What If...? escrita por Miss Daydream


Capítulo 10
Capítulo 10 - Jaqueta


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOOLÁ! Olhem só quem resolveu aparecer!
Vejo vocês lá embaixo! POR FAVOR LEIAM, É IMPORTANTE!!
EDIT: O título do capítulo foi editado no dia 12/02/2017 de "Ainda por cima roubou minha jaqueta!" para "Jaqueta".



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— Não vou aceitar isso.

Estávamos do lado de fora da minha casa, no jardim dos fundos. Atrás da casinha de cachorro do Dragon, um lugar onde costumávamos nos esconder para fugir de certas coisas. Ninguém nunca nos achou lá. Era quase como nossa “casa na árvore no chão”. Atrás de uma casinha de cachorro. O importante era que Nathaniel gostava do lugar.

Nate sempre quis uma casa na árvore. Havia arranjado inúmeras brigas por causa disso. Foi por causa de uma delas que nós acabamos nos conhecendo.

Mas isso não vem ao caso. Não agora.

— Você não tem que aceitar. – foi a resposta que eu recebi. Ela parece um pouco cruel vista de cima, mas ele disse aquilo tão docemente que eu sabia que ele não estava tentando me magoar

— Sabe que não tem que ir. – tentei, pela milésima vez, convencê-lo – Você... Você pode... Pode morar aqui. Pode viver aqui. Longe deles.

— As coisas não são assim, Cassi – ele disse. Sempre foi o mais racional de nós dois, apesar de tudo

Tínhamos onze anos. Onze anos quando ele me disse que tinha de ir embora, para bem longe. Nathaniel continuava o mesmo, mas agora não questionava mais certas coisas. Começou a aceitá-las, por achar que não houvesse outra opção.

Talvez, naquele único caso, não houvesse mesmo. Mas a natureza do Castiel de onze anos não enxergava daquela maneira. Pelo menos, não se tratando daquela pessoa em especial.

— Nós não vamos mais nos ver. – afirmação, não pergunta

— Que história é essa? – o loiro questionou, me dando um sorriso – Não se lembra de que ainda estudamos juntos? E ainda tem a vovó. Você e eu vamos visitá-la, juntos como sempre. – ele se abaixou ao meu lado – Eu não vou desaparecer.

— Como pode ter tanta certeza disso? – olhei para o outro lado, porque meus olhos estavam cheios e eu não queria que ele percebesse

— Eu simplesmente sei. – senti quando seus dedos apoiaram-se no meu queixo, fazendo-me olhar para ele – Sabe que se depender de mim, nunca vamos nos separar. É eterno sabe? Sinto aqui. – apoiou a mão sobre o coração

— Estou cansado de perder as pessoas. – eu disse amargurado, finalmente deixando algumas lágrimas escaparem – Como pode estar tão calmo?

— Eu não estou calmo.

— Está sim! Está debochando de mim! – gritei com ele – Saia daqui de uma vez!

Ele me olhou assustado, e tirou a mão que ainda tocava meu rosto do lugar. A pele ficou fria sem seu toque.

— Nunca faria algo assim. – rebateu, a expressão fechada – Você sabe disso, não sabe?

Suspirei contrariado.

— Droga, você e suas pegadinhas.

— Não tem pegadinha nenhuma – ele sorriu – É a verdade. Apenas isso.

— Tem que prometer ficar, apesar de não estar aqui. E prometer que não vai deixar de ser meu amigo. – segurei os ombros dele, e nunca tinha falado tão sério na minha vida – Prometa Nathaniel. Prometa!

— Só se você também prometer – ele ergueu o dedo mindinho, para selar a seriedade da situação. Ergui o meu também – Não importa o que aconteça...

Duas crianças solitárias. Era exatamente o que nós dois éramos. Duas crianças solitárias que encontraram apoio uma na outra, por mais diferentes que fossem nossas ideias e motivos. Entrelaçamos os dedos.

— É isso que os amigos fazem, não é? – ele sorriu – Cuidar um do outro.

Olhei para ele por algum tempo. Me aproximei devagar, para não assustá-lo, e toquei meus lábios de leve contra os dele.

Depois de um tempo, voltei ao meu lugar e nós soltamos as mãos. Nathaniel levou os dedos à boca, e me olhou assustado.

— Porque...? – balbuciou confuso – Porque fez isso?

— Quando meu pai precisa viajar para algum lugar muito longe, minha mãe faz isso – expliquei – É quase como um pedido para que ele volte em segurança sempre. – me levantei, apertando as mãos em punho – Volte logo então, Nathaniel.

Saí correndo sem olhar para trás, e me tranquei no meu quarto.

***

Assim que saio do banheiro, já consigo sentir o cheiro delicioso de café da manhã caseiro no ar. Enquanto seco meu cabelo com a toalha, sorrio involuntariamente. Poderia ser assim pra sempre...

Assim que recebi a mensagem de Nathaniel, consegui dormir instantaneamente. Apaguei, acordando há poucos minutos atrás.

Meu pai está mexendo em uma tigela cheia de massa de alguma coisa, enquanto lê um jornal e resmunga uma música qualquer. Sorrio sem que ele perceba e me sento à mesa, arrastando a cadeira ruidosamente.

— Oh, bom dia Cas – ele sorri e fala assim que me vê – Não tinha percebido você. Está aí há muito tempo?

— Acabei de acordar – digo enquanto bocejo e me espreguiço

— Bom dia Cassy! – mamãe me agarra pelos ombros e me dá um abraço daqueles. Não é por nada, eu amo ela e tudo mais, mas eu não sou uma pessoa de abraços...

— Ahh mãe, para! – tento me desvencilhar dela e ela me dá um tapa na cabeça – Ai! Ei, porque é que...?

— Seu inconsequente! – ela me olha com reprovação. Parece até o Nathaniel, credo – A diretora nos ligou hoje de manhã. Parece que alguém andou matando aulas essa semana...

— Quem? – me faço de desentendido, dando meu melhor sorriso amarelo. Minha mãe fica vermelha de raiva e eu fecho a cara – Eu tive alguns problemas... Psicológicos. Não estava bem para ter aula.

— Você e suas desculpas – ela arranca a tigela da mão de meu pai, que encara tranquilo a situação corriqueira e nosso temperamento inconstante – Não quero mais saber disso, Castiel. Da próxima vez que você... Argh! É bom que não haja uma próxima vez! Ou eu acabo com você!

— Você diz isso sempre – resmungo enquanto meu pai apenas se senta sorrindo, servindo-se de suco de laranja

— Não responda!

— Não respondi!

— Ouvi você resmungar!

Silêncio. Apenas ouvimos a cantoria controlada de meu pai. De onde na Terra Jean-Paul Graham tira tanta paciência?! Espero que o estoque dele nunca tenha fim, com uma família que tenha eu e minha mãe como membros...

Meu pai sempre foi compreensivo e muito tranquilo. Seu trabalho exige isso dele, creio eu. Todas as vezes que eu e Nathaniel aprontamos quando crianças, meu pai respirava, contava até catorze e sorria.

Claro que nós nunca escapamos das broncas, que vinham logo depois, dadas de prontidão pela minha mãe.

— Nath chegou bem em casa ontem? – ela pergunta, tentando amenizar o climão

— Na escola.

— Tanto faz, na escola. – posso senti-la revirando os olhos, juro por Deus! – Chegou em segurança? Ainda não entendo o porquê de ele não querer dormir aqui... Você ronca tanto assim Cassy?

— Mãe...

— Aposto que você nem perguntou pra ele – ela continua a tagarelar, sem parar – Que falta de responsabilidade a sua Cassy! Se a gente não fala, você não faz...

— Pra sua informação – eu anuncio cruzando os braços, vitorioso – Eu perguntei sim, ta? Disse pra ele me mandar uma mensagem quando chegasse.

— E porque não avisou quando recebeu a mensagem? Fiquei pensando nisso a noite inteira...

— Não achei que interessasse a ninguém além de mim. – reviro os olhos, começando a ficar realmente irritado com todo aquele falatório – Podemos comer?

— Cas, você tem braços e pernas – meu pai fala enquanto dá risada – Pode ir até o balcão e pegar...

— Poxa vocês não param em casa o mês inteiro e quando param, não posso ter as minhas mordomias?! – exclamo indignado, com direito a biquinho de tristeza – Oh, que vida cruel...

— Não exagere, vai – papai começa a passar manteiga nos dois lados da torrada, hábito que acabei herdando

Levanto-me a contra gosto e vou até o balcão, pegar waffles. É bom comer algo que não sejam aqueles ovos mexidos da cantina do colégio. Ainda mais se é preparado pela minha mãe, que por acaso é a melhor cozinheira que existe.

Quando levanto a cabeça, enxergo-os sentados a mesa sorrindo, falando de alguma coisa que eu provavelmente não vou entender.

Não deixo de pensar que tudo parece tão certo e tão bem encaixado, que é assim que deveria ser todos os dias.

***

Eles disseram que ficarão até segunda feira, e partirão no período da tarde. Disseram também que poderei acompanhá-los até o aeroporto dessa vez, o que era uma boa e má notícia ao mesmo tempo. Não gosto de dar adeus.

Decidi não ir à escola na segunda, para aproveitar o dia com eles. Por mais que não quisessem que eu me prejudicasse com meus estudos (que, cá entre nós, já está bastante prejudicado), não se opuseram em momento algum ao que eu disse. Acho que a saudade falou mais alto.

Avisei ao Lysandre, porque se Elizabeth ficasse maluca como na última vez, era melhor que pelo menos um deles soubesse que eu não morri.

Nós passamos o final de semana juntos, fazendo todas aquelas coisas estranhas, irritantes e até um pouco forçadas que as famílias comuns costumam fazer. Foi legal, de certo modo. Talvez nem tão completamente insuportável assim.

***

— Mas... – observo-a enquanto tenta contra-argumentar algo com o chefe, ao telefone – Eu sei, mas não é essa a questão. A questão é que faz tempo que nós não o vemos... – pausa – É claro que é um problema, obrigada por entender. – pausa mais longa e um suspiro resignado da parte dela – Certo... Avisarei Jean. Boa noite.

Domingo sempre foi um dia chato. Parece deixar o clima pesado. Tipo “Ah não, por favor! Amanhã já é segunda? Mas eu quero dormir mais um pouquinho!”. Decidimos sentar na sala de estar e assistir a um filme qualquer na televisão, debaixo das cobertas.

— Jean... – minha mãe diz enquanto senta-se ao meu lado no sofá, com cuidado – Eles disseram que não.

— Não o que? – pergunto, mesmo já sabendo a resposta

Minha mãe me olha triste e segura minhas mãos geladas nas suas.

— Cassy, aconteceu um imprevisto e... – ela desvia o olhar – Não poderemos ficar até amanhã à tarde. Teremos que partir hoje de madrugada... Sinto muito. Sabe tanto quanto eu que queríamos muito ficar aqui com você, mas infelizmente...

— Eu sei – interrompo-a – Podemos terminar de ver o filme agora?

E assim passamos o resto da noite, até que eu me canso e decido ir dormir. Meu pai me dá um abraço apertado e minha mãe me fala umas trinta vezes que me ama. Correspondo aos abraços e às demonstrações de carinho, mas não era isso que eu queria.

Assim que coloco a cabeça no travesseiro, meus olhos começam a pesar. Eles estão ardendo. Durmo assim que decido pensar em outra coisa.

***

Acordo com o barulho irritante do despertador. Minha primeira reação é tentar socar o aparelho para que ele pare. Tento encontrá-lo em cima da estante ao lado da minha cama, e acabo acertando o abajour. Nova tentativa, desta vez meu celular cai no chão. Faz um estrondo, aposto que a bateria voou para debaixo da cama. Não me importo muito, e começo a coçar os olhos para tentar abri-los. Minha mãe sempre diz que vou acabar descolando a retina com este hábito...

Mãe... Mãe!

Levanto-me bruscamente da cama, e acabo batendo com tudo na cabeceira. Talvez um castigo justo por ter rido quando isso aconteceu com o Nathaniel... Mas não agora né!

Enquanto esfrego o local, ajeito a regata bagunçada e escancaro a porta com força. Saio correndo pelo corredor e procuro pela cozinha. Nada

Lavanderia. Nada.

Quarto. Nada.

Encontro Dragon deitado em sua caminha detonada perto do sofá da sala. Ele está triste, e eu sei o que isso significa. Assim que me vê ele vem até mim, me rodeando com uma expressão alegre, totalmente diferente do que estava há dois segundos. Encontro um bilhete deixado por eles, a letra é de meu pai.

Boa tarde, Cas! (Nós dois sabemos que você só vai acordar lá pelas 14h...)

Como dissemos tchau ontem, eu e sua mãe achamos melhor não acordar você, porque estava parecendo cansado. Espero que possamos recompensar essa nova ausência da próxima vez que voltarmos, o que não demorará, garanto!

Amamos você.

PS: Sua mãe deixou panquecas na geladeira, aproveite!

Um vazio surpreendente me envolve e eu me sento no chão, abraçando os joelhos. Dragon parece entender a situação e apoia a cabeça em meus pés descalços, me olhando com compaixão.

Afago a cabeça dele. Ele é o único que sabe como realmente sinto falta deles. E só sabe disso porque cachorros são bem discretos em relação a sair espalhando por aí que estou com vontade de chorar feito um bebê, talvez porque não são compreendidos por humanos.

Checo o relógio pela primeira vez. Oito e quarenta e três.

Olho em volta, me sentindo sufocado na solidão da casa. A única coisa viva é meu cachorro.

Decido ir para a escola, ver se penso em outra coisa. Volto correndo para o quarto, tomo um banho e me arrumo na velocidade da luz. Jogo tudo dentro da mochila e seguro a guia de Dragon na frente dele, que se anima todo.

Quando estou prestes a sair, olho de soslaio para a geladeira. As panquecas estão lá dentro...

Solto Dragon e vou até ela. Procuro desesperado pela comida preciosa, e assim que encontro jogo tudo na mochila, junto com o resto. A sorte é que minha mãe embrulhou tudo, então é seguro colocar lá dentro.

Tentar pegar a coleira de Dragon de novo é que me atrasa. Aparentemente não é uma boa ideia soltar um cachorro preso a uma guia, porque ele vai achar muito divertido rir da sua cara enquanto você tenta pegar desesperadamente a merda da ponta da coleira. Quando finalmente consigo, solto uma risadinha.

Dragon 30 X 1 Castiel.

Deixo-o na casa de meus tios e vou andando um pouco mais rápido para o colégio. Quando chego, os portões estão quase se fechando. Dez minutos de atraso, o que é impressionante levando em conta que me arrumei em treze minutos.

Entro na sala de supetão, e aparentemente não foi uma boa ideia. Professor Faraize está com a lousa cheia, e pelo visto acabou de conseguir acalmar a classe.

— Posso entrar? – pigarreio

Ouço risadinhas de Elizabeth e um suspiro irritado do Nathaniel.

— Fique à vontade – Faraize suspira derrotado e eu vou até o meu lugar, sentando ao lado do Lysandre

— O que aconteceu? – ele pergunta – Achei que fosse ficar com seus pais hoje...

— Imprevisto, tiveram que ir embora – dou de ombros – Não quis ficar sozinho com o Dragon e decidi vir.

Lysandre me olha surpreso, mas não fala nada.

Corro os olhos pela sala e, como vem acontecido muito ultimamente, eles pousam em certo garoto loiro sentado na primeira cadeira da fileira do meio, que usa uma jaqueta preta e...

Jaqueta preta?! Minha jaqueta preta?! Que folgado...

Fico bufando até o fim do terceiro período, quando somos liberados para o almoço.

Junto minhas coisas e saio pisando forte, no intuito de confrontá-lo. O que eu não esperava era um Alexy muito lento, enrolando na minha frente.

— Alexy, será que você pode sair da frente? – solto um grunhido irritado

— Bom dia pra você Castiel! – ele sorri, me dando espaço – Pode passar, Vossa Alteza do mau humor!

Dou um sorrisinho cínico pra ele, tentando passar toda a minha raiva no olhar. Quando volto a olhar para frente, Nathaniel não está mais na sala.

Que merda! Eu emprestei uma das minhas melhores jaquetas, ainda por cima! Realmente esperava encontrá-la em cima da minha cama, e pegá-la agora, já que é a mais quente que tenho.

Mas ele vai me ouvir muito!

Depois que eu comer as minhas panquecas, claro.

Vou até o microondas no segundo andar e as esquento, levando o potinho para o refeitório.

Espero não encontrar ninguém, porque não quero dividir. E mesmo que encontre, não vou nem oferecer. Sou egoísta mesmo.

Largo minhas coisas em uma das únicas mesas vazias do refeitório entupido de gente e coloco os fones de ouvido, tentando me acalmar. O dia está ruim, e tenho certeza absoluta que só vai piorar quando eu pegar a minha jaqueta de volta.

Praticamente engulo a comida quando avisto Elizabeth e Armin vindo na minha direção. Armin é pior que mendigo pedinte em questões de comida, e Elizabeth sempre me olha com aquela carinha de imbecil, esperando que eu note o quanto ela realmente quer um pedaço do meu lanche diferenciado.

— Bom dia, Cass! – ela sorri, meio sem graça por eu estar com a boca cheia – Como passou o final de semana?

— Bem – tento dizer, mas acho que ela não entendeu e tenho certeza que um pedaço de panqueca foi parar do outro lado do refeitório

— Vai com calma aí amigo – Armin ri – Tudo isso só pra não dar um pedaço pra gente?

— Exatamente – respondo ainda de boca cheia e ele ficam me encarando indignados enquanto eu termino de mastigar

— Egoísta – ele resmunga

— Obrigado – finalmente consegui engolir! – Algum de vocês viu o Lysandre?

— Falei com ele há pouco – Lizzie sorri – Clube de jardinagem.

— Certo. – pego as minhas coisas e começo a sair do refeitório – Podem ficar com a mesa.

Mas não vou para o clube de jardinagem, e sim para a biblioteca.

***

— Posso ver sua carteira de identificação? – a bibliotecária velha fala assim que eu ponho meus pés no lugar. Ignoro-a e continuo andando – Ei, você!

Avisto Nathaniel sentado em uma das mesas, apoiando a cabeça loira em sua mão direita, enquanto rabisca algo em um caderno. Os cabelos bagunçados fazem o contraste perfeito com a minha amada jaqueta, e penso que talvez ele devesse pegar as minhas roupas emprestadas mais vezes.

O que eu estou pensando?! Chacoalho a cabeça, para não me distrair. Eu vim aqui com o intuito de pegá-la de volta!

Ando rapidamente até ele e assim que me aproximo ele diz, sem tirar os olhos do papel.

— Essa área é restrita.

— Não estou nem aí.

Finalmente ergue os olhos, e parece perceber que sou eu. Olho para a jaqueta e arqueio a sobrancelha esquerda. Ele parece entender o recado, pois seu rosto fica em chamas.

— Ãhn, oi Castiel! – ele pigarreia sem graça

— Oi.

— A-Achei que você não vinha hoje. Lysandre disse que você não vinha... – ele gagueja, muito envergonhado. Devia ter pensado nisso antes de roubar minhas roupas!

— E isso serviu de motivo pra você brincar de ser descolado uma vez na vida e usar as minhas roupas? Minha jaqueta preferida, ainda por cima. – cruzo os braços e dou um sorrisinho

— Jaqueta? Que jaqueta? – ele sorri amarelo, falhando miseravelmente na tarefa de fingir que não sabe do que estou falando

— Você pode fazer melhor que isso.

— Argh! Quer saber, ok. – ele se rende, suas bochechas ainda mais vermelhas do que antes – Eu vou falar o que aconteceu.

— Não tenho dia todo.

Ele me olha com desaprovação e eu me sento, espaçoso na cadeira da biblioteca.

— Aconteceu uma tragédia com as minhas roupas no final de semana.

— Deveria agradecer, assim ninguém mais tem que ser obrigado a olhar para aqueles seus suéteres de nerd.

— Engraçadinho – ele ri sarcasticamente e eu faço sinal para que continue – Meus suéteres ficaram todos sujos, e eu não consegui que secassem até hoje de manhã.

— Oh, e como foi que essa tragédia foi acontecer com seus queridos suéteres de nerd, nerd?

— Pare de me chamar assim – ele me olha com reprovação novamente – Aconteceu que eu esqueci uma caneta dentro de um dos bolsos, e ela estourou, acabando por sujar a gaveta inteira.

— Até esse seu motivo é nerd.

— Cale a boca. – sua voz treme com um quê de irritação

— E então você decidiu usar a minha linda jaqueta?

— Bem... Sim – ele admite, levantando-se rapidamente – Mas posso devolvê-la agora mesmo.

— Seus suéteres idiotas já secaram?

— Não... – ele começa a falar enquanto abre o zíper da jaqueta, e eu o impeço – Ei, o que...?

— Então use até o final do dia. – digo fechando-a novamente – Está frio, e você já a usou o período da manhã inteiro.

— Mas Castiel...

— Fique quieto e aceite. – eu sorrio – Não é sempre que sou bonzinho.

— Não posso aceitar isso – Nathaniel me olha, sério

— Claro que pode – digo, virando de costas e pegando minha mochila. Começo a sair, mas me viro novamente para ele, sorrindo – E, aliás, ela ficou muito bem e você.

Observo suas bochechas ficarem em vermelho vivo e me viro antes que ele possa ver o tom das minhas.

***

Volto para o dormitório só à noite, e encontro a bendita jaqueta em cima da minha cama, junto com um post-it azul onde se lê um “Obrigado”.

Sorrio involuntariamente e pego a toalha, para ir tomar um banho. Quero terminar este dia logo. A água quente não me acalma, e só me deixa mais nostálgico e chateado. Saio do banheiro, tão irritado quanto quando entrei, coloco o pijama e sento na minha escrivaninha vazia. Encaro o livro que a escola mandou ler para a semana que vem, que por acaso eu nem comecei a ler. Sinto frio.

Bem, não vai ser hoje que eu vou dar o primeiro passo.

Vou até a cama e coloco a jaqueta confortável. Assim que ela toca minha pele, me acalmo. Não entendo o porque de início, e entro debaixo das cobertas, esperando conseguir me aquecer ainda mais.

Um cheiro agradável adentra minhas narinas assim que apago a luz, como se já não estivesse lá o tempo todo. Agradável e com um efeito calmante avassalador...

O cheiro de Nathaniel.


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Notas finais do capítulo

Um aviso sobre as memórias: Elas não são mais sonhos do Cass, mas ele tem consciência plena delas agora. Tipo, já ta fresquinho na cabeça dele e ele lembra de tudinho, só estou as transcrevendo pra vocês!
Então eu decidi dar um sobrenome ao Castiel! Castiel Graham! O que acharam? Eu achei que combina com ele...
Optei por dar espaço para os sentimentos secretos do Castiel, mas claro que não podia deixar um Nath super sexy usando a jaqueta super sexy dele! Gente só de pensar nisso já me dá até calor viu...
Queria perguntar se vocês acompanhariam se eu escrevesse uma fanfic vitoriana CasNath. Tive essa ideia quando estava indo pra escola, outro dia. Ela seria mais curtinha do que What If...? mas sei lá né.
Desculpem os atrasos! Estou tendo problemas escolares, peguei recuperação de matemática (MALDITA MATEMÁTICA) e minha prova é na terça! Me desejem sorte ;-;
O que acharam? Devo continuar?
Beijooos e até os comentários!



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