Marte, o deus romano da guerra, e Venus, a deusa romana do amor. Duas figuras em uniformes de tom exagerado. Mas isso era irrelevante já que lutariam contra o “mal”.

Ambos estavam escondidos em posições estratégicas do prédio enquanto observavam as ações do inimigo e esperavam a melhor hora para agirem. Provavelmente não estariam ali se tivesse colocado juízo na cabeça de seu chefe a tempo. Mas não havia muito a ser feito.

Aomine entendia as intenções de Kagami. A polícia com o decorrer dos anos estava cada vez mais perdendo crédito com a população. Se alguém influente fizesse um comentário contrário às opiniões da massa, iriam receber ótimos frutos. Akashi era a pessoa ideal para isso, aproveitariam que o rapaz nutria um apego meio doentio por quadrinhos para conseguirem seu apoio. Não era seu trabalho tirar vantagem de ninguém, no entanto Aomine teria que tentar mesmo que fosse contra. Não tinha escolha.

Então ali estava ele com o coração batendo acelerado. A situação toda o deixava nervoso.

Mesmo que dissesse que “iam ficar bem” para a namorada sabia que era uma promessa inútil. Na situação atual qualquer um poderia querer atacá-los.

Ele tinha que permanecer calmo, mas era difícil. O acontecimento que viu desenrolar diante de seus olhos apenas confirmou o quanto os tempos estavam caóticos.

O procurado passava pelos aparelhos de segurança como o vento silencioso e transparente. Não havia nada que cobrisse seu rosto além do capuz da roupa. Porém como tinha convivido bastante tempo essa pessoa, mesmo que tivesse passado um ano que não se reencontravam, ele ainda reconheceu-o pela forma de andar e agir. Mas quem imaginaria? Nem mesmo quando Satsuki lhe confirmou o que tinha visto na câmera de vigilância lhe tinha caído à ficha.

Seu primeiro caso era justamente caçar seu ex-melhor amigo Kuroko Tetsuya.

Era ele que teria que ser detido antes que roubasse o milionário Akashi.

Recebeu uma ligação de Satsuki antes que definitivamente se perdesse em devaneios. Agradeceu mentalmente a intromissão de Momoi pela primeira vez em sua vida. Não era hora de ser sentimental. Se quisesse mesmo resolver as pendências com seu amigo Tetsuya o melhor era se resolver primeiro. O trabalho teria que falar mais alto dessa vez.

A companheira lhe repetiu o plano, ele apenas prestou a atenção nas primeiras palavras. Ainda não sabia o que lhe aguardaria. Porém não importava o plano desde que os dois voltassem muito vivos. É. Talvez devesse mesmo prestar atenção. Mas o que poderia fazer? Quando o que mais lhe interessava era aquela voz suave e que lhe acalmava? Mesmo que o caso rumasse para os piores caminhos, não seria ruim ser salvo por ela. Então apenas confirmou mecanicamente.

Recebeu bronca por isso, mais constrangida do que qualquer outra coisa, por ela saber do motivo.