Apenas por uma Noite - Tomione escrita por Beatrice Black Riddle


Capítulo 1
Capítulo 1 - Ruivo idiota


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores!
Estou tão feliz de finalmente conseguir postar uma Tomione. Não vai ser uma fic muito longa, mas espero que vocês gostem dela!
:D



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- Você é um completo idiota, Ronald. - Berrei ao sair do salão comunal da Grifinória para o castelo quase totalmente deserto.

Queria colocar meus pensamentos no lugar e havia pensado que a sala comunal fosse uma boa ideia, mas agora, tendo que controlar minhas lágrimas, cheguei a conclusão alarmante de que não havia mais um lugar sequer que havia paz. Tudo parecia estar desmoronando ao mesmo tempo. De uma hora para a outra tudo havia mudado drasticamente.

O nome do Harry havia sido arremessado pelo Cálice de Fogo, tinha certeza que ele não poderia ter colocado seu nome lá e era esse fato que havia me preocupado ainda mais. Ronald estava sem falar com o amigo, porque para o seu pequeno cérebro era plausível que um menino de 14 anos havia conseguido driblar Dumbledore, para que mesmo menor de idade ele participasse do torneio. E em sua enorme imaginação, Harry ficou feliz por ter sido escolhido e escondeu tudo isso dele por conta própria.

Ronald havia se tornado ciumento e um completo idiota com Harry, não falando com ele ou o apoiava, no momento que o amigo mais precisava de ajuda. Ainda por cima, com seu emocional de uma pedra, ele queria que eu me afastasse do moreno e enviasse recados a ele, como sobre o fato da primeira prova ser com dragões, enquanto ele dava em cima das meninas da Beauxbatons e tentava criar coragem para chamar uma delas para o baile dos campeões.

Eu sempre fui apaixonada pelo ruivo idiota. Consegui perceber isso apenas no terceiro ano, mas me senti mal de uma forma que nunca havia experimentado antes, quando ele disse que eu era um pesadelo, no primeiro ano. O tolerei durante tanto tempo por sermos amigos e depois por eu realmente ter me apaixonado, mas hoje o dia havia sido terrível, e sua falta de consideração havia me derrubado ainda mais.

Depois do almoço, no meu horário livre, onde todos estavam na aula de Adivinhação, a professora McGonagall veio até mim na biblioteca para avisar que o diretor precisava me ver. Havia chegado uma carta para o diretor, explicando que meus pais haviam passado por um acidente e estavam no hospital. A carta não especificava seus estados de saúde, apenas dizia que havia acontecido um incêndio no consultório deles e que eles haviam sido retirados com vida.

Dumbledore me explicou que sempre havia bruxos que moravam perto de pais de alunos que, como eu, eram nascidos trouxa. Mas eu não estava prestando realmente atenção em sua minuciosa descrição da política da escola. Apenas assenti para tudo o que ele falou e me permiti vagar pelo silêncio da minha mente, enquanto tentava, em vão, absorver a notícia. O diretor também explicou que eu não poderia sair da escola para ir vê-los, já que eles estavam em um hospital trouxa e que eu era menor de idade.

Não pude receber um abraço do Harry porque ele não estava em lugar algum, estava chateado pela forma que vinha sendo tratado, mesmo que não demonstrasse muito. Ronald também não serviu de consolo, já que ele estava ocupado andando por aí, sentindo ciúmes do melhor amigo. Então tentei buscar paz na biblioteca, mas ela estava lotada, com um monte de garotas que corriam atrás do Krum. Um garoto grande e corpulento, mas que eu tenho que admitir que tem certa beleza. Não tive paciência para os risinhos das garotas que o encaravam, e para as reclamações da Madame Pince, que estava estressada com a falta de silêncio.

Saí rápido da biblioteca e fui para o salão comunal, me assustando ao olhar para a janela e perceber que já estava anoitecendo. Não havia notado que eu havia ficado fora do ar por tanto tempo, preocupada com meus pais, andando pelo castelo sem rumo e procurando por meus amigos.

Mas agora lá estava eu, mais uma vez andando pelos corredores, agora quase vazios, já que o toque de recolher estava próximo. Eu havia ficado no salão comunal, esperando para que pelo menos um dos garotos chegassem. Na esperança de que talvez Rony chegasse e finalmente percebesse que eu gosto dele, ou que Harry chegasse antes e pudesse me oferecer consolo. Porém Ronald chegou irritado como ele sempre estava nos últimos dias, e quando eu fui questionar o que havia acontecido, ele surtou, dizendo que o Harry havia sido mal educado com ele, e que o moreno era um órfão apaixonado pela fama.

Nesse momento surtei com ele também, defendi o Harry dizendo que o tratamento que ele estava dando ao amigo era ridículo e infantil. Mas ao invés do Rony enxergar que eu estava com a razão, ele apenas começou a dizer que eu era ingênua em confiar nas palavras do moreno, e que eu só era amiga dele porque também queria a fama, já que eu era sangue ruim e nunca conseguiria algo sozinha.

E aqui estou eu, andando totalmente sem rumo, pensando no que eu poderia ter feito para merecer tanta coisa no mesmo dia. Não percebi exatamente em que momento as lágrimas começaram a cair, mas meu rosto agora estava quente e provavelmente marcado, com as gotas que insistentemente fugiam dos meus olhos. Eu não queria que o estopim do meu emocional, fosse uma briga com um garoto que parecia ter 10 anos de idade, mas essa era a verdade, e isso me frustrava ainda mais do que a falta de notícias sobre meus pais.

Não percebi quando acabei no banheiro da Murta que Geme, porém mesmo que eu não me lembrasse de ter descido as escadas até ali, não era a primeira vez nesse dia que eu simplesmente saia do ar por um tempo. Olhei para dentro do banheiro vazio, ele estava com um pouco iluminado graças a algumas tochas que ficavam nas paredes e que estavam acessas, mas estranhamente a pouca luminosidade não era assustadora ali. Mesmo sendo um banheiro abandonado, o fato de eu saber que a Murta sempre aparecia e de que o Basilisco estava morto desde o segundo ano, me tranquilizava de uma forma estranha.

Além do mais, estava ficando tarde. Eu estava sem relógio, mas podia ver que era muito provável que o horário de recolher já tivesse passado e que se alguém me visse perambulando pelos corredores, eu perderia pontos para minha casa e sofreria detenções. Meu histórico era limpo e perfeito, exceto pelo trasgo no primeiro ano, mas isso não foi nada, e eu estando distraída poderia facilmente ser pega por um monitor ou pior, pelo Filch.

Entrei no banheiro, olhando antes para os dois lados do corredor vazio. Ninguém estava me vendo entrar ali, e eu poderia ficar em paz um pouco. Mesmo que a Murta viesse falar comigo, talvez fosse bom conversar com alguém, sem gritos, por um momento, e ali eu poderia chorar até que os horários de ronda passassem e que até mesmo, com um pouco de sorte, o Filch estivesse longe.

- Por que está chorando? – Me assustei com a pergunta sussurrada pela Murta. Eu estava de pé, de costas para as pias, olhando para a janela, então não percebi quando ela se aproximou.

- O ano tem sido complicado, Murta. – Respondi depois de um tempo. Consegui fazer com que minha voz ficasse limpa e clara.

- Eu imagino. Tenho ouvido boatos por toda parte, nem todos são bons. – Murta estava diferente hoje, pela primeira vez ela parecia calma. Nunca a tinha visto conversar com alguém tão normalmente, até mesmo comigo, que de vez em quando, a visitava.

- Acho que tudo ainda dará errado esse ano. Sinto que o fato do nome do Harry ter sido posto no Cálice, não foi um bom presságio. E olha que eu nem acredito em adivinhação. – Ri um pouco da minha própria incredulidade.

- Esse tipo de coisa nunca é um bom presságio. Eu também não acreditava em adivinhação sabe, mas depois de todos esses anos aqui, acredito que podem existir pessoas com esse dom, mas ele não se manifesta sempre. – Murta olhava para janela, ela estava séria e eu podia sentir sua idade em cada uma de suas palavras.

- Murta, posso te fazer uma pergunta? Não quero te ofender, mas realmente estou curiosa. – Me encolhi um pouco, com medo de que seu humor mudasse de repente. Ela olhou para mim, por um momento me analisando, antes de falar.

- Pode. – Ela rompeu o silêncio. Sua expressão era de curiosidade, e sua voz não estava com tons comuns de chateação, ela estava realmente querendo conversar.

- Como é ser eterna? – Tomei cuidado com cada palavra que escolhi e pausei para que ela pudesse absorver o que eu queria dizer. – Quero dizer, como é adquirir tantas informações e tantos conhecimentos ao longo dos anos e continuar. – Segurei minha língua sabendo que por esse caminho eu poderia acabar a chateando.

- Igual? – Incrivelmente sua voz era tranquila, mas sua expressão era de interesse, talvez nunca a houvessem questionado isso, pelo menos não com essas palavras. Apenas assenti com a cabeça. – Nos primeiros anos foi quase insuportável, é realmente difícil perceber todos crescerem e você só chega à conclusão de que isso é doloroso, quando se torna alguém como eu. – Mal ousei respirar, apenas a encarando e a deixando falar enquanto ela vagava ao meu redor.

- Quando somos crianças, queremos crescer, mas essa vontade passa ao longo dos anos, e chega uma hora que queremos voltar a ser crianças. É normal, todos passam por isso, principalmente no final da adolescência. Mas o que nós não percebemos, é que o que torna a vida preciosa é justamente o fato de que conseguimos crescer. A vida só é preciosa porque ela é curta, Hermione. – Eu agora respirava sem fazer barulho, prestando atenção enquanto ela continuava a falar. – Nos primeiros anos eu chorei, vi meus poucos amigos saírem de Hogwarts, sofri porque não pude ver meus pais nunca mais, mas depois eu percebi que não poderia ficar eternamente sofrendo. – Ela sorriu ao fim, provavelmente se lembrando de algo.

- Sei o que todos pensam sobre mim, que sou um fantasma de uma garota boba, que vivo me lamentando pelos cantos. Mas isso acontece porque no fundo, eu sempre vou ser uma criança. A verdade é que não importa quanto conhecimento eu tenha, eu terei o emocional de uma criança. – Ela fez uma careta ao fim, e eu tive que me segurar para não demonstrar minha surpresa. Nunca pensei que ela poderia não ser da forma que todos a enxergam.

Abri minha boca para procurar algo para lhe dizer, mas não tive nem tempo de pensar, já que ela parou de circular ao meu redor e olhou para a porta do banheiro. Ficou olhando para lá como se estivesse ouvindo alguém lhe dar instruções.

- Precisarei ir agora, Hermione. – Ela franzia o cenho enquanto olhava para mim. Algo devia estar errado. – Acho que Dumbledore quer falar comigo. Tenha uma boa noite, e pense bem sobre seus amigos. – Ela piscou cúmplice ao fim.

- Tenha uma boa noite, Murta. – Sorri para ela enquanto ela vagava para fora do banheiro.

Fiquei ali no silêncio, ainda na mesma posição de quando a Murta havia me encontrado, e voltei a encarar a janela, como se ela pudesse me trazer respostas para tudo que havia acontecido. Por um tempo, esqueci completamente do que havia acontecido comigo durante aquele dia, e me permiti pensar na história da Murta, uma menina tão jovem que teve sua vida arrancada de forma tão trágica. Minhas lágrimas haviam secado e eu estava bem mais calma, mas eu não tinha ideia de quanto tempo havia se passado desde que eu havia entrado ali, e não sabia se era possível que um monitor me encontrasse.

Eu estava cansada, e começando a ficar com sono, minhas pálpebras estavam ficando mais pesadas a cada minuto. Estava com os olhos fechados há talvez um minuto, ou dois, quando senti um vento morno passar por mim. Nunca havia sentido nada parecido, parecia com uma brisa, mas no fundo dava para sentir que era algo diferente. Talvez magia.

Abri meus olhos assim que essa ideia me passou pela cabeça, afinal de contas, eu estava em um lugar que esse vento podia perfeitamente significar magia. Meus olhos rapidamente pousaram na torneira que eu sabia que servia de entrada para a Câmara, foi com alívio que eu percebi que ela estava fechada. Então olhei para as janelas e também percebi que elas ainda estavam abertas como antes. Olhei para dentro do banheiro e nada havia mudado ali, também não poderia ter sido um fantasma, já que eles não são quentes. Por fim, olhei para a porta e congelei, já que um menino de cabelos escuros e de pele bem clara havia acabado de aparecer no batente.

O rapaz usava o distintivo de monitor da Sonserina, e por um momento achei que poderia estar encrencada, mas então notei que eu não conhecia um monitor que se parecia com ele. Na verdade olhando bem para ele, percebi que eu nunca o havia visto em Hogwarts antes. Ele era muito bonito, mais velho do que eu pelo que pude notar, e tinha uma postura perfeita. Seus olhos eram frios e a essa distância eu não conseguia ver a cor deles.

Ele me olhava da mesma forma, como se nunca tivesse me visto antes, e por um momento me senti corar quando percebi que ele olhava bem para o meu rosto. Eu provavelmente estava com o rosto inchado devido às lágrimas, e meu cabelo, mesmo que não fosse mais armado, devia estar bagunçado.

Mas foi quando desviei meus olhos para o seu uniforme que eu notei porque eu não o conhecia. Foi com assombro que notei que aquele uniforme, de segunda mão como pude notar, não era o nosso atual. A gravata era totalmente verde, e não verde e prata, e a camisa e o colete que ele usava também não eram os atuais, os modelos eram mais antigos. Algo em seu uniforme e em sua capa, que tinha o brasão de Hogwarts e não o da Sonserina, me era familiar, mas eu não sabia de onde.

Até que vasculhando em minha mente, lembrei que havia visto aquela capa há pouco tempo. Era a capa do uniforme da Murta. Ou eu estava na época dela, ou esse rapaz estava na minha. E a julgar pelo seu olhar, eu que era a viajante no tempo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, por favor, comentem! Me deixe saber se ficou bom! Ficou meio longo o capítulo, mas precisava explicar algumas coisas.
Até o próximo!



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