–Achei que era impossível ele e eu estarmos presentes com você ao mesmo tempo. - Kyle falou sarcástico.

–E era. Porra! Será que eu preciso ser estranho até mesmo entre os estranhos? - perguntei. Minha vida daria uma boa comédia.

–Adam, não faça uma besteira. - Chris falou.

–Eu não vou.

Sabia que Isaac viria, tinha certeza disso, mas eu não queria esperar.

–Adam, você tá nervoso, eu sei disso, mas, por favor, não faça merda. - Christopher falou mais uma vez.

–Eu já entendi, caralho! - gritei. - Christopher, você sou eu, não o contrário, a decisão, a concepção do que é ou não merda é minha, entendeu?

–Quem está com você? - Isaac perguntou ainda sem termos contato visual – Um fantasma e sua alucinação? - ele riu. - Seus amiguinhos imaginários não vão lhe salvar.

Isaac não estava onde eu o havia deixado. Como não previ isso? Tirei os sapatos para não fazer barulho, ele não podia me achar primeiro, Chris e Kyle fizeram o mesmo. Andar por aquele porão me trazia mais lembranças, Chris e eu correndo, eu brincando com Kyle... Eu não podia fazer aquilo. Mas eu precisava.

–Te achei. - Isaac falou atrás de mim.

Não tive tempo de me virar, ele me agarrou por trás tentando me derrubar. Ele enroscava suas pernas nas minhas na esperança de me fazer perder o equilíbrio, e segurava em minhas mão na tentativa de me fazer soltar a arma.

–Chega a cabeça para trás com força e use o punho livre para acertar o rosto. - Kyle falou e eu fiz.

Isaac caiu no chão com as mãos no rosto, ele gritava de dor. Puxei o gatilho e vi o projétil atingir a sua perna.

–Pronto, Adam, já chega. - Chris falou. Kyle não estava mais visível.

–Ele me humilhou. - Atirei em sua outra perna.

–Adam...

–Me estuprou. - mirei em seu braço.

–Você precisa saber de uma coisa.

–Queria matar o Bryan. - Seu ombro.

–Adam...

–Ele te matou!

–Não Adam! Ele não me matou, porque eu nunca existi! - Ele falou juntamente com o som do disparo letal, que atingiu a cabaça de Isaac.

Meu primo jazia morto e minha alucinação me encarava com lágrimas nos olhos. Lágrimas corriam dos meus.

O sabor metálico do cano da pistola invadia a minha boca. Puxei o gatilho e não tive tempo de ouvir o disparo.