O rio de flores brancas (A viagem de chihiro) escrita por Spring001


Capítulo 2
Dois dragões




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Chihiro correu o mais rápido que pode até que alcançar as meninas, quando todas se encontraram foram andando até o caminho de casa. Aos poucos foram se despedirando até que cada uma seguiu seu caminho.

Quando chegou, Chihiro viu que era tarde, o relógio marcava mais que 18h e imediatamente notou que estava sozinha, como de costume. Os pais viviam com ela, mas quase não se encontravam por causa do trabalho ou de viagens ocasionais que eles faziam sem a garota. Sempre que chegava um bilhete deixado pela mãe avisava que tinha comida na geladeira.

Sem prestar muita atenção no que fazia Chihiro foi para o quarto, pensando unicamente na mulher que saiu do túnel. Se ela podia sair, talvez ainda tivesse chance de revê-lo. Haku. Ela pensou. Ele prometera que se veriam novamente e ela sonhava com isso.

Toda vez que se lembrava de Kohaku seu coração era tomado por um calor cheio de ternura e amor, a esperança de o rever a contaminava. Ele estava sempre em seu coração e em seus pensamentos. Por isso, seus pensamentos voltaram a mulher. Chihiro ficou encantada e ao mesmo tempo consternada pela visão, se algo ou alguém não humano podia sair, então por que Haku não o fizera?

Presa nesse pensamento, ela se jogou na cama e ficou um longo tempo ali apenas olhando para o teto e questionando o acontecimento. Não queria que aquilo mexesse tanto com ela, mas não parecia capaz de impedir.

Depois disso, tomou coragem para levantar, tomar banho e trocar de roupa. Prendeu o cabelo, agora longo, com o prendedor roxo, o único que usava. Era impressionante que nunca o tivesse perdido, parecia que ele nunca a deixaria, independente do que acontecesse.

Desceu para comer e assistiu um pouco de televisão, na sala. Quando olhou o relógio novamente, já se passava das 21h. Ficou mais um tempo ali, assistindo algum filme ou série e quando o relógio bateu 22h, voltou para o quarto.

Novamente se jogou na cama e ficou olhando o teto até adormercer, novamente tomada pelas memórias do dia em que atravessou aquele túnel, de todas as pessoas que encontrou e como elas a afetara, a transformaram em alguém bem diferente do que era, as memórias corriam por sua imaginação. O trem, o mar, o céu, o sem-face, a pequena casa no meio do pântano. A estranha saudade daquele lugar a atingiu como um raio.

***

Depois de o que pareceram horas adormecidas, Chihiro acordou com o barulho dos pais, que não foram nada cuidados ao entrar em casa. Nessa hora, apenas abriu os olhos e arrastou a cabeça para olhar em direção ao relógio, 3h, fechou os olhos e voltou a dormir.

***

Acordou por volta das 8h, o dia estava menos chuvoso, apenas nublado. Devagar se levantou, preguiçosa, era um sábado.

Foi em direção ao guarda roupa e se olhou no espelho por alguns segundos, não mudara muito desde seus 10 anos, não era mais uma menina, e deixara seu cabelo crescer, mas seu rosto e altura, pouco haviam mudado.

Preguiçosamente, escovou os cabelos e trocou de roupa. Quando se sentiu confortável, desceu para preparar seu café. No caminho, passou pelo quarto dos pais e olhou para dentro, os viu dormindo profundamente, se ela saísse de casa, não dariam falta. Ela soltou um forte suspiro e continuou o caminho, preparou o café tranquilamente e sentou em silêncio, pensativa enquanto comia.

Sonhara com a mulher que vira no túnel, e queria descobrir quem era.

Quando terminou de comer e de limpar as coisas, Chihiro decidiu ir à biblioteca. Escreveu um bilhete para os pais, mesmo sabendo que eles não o leriam, pegou sua bolsa, sapatos e saiu na bicicleta.

A cidade era pequena e a biblioteca ficava a pouco mais de cinco minutos de sua casa de bicicleta. Era um lugar pequeno, mas aconchegante, apressou-se em buscar na parte de mitos e religião o livro que as amigas usaram para achar o portal. O encontrou facilmente, provavelmente as amigas haviam devolvido no dia anterior. Além dele, um livro chamou sua atenção.

— “Guardiões e seus feitiços”? - Ela falou sozinha, indignada com a coincidência. Um senhor que estava na prateleira ao lado a encarou com raiva, mas ela apenas sorriu e saiu em direção a uma das mesas de leitura.

Chihiro leu como se fosse a coisa mais esplêndida do mundo e talvez fosse. Era fantástico, detalhado e exatamente o que buscava. Como se o universo lhe entregasse aquilo. Em uma página estava o guardião do túnel, exatamente como era a estátua, mas não tinha muita informação sobre ele. Um feitiço tornava a estátua mágica, a tornava um verdadeiro guardião, um feitiço muito poderoso que apenas feiticeiros de alta patente saberiam um nível de magia tão alto.

— Então a mulher era uma feiticeira? – questionou pensativa – Mas, Yubaba deixaria uma feiticeira tão forte no mesmo mundo que ela...? E Haku também é um feiticeiro...mas ele é tão forte?...

O senhor a olhou novamente, nervoso com sua falação. Envergonhada e um pouco injuriada, ela decidir levar o livro para casa. Feito isso, colocou o livro na bolsa e saiu da biblioteca. Andou em direção a sua bicicleta e observou que alguns pontos do céu estavam azuis, e entre esses azulejos sem nuvens, um brilho lhe chamou atenção. Não estavam em uma rota de aeronaves e seguindo o ponto brilhoso, Chihiro pereceu que seguia a mesma direção da estrada que levava ao túnel.

Tomada por uma coragem desconhecida e livre de medo, Chihiro subiu em sua bicicleta, e pedalou o mais rápido que suas pernas permitiam, adentrando na mata. Perdeu, em algum momento, a visão do céu e acelerou ainda mais em direção ao túnel. Quando conseguiu ver o céu novamente, não era mais um brilho, estava mais baixo e visível.

Dois dragões em uma briga.

Um com escamas cinza escuro e pelos prateados lutava como se estivesse dançando, e não parecia querer machucar o outro, que era apenas agressivo e violento. Um dragão com escamas prateadas e o pelo esverdeado, impossível de não reconhecer. Sem pensar Chihiro gritou:

— HAKU!


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