Mais uma chance escrita por Carcata


Capítulo 9
Um nerd que só veste cardigans


Notas iniciais do capítulo

olha q surpresa, eu nao morri!! *levanta as mãos pro ar* desculpe eu não ter postado semana passada, tanta coisa aconteceu e eu não consegui escrever, e como eu não queria postar um cap meia boca pra vcs, ta aí um bem escrito (eu espero) e com bastante feels *pisca os olhos sedutoramente* hmmhm
avisando que tem alguns palavrões, mas n é mta coisa. A personalidade de Gogo me dá energia pra viver



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– E então como conclusão... Espera, não, eu já disse “e então” muitas vezes... Daí como conclusão... Não, isso soa estúpido. Talvez eu devesse só falar “como conclusão”? Aaah!

– Falando com você mesmo, Tadashi? Faculdade já está te pegando de jeito, hein?

Tadashi encarou Hiro quando este entrou no quarto, um sorriso divertido estampado em seu rosto.

– Na verdade estou praticando meu discurso – respondeu o mais velho, levantando os papéis na mão – No final do ano, o presidente da escola escolhe um aluno do primeiro ano que fez o melhor projeto para dar um discurso sobre o futuro da robótica.

– Então você foi eleito presidente dos nerds? – Hiro perguntou.

– É rei dos nerds pra você – Tadashi retrucou com um tom mais aliviado. Falar com seu irmão realmente melhorava seu humor quando estava se sentindo pressionado – Eu preciso dar uma boa impressão, mas é difícil.

– Pratique em mim! – sugeriu Hiro enquanto ele pulou e sentou na cama do irmão – Você tem a minha atenção agora.

Tadashi sorriu da séria expressão feita por Hiro antes de aceitar a oferta.

– Tudo bem então – Tadashi disse, inspirando profundamente para se preparar – Boa noite a todos. Meu nome é Tadashi Hamada e-

– Pfffft! – Hiro colocou a mão na boca para disfarçar sua risadinha.

– Hiro...

– Desculpe, eu não consegui me conter.

–-

Tadashi abriu os olhos – que pareciam mais pesados do que nunca – e novamente sentiu uma tristeza consumindo seu coração quando percebeu que era tudo um sonho. Não, ele não estava mais no primeiro ano da faculdade se preparando para seu discurso e Hiro não estava vivo.

Ele endireitou-se na cadeira e espreguiçou, os músculos de suas costas e ombros estralando devido a sua posição de dormir não muito recomendável. O jovem suspirou e fitou as anotações e ferramentas que estavam postas na mesa à sua frente. Tinha dormido na escrivaninha outra vez. Tia Cass iria ficar doida se descobrisse, porém Tadashi não se importava. Já se passaram alguns dias que ele estava planejando um jeito de achar seu irmão. A cada hora ele ficava mais frustrado, mas não desistia.

A noite passada foi mais um fracasso para Tadashi, e sem saber o que fazer, decidiu preparar alguns updates para Baymax. Ele iria precisar se estava disposto a ajudá-lo a encontrar Hiro.

Baymax tinha evoluído muito nos nove meses em que seu criador estava... Ausente. E Tadashi ficou muito orgulhoso com seu irmãozinho quando notou todos os detalhes e melhoras que este tinha adicionado no robô. Pena que Tadashi só percebeu isso tarde demais, e ele agora não tinha a chance de elogiar Hiro e dizer o quanto estava feliz por seu progresso. Ele balançou a cabeça para afastar esse pensamento. Tadashi encontraria Hiro e tudo ficaria bem, e então ele poderia confessar todas as coisas que queria contar para ele.

–-

– Tadashi, já chega! – Gogo abriu a porta de repente, quase causando um ataque cardíaco em Tadashi, que se virou para ela na cadeira.

– Gogo? O qu-

A mulher pegou o jovem pela gola e o levantou, a fúria em seus olhos bem mais evidente agora.

– Eis o que eu vou te mandar fazer – Ela rangiu os dentes – Você vai se levantar dessa cadeira estúpida, sair dessa garagem abafada e fedorenta, comer alguma coisa e depois a gente vai sair.

Tadashi, espantado demais para falar algo, apenas a encarou e depois notou seus outros amigos entrando na garagem.

– Ugh, esquece isso de sair – Fred comentou com uma careta – Antes ele precisa de um banho.

– Woah, woah – Tadashi tirou a mão de Gogo na sua gola e se levantou – O que vocês estão fazendo aqui?

– Tadashi, você precisa sair daqui – Honey Lemon se manifestou, e Wasabi exclamou.

– É, você está preso aqui e sua tia Cass está tão preocupada-

– O que eu preciso agora- interrompeu Tadashi – É que vocês saiam.

– O que você quer provar, hein? – Gogo protestou – Trazer seu irmão de volta?! Hiro morreu, Tadashi! Coloca isso na sua cabeça!

Tadashi cerrou os punhos e sentiu seu coração acelerar.

– Cala a boca – murmurou ele, sem tentar esconder a raiva na voz – Você não sabe.

– O que eu sei é que você ficou louco da cabeça. Ele não vai voltar. Ficar preso aqui só está te fazendo doente. Você não vê? Tia Cass precisa de vocês, nós precisamos de você – Gogo o encarou com uma expressão aflita, tentando desesperadamente colocar um senso na cabeça do amigo – As coisas não vão voltar como eram antes. E sim, isso é uma merda, e não podemos fazer nada. Eu sei que machuca, e é uma dor do caralho, mas você tem que aceitar isso.

Tadashi pareceu pensar mais afundo, entretanto só de pensar no fato de que ele teria que viver sua vida sem Hiro doía tanto que ele quase ficava sem ar.

– Não – Tadashi engoliu seco – Eu não vou esquecer do Hiro.

Gogo encarou o amigo com um olhar machucado, como se alguém tivesse pisado em cima dela e jogado fora. Depois de muitas tentativas inúteis de convencer Tadashi a sair, seus amigos desistiram. Já era tarde demais. Gogo fechou a porta e uma lágrima escorreu em sua bochecha quando percebeu que tinha perdido seu amigo.

Algumas horas se passaram e Tadashi fitou o teto, pensando sobre o que aconteceria daqui em diante. E pensar que em uma só tarde ele tinha perdido tudo. Se eles não tivessem ido enfrentar Callaghan, Hiro estaria aqui com ele. Provavelmente mal humorado por não ter ido naquela ilha, mas estaria vivo.

Ele olhou para o seu celular quando notou que estava vibrando. Provavelmente mais uma mensagem de seus amigos. Tadashi ignorou até o aparelho chamar sua atenção pela quinta vez e ele decidiu atender. Ele observou a tela e viu que não era uma mensagem.

Era o rastreador.

O coração de Tadashi parou por um segundo e seus olhos se arregalaram. Hiro. Hiro estava se movimentando para um lado qualquer da cidade, e o estudante tentou acalmar a respiração e pensar logicamente. Talvez o microchip estivesse quebrado?

Tadashi não se lembra de nenhum defeito no aparelho, e quem vestiria alguma roupa de Hiro e começaria a andar por aí? Ele correu para o seu quarto, ignorando as perguntas de tia Cass e começou a mexer no guarda-roupa de seu irmão. Tentou não fazer uma bagunça muito grande enquanto tirava as roupas, pois afinal, Tadashi ainda se importava em não mudar muito o estado do quarto de Hiro. Ainda era um assunto delicado.

Ele bufou quando não achou a jaqueta, e depois parou de repente quando lembrou onde Hiro a colocava. Ele virou-se para a cadeira do menor e não achou nada. Procurou no cesto de roupa suja e até perguntou para tia Cass, e nada.

Tadashi sentiu que iria chorar. O que era estranho, pois não havia motivo para chorar. Talvez essas fortes emoções que o jovem tinha trancado só estavam querendo sair agora, o que não era bom. Ele não tinha tempo para isso, não naquele momento. Ele deu uma olhada no celular e notou que o pontinho vermelho no mapa estava se distanciando, e Tadashi se apressou para chamar Baymax.

Ambos voaram pela cidade e a ansiedade de Tadashi só aumentava. Baymax comentou sobre isso, mas não puxou o assunto mais fundo. Seu criador tinha contado o que estava acontecendo, e Baymax não implicou.

Só foi depois que eles aterrissaram Tadashi percebeu que estavam na mesma ilha. Ele sentiu seu sangue ferver, entretanto focou sua atenção em encontrar Hiro. Ele seguiu o rastreador e parou quando chegou ao penhasco. Baymax o ajudou a descer e depois parou de seguir o jovem, a pedido de Tadashi. Ele queria ver o que tinha acontecido com seus próprios olhos, e se não fosse Hiro quem estava por trás do pontinho vermelho brilhando na sua tela de celular, quem seria?

Seu celular começou a vibrar novamente. Ele pensou que fosse alguma alteração na localização do microchip, todavia era só tia Cass o chamando. Cansado de tanto ignorá-la (ela não merecia isso) finalmente atendeu.

– Alô, tia Cass? – respondeu ainda observando o local.

– T-Tadashi...! – Cassandra falou tremidamente na outra linha do telefone, como se estivesse tentando o máximo para falar e respirar.

– Tia Cass? O que foi? – Tadashi perguntou preocupado e voltou sua total atenção para o telefone.

– A-Acho melhor você vir pra casa... – Ela murmurou e deu uma pausa para tentar se acalmar – É-É sobre o Hiro.

O homem parou de andar e absorveu a informação que tinha escutado. Hiro?

– O que tem ele, tia Cass? – Agora ele estava desesperado por respostas – Pode me contar agora, mesmo.

A outra linha ficou quieta por um segundo, até sua tia quebrar o silêncio com uma voz mais quebrada ainda.

– Eles... Eles encontraram o corpo, Tadashi – E com isso ela se desmanchou em lágrimas.

Tadashi ficou lá segurando o celular com uma expressão perplexa no rosto. Cinco minutos atrás ele tinha incontáveis teorias e perguntas em sua cabeça, e estava pronto para resolver todas elas. Entretanto, esses cálculos foram apagados definitivamente e só sobrara uma palavra em todo o seu vocabulário.

Corpo.

Não, não, não, não-

– Krei me ligou – Cassandra se recompôs na medida do possível e começou a explicar – Disseram que tinham achado o corp- Hiro. – Uma pausa – Queria ver por meus próprios olhos, então fui encontrá-los, e Tadashi... Oh, querido...! Eu sinto muito!!

Sua tia começou a chorar de novo e aquela era a única prova de que Tadashi precisava. Ele queria falar alguma coisa para ela, qualquer coisa. Consolá-la, chorar com ela, dizer palavras gentis para acalmá-la. Mas não conseguia.

Desligou o celular nas esperanças de que tia Cass tivesse entendido que não queria falar agora. Ele caminhou pelo chão lentamente, não sabendo direito como reagir a tais notícias.

Seus olhos encontraram a cena do crime, mas surpreendeu-se quando não viu nada. Ele abaixou sua cabeça e notou a jaqueta azul de Hiro. Seu estômago revirou quando se abaixou de joelhos e pegou o casaco, empoeirado e sujo de sangue.

Ele não aguentou e logo uma lágrima rolou. Depois outra. E outra. Segundos depois estava soluçando violentamente e agarrava o pedaço de roupa como se sua vida dependesse disso. E talvez dependesse, mesmo. Hiro era a sua vida, e todas as vezes que estava passando por alguma dificuldade, lembrava a si mesmo que se seu irmãozinho estivesse bem, tudo estava bem. Mas não estava, não mais. Ele fechou os olhos numa tentativa de poder ver o sorriso de seu irmão pelo menos em sua mente, pois agora tudo o que sobrava daquele sorriso estava na lembrança.

Tudo o que ele acreditava, suas tentativas falhadas de alguma forma trazê-lo de volta eram tudo uma ilusão. Estava tão desesperado e em negação que Tadashi desligou-se da realidade. Bem, ele tinha acordado agora, porém doía tanto que fez o jovem querer voltar outra vez para o seu estado de ilusão. Deus, até a insanidade era melhor que isso.

Qualquer coisa era melhor que isso.

Ele limpou as lágrimas. Mesmo que a dor não tivesse saído (e provavelmente nunca sairia), havia uma pergunta que tinha sido deixada no ar e voltada com força total, e Tadashi precisava pensar. Quem estava por trás do rastreador? Quem havia colocado a jaqueta de Hiro aqui e por qual motivo? Quem mais sabia do microchip escondido no casaco além de tia Cass?

Se a situação fosse diferente, Tadashi teria rido. É claro.

– Tadashi – Uma voz um tanto familiar o chamou e ele levantou a cabeça, fitando os olhos verdes de Callaghan com os seus.

Tadashi queria gritar, espernear, chorar e, acima de tudo, ter uma última chance de abraçar o seu irmãozinho.

–-

Ele não vai voltar. Ficar preso aqui só está te fazendo doente. Você não vê?

As coisas não vão voltar como eram antes.

Você tem que aceitar isso.

Eles... Eles encontraram o corpo, Tadashi.

Não se atreva a me dizer que todo o meu sofrimento não foi real! Que os nove meses que eu passei não foram um inferno!

Eu entendo, Hiro – murmurou Tadashi – Eu entendo.

–-

Dizer que Tadashi estava mais que quebrado era um entendimento. Tinha acontecido tanta coisa em seu último encontro com Callaghan que o jovem estava tanto fisicamente quanto emocionalmente cansado. Para a surpresa de Baymax e Tadashi, Callaghan tinha vindo para se render, e ele foi entregue a polícia.

– Eu não queria que nada disso acontecesse. Eu mereço isso – foi tudo o que ele disse. Tanto trabalho para apreender um vilão que no final se entregou. E isso custou a vida da pessoa mais preciosa que Tadashi tinha. Todavia estava cansado demais para ter raiva. Tudo o que ele queria agora era abraçar tia Cass e olhar para as fotos de Hiro. E um banho. Um banho seria bom.

Baymax, sentindo a angústia de Tadashi, decidiu consolá-lo.

– O que você fez foi bom, Tadashi – O robô assegurou – Hiro ficaria feliz.

Tadashi levantou a cabeça com a última frase. Será que ele ficaria mesmo? Ou Baymax estava dizendo aquilo só para animá-lo?

– Obrigado, Baymax, mas acho que o Hiro não vai estar mais aqui para ver os meus atos heróicos, não é?

– Hiro está aqui.

Tadashi suspirou.

– Baymax, é legal você dizer isso, mas-

– Ai! Que droga!

A voz de Hiro soou nos ouvidos de seu irmão, e este olhou de repente para a barriga de Baymax, que mostrava um vídeo que Tadashi assumiu tinha sido gravado durante os nove meses.

– Eu ouvi um chamado de dor. Qual é o problema? – Baymax disse se aproximando de Hiro. O garoto olhou pra ele e sorriu.

– Ah, oi, Baymax. Não quis te ativar – Ele levantou o dedo, revelando um pequeno filete de sangue – Eu cortei meu dedo com o papel, só isso.

Tadashi sorriu. Só seu irmãozinho conseguiria um feito como esse.

– Eu sugiro um spray antibacteriano e um band-aid – Baymax explicou e começou a aplicar o remédio assim que Hiro assentiu.

– Sabe, é até engraçado o fato de Tadashi ter criado você – Hiro comentou e o robô piscou para ele.

– O que quer dizer?

– Tadashi sempre cuidou de mim e fazia de tudo para que eu não entrasse em problemas – A voz do garoto tinha uma pitada de tristeza, mas Hiro conseguiu escondê-la muito bem, Tadashi percebeu – Acho que ele percebeu que não estaria comigo o tempo todo e decidiu criar você – Ele riu – Até que faz sentido, se você pensar bem.

– Entendo. Eu te faço lembrar de Tadashi?

– Sempre – Hiro assentiu – E isso doeu muito no começo, mas depois percebi que não era tão ruim assim. Mesmo ele não estando vivo, é como se estivesse por perto. E isso já é o suficiente pra mim.

O garoto cruzou os braços, pensativo.

– Aquele idiota cabeça oca, sempre pensando nos outros e se rebaixando – bufou ele – Eu realmente amo meu irmão, mas ele precisava se dar um pouco de crédito. Tadashi até que foi um bom irmão para um nerd que só veste cardigans.

Hiro soltou uma gargalhada e deu uns tapinhas na barriga do robô.

– Obrigado, Baymax. Estou me sentindo melhor– O vídeo parou com o garoto abrindo um sorriso, revelando seu pequeno e adorável espaço entre os dentes e Tadashi se encontrou imitando aquele mesmo sorriso, as lágrimas ameaçando a sair novamente.

Ele gentilmente tocou a bochecha de Hiro, e Baymax desligou a tela.

"Tadashi até que foi um bom irmão para um nerd que só vestia cardigans."


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Notas finais do capítulo

*sussurra: a fic ainda n acabou ta*
vcs realmente pensaram que hiro tava vivo? HAHAHAHAdesculpa ;-;
não sei quando vou postar, e digo o mesmo pra "Obsessão", mas asseguro vcs que vai ser a próxima a ser atualizada *faz joinha e volta a dormir*