não sei o que eu estava planejando fazer; talvez executar a manobra Heimlich para ter certeza de que ele não estava engasgando, mas Edward apertou minha mão e murmurou:

_ Dê um minuto a ele – tão baixinho que só eu pude ouvir.

Dessa vez o silêncio foi muito mais longo. Então, gradualmente, tom por tom, a cor de Charlie voltou ao normal. Os lábios dele se comprimiram, e suas sobrancelhas se uniram; eu reconheci sua expressão, ‘pensando profundamente’. Ele nos estudou por um longo momento, e eu senti Edward relaxar ao meu lado.

_ Acho que não estou tão surpreso - Charlie murmurou - Eu sabia que teria eu lidar com isso em algum momento em breve.

Eu soltei o ar.

_ Você está certa disso? - Charlie quis saber, me encarando.

_ Eu tenho cem por cento de certeza de Edward... - eu o assegurei sem perder tempo.

_ Mesmo assim, se casar? Pra que a pressa? - Ele me olhou com suspeitas novamente.

 

...

 

_ Bem, Bella - Renée disse depois que eu tossi e gaguejei as palavras impossíveis: Mamãe, eu vou casar com Edward - Eu estou um pouco aborrecida por você ter demorado tanto pra me contar.

_ Você não está… com raiva? Você não acha que eu estou cometendo um erro gigantesco?

_ Bem, eu com certeza gostaria que você esperasse mais alguns anos. Quer dizer, você acha que eu pareço velha o suficiente pra ser uma sogra? Não responda. Mas isso não se trata de mim. Você está feliz?

_ Eu não sei. Eu estou tendo uma experiência fora do meu corpo nesse momento - Renée gargalhou.

_ Ele te faz feliz, Bella?

_ Sim, mas...

_ Você vai querer outra pessoa algum dia?

_ Não, mas...

_ Mas o que?

_ Mas você não vai dizer que eu pareço uma adolescente apaixonada como qualquer outra desde o início dos tempos?

Você nunca foi uma adolescente, queridinha. Você sabe o que é melhor pra você...

 

 

 

O anúncio do grande evento já havia sido feito. Bom, pelo menos para as pessoas que realmente precisavam saber. Edward e eu estávamos noivos. Agora era oficial.

As semanas passaram como num piscar de olhos, tantas decisões e preparativos para o que aconteceria depois do casamento. Eu estava exausta, confusa e às vezes me sentia indecisa, mas não poderia deixar Edward perceber minha hesitação, ele certamente interpretaria de forma errada.

E Jacob, Oh, e também havia Jacob! Ele havia partido quando soube da noticia e desde então sumira, já haviam se passado quase duas semanas desde sua fuga. Eu estava preocupada, mas sabia que este era o melhor caminho. Jacob e eu não ficaríamos juntos, não da forma que ele desejava, de alguma forma eu sabia que o desejo que senti por ele naquele ultimo encontro não passava de uma reação hormonal, algo natural que meu corpo pedia e que Edward se recusava em me dar. Jacob e eu seríamos ligados para sempre, disso eu tinha certeza, mas não como amantes ou por matrimonio, como um dia quase cheguei a acreditar. Jacob e eu devíamos ficar juntos, como dois irmãos, dois melhores amigos, eu sabia disso, mas não sabia como poderia fazer que isso se tornasse realidade.

Edward não tinha mais que obedecer ao toque de recolher de Charlie. Afinal, agora éramos noivos (arghh!) e passávamos todo o tempo juntos, exceto quando ele tinha que fazer uma viagem de caça, como era o caso naquele dia. Era uma tarde calma e fresca em Forks, eu havia acabado de limpar a cozinha depois de ter preparado o almoço para Charlie. Eu estava em meu quarto procurando por algum livro para ler, as aulas já haviam acabado e Alice estava sempre ocupada com os preparativos para o “casamento”, mesmo que ainda faltassem quase quatro meses. Isso era entediante!

Literalmente do nada, Edward se materializou sobre minha cama, como ele ainda conseguia me assustar com essas coisas? E como eu ainda não tinha me acostumado com isso? Bem, eu poderia dizer que era somente a surpresa, pois não o esperava antes da tarde do dia seguinte. Humm, um dia a menos para sentir saudades:

- Que surpresa boa! – eu disse me jogando em seus braços e procurando sua boca com a minha.

- Eu também senti sua falta, meu amor!

Ele me beijou de volta por um momento, mas eu pude perceber a ausência do recente entusiasmo adquirido depois do nosso “acordo”. Preocupado, sempre preocupado. Quão diferente seria quando ele não tivesse mais que se preocupar comigo. O que ele fará em seu tempo livre? Terá que arrumar um hobby novo!

- O que foi Edward? Aconteceu alguma coisa?

- Não, esta tudo bem, amor, não se preocupe... – ele hesitou, algum problema eu suspeitei – É só que eu... eu vim para te buscar, tenho que te levar para casa.

- Agora? Ah, tudo bem, então vamos – eu me levantei entusiasmada, estava cansada de ficar sozinha ali.

Edward também se levantou, mas parecia hesitante, como se quisesse me dizer algo e não soubesse como, o que realmente era raro e por isso preocupante. Complicações, certamente, complicações. O que foi que aconteceu dessa vez? Seriam os Volturi de novo? Mas nós estávamos no caminho para cumprir nossa promessa! E logo eu não seria mais uma ameaça para eles. Mas a simples menção daquele nome já me fazia estremecer. Senti minha respiração falhar e meu coração começou a palpitar forte.

- Bella, Bella! O que foi?

- São os Volturi, não é? O que eles querem dessa vez? Nós estamos cumprindo nossa parte, não estamos? – eu já ia começar a diarréia verbal que se seguia ao pânico.

- Oh, Bella! Eu já disse que nós não precisamos mais nos preocupar com os Volturi, meu bem. Não é nada disso. Por favor, acalme-se antes que você tenha um colapso. Guarde suas forças e sanidade para mais tarde, você vai precisar.

- Como assim? Edward, eu não estou entendo! Você quer me fazer o favor de explicar isso agora mesmo?

- Calma, amor! Eu prometi a Carlisle que não diria nada, eu só preciso te levar até a casa e você entenderá tudo, eu prometo. Mas tente manter a calma, está bem?

Eu sabia que havia algo errado acontecendo. Estava ansiosa para descobrir a razão daquele mistério todo, mas as palavras de Edward me acalmaram como sempre. Ele me ergueu e me posicionou em seus fortes braços, seguindo em direção à janela do quarto.

- Você pode usar a porta, sabia? – eu disse provocando.

- Eu sei, mas pela janela sempre é mais divertido – ele riu enquanto se lançava janela abaixo.

- Você não veio de carro?

- Não, nós vamos fazer um passeio ao ar livre até a casa! – ele respondeu um pouco mais relaxado.

O céu estava um pouco nublado agora, mas eu podia sentir uma leve brisa quente passando pelo meu corpo enquanto Edward corria como um jato pela floresta. Quando chegamos até a grande casa branca, Edward parou um pouco antes da entrada. Ele me desceu até o chão e pediu que eu aguardasse até que ele voltasse para me buscar. Eu achei estranho, ele nunca fazia isso, mas concordei.

Fiquei na garagem imaginando se a grande surpresa não se tratava de mais uma “arte” de Alice para comemorar o casamento, ela estava realmente muito empolgada e ficava tendo novas idéias a todo instante. Eu pude avistar o carro do “antes” e também o carro do “depois” que Edward havia comprado para mim, como mais uma de suas exigências para cumprir sua parte na promessa, eles estavam cobertos o que atiçou ainda mais a minha curiosidade. Antes que eu pudesse sequer pensar em dar uma espiadinha, Edward estava de volta.

- Bella, eles estão prontos e à sua espera – ele estendeu sua mão e segurou a minha levando-a até sua boca perfeita e depois de um leve beijo continuou – Bella querida, eu gostaria... bem, nós gostaríamos de te apresentar a uma pessoa. Mesmo que você ainda não a conheça, saiba que ela é muito importante para você e, portanto para mim.

Era estranho, quem era essa pessoa? Seria mais um “parente” que viera visitar, mas antes do casamento? Não seria mais adequado conhecer toda a “família” durante a cerimônia?

- Quem é, Edward?

- Venha. Você vai precisar vê-la para poder acreditar.

Edward me guiou até a entrada de trás, passando pela cozinha, sempre segurando minha mão. Quando chegamos à sala, ele passou suas mãos para minha cintura e me abraçou forte. Então cochichou baixinho em meu ouvido:

- Meu amor, você tem uma irmã. Ela se chama Angel e da mesma forma que você não sabia de sua existência – Edward beijou minha testa e apontou na direção do sofá.

Minha mente era um branco. Não podia acreditar nas palavras de Edward. Será que isso era algum tipo de piada? Uma piada de vampiros que só fazia sentido se você fosse um deles? Mas Edward não mentiria para mim e nem me faria passar por uma humilhação dessas. E aquela garota ali parada... rodeada pela minha futura família. Ela era tão familiar, vi os olhos de Charlie nela e também o nariz de Renée. Eu me aproximei um pouco mais e entendi porque senti que eu a conhecia. Eu a via todos os dias. Em todos os reflexos. Em todos os meus reflexos no espelho. Nós éramos tão parecidas. Éramos quase idênticas. Se não fosse por seus cabelos mais curtos do que os meus, eu podia jurar que estava diante de um espelho.

De repente senti as mãos frias de Edward me segurando. Eu não havia percebido que estava prestes a perder a consciência. E de novo, como um reflexo, a garota também precisou ser amparada. Mas foi Esme que a segurou. Nada fazia sentido. Como isso era possível?

Eu realmente tinha uma irmã. Ou melhor, eu tive uma irmã. Mas ela havia morrido há anos, quando nós nascemos. Charlie, Renée e eu sempre visitávamos seu tumulo em Seattle. Em sua lapide consta o nome Angelique Marie Necker Swan. Necker era o nome de solteira de Renée. E nós duas tínhamos o mesmo segundo nome, Marie, em homenagem à nossas avós – Maria Swan e Mary Elise Necker. Mas ninguém nunca soube disso. Meus pais nunca tocavam em seu nome devido a grande dor que sentiram ao perdê-la. Sempre senti um pouco de ciúmes por todo o espaço que ela ocupava no coração de meus pais. Nossos pais. Mas agora ela estava ali parada bem na minha frente. Como isso era possível?

Teriam Charlie e Renée mentido para mim? Mas por quê? O que havia acontecido com Angelique? Por que não fomos criadas juntas? Por que nos separaram? Quem nos separou? Onde ela esteve durante todo esse tempo? Charlie sabia disso? E Renée? E como ela foi parar na casa dos Cullen? De onde ela saiu? Minha mente estava entrando em colapso com tantas duvidas. Comecei a me sentir cada vez mais fraca. Olhei para o chão tentando focalizar alguma coisa.

Engoli seco e, lentamente, encontrei forças para levantar os olhos do chão. Eu estava com medo do que iria ver. E se ela fosse somente uma de minhas alucinações? Iguais as que tinha de Edward quando ele me deixou. E se tudo isso não passasse de um sonho? E se eu estivesse realmente ficando louca? Teria minha irmã sobrevivido às complicações do parto e vivido longe de mim durante todo esse tempo? Olhei incrédula no rosto daquela garota. Eu fiquei assim por um longo tempo, deixando-me afundar dentro de seus olhos marrom chocolate que também olhavam fixamente para mim.

Senti uma calma estranha me invadindo. Forçando-se para dentro de mim. Jasper!

- Jasper... p – pa - pare com isso! – foi a última coisa que consegui dizer.

Eu descansei minha cabeça nos ombros de Edward. Nos braços que tinham sido o lugar mais seguro para mim, desde a primeira vez que ele me segurou. Tentei deixar seu toque acalmar meus medos. Eu queria sentir a confiança que ele sentia, mas ela não veio.

- Descanse, minha doce Bella – reconheci a voz suave dele me dizendo enquanto beijava minha testa.

Permiti meus olhos se fecharem por um instante enquanto tentava assimilar as informações que acabara de ter recebido. Eu tentava controlar o choque de ter descoberto que minha irmã que eu acreditava estar morta, na verdade estava viva e bem. Então, senti um par de mãos diferentes tocando o meu rosto. Num susto, abri meus olhos abruptamente:

- Será que alguém pode, por favor, me dizer o que diabos está acontecendo?! - Eu gritei tentando encontrar forças para controlar o pânico.

Foi de Edward o primeiro rosto que reconheci. Ele me segurava e beijava meus cabelos tentando me acalmar. Foi quando Carlisle apareceu:

- Bella, Bella, acalme-se minha querida. Eu posso explicar tudo, ou quase tudo. Se você se acalmar eu prometo que lhe contarei toda a historia de Angelique. Mas preciso que vocês duas estejam calmas e despertas para que isso ocorra – ele disse calmamente enquanto media minha pressão – Jasper vá verificar Angel lá em cima, por favor. Certifique-se que ela esteja mais calma antes de trazê-la de volta.