Apenas sonhe ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 17
Capitulo 17


Notas iniciais do capítulo

Cap focado no Juan



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Juan caminhava com raiva, não entendia a necessidade de Set ter que mudar de escola, só porque eles iriam estudar juntos de novo.

— Desfaz esse bico Juan. – Julia o repreendeu. — Parece uma criança de cinco anos. Sabe que Set mudou de escola agora no fim do ano porque arrumou muita confusão.

— Me deixa em paz, droga agora não vou ter amigos.

— Pelo amor de Deus, você já está no primeiro ano, estuda nessa mesma escola a séculos, você tem que ter amigos.

— É fácil falar, todos amam você. - O garoto empurrou a irmã e saiu correndo.

O que seria dele sem Set?

Juan entrou na escola e andou diretamente para a sala, ao entrar se encaminhou a seu lugar. Ainda com o maior bico do mundo. Julia surgiu logo em seguida, mas fez questão de ignorar o irmão, se sentando bem longe.

O moreno permaneceu pensando na vida por mais um tempo, acabaram chegando cedo demais e não havia quase ninguém na sala.

— Olá. – Um menino se sentou a frente dele, sorrindo timidamente, com o rosto levemente corado. Juan apenas o fitou, tinha olhos e cabelos castanhos, com pontas vermelhas. — Bem, eu... É... Meu nome é Ray.

— Oi, sou o Juan.

— Eu sei! Digo... É... Sua irmã disse que esqueceu de te avisar do trabalho de literatura e por isso você ficou sem parceiro e eu... pensei que talvez, como é para fazer na sala e eu também não tenho com quem fazer... É..

— Quer fazer o trabalho comigo? – O menino assentiu, ainda corado e fitando o chão, Juan lançou um olhar curioso a Julia que apenas piscou e mostrou a língua, voltando a ignora-lo. — Tudo bem Ray, senta aqui na minha frente então, quando o professor pedir a gente só junta as cadeiras.

— Ok. – Ray se levantou um pouco animado de mais e correu para pegar suas coisas, logo estava sentado na frente de Juan, no antigo lugar de Set, os dois garotos passaram a conversar e se entender, isso rendeu mais dias e dias de conversa e logo se estendeu para uma bela amizade.

Na sala de aula, volta e meia Juan acabava percebendo que alguns meninos lançavam olhares, risadas e comentários maldosos sobre Ray e ele, em uma dessas vezes acabou lançando um olhar de fúria sobre um dos garotos, que apenas ergueu as sobrancelhas e sorriu sarcasticamente, desde aquele dia Juan passou a notar que aquele garoto era pior do que um simples imbecil imaturo.

Por isso, por bem ou por mal acabou gravando o nome e o rosto da pessoa que mais conseguiu odiar em toda sua vida: Alex Collins.

~ ~ # ~ ~

Alex já havia se afastado o suficiente para sumir da vida de Juan, que se dividia entre tentar impedir que o pequeno Lucas fizesse um escândalo pela areia que entrou no olho ou se apressava Henrique para que fosse chamar Cris ou Set.

— Calma Lucas, deixa o tio soprar seu olho que sai a areia. Meu Deus, eu não nasci para cuidar de criança... Anda logo Rick!

— Ai tá doendo. - O pequeno resmungava e piscava sem parar, dando pequenos pulinhos de desespero.

— Lucas? – Set surgiu na porta, para o alivio de Juan. — O que houve?

— A... Areia... – Lucas fez um biquinho. — No meu olho.

— Calma, pequenino, abre bem o olhinho. – Set pediu com delicadeza e o menino obedeceu ainda um pouco receoso. — Isso mesmo. – O ruivo então começou a soprar devagar, por sorte não era tanta areia assim. — Saiu?

Lucas piscou um pouco e sorriu. — Sim! – Ele exclamou animado e abraçou Set, Juan observava tudo com encanto, o moreno sempre quis se dar bem assim com crianças, poder cuidar de uma vida tão pequena e delicada, mas nunca soube como agir em situações como essa, em que deveria ajudar.

— O que houve aqui? – Cris questionou, estava encostado na porta, sendo abraçado por Henrique que ainda parecia assustado.

— Bem... Quanto a isso...

~ ~ # ~ ~

Sentado em um dos últimos degraus da escada, Juan observava como Cris e Set discutiam na sala, o loiro parecia disposto a matar um, e Set queria ligar para o advogado e arranjar um jeito de processar Alex.

Alex.

Ao pensar nele Juan diminuiu o sorriso, deixando transparecer as lágrimas.

Dizer que se sentia magoado era pouco, é certo que não podia deixar Alex torturar duas crianças indefesas, mas por que se humilhar daquele jeito? Se você se humilhar dói menos do que se outra pessoa fizer isso? Bobagem, para Juan os dois doíam do mesmo jeito.

Claro que apelidos como bicha ou veado não ofendiam mais o moreno, mas o que o incomodava era ter que encarar Alex novamente, ter que ser forte e ameaçador perante a pessoa que mais o manipulou por anos, o que Alex fez e ainda faz simplesmente não tem perdão.

Ele realmente não se incomodava com o fora que recebeu de Alex, o drama que Juan arrumou mais cedo era apenas uma desculpa para se agarrar a Set e não mais soltar. Afinal ele nunca foi de se apaixonar fácil, talvez se apegasse facilmente as pessoas, mas nunca era algo tão sério, e seu coração já possuía um dono.

O moreno estava tão absorto em seus pensamentos que não viu quando Lucas se aproximou.

— Oi. – O pequeno disse, causando um mini infarto no maior, ele parou na frente de Juan, o encarando com a cabecinha virada para o lado, certamente tentando olhar em seus olhos.

— Olá. – Juan forçou o melhor sorriso e Lucas lhe entregou um copo de chocolate quente. — Para mim? – O pequeno assentiu sorrindo. — Por quê?

— Porque você me salvou. – O menino respondeu timidamente, e o mais velho sentiu os olhos marejarem, logo estava chorando novamente. — Tá tudo bem?

— Sim. – Juan sorriu, colocando o copo no chão e puxando Lucas para um abraço carinhoso. — Obrigado, você não sabe como melhorou meu dia.

— De nada. – O pequeno disse simplesmente enquanto se afastava, sorrindo de ponta a ponta. — O Rick me ajudou, mas foi eu que fiz o chocolate. – Lucas apontou para si mesmo de modo animado, e Juan riu do jeito natural do menino, o moreno pegou o copo e provou o chocolate, que lhe aqueceu por inteiro, não só por estar quente, mas também por ter sido feito com amor.

Amor? Qual foi a ultima vez que alguém lhe fez algo tão simples, mas com tanto amor?

— Está ótimo Lucas, você é muito bom nisso. Sabia que eu tenho um restaurante? Posso adicionar seu chocolate como prato especial. - Lucas riu, o que contagiou o moreno. — Na verdade eu mais perco tempo por lá do que necessariamente trabalho, pelo menos é o que dizem, mas oras, nem todo mundo é disposto o tempo todo. – Lucas riu mais ainda. — Você iria adorar as pessoas de lá, elas iam amar você também, vou te levar lá um dia.

— Promete tio?

— Prometo.

Lucas sorriu novamente, mas sua atenção foi desviada a figura loira com aura maligna, vulgo Cris, que se aproximou e o pegou em seu colo o apertando fortemente.

— Aquele meu primo retardado me paga por ter te feito chorar. – Ele resmungou e se sentou ao lado de Juan, ajeitando Lucas no colo, o pequeno apenas fitava o loiro com curiosidade.

Set se aproximou e encarou o noivo, e ficaram em silencio assim por um bom tempo. Juan tentava entender o clima entre os dois, até que, por fim, decidiu comentar.

— Vão ficar nesse silencio mesmo? Sério mesmo? - Cris se levantou e subiu as escadas, ainda agarrado ao pequeno, que acenava para os dois enquanto se distanciava. Henrique, que até então observava tudo do sofá, correu atrás do irmão, visivelmente preocupado.

— A mãe dele ligou e ameaçou de novo, além de que disse coisas horríveis sobre o Lucas. – Set esclareceu, ao ver a cara de ponto de interrogação do primo. — E Cris está achando que Alex veio aqui a pedido dela. Isso o deixou muito magoado, ele fica quase incomunicável quando está chateado.

— Que péssimo.

— Mas não é só ele que parece mal. – O ruivo afagou o cabelo do primo, que sorriu docemente. — O que houve em? Não gosto de te ver assim triste.

Juan se levantou e se jogou nos braços de Set, no passado o moreno via o primo como um tipo de paixão infantil ou coisa do tipo, mas com o passar do tempo a amizade dos dois se tornou forte ao ponto de se tornarem irmãos.

— Set eu não consigo parar de pensar no Ray. – O moreno admitiu, tentando não chorar. — Por culpa do Alex...

— Ei calma. O Ray vai voltar para todos nós. Você vai ver. – Set sorriu, como sempre tinha a coisa certa a dizer. — Ele já está melhorando, você vai ver como logo você vai poder abraça-lo novamente.

— Acredita mesmo nisso?

— Claro que sim, o médico mesmo disse que ele só melhora a cada ano, logo ele acorda desse coma e vocês serão muito felizes. – O ruivo sorriu ao receber outro abraço de Juan. — Agora vem, tenho que fazer um lanche para meu noivo e preciso de dicas do cozinheiro mais vagabundo do mundo.

— Não sou vagabundo. – O moreno fez bico.

— Então por que não está no restaurante?

—Contratei uma cambada de gente para trabalhar para mim, justamente para poder estar aqui.

Set riu. — Papo de preguiçoso.

— Cala a boca e anda Set.


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Notas finais do capítulo

E ai gostaram? O que acham de mais caps como esses?



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