Evil Ways escrita por Moonlight


Capítulo 20
Interrupção do Amor


Notas iniciais do capítulo

Migs! to aqui no domingo!
Esse capítulo é light, porque precisamos dar um tempo entre fortes emoções. Mas ele é útil e explicativo.
Ele se passa na mesma noite na festa do Finnick então fiquem atentos, porque esse é o Quarto capítulo em que a ordem cronológica não se alterou. Ou seja, ainda estamos entre os dias 13 e 14 de março.
Vamos ver mais um bromance? Beijos!!



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— Não ligo. Não ligo se é Paris, Milão, Madrid. A próxima vez que você me abandonar assim eu juro, juro que acabo com você!

Cinna não tinha nem vergonha de exibir aquele sorrisão, rindo sem disfarçar da cara de Effie, pensava ela. Ela não via o melhor amigo desde a última vez que havia batido em sua porta e chorado com a sua primeira briga séria com Peeta, e confessava: Sentia muita falta dele.

— Minha profissão, amada. Me desculpe por não avisar, mas você estava naquela fase “Respiração de Yoga” e eu não queria atrapalhar suas energias. — Cinna retrucou, abraçando Effie contra vontade dela.

Cinna foi uma das pessoas com quem Effie teve a honra de esbarrar nos primeiros anos de negócios. Se conheceram no Baile de Primavera organizado pela socialite Mariè Nikolaievitch, naquela época – final dos anos 80 – Effie havia acabado de assumir, aos 19 anos, a liderança de uma das maiores empresas americanas, e Cinna, aos 20 anos, era aprendiz da estilista Eugiene Tigris. Effie dava entrevistas rudes e ásperas sobre sua vida pessoal e sobre sua capacidade de assumir tamanho poder ‘mesmo sendo’ mulher, enquanto Cinna tornava-se, aos poucos, maior e mais brilhante de que sua mestra, desenhando roupas que só passariam a virar tendência no meio dos anos 90 e, futuramente, nos anos de 2014/15/16.

Cinna produzia roupas fora de conceito inspirado em Effie Trinket. Effie as usava, ditando moda e, juntos, eles se tornaram uma dupla a frente de seu tempo.

— Tudo bem, meu amor, eu só estava brincando com você. — retorquiu Effie, aceitando e abraçando Cinna ainda mais forte.

Os dois estavam em pé na calçada frente a entrada do La Nourriture, na noite de Sexta feira, 13 de Março. Cinna havia mandando uma mensagem para Effie na tarde do mesmo dia comunicando sua volta, e ela decidiu marcar um jantar em seu restaurante favorito. E Cinna, como bom amigo que é, não sabe o que é negar um pedido de Effie Trinket desde 1989.

Eles entraram no restaurante e se sentaram na mesma mesa que Effie e o filho ocuparam há alguns dias atrás, quando Trinket apresentou sua palestra em um dos maiores teatros de Nova York. Agora, ela e Cinna ocupavam um lugar que antes fora preenchido com a confissão de Peeta e os mais sinceros gestos de amor de mãe para com seu filho.

— Vamos, me fale sobre sua vida nessa eternidade que eu estive fora. — Cinna pediu, sorrindo para a melhor amiga, que por sua vez, sorria educadamente para o garçom devolvendo os cardápios depois de ter seus pratos pedidos.

— Bom, eu consegui comprar aqueles 30% da empresa dos Schwengber, e eu prevejo aumento de 25% dos lucros já para o próximo mês. — Effie sorriu, tomando um gole na sua taça de água enquanto Cinna a olhava com admiração. — Hm... Peeta e eu estamos mais unidos, mesmo com os acontecimentos na vida dele.

— O que aconteceu com Peeta? — Cinna perguntou, preocupado.

Cinna foi a primeira pessoa a apoiar a gravidez de Effie, e chegou a acompanhá-la nas três primeiras inseminações. Quando viu o garoto loiro nascer, se encheu de amor pela criança, e acompanhou seu crescimento como um pai. “Um pai negro e homossexual, mas um pai” Cinna brincava, rindo para não chorar dos preconceitos que sofreu algumas vezes da sociedade.

Effie contou, em detalhes, toda a história da perseguição de Peeta por um pai. Contou até mesmo aquilo que Cinna já sabia, só para não se perder na narrativa – as primeiras discussões e o período “Respiração de Yoga”. Effie narrou o episódio do chá de camomila, logo depois da vitória sobre os Schwengbers e contou sobre a conversa que ambos tiveram, naquele mesmo restaurante.

Cinna sabia que seu ultrapassado Torpedo fora essencial para Peeta. Mas não imaginava que chegaria a isso.

— Parece que o nome do homem é Haymitch. — Effie disse. — Eu nem me importei pra quem quer que ele fosse naquela época, se lembra? Eu estava desesperada porque não estava conseguindo engravidar. E, se o sêmen estava disponível, era porque tinha passado por todos os exames necessários, e só isso me importava. Eu nem ao menos me lembro do pseudônimo que ele usou, ou se era mais velho do que eu e essas coisas.

— Eu me lembro que anotei algumas informações sobre ele, mas nem me recordo mais. — Disse Cinna, lembrando do que estava escrito em sua mensagem para Peeta. — Quem é esse Haymitch, você sabe? — Cinna perguntou.

— Só o que Peeta me falou. Professor de História, alguns anos mais novo do que eu. Paga as contas do apartamento, e isso é o suficiente para ele. — Effie falou, enquanto o garçom servia vinho tinto que fora pedido por Cinna. — E só. Peeta não me falou, também não quis ouvir. Eu estava no meu inferno astral e os sintomas da menopausa estavam me atacando aquele dia...

— Menopausa, Effizinha? — Cinna perguntou, em tom discreto e inesperado. — Você é muito nova pra isso! Já foi no gine ver?

— Já, ele disse que o climatério tem início por volta dos 40 anos e se estende até os 65 anos. — Respondeu, enquanto tomava um gole de seu vinho. — Eu estou meio sensível por causa disso, e Peeta me pegou no pior dia. Mas nós nos resolvemos. Ele me garantiu que não faria nada se eu não quisesse, mas ele já está grande demais para isso. Então, ele me disse que vai conversar com o tal Haymitch e quando as coisas estiverem resolvidas do lado de lá, ele vai atender meu pedido.

— O que você pediu, Effizinha?

— Um jantar na minha casa. — Effie respondeu, observando a cara surpresa de Cinna. — Se esse homem já está participando da vida do meu filho, não tem nada que posso fazer. Peeta é quem vai sentir a felicidade, arcar com a maneira de se relacionar e se acontecer, ele é quem vai sofrer as decepções. Não tenho mais arbítrio em tomar decisões na vida de Peeta desde os seus 17 anos.

Cinna sorriu para a mulher em sua frente.

— Eu estou muito orgulhoso de você. — Ele segurou as mãos de Effie sobre a mesa. — Você agiu de maneira certa, madura e sensata nessa questão, exatamente como uma capricorniana deve agir. — Cinna soltou das mãos de Effie enquanto ela o olhava agradecida. Ele colocou suas mãos sobre o colo e suspirou, e antes mesmo que Effie percebesse o que estava por vir, o golpe indiscreto de Cinna a atingiu. — Agora vamos ver como você está em relação à Plutarch Heavensbee.

— Ah, não. Não, não, não. Não vamos falar sobre isso. — Effie se recusou, se mexendo impaciente em sua cadeira.

— Ah, vamos sim! Acha que ainda não converso com meu menino pra saber noticias de verdade sobre você? — Cinna falou, se referindo à Peeta. — Ele me falou que Plutarch soube desse restaurante e te convidou para um jantar que você elegantemente negou. Vamos, desabafe tudo.

— Olha, o fofoqueiro do Peeta já te falou tudo, eu garanto. — Effie respondeu, aparentando calmaria e tentando manter o controle. — Plutarch me chamou para um jantar, e eu rejeitei, porque acho que não vale a pena. Nunca fomos amigos, e esse jantar seria hipocrisia dos dois lados.

— Sim, eu sei... — Cinna argumentou, desconfiado. — Você não saberia como reagir se ele voltasse, não é? — Falou Cinna, em tom de compaixão. Mesmo usando um tom de pergunta, ele sabia que era exatamente aquilo, e só esperava Effie confirmar com um aceno tímido.

— Eu não sei ler o Plutarch. — Ela começou, num misto de raiva e confusão. — Ele volta, fala as coisas que quer e vai embora. Ou pior: ele fica, mas faz tudo dar errado. Eu não consigo entender quando ele é a melhor pessoa do mundo comigo e dois segundo depois se torna a melhor pessoa do mundo pra outra mulher. — Effie, encerrou sua analise sobre a personalidade dupla e a pessoa exageradamente social de Plutarch. — Eu gostei muito dele. Mas não vou deixar o amor me atrapalhar, corromper ou me interromper mais.

O garçom chegou trazendo os pedidos de ambos, e enquanto Effie o agradecia, Cinna não tirou os olhos da loira. Ele reparou que a situação com Peeta, sua vida amorosa e a empresa a transformou em todas as coisas boas que ela era: Segura, madura, sensata. Effie era lógica, e quando os sentimentos a traiu, Cinna sentiu mais dor por ela do que ela sentiu por Plutarch.

— Às vezes eu tenho medo de que passe sua vida inteira sem amor, sweety — Disse Cinna, em tom preocupado.

Effie sorriu para o amigo.

Cinna sempre foi mais sentimental e romântico dos dois. Cinna gostava de amor, das batalhas de amor, dos filmes de amor, dos ideais românticos e tudo o que eles representavam na terra. Talvez por isso seus dois “divórcios” o machucaram tanto quanto o amor não correspondido poderia machucar. Talvez por isso, o ato de não poder se casar aos olhos da lei o magoe tanto. Cinna era seu irmão, seu pai, seu namorado.

— Eu não preciso ser casada para ter amor, entende Cinna? — Effie explicou, no exato mesmo tom que usou para explicar certa vez a Peeta porque ela não tinha um namorado, quando ele tinha seus 7 ou 8 anos de idade. — Eu amo minha mãe, e inclusive preciso visitá-la mais vezes. Eu amo Peeta, e tudo o que ele me representa nessa vida. Eu amo você. E eu amo a mim. E se eu disser que não estou inteiramente feliz por não ter um companheiro, acredite, eu estou mentindo. Você pode confiar em mim?

Cinna não pode fazer outra coisa ao não ser acenar um sim, porque ele não sabe o que é não confiar em Effie Trinket desde 1989. E porque ele sentia que alguma coisa ia mudar na vida dela, e por ser uma pessoa muito sensitiva, Cinna quase nunca errava ou deixava de confiar em seus sentimentos.

E talvez, porque ele a amava também.


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Notas finais do capítulo

* Gine - abreviação de ginecologista.
***Lembrando que o casamento gay em todos os estados dos EUA só aconteceu há dois dias atrás. Em março, Cinna ainda não podia se casar aos olhos da lei.
Título do capítulo e falas de Effie inspirados em:
Minha vida.
E na música do Jack White - Love Interruption ( http://letras.mus.br/jack-white/love-interruption/traducao.html )
Até domingo que vem!!!!