Acordei com o sol batendo nas cortinas do meu quarto, estiquei os braços e toquei o colar no meu pescoço, o que me fez lembrar de que, na noite passada, quem me presenteou com esse colar, havia partido. Talvez para não mais voltar.

Obriguei a mim mesma a sair da cama, depois de arrumar o cabelo e colocar um dos meus vestidos, ouvi alguém batendo na porta, deveria ser o entregador do leite. Não era, era Steve... em um uniforme de sargento.

–Bom dia, Emma! - ele disse sorridente, parecia realmente contente. Eu apenas o olhei de cima a baixo e depois o encarei.

–O que vocês está fazendo?

–Como?

–P-p-por que está usando essa roupa?

–Fui aceito, vou lutar na guerra! Bom...ainda tem o treinamento mas -eu o interrompi.

–Você irá partir.

–Só por um tempo, você sabe, achei que tivesse entendido isso ontem quando Bucky disse que iria. - tudo o que eu conseguia fazer era encara-lo, tudo desmoronava aos poucos, perdi o homem que amo e agora perderia meu melhor amigo.

–Eu vou perder você também.

–Também? -ele demorou alguns segundos para me entender - Emma, nós voltaremos, sabe que sim, vamos ficar bem.

–Não.

–Não?

–Não! Steve, você sabe o que aconteceu ontem a noite com o Bucky?

–Eu não tenho certeza se quero saber o que aconteceu.

–Eu o perdi, Steve. - ele apenas me aflito, ainda tentando entender minhas palavras - Mesmo que ele sobreviva e volte, ele não será o mesmo. Eu vi o que a guerra faz com os homens, eles encaram lutas jamais imagináveis e vêem seus parceiros serem mortos por nazistas. Se ele voltar, ele não será o mesmo Bucky. E você não será o mesmo Steve. Eu não posso perder os dois.

Ele não falou nada, e nem eu. Então lembrei de que era o que queria, ele queria morrer lutando, morrer como um guerreiro, saber que mesmo sendo tão pequeno, ele tinha ajudado a vencer algo tão grande. Eu deveria entender. E entenderia.

Pouco mais tarde, ele se dirigiu ao local de onde o levariam -junto de outros soldados - ao campo de treinamento. E algo dentro de mim, de algum jeito soube, ele seria um herói.

▬

Querida Emma,

Tudo aqui está bem agitado no momento, sei que faz algumas semanas desde que sai de Nova Iorque e eu deveria ter escrito para você, mas no meio que tantas coisas, fica difícil não querer usar os poucos minutos que tenho para descansar, espero que entenda.

Espero que esteja se divertindo, e cuidando para que Steve não se meta em brigas feias, sabe como ele é um rapaz difícil de se controlar.

Partiremos daqui em breve, estamos prontos para lutar.

Quem sabe, quando eu voltar para cara, compraremos anéis e eu poderia te chamar de Sra. Barnes.

Com amor,

Bucky.

–Você está lendo essa carta de novo? -perguntou Lisa, rindo de mim ao ver o sorriso no meu rosto. Mesmo estando no meio de uma guerra e tão longe, ele conseguia me fazer sorrir.

Lisa pegou a carta de minha mão e disse:

–Você diria sim?

–O que?

–Se ele pedisse você em casamento? -eu apenas sorri, e ela soube a resposta. Então do nada ela se lembrou de algo que fez seu rosto brilhar. -Soube da novidade? Howard Stark está cidade!

–Você deveria parar com essa sua obsessão por ele. - ri dela, pedir para ela parar de falar ou pensar no Stark era como pedi-lá para parar de respirar.

–Mas isso é incrível, não?

–E o que você acha que um homem como Howard Stark, alguém sempre tão ocupado, faria no Brooklyn?

Dito isso, todas as luzes da casa se apagaram, e de longe, se pode ouvir tiros.