What If...? escrita por Miss Daydream


Capítulo 19
Capítulo 19 - Nathaniel


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁ MEUS LINDOS! EU NÃO DEMOREIIIIIIII *fogos e trombetas ao fundo*
Não sei se esse capítulo vai decepcionar os deixar vocês felizes, mas eu pretendo voltar a ativa esse ano!
Capítulo dedicado especialmente a Neko Nyan! OBRIGADA POR ESSA RECOMENDAÇÃO MAIS LINDA DO MUNDO! Pra variar, a Cry Baby aqui chorou! Não posso evitar gente... Vocês me escrevem coisas tão lindas!
Espero que gostem e que as coisas façam sentido!
Última coisinha... Dia 21/02 a fic estará fazendo dois anos! Como vai demorar até lá, eu decidi postar esse cap especial antes disso: Pela primeira vez, teremos a visão do Nathaniel sobre os acontecimentos!
Espero que curtam ♥
Até depois ♥



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"Distance, timing

Breakdown, fighting

Silence, the train runs of its tracks

Kiss me, try to fix it

You should just try to listen

Hang up, give up

For the life of us we can’t get back”

— Sad Beautiful Tragic

 

***

Foi um dia difícil, papelada demais. Eu provavelmente já deveria ter me acostumado, mas admito que no fundo, isso nunca aconteceria de verdade.

Era complicado se moldar a algo que você nunca foi acostumado a ser... Mas eu me esforçava. Algum dia conseguiria ser perfeito, exatamente do jeito que todos queriam. Do jeito que meu pai queria e me forçava a ser.

Ultimamente ele vinha sendo muito… Difícil. Talvez por causa do trabalho, das chances de subir na empresa que havia perdido para um garoto mais jovem que ele. Talvez por causa da semelhança entre mim e esse garoto…

Meu pai fazia de tudo para tornar a minha vida bastante dura. Decidi não mencionar isso para ninguém, afinal, uma hora ele teria que mudar sua atitude.

Mas mesmo que eu me esforçasse ao máximo, ele ainda continuava… Complicado. Estremeci só de pensar nisso.

Me espreguicei, estalando as costas e os dedos das mãos. Peguei meu celular, a fim de olhar as horas. Basicamente fim do período da tarde, Castiel e sua banda já deviam ter acabado de ensaiar. Meu celular apitou e eu sorri. Falando no diabo...

"Ei representante, espaço liberado para que você tranque. Estamos no aguardo... Sorvete após isso? Eu pago (metade) o seu."

Sorri, cansado. Quem sabe...? Meu pai só chegaria mais tarde em casa naquele dia. Eu poderia fugir por alguns minutos, com a desculpa de que iria estudar até mais tarde.

Estávamos tão distantes. Não tínhamos mais tempo para nos encontrar, nossos horários não batiam.

Mas ele não desistiu de mim.

Ajeitei meu suéter azul estampado e me olhei no espelho do grêmio. Meus cabelos estavam bagunçados, do jeito que ele gostava. Castiel sorria sempre que os fios estavam fora do lugar.

"Parece você."

Então estava decidido.

***

Arrumei minha sala e deixei um bilhete para Melody sobre a papelada de transferência de clube. Ultimamente as coisas andavam fora de controle no clube de música.

Lembrei-me de ter deixado as chaves dentro do armário da sala de aula, e dei meia volta rapidamente a fim de pegá-las. Castiel nunca gostou de ficar esperando, e eu não queria perder nenhum minuto de meu tempo com ele. Ao chegar na porta da sala, ouvi a voz fina e enjoada de Debrah.

— ... Ele não vem mais treinar com a gente... Ele disse que já conseguiu mesmo... Ele começou a dar autógrafos aos outros alunos... Eu... Eu acho melhor não considerarmos Castiel, mesmo se isto me custa a admitir. Acredito que ele não esteja preparado para um produtor do seu tamanho, já que só uma pequena amostra da fama já lhe subiu a cabeça dessa maneira.

O que?! Desconsiderar Castiel?! Ele estava batalhando duro por aquele produtor! Chegou ao ponto de deixar os dedos sangrarem só para não parar de treinar! Tocar era a vida dele, o que ele mais gostava! Ele não era assim, nunca foi.

Ela passou um tempo calada, parecendo ouvir mais algumas argumentações.

— É com tanto peso que te conto isso! Castiel é agressivo e mesquinho, acaba com a nossa energia e com as boas vibrações que a música nos traz... As vezes não sei nem porque o namoro, ele não é mais a mesma pessoa de antes... O que? Ah, obrigada!

A garota comemorou discretamente, parecendo ter vencido algum tipo de jogo. Eu não fazia ideia de quem era este Castiel que ela inventou. Eu a ouvi dar uma risadinha.

— Um beijo… Esperarei você contatá-lo. Só não conte nada disso a ele, está bem? - ela disse cautelosa - Tenho medo do que pode acontecer… Beijo! - risadinha insuportável - Bye bye Castiel! - ela lançou um beijo para o celular, agora desligado - Sinto muito, mas só quero o meu nome no CD! É assim que deve ser.

Apertei os punhos fechados, com ódio. Ela iria destruir uma grande oportunidade para ele... Por puro egoísmo. Então isso é o que ela verdadeiramente sentia por ele?

— O amor é lindo... - carreguei minha voz de escárnio e ódio, sorrindo o sorriso mais falso que consegui

— N-Nathaniel?! Você ouviu tudo?! - Debrah me olhou com desespero e choque. Sua máscara havia caído! Pelo menos para mim. E futuramente, eu esperava, para todos os que tiveram o desprazer de conhecê-la. Principalmente Castiel.

Apenas lhe lancei um olhar de puro ódio e repulsa, saindo da sala rapidamente e ignorando todos os seus protestos atrás de mim. Saí correndo e entrei no grêmio novamente.

Apertei com força a cadeira, transtornado. Como eu conseguiria passar uma informação dessas para ele? Logo agora, que parecia finalmente ter feito novos amigos e se encaixado... Logo agora que as oportunidades no mundo da música pareciam realmente fazer alguma diferença! Ela estava estragando tudo!

Nunca confiei na Debrah. Tudo o que ela fazia, parecia ser para me irritar. Meu tempo com Castiel já era curto por causa de tudo o que estava acontecendo, e ela sempre aparecia nos momentos mais inoportunos. Nunca mais consegui ficar sozinho com ele, e nunca podíamos conversar como antes. Tudo passava por ela, tudo ela tinha que se intrometer.

Eu não aguentava vê-los juntos.

Não aguentava ouvi-la chamando ele de "gatinho" e nem nada do gênero.

Definitivamente entrar no caminho dos dois nunca esteve nos meus planos. Ele parecia feliz, e para mim foi sempre isso que importou. Ela o fazia companhia e roubava seus sorrisos.

Eu só queria que Castiel fosse feliz.

E é exatamente por isso que eu precisava contar o que está acontecendo.

Ouvi o barulho da porta abrindo, e me virei para dar de cara com a víbora.

— Não precisa nem começar a gastar sua saliva, você não vai me convencer de que tudo o que ouvi foi um mal entendido. - olhei-a com ódio

— M-Mas Nath, eu amo o Castiel. Você sabe disso! Nunca faria isso com ele... - começou com a lábia, mas eu sabia quem ela era. Sempre soube.

— Não ama, mentirosa. Nunca amou, não é mesmo? - cerrei os dentes e apertei meus cadernos com força - E para de me chamar assim! Nós não somos amigos, que eu saiba.

Ela pareceu considerar minhas palavras, e mudou de atitude.

— Não... Mas nós poderíamos ser bem mais que isso.

— O que?! - perguntei incrédulo - Que bobagem é essa?!

Eu sempre soube quem ela era... Nunca gostei realmente de Debrah, nem de suas atitudes. Sempre tive ódio, nunca nada além disso.

Ela começou a se aproximar de mim, devagar e com um sorriso terrível no rosto.

— Você sempre me olhou com desejo Nath... Você quer sair comigo. Você sempre quis. - Debrah me pegou pelo colarinho da camisa - Eu sei disso agora.

— Tire as mãos de mim Debrah, eu não tenho mais paciência pra você e suas gracinhas. - tentei afastá-la, mas a garota era forte

— Sempre achei que talvez fosse por outro motivo... - ela começou a ajeitar minha roupa, como se fossemos sair juntos para algum lugar - Sim... Sempre achei. Mas agora sei que era apenas ciúmes de mim! Porque não disse antes, bobinho? Apenas adiantaria as coisas...

— Eu nunca odiei tanto uma pessoa como odeio você. - olhei bem fundo nos olhos dela, tentando transmitir a mensagem novamente. Sorri com escárnio. - Castiel era muito diferente antes de você, sua presença... Ela me enoja. Você sempre estragou tudo entre nós dois.

Ela parecia extremamente desconcertada. Como se eu não tivesse o direito de rejeitá-la daquela maneira. Mas surpreendentemente, dessa vez quem sorriu foi Debrah. Diabólica, essa é a palavra para descrever sua feição naquele momento.

— É porque você o ama.

Meu sorriso foi se apagando lentamente da minha face, e eu me sentia completamente atingido, bem no meio do peito.

— Claro que sim. - tentei manter a compostura - Ele é meu melhor amigo. Nós nos conhecemos desde pequenos e...

— Eu sei que não é só desse jeito. - o aperto no meu colarinho se intensificou e ela puxou meu rosto para mais perto - Sua expressão acabou de confirmar isso.

Minha respiração falhou. Não. Não agora. Não.

— Você é tão fofo, Nath. - ela estava quase rindo - Tão ingênuo... Achou mesmo que ninguém nunca perceberia? É meio óbvio pra dizer a verdade... Não era só ciúme de amigo. É ciúme de amante.

Desviei o olhar, não aguentando mais encará-la, e fiquei em silêncio tentando processar o que ela estava dizendo.

Não...

— A pergunta é... - seus dedos passeavam pelo meu rosto, de maneira suave e perigosa - Castiel sabe disso? Ele sabe sobre os seus sentimentos repugnantes? Ah... Ele não ficaria nada contente... Sabe, acho que ele até sentiria nojo...

— Cale a boca. - implorei desesperado, quase em um sussurro

— Eu o encontrei há pouco. - seus dedos seguraram violentamente minha bochecha, me forçando a olhar em seus olhos repletos de chantagem e maldade - Quanto tempo ele demoraria para chegar aqui, e ouvir tudo o que você vem escondendo há tanto tempo... Ein, Nath?

— Debrah, você está pirada. - me desvencilhei de suas mãos e de seu aperto, andando para o outro lado da sala do grêmio - O que você disse não tem fundamento nenhum.

— Assim como os seus sentimentos reprimidos. - ela deu uma risada cruel - Seus desejos que nunca vão poder ser correspondidos. E se você quiser manter o Castiel por perto, pelo menos a amizade dele, eu sugiro que você mantenha essa sua boquinha linda bem fechada.

— Eu nunca esconderia o que você fez, está tirando todas as chances dele...! - comecei a gritar. De raiva, de ódio.

Ela colocou as mãos na cintura e arrumou os cabelos, jogando-os para trás.

— Você não tem escolha, meu querido. - sua expressão foi cruel - Se você ficar quieto, eu também fico. Agora, se não...

Fiquei em silêncio por alguns minutos, tentando processar o que havia acontecido. Se eu negasse, o que aconteceria? Em quem ele acreditaria? Eu não tinha quase nenhuma saída. Mas não podia assisti-la se dando bem, depois de tudo o que ela fizera para Castiel.

Ainda que dolorida, a minha decisão não demorou muito a ser tomada.

— Eu não me importo com o que vai acontecer comigo, ele merece saber a verdade. Ele merece saber quem você é. - tomei fôlego para falar - E duvido que ele acredite em algo que saia da sua boca depois de saber o que você fez.

— Engraçado... Agora está tão confiante. - seu sorriso sequer vacilou, e isso me assustou - Quero ver se estará tão confiante quando toda a escola souber disso. Quando sua família souber disso... Quando seu pai souber disso.

Outro tiro que me acertou em cheio. Não hesitei em ir correndo até ela, a prendendo contra a parede e olhando no fundo de seus olhos.

— O que você sabe sobre meu pai, sua dissimulada?! - gritei com todas as minhas forças.

— Nada demais, Nath. - ela colocou as mãos em meu peito, dedilhando-o - Só algumas coisas que meu Cas deixou escapar. Algo sobre ele ser um pouco... Violento.

— Debrah... - comecei, mas acabei sendo interrompido no meio da sentença.

— O que está acontecendo aqui?! - ouvi a voz irritada de Castiel, enquanto este entrava pela porta do grêmio

— C-Castiel... - ela finalmente perdeu a compostura - E-Eu posso explicar...

Tirei meus braços de seu redor quase automaticamente e fui praticamente correndo até ele, ofegante e desesperado.

— Cassi, você não vai acreditar, mas...

— Eu já não estou acreditando. - ele me olhou com tanto ódio... Acho que nunca vou ser capaz de esquecer aquele olhar. Foi nesse momento que eu soube que nada mais seria como antes - O que você estava fazendo agarrado com a minha namorada?!

— O que...? - comecei a balbuciar, completamente chocado

— E eu que achava que você era meu amigo! - ele quase cuspiu em mim - Você não se importa com ninguém além de você, não é Nathaniel?!

— Se você puder me ouvir, pelo menos por 30 segundos, vai entender que não é o que você está pensando... - tentei manter a compostura e ser diplomático, mesmo que minha vontade fosse sair correndo dali

Foi então que ele me acertou pela primeira vez.

Eu não vi o soco chegando. Não achei que ele fosse capaz de tal coisa. Não pude me defender da sua raiva, toda concentrada no punho que me acertou a face. Caí no chão, embasbacado com tamanha traição.

— Debrah, vá embora daqui! Agora mesmo! - ele gritou, olhando para a namorada - Ele vai se ver comigo!

Ainda em choque, consegui ficar sentado e empurrei Castiel, tentando ficar por cima dele para que me ouvisse.

— Seu idiota! Me escute antes de tirar suas conclusões, você não tem ideia de quem é a sua namorada e do que ela é capaz... - mal pude terminar, e já tinha sido acertado por outro soco

Castiel queria me bater. Ele queria me desfigurar.

Seu ódio o cegava, assim como sua paixão. Ele já tinha deixado muito claro de que lado estava, mesmo que sua namorada não tivesse nem aberto a boca para convencê-lo.

Cada soco, tapa, ou chute que ele desferia contra mim doíam como facadas. Era como se seu corpo pegasse fogo, pronto para me incinerar.

Não tive reação nenhuma além de gritar para ele me ouvir, chocado demais para acreditar no que estava acontecendo.

Ele era meu melhor amigo. Eu nunca bateria desta maneira nele, nunca o machucaria.

Depois do que pareceu uma eternidade, senti braços me levantando e o tirando de cima de mim. Ele estava com ódio, seus olhos estavam nublados e ele me direcionou um olhar que eu nunca havia visto antes.

Não naqueles lindos olhos acinzentados.

***

Quando cheguei em casa, minha mãe olhou horrorizada para meu olho roxo e os arranhões em meu pescoço. E meu pai... Ah...

Não sei quais golpes doeram mais, a traição de Castiel ou os que meu pai desferiu contra mim enquanto me ensinava que eu "deveria ser um homem de verdade".

E homens de verdade não apanham de garotos ciumentos, afinal, ele me colocara no boxe exatamente por isso.

Depois de me deixar praticamente imóvel de dor no chão, enquanto eu implorava para que ele parasse, meu pai me deu um último chute nas costelas e me deixou sozinho agonizando na cozinha.

Assim que fiquei só, não pude evitar as lágrimas quentes que desciam por minhas bochechas.

Por que Castiel… Logo você... Por que...?

***

"Tô ocupado fazendo alguma coisa mais importante, então fala aí que eu talvez ouça seu recado mais tarde."

BIP.

— Castiel... - deitado em minha cama, com o nariz ensanguentado e o corpo dolorido, eu tentei novamente - Já é a nona vez que eu ligo... Por favor, eu te imploro, me deixa explicar. Você sabe que eu nunca faria nada disso. Por favor...

Desliguei mais uma vez, sem mais saber o que falar. Eu havia gastado todos os meus argumentos. Minha voz estava embargada e eu chorei baixinho desde que adentrei meu quarto, tentando desesperadamente fazer com que ele me atendesse.

Disquei seu número novamente, e não sei mais o que esperava que fosse acontecer, mas a mensagem de voz gravada se fez ouvir novamente.

"Tô ocupado fazendo alguma coisa mais importante, então fala aí que eu talvez ouça seu recado mais tarde."

BIP.

— Eu só queria que você acreditasse em mim... Me dê cinco minutos. Cinco minutos e eu vou te mostrar que está cometendo um erro. - tossi com força, segurando o choro - Um gigantesco e tremendo erro.

Desliguei novamente, parando para lavar o rosto, sem me olhar no espelho.

"Tô ocupado fazendo alguma coisa mais importante, então fala aí que eu talvez ouça seu recado mais tarde."

BIP.

— Eu estava com você quando gravou esta mensagem. - comecei, tentando segurar a emoção em minha voz - A gente estava assistindo aquele filme idiota sobre lobisomens, que você adora. Sua mãe não parava de ligar, e você não queria atender, então gravou essa mensagem antes de colocar no silencioso. Dá até pra ouvir o meu início de risada no final... - ri sem graça. Nenhuma mesmo. - Por favor, eu te imploro Cassi... Me escuta. Só desta vez. Eu não sei o que fazer sem você... Eu... Eu...

— Caixa de mensagens lotada. Sua mensagem será enviada em breve.

Ao ouvir o som da linha perdida do outro lado, uma nova onda de lágrimas me invadiu.

— Eu amo você…

***

Acordar no outro dia foi uma das partes mais difíceis. Saber com que eu teria que lidar... Um grande mistério.

Mas eu não tinha desistido ainda. Castiel sempre valeu todas as fichas que eu tinha para apostar. Meu único amigo, meu único amor. Eu não podia desistir num piscar de olhos! Eu teria que lutar com todas as minhas forças;

Me olhei no espelho e deparei-me com um rosto que refletia como eu estava por dentro. Quebrado. Roxo. Machucado. Triste e solitário.

Roubei os produtos de maquiagem de Ambre, os quais eu tinha aprendido a usar para esconder certas coisas. Mas milagres não acontecem, o olho roxo e o corte no lábio inferior continuavam ali, bem aparentes, para quem quisesse ver.

Coloquei óculos escuros para caminhar até a escola, só os tirando quando entrei na sala e sentei em meu lugar habitual.

Todo mundo olhava pra mim. Com repulsa, nojo e pena. Cochichos nos corredores, falatórios na sala de aula e empurrões no refeitório. Até Lysandre estava me julgando com seus olhos misteriosos e heterocromáticos.

Castiel não apareceu na escola, e eu lhe escrevi uma carta. Passei em sua casa para empurrar a carta por debaixo da porta, mas ela voltou.

No dia seguinte o processo todo se repetiu, tirando a carta. Me contentei em ficar batucando as músicas favoritas na porta de entrada dele. Não fazia ideia se ele estava em casa ou não. Fiquei lá até o anoitecer.

***

— Castiel... - bati em sua porta mais uma vez. Mais tarde do que tinha se tornado habitual naquela semana, mas mesmo assim ali. - Sei que está aí... Abra.

Não ouvi sequer uma manifestação de que na casa habitava alguém, então dei a volta no portão e tentei observar pelos fundos. Dragon se manifestou quando me viu, e eu soube instantaneamente que Castiel estava ali. Bati na porta da lavanderia, tentando fazer com que o cachorro latisse alto, e assim ele fez.

Dragon era um dos poucos cães que eu não detestava, apesar de... Bem... Ele ser exatamente o tipo de cão que eu detestava. Temperamental, gigantesco e as vezes fedido. Mas quando ele me olhava com aqueles olhinhos repletos de carinho e felicidade, ficava quase impossível não amá-lo.

O cachorro tentava derrubar a porta de vidro, fazendo uma festa exagerada e latindo loucamente, como se não houvesse amanhã. Castiel não podia ignorar isso, e não ignorou.

Assim que o deu-se conta do barulho, veio correndo para a lavanderia e bateu na porta de volta, com tamanha agressividade que assustou até o cão. Sua imagem estava desfigurada pelos detalhes no vidro, mas vi que ele usava um moletom negro, com capuz.

— Me deixa em paz! Eu vou chamar a polícia! - gritou com raiva

— Você precisa ouvir o que tenho a dizer! - gritei de volta - É importante, eu não sou o vilão dessa história!

— Então quem é?! Eu?! - ele riu com escárnio - Vai se foder.

— A Debrah é! Ela é péssima, você tem que saber o que ela fez...!

— Vai dizer o que?! Pobre Nathaniel, minha namorada o seduziu e ele não pode se controlar! - ele virou de costas para a porta - Vai se foder em dobro!

— Castiel, você podia apenas tentar me ouvir! - apoiei o rosto no vidro e soquei o local com leveza, sentindo o choro vir pela garganta - Por favor... Castiel...

Meus olhos ardiam como nunca, e senti-lo apoiado no local em que eu também estava quase me matou. Eu só queria poder tocá-lo. Alcançá-lo e fazer com que me ouvisse.

— Você não pode mais continuar namorando ela... - supliquei - Ela é ruim. Não merece alguém como você.

Silêncio. Doloroso e palpável. A tensão era muita, a angústia também.

— Era isso que você queria né? - falou depois de um tempo - Pois então conseguiu. Não estamos mais juntos. Ela terminou comigo para seguir a carreira de pop-star. Fui chutado da banda e de todos os lugares que amava. Você está feliz em ouvir isso?! Era o que você queria, não era?!

— Não! Eu queria te poupar disso! - gritei com desespero - É por isso que você precisa me escutar...

— Eu não preciso fazer porra nenhuma, Nathaniel. - ele me interrompeu, seco e afiado - Todos estão melhores sem o atraso que eu sou. Parabéns.

— Isso não é culpa minha! - solucei - Eu nunca faria nada disso com você! Eu... Eu..

— Sai da minha casa. Agora. Já chega. A farsa que era nossa amizade acabou.

Não seria exagero dizer que meu coração se estilhaçara em milhares de pedaços naquele momento. Vendo-o se distanciar da porta e levando tudo com ele. Tudo o que me restava. Seu carinho mal interpretado. Sua amizade. Seu companheirismo. Seu afeto.

E também o amor que eu sentia por ele.

A partir daquele momento, tudo havia mudado permanentemente.

Eu o havia perdido, e ele a mim.


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Notas finais do capítulo

TRADUÇÃO DA MÚSICA NO COMEÇO DO CAPÍTULO:
Distância, tempo
Separações, brigas
Silêncio, o trem saiu do trilho
Beije-me, tente consertar isso
Você deveria só tentar ouvir
Desligue, desista
Pela vida que nós dois não podemos recuperar

EU SEI QUE ALGUNS DE VOCÊS ESTAVAM ESPERANDO POR ISSO TANTO QUANTO EU!
A visão do Nathaniel de como foram as coisas. De como foi perder a única pessoa que o amava na época, seu único amigo e seu primeiro amor.
ENTÃO SABEMOS AGORA QUE O NATHANIEL JÁ FOI APAIXONADO PELO CAS! Mas o ruivo fez merda, e como podemos perceber em TODOS os capítulos, o Nathaniel está MUITO chateado e guardou rancor de tudo.
VAMOS VER O QUE DÁ!
Também temos uma amarga revelação já esperada (segundo o jogo, pelo menos)... O Nath apanha do pai. E isso afeta absolutamente tudo.
Espero que vocês gostem, me digam o que estão achando!
E TRAGO NOVIDADES! Estou fazendo uma colab pra lá de especial com a linda da Lady Nightmare, e nós decidimos postar AAAAAAAAAAAAA
O link é esse aqui: https://fanfiction.com.br/historia/725371/Tracos_do_Destino/
EU FAÇO A VISÃO DO CASTIEL! Pra variar né ISHDIKSJHGBDHJADGHS
Espero que vocês visitem e gostem, tem uma pegada diferente de "What If...?", com os dois mais velhos sz
AAAAAAAA DEPOIS ME AVISEM SE GOSTAREM!
Vejo vocês nos comentários sz
PS: Cap betado por três pessoas, mas mesmo assim... Se tiver algum erro me avisem sz



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