Fazia dois dias que Ethan mal falava comigo, ficava mais conversando com Allan. Estou com medo que ele não queira mais falar comigo, por causa de eu ter recusado transar com ele, mas Ethan não é assim... Pelo menos era o que eu achava.
– O que será que os dois estão conversando? - Pergunto olhando para Allan e Ethan.
– Futebol, talvez. - Responde Laureen.
Maya ri com nossa curiosidade.
– Ou garotas...
– Seu irmão estaria conversando sobre garotas, não o Ethan. - Digo.
– Então por que não estão aqui?
A pergunta de Maya me irrita mais do que ela esperava, pois levanto da mesa brava e volto pra sala. Depois que o sinal bate Maya se senta ao meu lado preocupada.
– Problemas no paraíso? - Quando não respondo ela continua. - O que aconteceu? Pode me falar.
Respiro fundo.
– Acho que Ethan não gosta tanto de mim quanto eu imaginava.
– Deve ser coisa da sua cabeça, eu conheço Ethan há anos e quando ele olha pra você, tenho certeza que ele te ama.
– Era como ele olhava pra você? - Pergunto.
– Não... Ele nunca me olhou assim, mas não se preocupe.
Me arrependo da pergunta, mesmo que antes Maya fosse a pessoa que mais odiava, agora ela é quase uma irmã. Já que demonstramos nosso amor irritando uma a outra.
***
Estou com raiva do meu pai, ele teve a ousadia de sair sábado a noite e deixar eu e Noah em casa. Saber que ele fazia isso para eu aprender a respeitar suas ordens e não que ele não gostava de mim, não ajudava em nada.
– Seu pai é muito vacilão. - Diz Noah mudando de canal.
– Ele não é vacilão, só não gosta de brigar, por isso faz esses tipos de castigos.
– Castigos que fazem você se arrepender muito mais do que uma bronca.
Rio. Noah para no filme As Branquelas.
– Como é possível ninguém perceberem que são homens?
– Só nos filmes mesmo. - Afirmo.
Alguém bate na porta.
– É um humano... - Sussurra Noah.
– Calma pode ser a Laureen ou a Shan.
Abro a porta, mas não é nenhuma das duas que esta lá, mas sim um garoto que eu nunca vi na vida.
– Olá.
– Olá. - Digo um pouco apreensiva.
– Você é a Zoe? - Ele pergunta olhando diretamente para mim.
– A pergunta certa é quem é você, já que é você que está na nossa casa. - Diz Noah irritado. É claro que se fosse uma garota desconhecida, ele iria aparecer todo educado e charmoso.
– Eu sou o Matthew Baker.
– Infelizmente não conhecemos nenhum Baker, desculpa. - Diz Noah fechando a porta.
Abro de novo.
– Seu rosto me parece familiar. - Digo para Matthew.
– Eu sou filho do John Baker.
Esse nome não me parecia estranho, eu já tinha ouvido ele em algum lugar... Claro, há quase dois anos atrás, um policial me perguntou o que eu sabia sobre um tal John Baker e eu respondi que nem conhecia, mas quando ele me mostrou a foto, não sei como não desmaiei. Era a foto do assassino da minha mãe.
- Você está bem? - Pergunta Noah. - Parece que vai vomitar.
– Desculpe, mas Zoe não mora mais aqui. - Digo devagar, mas não consigo esconder minha voz abalada.
- Você saberia me dizer onde ela mora...
Fecho a porta na cara de Matthew. Corro para o meu quarto e me enterro debaixo das cobertas.
– Zoe, quem é John Baker? - Me pergunta Noah preocupado.
– O caçador.
– Então quer dizer que...
– Vai começar tudo de novo. Todo ano uma cidade nova, fazer de tudo para não chamar atenção...
– Zoe, você nunca vai precisar fugir de novo. Eu te prometo.
- Essa é uma promessa que você não vai conseguir cumprir.
– Pra mim você é diferente de todas as outras garotas, uma amiga de verdade.
– Você tentou ficar comigo, que nem as outras. Lembra?
– É verdade. Mas eu só fiz aquilo porque você estava muito mal por causa do Ethan, queria te ajudar a esquecê-lo.
– Você quer dizer que me beijou por dó?
– Eu não estava com pena de você, só não gosto de ver você triste.
Abraço Noah. Sinto uma vontade enorme de contar o que aconteceu aquela noite quando Noah me viu com Ethan, mas não acho que ele possa me ajudar do jeito que eu preciso.
– Nossa, ta carente. - Diz Noah rindo.
Rio junto.
– Não fala pra ninguém que Matthew esteve aqui. - Digo agora séria.
– Ninguém sabe quem ele é e nem vão saber.
– Obrigada.