O rio de flores brancas (A viagem de chihiro) escrita por Spring001


Capítulo 18
Capítulo 18 - Espelho


Notas iniciais do capítulo

Olá! Espero que goxtem ♥



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— O que foi? – A garota perguntou trêmula com a história, fosse o que aquilo fosse, era assustador, e ter encontrado com aquilo um dia a fez sentir mal. Então quando os olhares a encobriram, o medo a tomou, por saber a suspeita de todos ali.

— Chihiro, faz todo o sentido – Disse Harumi, ela se levantou e começou a dar voltas pela mesa, pensativa, aflita e esperançosa – Tudo o que você já fez, já viveu e tem coragem de reviver, apenas por amor e esperança, é muito claro que é você umas das herdeiras.

Zeniba manteve-se em silêncio, não parecia discordar, no entanto, tinha suas reservas. A única pessoa que estava completamente pensativa era Hiro, seus olhos ficaram fixos em uma marca na própria mão, mas ele não parecia olhar para ela realmente, estava em um mundo diferente. Longe dali.

— Harumi, não pode ser eu, não tenho poderes, não sou uma maga nem nada do tipo, sou apenas humana – Chihiro respondeu, não sabendo se devia se sentir triste ou aliviada com a própria suposição.

Harumi parou de andar pela sala e Hiroyuki retornou da seus pensamentos, a feiticeira não estava brava, ela estava confusa.

— Preciso de um pouco de ar, com licença – Harumi então se retirou da casa de Yubaba em direção ao pântano com certa pressa. Hiro se levantou, pediu desculpas e foi atrás dela.

Chihiro arqueou as sobrancelhas preocupadas, observando por além da porta da casa do pântano, quando percebeu que vários vagalumes contornavam por ali, lembrou-se então do dia que pode salvar Haku, de seus olhos de dragão, verdes como a água límpida do rio ao qual ele protegia, e finalmente puros por ter sido libertado. Ela então fechou os olhos e lembrou daquele rapaz que conhecera, até mesmo as curtas lembranças de sua infância, do dia que seu sapato de perdeu e eles se encontraram, do dia em que correram de tudo e todos para salvar a pele dela, imaginando que nunca poderia retribuir o favor e conseguindo finalmente, lhe entregando a maior dádiva e mais desejada por todos. A liberdade.

— Sua cabeça está muito cheia, criança – Chihiro abriu os olhos com a voz de Zeniba, ela sempre sabia o que dizer, então sua atenção voltou completamente a ela – Tente esvazia-la um pouco e focar-se naquilo que julga mais importante por agora.

— Não há nada em minha mente – Ela respondeu infeliz – Talvez isso esteja me incomodando agora.

— Isso é o que você diz, mas na verdade não sabe quantas coisas percorrem seu subconsciente exatamente nesse momento – Falou a velha feiticeira enquanto levantava-se e em seu passo lento e tranquila organizava as coisas de sua cozinha com alguns poucos passos de mágica – Diz não acreditar que é a herdeira, mas ao mesmo tempo pensa em como pôde viver tanto tempo em um mundo que não é seu...

Em silêncio a garota a observou e escutou, enquanto sua mente se livrava de pensamentos realmente desnecessários que apenas a torturavam durante os dias e noites.

— Pensa em seus pais todos os momentos, sem saber como está o tempo ali – Zeniba continuou – Pensa em Harumi e a necessidade dela, e sua claramente, de encontrar o irmão dela, mas ao mesmo tempo imagina se ela não estaria feliz o suficiente com Hiro que é o noivo da moça...

O olhar de Chihiro se ergueu para Zeniba tal qual um leve sorriso que se formou em seus lábios, ficou imaginando por algum tempo qual era a relação dos feiticeiros, afinal era muito mais forte do que imaginava.

— Eles são noivos...

— Há muito tempo já – Respondeu vovó – Mas ela é muito esperançosa quanto a melhora no mundo, já ele, tem que colocar os pés de ambos no chão... Isso não vem ao caso querida.

Depois destas palavras, Zeniba se sentou novamente de frente para Chihiro e segurou com força, mas de modo carinhoso as mãos da jovem.

— Este elástico – Zeniba falou, segurando o fio que ela mesmo dera a Chihiro – Sempre lhe deu proteção, e sempre lhe dará, independente do que você é ou não...Mesmo que não seja a herdeira da mulher que imaginamos ser, você estará protegida, por algo invisível aos nossos olhos, mas completamente palpável ao nosso coração...

Ela não questionou, perguntou, ou sequer pensou plenamente nas palavras da Senhora, acreditava nela e apenas isso bastava, assim como acreditou em Haku, tomou as palavras de Zeniba como um incentivo e uma crença. Não havia porque duvidar, afinal, ela mesma salvara a vida dela e de Haku e tinha o coração caloroso o suficiente para, mesmo depois de todos os problemas aceitar mais alguns.

— Harumi é uma mulher amável, doce e sentimental, que se obrigou a entrar em um casulo e viver uma metamorfose para que nada de ruim acontecesse a quem amasse, acredite nela como tem feito desde então e prometo que nunca se machucará...- Zeniba completou no momento que Hiro e Harumi retornaram.

— Resolvemos que eu e Harumi vamos a procura de Ankoku – Hiroyuki falou e no mesmo momento Zeniba e Chihiro entreolharam-se – Tentaremos encontrar a alma de Haku e trazê-la para cá, e ao mesmo tempo, descobrir se é você quem procuramos Chihiro.

— Não podem ir para lá sozinhos! – Exclamou Yubaba, elevando a voz pela primeira vez – É loucura! Acabaram de sair daquele mundo sombrio! Ridículo pensar que conseguirão encontrar algo ali!!!

— Não podemos ficar aqui de braços cruzados Zeniba, eu vou enlouquecer – Harumi começou, Hiro a puxou para seus braços tentando acalmá-la, e pareceu funcionar – Eu preciso saber se ele ainda existe Vovó... Se ele ainda tem algo que posso dizer ser meu irmão.

Todos, incluindo Zeniba, ficaram sem palavras desta vez, a possibilidade da alma de Kohaku ter morrido, nunca fora citada a ninguém, mas Harumi já tinha pensado nisso, pelo menos um milhão de vezes, mesmo assim ela não havia desistido. O curioso brilho em seus olhos, não informava o seu sentimento do momento, informava mais do que um dia Chihiro vira neles, havia esperança ali, pela primeira vez ela acreditava que podia salvar Kohaku e aparentemente, agora o que estava acontecendo tomou uma dimensão maior.

— Eu vou junto...- Manifestou-se Chihiro, os olhares pousaram sobre ela, mas não surpresos como ela imaginava.

— Se é assim...Temos que ir logo – Disse Hiroyuki.

— Vai fazer aquilo? – Perguntou Harumi deixando uma incógnita.

— Não conseguiria entrar lá de outro jeito...

— O que vai fazer? – Chihiro perguntou suspeitando.

— Nós abriremos um portal para Ankoku...Por meio de um espelho d’água.

***

Eles tiveram uma longa caminhada na entrada mais firme entremeio aos pântanos, o sol ainda não tinha nem esperança de nascer, mas a lua conseguia iluminar o caminho deles perfeitamente. Observando em volta Chihiro começou a perceber quão irônico aquele lugar podia ser, no mundo dos humanos, pântanos eram lugares assustadores, que guardavam histórias de mortos-vivos e rituais, ali o pântano que Zeniba vivia chegava a ser acolhedor, vaga-lumes os cercavam auxiliando a função das estrelas e do lampião que os seguia, acompanhado de Sem-rosto, que parecia mais calma do que nunca, no meio de tanta natureza. Depois de tanta caminhada, os feiticeiros pararam.

Estavam em frente há um grande lago cristalino, com a água tão límpida que permitia não apenas ver o que estava no fundo dele, mesmo com a escuridão como permitia que quem estava do lado de fora, visse o próprio reflexo, nele haviam peixes de todas as cores e tamanhos, que nadavam tranquilamente sem se preocupar com a presença de humanos ali. Até que Harumi se ajoelhou em frente aos lagos e posicionou as mãos como se fosse rezar, percebia-se que ela cochichava, e ela ficou alguns instantes assim, até que deu duas palmas e os peixes fizeram-lhe como uma reverência, Chihiro observou boquiaberta.

Depois do sumiço dos peixes, a água do lago começou a brilhar em um tom azul florescente, e hipnotizantes aos olhos humanos da jovem, Chihiro quase adentrou nas águas daquele espelho quando sentiu mãos em seus ombros.

— Não pode entrar ainda – Disse Hiroyuki – Se fizer isso, morrerá afogada e sua alma se tornará uma das carpas no lago.

Chihiro voltou a sua normalidade com aquelas palavras, então os peixes eram almas humanas.

— Todos são humanos? – A Garota perguntou.

— Não – Respondeu o jovem – Alguns deles são espíritos pacíficos como curandeiros ou guias espirituais.

— ...As três curandeiras...- Sussurrou.

— Quem? – Perguntou Hiro e sua resposta foi apenas um aceno.

— Hiro...- Harumi chamou por seu noivo e ele se juntou a ela com Chihiro atrás dele – Pronto?

O rapaz assentiu e pediu para que se afastassem, então começou a gesticular com as mãos por cima da água e recitando poemas ou cânticos em outra língua.

— Como ele sabe para onde devemos ir? – Chihiro perguntou curiosa.

— Hiro é um vidente – Respondeu Harumi sorridente – Ele sempre sabe onde estar...

Os cabelos de Hiroyuki começaram a se elevar com o vento causado pelo feitiço, os águas do lago respingavam para longe enquanto as palavras tomavam força e então na superfície do lago começou a se formar uma imagem clara, mas não reconhecível. Ali estava a porta de um gigantesco labirinto e mesmo depois de terminar era essa a imagem que Hiroyuki conseguiu formar.

Harumi correu para segurar o feiticeiro que havia se cansado a ponto de cair para trás. Mas, aparentemente as mãos de Harumi eram mágicas pois apenas algumas carícias no rosto bastaram para ele voltar a fazer suas brincadeiras.

— Fique tranquila – Ele falou com voz de cansaço – Vou ficar bem para mais tarde...

— Idiota – Respondeu Harumi o soltando.

— Então é essa a entrada...- Zeniba se manifestou depois de tanto tempo em silêncio – Terão que ser mais cuidadosos que o esperado.

— Era óbvio que ele não deixaria as coisas tão fáceis depois de nossa fuga – Harumi argumentou – Mas, se é isso que ele quer, então, atravessaremos o labirinto, independente das dificuldades.

Existe algo que diz, que quando coisas inesperadas acontecem, uma sequencia delas vem a seguir, em um momento Chihiro observava e escutava paciente e atentamente as palavras de Harumi, que a instruía para o que poderia acontecer no labirinto, pois é normal que haja feitiços inesperados nele, durante esse intervalo em que elas conversavam, Hiroyuki, parecia observar com muita atenção cada detalhe da imagem que era visível ainda no lago, então parecia que por um momento tudo parou.

Hiroyuki era alto, bem mais do que Harumi e Chihiro, ele tinha cabelos negros como o céu daquela noite e os seus olhos eram amarelos como de um gato preto que pertencia as bruxas nas histórias de criança, eram características marcantes a qualquer um, mas nada foi marcante como o momento que, enquanto Harumi falava, os dedos longos de Hiroyuki seguraram o pulso da feiticeira, e lhe deu um leve puxão, fazendo com que o corpo da mesma se encontrasse com não tanta leveza e suavidade quanto se esperaria, e mesmo com uma exclamação que quase não existiu da própria, depararam-se todos com um beijo inesperado, mesmo assim apaixonado, entre os dois.

De imediato Harumi se assustou, e seus olhos se abriram em surpresa, mas logo suas mãos percorreram o caminho até a nuca de Hiroyuki e ali pousaram enquanto ela aprofundava o toque de seus lábios. Todos pareciam surpresos, mas ninguém questionou, mesmo após eles se separarem e Hiroyuki deixar um beijo na testa de Harumi, além de um segredo em seu ouvido.

— Pronta Chihiro? – Eles chamaram e ela assentiu, ainda desnorteada com os acontecimentos.

— Boa sorte a vocês – Zeniba desejou.

Os três seguraram as mãos com força e se jogaram no reflexo de algo além daquele mundo.


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Notas finais do capítulo

Não esquece do comentário, maroto, flwwwww ~ ~~~~~ ~~



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