Freya acordou mais cedo que o normal, mas ficou na cama até Ilka se arrumar para o café.

–Você tem falado com o Ivan? – perguntou ela.

–Eu? Hãn, não! Ele se afastou completamente. – disse Freya tristemente.

–Então, acho melhor começar a falar com ele! – disse Ilka rispidamente.

–Como é?

–Acho bom você explicar para o Ivan tudo o que aconteceu com você e seu namoradinho hoje mesmo, senão não queria me encontrar sozinha.

–Isso é uma ameaça? – disse Freya se levantando.

–Sim! – disse Ilka ao sair, fechando com força a porta.

Freya se arrumou e foi encontrar seus amigos que ainda estavam tomando café da amanhã no salão principal. a garota tentou não aparentar a indignação que estava sentindo, mas Draco pareceu ter percebido…

– O que há? – perguntou ele fingindo não estar tão interessado.

–Ah... Depois eu falo. – respondeu baixinho.

Depois do café, os amigos se separaram, Krum foi à biblioteca achar Hermione, Desiré e Juan foram andar pelo castelo, Kayo foi para o navio e Freya e Draco se sentaram ao lado do Lago Negro e logo Pansy passou pelo casal olhando com raiva para a garota e se sentou onde poderia ficar de olho em seu amado.

–Ela falou alguma coisa? – perguntou.

–Ela disse que eu ia me arrepender de ter te escolhido. – disse Draco rindo.

–E será que você vai? – perguntou em tom de brincadeira.

–Você realmente acredita nas coisas que ela fala? Ela não me conhece, Freya. – disse Draco sorrindo. – Você sabe com quem eu vou ficar…

Draco beijou a garota, fazendo Pansy do outro lado quase surtar de raiva. Freya parou para pensar na ameaça de Ilka e Draco percebeu a mudança em seu semblante.

–Desembucha…

–O que? Não é nada. – disse a garota séria.

–Você não confia em mim, não é? Ninguém confia. – disse ele rindo amargamente.

–Eu confio em você, eu só não queria fazer alarde…

Draco a olhou como se estivesse dizendo ‘ dá para falar?’

–A Ilka me ameaçou.

–Ela o que? – perguntou o garoto atônito.

–Ela me ameaçou. Disse que é para eu conversar com Ivan e explicar tudo o que ocorreu entre mim e você, pedir desculpas.

–Por que você pediria desculpas para aquele panaca? É de mim que você gosta. – disse Draco com todo a sua certeza.

–Ela disse que se eu não conversar com ele até hoje, é melhor eu não estar no mesmo local que ela…

–O que acha que ela vai fazer? –perguntou Draco tentando esconder sua preocupação.

–Não sei, ela é má, mas não tenho medo dela. – disse Freya sorrindo.

Draco lhe sorriu de volta e apontou para Kayo que estava saindo do navio com um tabuleiro de xadrez de bruxo nas mãos.

–Ei, eu tenho que dar algo à você! – disse Freya se lembrando do presente de Draco.

–O que é? – perguntou ele curioso.

–Está no navio... Já volto.

Freya se levantou e foi correndo até o navio pegar o presente de seu amado. Ao passar pelo corredor que levava os dormitórios, Ilka saiu pela porta da biblioteca e impedindo a passagem da garota perguntou:

–E então? Já falou com o Ivan?

–E então, quando você vai parar de me encher o saco? – disse Freya e saiu empurrando Ilka que segurou em seu braço.

–Você não prestou atenção no que eu disse, não é?

–Quer fazer o favor de me soltar?! – perguntou Freya com raiva.

–Não antes de você me escutar... – Ilka saiu arrastando Freya que derrubava alguns quadros da parede de madeira do navio tentando se soltar.

–Como pode fazer isso com ele?

–Oras Ilka... Decidiu proteger os garotos agora? – perguntou Freya com ironia.

–Não me irrite, garota!

–Suas amigas vão ficar decepcionadas…

–Você sabia que ele estava afim de você! – disse Ilka apertando o braço da garota. – Como pode ficar com outro cara?

–O que você queria que eu fizesse? – perguntou Freya. – Eu não posso fazer nada se não gosto dele desse jeito.

–Ele está mal e a culpa é tua! – disse Ilka empurrando-a na parede.

–A culpa não é minha se ele gosta de mim e não de você! – disse Freya em voz alta.

Ilka foi tão rápida que Freya nem pode se esquivar do soco que levou. Enquanto estava abaixada passou a mão na boca sentindo o sangue e viu que Ilka empunhava a varinha contra a garota e ouviu:

– Crucio!

Freya estava se contorcendo no chão enquanto Ilka parecia se divertir.

–Você está louca? – disse Freya com a voz fraca.

–Você estava merecendo isso a tempos! – disse ela. – Crucio!

Tentando se lembrar dos testes de Durmstrang, Freya se concentrou e após um tempo começou a se levantar mesmo sentindo a maldição. Quando conseguiu ficar de pé, Ilka ficou indignada e tentou lançar a Maldição Cruciatos novamente, mas Freya se desviou bem a tempo. Ilka ficou parada não acreditando que havia errado e, se aproveitando disso, Freya foi até ela e a empurrou em direção à lareira, segurando seu pescoço com uma mão e a varinha em sua outra mão. Ilka podia sentir o calor das chamas em suas pernas e o gelado do mármore preto que decorava a lareira em suas costas.

–Eu não sei como Ivan pode gostar de uma garota como você. – disse Ilka com nojo. – E nem esse seu namorado.

–Não fale por eles. – disse Freya sentindo sua raiva mais aflorada que nunca.

–E esse Draco? Ouvi dizer que ele é patético. Não gosta de ninguém, apenas dele mesmo.

–Você não o conhece! – gritou ela.

No momento em que Freya gritou seu colar emitiu uma luz e todas as velas da sala do navio apagaram e reascenderam com suas chamas aumentadas a um tamanho absurdo. A lareira parecia cuspir fogo.

–Ele é um egoísta! – disse Ilka. – Assim como você. Sua vaca egoísta!

Freya sentiu a raiva a dominar e se afastando pode ver que as chamas da lareira que estavam altas e finas se enrolavam nas pernas de Ilka prendendo-a, fazendo sua calça queimar.

–O que você está fazendo? – perguntou Ilka assustada.

A chama já queimava a perna de Ilka quando Freya saiu de seu transe levando com ela a raiva e trazendo o desespero, fazendo com que as chamas voltassem ao normal. Ilka olhou a garota assustada e ela retribuiu o olhar jogando a varinha de Ilka no chão. Ilka a pegou e saiu correndo. Tremendo, Freya se sentou à frente da mesinha de centro.

–Nossa, que demora hein?! – disse Draco ao entrar poucos minutos depois na sala fingindo indignação. – Sabia que não se deixa um Malfoy esperando?

Essa era a ultima voz que ela queria ouvir no momento, ainda tinha muita coisa para absorver. Sem ouvi-la, Draco continuou entrando na sala.

–O que há? – perguntou vendo-a de cabeça baixa.

Levantando a cabeça Freya pode ver a expressão de horror no rosto de Draco.

–O que houve? – perguntou ele assustado sem saber como agir.

–Como assim?

–O que lhe fizeram? – disse Draco com raiva indo em direção a garota e pegando seu rosto para avaliar-lo melhor.

–A Ilka me deu um soco. – disse Freya.

–Essa garota é louca?! – perguntou ele.

–Acho que é sim. Ela me torturou... – disse Freya se lembrando.

–Mas como?

–Ela me jogou uma maldição imperdoável. – disse a garota aos sussurros.

Draco ficou mais pálido que o normal e se afastou.

–Essa menina vai para Askaban! – disse Draco. – Falarei com meu pai, ele mesmo fará com que ela apodreça lá.

–Não tem necessidade!

–É proíbido sabia? – disse Draco ríspido.

–Aqui sim, em nosso colégio não.

–Como é? – perguntou com raiva.

–Eu já tive testes em que eles nos lançavam a maldição. – Freya vendo a cara de pavor de Draco disse. – Não conte a ninguém, por favor, senão Karkaroff vai ficar enrascado.

–E com que intuito ele deixaria ensinarem isso?

–Ele fala que é um dos feitiços mais usados pelos comensais da morte, até hoje.

Ouvindo isso Draco fechou a cara. A garota percebeu a diferença no olhar dele, seus olhos estavam novamente frios e isso se confirmou quando ele respondeu secamente:

–Acho melhor você ir para a Ala hospital ver esse corte.

–Acho que não precisa.

–Você por um acaso sabe o tamanho do corte? – disse bravo deixando a garota confusa.

–Quando eu limpar eu vejo.

–Faça como quiser. – disse ele mal a olhando.

–Com tudo isso esqueci de pegar seu presente.

–Presente? – perguntou ele tristemente.

–Sim, você não o quer? – perguntou a garota magoada.

–Não é isso... Apenas não precisa pega-lo agora. – disse sério.

–Hum... Ok. – disse Freya se sentando no sofá.

Draco permaneceu em pé e Freya reparou que ele a olhava e depois disfarçava o olhar. Tentando saber o que estava acontecendo se lembrou que tinha algo que ainda não contara a Draco. Estava mentindo sobre a sua origem até agora.

–Por que você estava preocupado e agora está distante? – disse ela tristemente reparando que a feição de Draco havia se tornado dura ao ouvi-la.

O silêncio predominou na sala, enquanto Draco parecia estar pensando em algo muito sério Freya decidiu contar sobre sua origem, antes que alguém o fizesse sem querer.

–Draco…

–Sim? – disse ele seco.

–Preciso te contar algo…

– O que é? – perguntou ele mostrando um pouco de preocupação.

–Eu tenho mentido para você.

–Como? Sobre o que? – disse ele se aproximando dela.

–Sobre a minha origem, meu sangue…

–Eu já disse que isso não me importa, não disse? – Draco pegou o rosto da garota em suas mãos.

–Sim, mas mesmo assim, eu quero falar. Não quero continuar mentindo para você. – disse ela com sinceridade – Eu não sou mestiça, Draco.

–Eu não ligo de você ter sangue ruim. – disse ele se escorando no sofá.

–Eu não tenho sangue ruim.

–Então você …

–Meu sangue é puro Draco.

–Então porque mentiu? – perguntou ele confuso e já aparentando raiva.

–Porque não queria que você se interessasse apenas pela minha origem.

– Mas eu não me interessei por isso, eu …

–Porque eu menti, e se eu tivesse falado a verdade? Você teria se interessado por MIM? – perguntou ela.

–Então a culpa é minha de você ter mentido? – perguntou ele achando graça.

–Não, eu inventei isso! Mas eu fiz isso porque queria que você visse além da minha origem.

–Francamente, Eu deveria ter esperado isso de você. As coisas que dizem sobre os alunos de Durmstrang então se aplicam a todos os estudantes.

–Não, Draco, você sabe que não é verdade!

–Verdade? Eu realmente não sei o que é verdade! – disse ele a olhando tristemente.

–Me desculpe…

– E eu preciso ir. – disse ele a olhando e saindo porta a fora deixando a garota sem fala.

–O que há com ele? – perguntou Desiré entrando na sala seguida por Juan e Krum.

Freya se limitou a apenas balançar a cabeça.

–Você está bem? - perguntou Krum andando até a garota e segurando o seu rosto. Ignorando o amigo Freya olhou para Desiré e já soube a resposta, a amiga havia sentido o que tinha acontecido com Ilka e estava ali por este motivo.

–Eu vi. – disse Desiré. – E foi horrível.

– Nós temos que conversar... – disse o Krum.

–Sobre a Ilka? Não precisa falar com o Karkar…

–Não. – disse Krum prontamente.

–Sobre os seus poderes. – completou Desiré olhando fixamente para a amiga.

–Não tenho poder algum.

–E o que aconteceu então? – perguntou Krum

–Não sei…

–Desta vez não tem como negar. Eu vi! Eu senti! Foi você, Freya! - Desiré parecia aflita.

–Pára Desiré! Algo aconteceu, eu só não sei o que foi…

–Dumbledore tem que saber disso! Ele pode te ajudar a controlar. Tenho certeza! - Disse Desiré.

–Ele não vai saber de nada, porque não há nada, ok? – disse Freya com raiva.

–Então você vai esperar acontecer novamente e quem sabe machucar alguém? - Disse Krum preocupado.

–Sim. – disse Freya com raiva – Eu vou tomar um banho, a gente se vê depois.

–Como é teimosa! – disse Krum com raiva.

–Vem, vamos atrás do Draco ele deve aconselhar ela. Com certeza ela deve ouvir-lo. – disse Desiré.

Desiré e os amigos procuraram Draco até um pouco antes da hora do almoço, mas não havia sinal dele. Eles imaginaram que ele deveria estar em sua sala comunal, então se sentaram no gramado e Desiré recordou a visão.

–Krum, você acha que pode ter sido os poderes dela mesmo?

–Eu não posso te dar certeza, mas pelo que ela e a mãe dela falam sim.

–Que tipo de poder ela tem?– perguntou Juan.

–Que eu me lembre eles devem ser ligados a um dos quatro elementos, mas ninguém sabe ao certo quais são até eles aflorarem.

–Será que ela vai ficar bem? – perguntou a amiga preocupada. - Ela não parece querer esses poderes.

–E não acho quer mesmo. – respondeu o Krum. – Mas ela ficará bem sim.

–Acho que já está na hora do almoço. – disse Juan se levantando. – Vamos?!

Os amigos deram uma ultima olhada para o navio em busca de Freya, mas ela não estava vindo. Eles resolveram entrar no castelo e ao chegar no salão principal se sentaram à mesa da Sonserina. Draco chegou com uma cara estranha e se sentou perto deles.

–Hum... Draco, você viu a Freya? – perguntou Desiré cautelosa.

–Eu? Achei que ela estava com vocês. – disse ele secamente.

–Hum, não sabe nem onde sua namorada está, Draco? – disse Pansy claramente satisfeita.

–E você que nem ao menos tem um namorado?!

As palavras de Draco provocaram em Desiré um ataque de riso, Juan tentava acalma-la e apontou para a entrada o salão vendo Freya entrar.

–Achei que não viria almoçar. – disse Krum. – Você está bem?

–Claro... Só um pouco cansada.

–Freya, é sério, você tem que contar para Dumbledore…

–A gente não pode falar disso depois? – perguntou para a amiga que respondeu com um aceno de cabeça.

Durante todo o almoço Draco não trocou uma palavra com Freya, a deixando bem chateada. E durante o resto do dia ele não fez nem questão de permanecer ao lado dela. Desiré reparou nisto e usou o caminho de volta do jantar para conversar com a amiga.

–Porque vocês não estão se falando?

–Eu contei para ele sobre meu sangue e ele ficou realmente chateado. – disse Freya já sabendo sobre quem era o assunto.

–Ele não me parece muito do tipo que aceita mentiras, mesmo sendo do jeito que é. – disse Desiré com sinceridade.

–Achei que ele não ia ligar, que ia até ficar feliz.

–Dê um tempo à ele. Ele sabe que seria diferente se você tivesse sido verdadeira. - Desiré disse tentando acalmar a amiga.

–Assim espero. – disse Freya sorrindo. -Quem vai ficar muito feliz com essa notícia é a Hermione, ela o detesta.

–Acho que todo mundo o detesta, menos você e a Pansy. – disse Desiré rindo.