Ao final da tarde Castle e Beckett recebiam as últimas recomendações da doutora. Ela prescreveu alguns medicamentos, algumas sessões de terapia com o psicólogo para ambos e ressaltou a importância de que Kate estivesse ainda em repouso, em um ambiente tranquilo e que não descuidasse da alimentação. Também lembrou que estaria disponível para qualquer eventualidade e que não hesitassem em ligar para ela.

– Não se preocupe doutora, ela será muito bem cuidada em minha casa. - Rick disse.

– Castle, eu não posso pedir que você faça isso. - discordou Beckett. - Você já...

– Me chame de Rick! - Ele a interrompeu incomodado. - E você não está me pedindo nada. Eu sou o responsável por isso e sou responsável por você agora.

– Você não pode me proteger o tempo inteiro, Rick. - Ela revidou num tom temeroso e amargurado. Ele suspirou, sentindo a dor daquelas palavras em seu coração.

– É verdade, Kate. Mas eu posso ficar para sempre ao seu lado. - Ele segurava as duas mãos dela, olhando dentro de seus olhos.

Por um momento esqueceram-se de onde estavam, com quem estavam. Eram apenas eles dois, ele e ela, mergulhados num mar verde e azul respectivamente.

Ao saírem do hospital, Kate se assustou um pouco com a agitação da rua, mas incentivada por Castle entraram ambos em um táxi. No caminho ela estranhou a direção que estavam tomando e comentou:

– Não me lembrava do seu apartamento ser nessa direção.

– Ah, eu me mudei! Comprei um novo apartamento, bem maior que aquele. Percebi que com toda essa onda de ataques de psicopatas relacionados ao meu trabalho era melhor e mais seguro que eu e minha família tivéssemos outro endereço. Não se preocupe, eu pedi a Lanie que pegasse algumas de suas coisas e levasse para lá. – disse Rick sorrindo.

Ela lhe devolveu o sorriso educadamente. Não se sentia confortável com a idéia de ficar na casa dele, muito menos agora que o que ela sentia estava se tornando cada vez mais claro para ela. Chegando ao apartamento ele disse, abrindo a porta:

– Eu tenho uma surpresa pra você!

Ambos entraram e viram Lanie, Esposito, Ryan, Roy, Alexis e Martha reunidos para celebrar a chegada de Kate. Após os cumprimentos sentaram-se para um jantar simples e aconchegante, e alguns minutos de conversa descontraída que fizeram a detetive e o escritor darem boas gargalhadas. Não demorou muito para que todos fossem embora e Martha e Alexis subissem para seus respectivos quartos, deixando Castle e Beckett sozinhos na sala.

– Castle... Desculpe, Rick... Obrigada pela surpresa. Eles têm sido minha família desde que meu pai viajou. A companhia deles me faz muito bem. – Kate disse, um pouco emotiva.

– De nada Kate, mas essa não era a surpresa que eu tinha, ou melhor, que eu tenho preparada pra você. Venha comigo. - Ele respondeu, estendendo as mãos para ela.

– O que você está aprontando? - Ela resmungou com uma expressão engraçada.

– Ahhh, mas que mania você tem de querer descobrir tudo hein? Vamos, suba as escadas!

– Eu sou uma detetive, você esqueceu? - Ambos riram.

– Vamos, feche os olhos!

Ele mesmo cobriu os olhos dela enquanto paravam em frente à porta do quarto. Os dois estavam cheios de expectativas: ela por não saber do que se tratava e ele por não saber qual reação ela teria.

– Pronto, já pode abrir os olhos! - disse ele abrindo a porta.

Kate ficou sem ação. Todas as suas coisas estavam ali, tudo o que realmente importava para ela, inclusive, sua coleção dos livros de Richard Castle e sua caixa de recordações com a foto de seus pais. Castle havia preparado um quarto exclusivo para ela em sua casa, com tudo que ela precisava para recomeçar. Ela observava cada detalhe e pôde perceber o cuidado de cada um de seus amigos e, especialmente, o dele.

– Cast... O que significa isso? Por que todas essas coisas estão aqui? - Ela perguntou um pouco atordoada. Ele, que a estava observando da porta, se aproximou e disse:

– Porque eu sou o responsável. Porque eu me interesso por tudo que se refere a você, não apenas como inspiração para os meus livros, mas como inspiração para tudo o que eu desejo fazer. Desde o dia em que eu te conheci, você faz parte da minha vida. Me deixe fazer parte da sua, Kate.

Ele a olhava intensamente de um jeito que a perturbava, mas que ao mesmo tempo lhe transmitia segurança. Ela não conseguia organizar seus pensamentos, tudo era embriagantemente novo. Kate ainda tentou argumentar algo, mas ele a interrompeu, segurando suas mãos ainda mantendo o olhar.

– Por favor, aceite ficar aqui. Você não pode ficar sozinha, Beckett. Você não precisa mais ficar sozinha. Essa casa aqui também é sua agora.

Ela meditou em suas palavras e em tudo o que ele estava fazendo por ela. Ele realmente estava se esforçando para ser e fazer o melhor. Ele estava mudado, e fazia isso por ela. Será que ele não merecia apenas uma chance? Ela ainda tinha muitas dúvidas e achava melhor não arriscar, ainda.

– Castle, eu não posso te dar nada em troca. Pelo menos não agora. – Ela disse. Ele poderia ter ficado ofendido com a primeira frase, mas a última o fez rir dentro de si mesmo.

– Kate, a única coisa que eu quero em troca nesse momento é a sua segurança. Isso já me seria uma excelente recompensa. - Ele disse acariciando o rosto dela fazendo-a corar.

– Ok, você venceu. Por enquanto. – Ela respondeu fazendo uma expressão meio sapeca. Não gostava de se dar por vencida.

– Ah, tudo bem. Minha mãe também me disse isso quando veio morar comigo. – Castle brincou de volta e ela abaixou a cabeça meio envergonhada.

– Bom, eu vou deixar você dormir, detetive. Se você se sentir só, meu quarto é aqui do lado.

– Castle?! – Ela o encarou repreendendo-o.

– Boa noite, K’. – Ele riu da expressão dela e saiu do quarto, depois de beijá-la na testa.

A porta se fechou e por um momento os dois ficaram parados onde estavam. Kate do lado de dentro do quarto, Rick do lado de fora. Um turbilhão de pensamentos invadiu simultaneamente a mente dos dois. A cada minuto descobriam que se amavam.