Série WHO I AM? - Short Fic Peeta escrita por Serena Bin


Capítulo 1
Episódio 1 - Not Real


Notas iniciais do capítulo

E Olha eu aqui de novo! Amores, como eu já havia prometido lá na minha page, - quem ainda não a conhece, vou deixar o link nas notas finais - aqui está mais uma fic pela perspectiva do Peeta. Como a fic funciona? Bem, serão one-shots ou express (duas partes) sobre cenas específicas do Livro A Esperança, por exemplo: a discussão da Katniss e do Peeta no refeitório do 13. Serão cenas isoladas ou com alguma ligação entre si, de modo que a cada capítulo, vocês terão uma situação nova para ler. *** Como eu disse anteriormente, a fic surgiu de pedidos dos leitores de ORM, e esse primeiro capítulo, eu dedico para a lindíssima da Ágatha Cardoso, que pediu gentilmente para que eu escrevesse a cena a seguir. ♥Espero que vocês gostem da fic. Se tiverem sugestões ou críticas construtivas, fiquem a vontade.Bejinhos e Boa Leitura.



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– Cadeado, cadeado, cadeado! - ela grita antes de jogar um pequeno objeto brilhante dentro do fosso. No minuto seguinte há sangue e restos de carne humana por todos os lados.

O som ensurdecedor do holo explodindo ainda está presente em minha cabeça. E eu acompanho atônito toda a ação subsequente. Sua expressão perdida e paralisada enquanto o líquido quente e vermelho respinga pelo chão cinza do subterrâneo.

– Katniss, precisamos sair daqui. - Gale diz se levantando do chão. Há um ferimento bem feio em seu ombro. Mas Katniss não esboça reação, pelo contrário, é preciso que Pollux a resgate de seu estado de catatonia.

Eu me levanto também e vou em direção a saída quando algo começa a soprar em minha cabeça. Algum tipo de voz branda que começa dizendo coisas banais, mas que em alguns minutos toma conta de toda a minha mente.

– Ela o matou, Peeta. - diz a voz - Katniss Everdeen atacou a Finnick Odair...um aliado.

As palavras são tão claras e tão possíveis de serem verdadeiras, que começo a fazer o jogo ensinado por Jackson, o de ponderar as possibilidades.

Real ou não real? Ela o matou?

– Com toda a certeza é real. Katniss Everdeen acaba de tirar a vida de Finnick Odair - alguma voz responde dentro de mim.

Então eu olho para o rosto dela, Katniss, e a vejo fazendo uma sutura no ferimento de Gale. Mesmo que abalada, ela ainda se preocupa conosco.

Não, não é real. Lembro a mim mesmo, e consigo me convencer, pelo menos em partes que Katniss não é uma assassina.

– Não se engane, Peeta. - a voz sopra em meu ouvido novamente - Ela não é quem parece ser. Ela mente e engana a todos com seu rostinho inocente.

Lentamente minha visão vai ficando distorcida, tão surreal que me encolho em uma parede e balanço a cabeça na tentativa de dissipar as ondas de pensamento que eu sei que estão nesse momento lutando para me tomar. Mas falho miseravelmente.

Em um segundo, é como se eu estivesse novamente naquela sala de energia no centro dos tributos, recebendo choques e pancadas. Sendo duramente torturado por causa dela. Por causa de Katniss Everdeen.

– Olha só pra ela - a voz reinicia em minha mente, como se fosse um ser invisível soprando as amargas sentenças - Bonita, atraente e maléfica. Se ela foi capaz de matar Finnick que era um amigo, o que a impede de matar você, que é um inimigo?

Eu posso sentir novamente a dor. A mesma dor pulsante e gelada que sentia todos os dias na Capital. Como se meus pulmões estivessem pegando fogo e minhas veias fossem explodir.

Milhões de lembranças vem a minha mente. Centenas de pensamentos irregulares, das quais não sei dizer se são ou não reais.

– Eu não sou um inimigo. - digo a mim mesmo, abafando os pensamentos odiosos que já começam a povoar minha mente - Katniss não é uma inimiga. Não é real, não é real!

Eu fecho os olhos e os mantenho cerrados, as mãos igualmente travadas nas algemas. As feridas em carne viva dos meus pulsos começam a sangrar e a arder, mas eu continuo a cravar as mãos cada vez mais fundo no metal que acaba por dilacerar ainda mais a minha pele.

– Ela vai matar você. É só uma questão de tempo. - a voz retorna cada vez mais firme.

– Não! Ela se importa comigo. - respondo em pensamento - Ela cuidou de mim todo esse tempo. Ela gosta de mim! Ela gosta de mim!

– Não! - a voz agora grita - Seja franco com você mesmo, Peeta. Katniss não se importa com o seu destino. Ela cuida de você por conveniência, porque sabe que precisa de uma moeda de troca com Snow. Uma isca. Você é a diversão dela.

– Não eu não sou! - grito, mas parece que não há ninguém me ouvindo. Quando abro os olhos, uma coisa bizarra acontece.

Não estou mais nos esgotos da Capital e sim em uma sala escura onde ao longe há um pequeno foco de luz. Algo tão pequeno que é quase imperceptível.

Me aproximo devagar para tocar o pequeno foco. De longe parece uma lâmpada, mas olhando com clareza noto que se trata de uma esfera pequenina, algo semelhante a uma pérola.

Eu toco a pérola lisa e brilhante. Ela gira em meus dedos. Por algum motivo que desconheço, algo vem a minha mente. Uma cena estranha, em que eu supostamente dou essa mesma pérola à Katniss em uma praia. A ação é seguida por um beijo. E é como se eu sentisse os lábios quentes e úmidos dela nos meus. A sensação boa do toque dela passa tão rápido quanto chega.

É completamente assustadora a situação. De repente algo pousa em minha mão, eu observo então o pequeno pássaro que bate as asas.

A penugem preta brilhante, os olhos pequenos e o bico fino. Uma ave simples que me olha atentamente, como se quisesse penetrar seus olhos nos meus.

– Eu te enganei, Peeta. - uma voz soa dentro da sala, mas há algo diferente. Essa não é a voz raivosa e clara que ouvi a poucos minutos. Não, é uma voz sutil, um ar sedutor e completamente conhecido - Eu beijei você por pena. Carência, confusão...mas nunca por amor.

Procuro por todos os lados, a dona da voz, mas estou sozinho na sala, exceto pelo pássaro em minha mão, estou completamente só. É então que noto.

Os olhos do pássaro, em chamas focados nos meus. E onde havia apenas um bico fino e silencioso, agora há um som. Uma voz. A voz dela. Katniss Everdeen.

De algum lugar inóspito do meu cérebro, um terror tenebroso começa a emanar de mim, e eu sei que isso tem a ver com o telessequestro, e sei também que tudo isso pode não ser real. Sempre há essa chance, porque o telessequestro atinge a parte onde o medo mora. Mas eu simplesmente não posso dizer se é real ou não. Não pode ser real.

– Eu te enganei, sempre. - a voz suave continua saindo da boca do pássaro.

Imediatamente eu o lanço para longe, mas como se fosse programado, quando volto a olhar para minha mão, há outro pássaro pousado nela. Emitindo novamente frases odiosas.

– Pássaros não falam. - digo a mim mesmo - Isso não é real! Não é!

De repente, como se fosse um coral de terror, centenas de outras aves se lançam no ar, todos repetindo frases e falas com a voz dela. É ela.

" Eu vou matar você!"

" Você é só uma peça no meu jogo!"

" Olha para mim padeiro, veja a minha vitória."

"Eu matei toda a sua família pelo prazer em ver você sofrer!"

As vozes agora gritam e são cada vez mais odiosas e ensurdecedoras. Há centenas de milhares de pássaros que começam a vir em minha direção para me atacar.

Sinto a primeira bicada em minha pele e é como se estivesse tendo partes de meu corpo arrancadas e perfuradas pelos pássaros bestantes.

Eu corro, mesmo ferido e sangrando eu corro, mas não alcanço a saída nunca, então me encolho num canto e ali fico, sentido a dor excruciante de ser comido vivo.

– Peeta! - alguma voz ao longe chama. É uma voz semelhante às dos pássaros - Peeta! Nós precisamos sair daqui!

Estou quase inerte quando de repente alguma coisa explode e então como se nada tivesse acontecido, estou novamente de volta aos esgotos da Capital,encolhido na mesma parede de outrora , e Katniss está agachada ao meu lado dizendo-me que precisamos fugir.

Confusão. Nada mais além de confusão me invade quando olho dentro de seus olhos e os vejo brilhando, confundidos ainda pela minha visão deturpada, com os olhos dos pássaros.

– Me deixa! - grito - Eu não aguento mais! Eu vou ficar louco como eles! Como os bestantes!

Meu corpo inteiro parece feito de aço, porque cada músculo de meu corpo está comprimido pelo medo, pela loucura, pela exaustão.

Tudo o que eu pensei que fosse verdade agora se confundiu de uma maneira inimaginável. Se encontrar perdido, sem rumo, sem ter em quem confiar é de longe a pior sensação do mundo.

Eu poderia simplesmente acabar com tudo. Enfiar uma bala em minha cabeça, mas existe algo que me prende aqui.

Algo que por algum motivo que desconheço, me faz ser puxado de volta toda vez que o colapso me atinge.

– Aguenta, aguenta sim! - ela rebate. E então acontece.

Eu posso sentir o gosto salgado das lágrimas se misturam ao adocicado dos lábios dela. Uma ironia grandiosa, porque eu tenho certeza de que quem me beija é um bestante, porém inexplicavelmente, minha mente torna-se tão límpida quanto a água de uma nascente, porque no fundo do meu ser, eu sei que quem me beija é uma pessoa comum.Quando por um segundo abro meus olhos, eu constato uma aparência totalmente humana. Não há dúvidas, trata-se dela, nada além dela. Nenhuma onda de horror, ou medo ou terror.

Apenas uma sensação quente e boa. Então, cansado de sempre estar um passo a frente dela, eu me permito sentir seu gosto, me entregando ao beijo.

Suas mãos seguram as minhas com tanta força que machucam ainda mais meus pulsos já ensanguentados, mas eu não ligo. Por algum motivo, a dor já não é um problema.

Quando seus lábios soltam os meus, eu miro em seus olhos e eles estão como sempre foram, cinzas. Já não queimam como chamas.

– Não deixe que ele o tire de mim! - ela diz, e posso sentir suas lágrimas tocando minha pele. - Fica comigo!

É como ser içado de novo à tona, emergir de um oceano escuro e frio. Então, do fundo do meu ser, algo responde:

– Sempre.


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Notas finais do capítulo

E então, foi ruim? Meloso demais? Péssimo?rsrsrs que tal deixar um comentário? é tão rapinho...Obrigadíssima por ler.:)



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