~Pov Draco

–Olá Draco. –Foi quando olhei para trás e lá estava ele. Os braços cruzados e expressão divertida.

–Eu sabia que viria.

–Sentiu minha falta, filho?

–Não me chame de filho, o meu pai se chama Henry Malfoy.

–O que eu fiz pra você? Ah é, matei a sua mãezinha traidora. –Eu o peguei pela gola da blusa, segurando com raiva, jamais permitiria que ele falasse dela. –Sabe que nada do que fizer eu vou sentir. Me bata, quem sabe consegue dar um soco na sua esposinha sangue-ruim que está dormindo tranquilamente ao seu lado nesse momento.

–Você é um maldito inútil. – Mesmo querendo bater nele até a morte eu o empurrei soltando-o. Ele se sentou na cadeira, como sempre fazia quando pretendia me xingar e eu também me sentei. Eu não tenho medo dele.

–Então eu tenho uma neta? Que interessante.

–Já disse que você não é o meu pai, o que prova que Annia não é sua neta.

–Annia? Coitadinha.

–Coitadinha por quê?

–Depois do que eu fizer a você, traidor do sangue, ela vai ficar sozinha.

–Não vai ficar sozinha, terá Hermione. Você não vai matá-la.

–Matar? Pra quê matar se eu posso fazer pior? Entenda, eu não vou matar vocês. –Eu me levantei e coloquei as mãos na mesa, encarando-o.

–Pelo visto Azkaban só fez mal a você, mas eu quero te dar um aviso: Você não vai conseguir encostar suas mãos imundas na minha família, antes de fazer isso eu mato você seu imbecil! –Ele gargalhou.

–Se lembra do que fizemos durante a guerra? Você não pode me matar! Já se esqueceu do que te acontece? –Ele continuou rindo.

–FODA-SE!

–Qualquer um pode me matar, menos você, ou então sofrerá as consequências.

–NÃO TENHO MEDO DAS CONSEQUÊNCIAS! EU MESMO QUERO FAZER ISSO!

–Faça. Me mate, irei adorar morrer sabendo o que vai te acontecer depois, e eu não estou falando de Azkaban, que será o menor de seus problemas.

–EU JÁ DISSE QUE NÃO TENHO MEDO DAS CONSEQUÊNCIAS!

–Acho que sua esposinha já se assustou o suficiente. Assim como a pirralha que você chama de filha e todos que estão na sua casa em uma tentativa falha de salvá-los.

–O QUÊ?! FEZ ISSO PARA ASSUSTÁ-LAS?! –Ele sorriu.

–Nos vemos no inferno, traidor do sangue.

Foi quando abri os olhos completamente suado e ofegante. Olhei ao meu redor e vi Hermione chorando sobre mim, Annia também chorava e olhava da porta tudo o que acontecia, e todos assustados me encarando com os olhos arregalados.

–ELE NÃO ACORDA! DRACO, POR MERLIN ACORDA!

Passei minha mão pelo rosto de Hermione e ela levantou os olhos, olhando pra mim.

–Me desculpe por acordar vocês e... –Hermione me calou me dando um selinho demorado.

Dirigi meu olhar para a porta, mas só vi Annia correndo. Acho que ela estava observando tudo escondida.

–Ei, calma eu estou bem. –Falei.

–Não me parecia bem. –Ela disse soluçando.

–O que ele te disse Draco? –Rony me perguntou.

–Nada que eu não esperava.

–Então por que estava gritando? –A morena me abraçou, me olhando desconfiada.

–Ele me irritou. Tudo o que ele disse é que a intenção dele não é nos matar, é fazer algo pior.

–Só isso? –Ela perguntou e eu assenti. –Tem certeza? Não está se esquecendo de nada? –Eu neguei. –E por que estava gritando que não liga para as consequências? Consequências de quê?

–Do que acontece com ele se encostar em você ou na Annia. –Eu menti. - Mais uma vez me desculpe por acordar todo mundo. Podem voltar a dormir, eu não vou gritar mais.

–Tem certeza que está bem? –Meg me perguntou também chorando e eu assenti. A loira me deu um beijo na bochecha e logo todos saíram do quarto. Eu dei um selinho em Hermione e me levantei.

–Vou ver como a Annia está.

–Annia? Ela está no quarto...

–Não, ela estava aqui vendo tudo escondido. –Hermione balançou a cabeça concordando preocupada e eu fui até o quarto da pequena. –A Annia está aí?

–Não. –James me respondeu. –Está tudo bem, tio Draco?

–Está sim, boa noite crianças. –Falei fechando a porta do quarto e descendo as escadas. Não encontrei Annia na sala, nem na cozinha, nem em lugar nenhum. –Merlin onde ela se meteu? –Foi quando pensei no único lugar que não procurei: A biblioteca.

Tinha certeza que a encontraria, a moreninha gostava de ficar lá, apesar de nem saber ler direito. Ela gostava do cheiro dos livros e o lugar dava paz á ela - nem se parece com a sabe-tudo irritante com quem me casei.

Abri a porta de lá e vi a pequena sentada encolhida no canto da biblioteca escura, olhando a janela.

–Eu sei que você está aqui, papai. –Annia falou sem virar o rosto pra mim e eu me sentei ao seu lado.

–Tudo bem minha princesa? –Ela secou as lágrimas e olhou pra mim, assentindo, mas logo depois seus olhinhos voltaram a se encher de lágrimas e ela pulou em meus braços, me abraçando forte.

–Ouvi você gritar.

–Não se preocupe com isso, foi só um pesadelo.

–Já começou não é?

–Começou o quê?

–Ele vai vir pegar você e a mamãe e eu vou ficar sozinha. –Ela se sentou no meu colo, ainda olhando a janela.

–Você não vai ficar sozinha e ele não vai conseguir nos pegar. Seus tios estão aqui pra nos ajudar caso ele apareça.

–Eu sei que você não liga se ele te pegar, mas eu ligo. Papai eu não quero ficar sem você. –Eu beijei o topo de sua cabeça.

–Como sabe disso?

–A mamãe estava triste por isso não é? Eu a ouvi falando com a tia Meg. E também sei que ele não está mentindo sobre ser da família. De alguma forma ele é. Eu achei isso aqui em casa esses dias. –Ela tirou do bolso uma foto. Nela estava eu, minha mãe e Lucius, no Natal de quando eu tinha dez anos (não foi muito agradável, mas pelo menos conseguimos tirar uma foto e fingir ser uma família feliz). –Quem é ele papai? Meu avô?

–Não.

–Então o quê ele é?! –Ela me soltou e ficou parada na minha frente com os olhinhos cheios de lágrimas de novo. –Eu só quero saber a verdade! –As lágrimas começaram a cair, mas dessa vez ela não escondeu. Eu as sequei e dei um beijo em sua testa.

–Filha, você ainda é uma criança, mas eu acho que você merece saber de algumas coisas. –Ela concordou com a cabeça. –Sabe quem é essa? –Apontei para minha mãe na foto.

–Sei, é a vovó.

–E você sabe onde ela está?

–Está no céu com os anjinhos. Eles estão cuidando dela. –Eu sorri e meus olhos marejaram. Como era difícil falar de minha mãe. Sei que faz muito tempo, mas eu ainda pensava nela e nesses anos cheguei a conclusão de que se eu não tivesse saído daquela sala talvez ela pudesse ter conhecido a Annia.

–E você sabe como é que ela foi pra lá?

–Mais ou menos. –Ela abaixou a cabeça. –Pode me contar? –Eu assenti.

–Sua avó sempre foi muito bonita. Ela tinha dois namorados, embora isso seja muito errado okay? –A pequena assentiu. -Um deles se chamava Henry e o outro Lucius.

–Ah é esse o nome dele! Ele me disse!

–É, é esse o nome dele. A sua avó ficou grávida do Henry e se casou com Lucius.

–Mas isso pode?

–É possível, mas pra você não. Só depois de casar e ter 35 anos.

–Por quê? –Porque você é a minha bebê, minha princesinha.

–Porque... Porque... Porque sim.

–Mas a tia Luna conseguiu antes. E a mamãe não tem 35 anos.

–Sua mãe e a tia Luna são diferentes.

–Por quê?

–Voltando à história...

–O bebê era você ou a tia Meg?

–Eu. Sua tia Meg é filha de Henry com outra pessoa. Quando sua avó se casou com Lucius ele achou que eu fosse filho dele, então não gostou quando descobriu que eu não era. Por isso está tentando te assustar, ele não gosta de mim.

Sei que a próxima coisa que eu falaria poderia ser pesada para ela ouvir, mas eu cansei de ficar mentindo. Já estava mais que na hora dela saber o que houve. Então eu respirei fundo e falei.

“Ele matou o pai da tia Meg e depois de anos matou a sua avó.” Uma lágrima desceu pelo meu rosto e Annia secou. “Lucius foi preso por isso e agora que fugiu ele quer se vingar de mim e da mamãe.”

–Mas a mamãe... –Ela soluçou chorando de novo. –Não tem nada c-com isso!

–Ele não gosta da sua mãe.

–Por que não? Todos gostam da mamãe!

–Sua mãe é filha de trouxas.

–Só por isso?!

–Depois que eu comecei a namorar sua mãe eu não quis mais fazer coisas ruins, então deixei de fazer o que ele mandava e ele ficou bravo. Me obrigou a fazer coisas que eu nunca quis.

–Por isso você tem isso aí no braço? –Ela apontou para o meu braço esquerdo onde estava a marca negra. –Sei que isso é mal. Foi ele quem fez isso com você?

–Podemos dizer que sim.

–ELE VAI SE VER COMIGO! –Ela secou as lágrimas e cruzou os bracinhos, nervosa. –NINGUÉM OBRIGA MEU PAI A FAZER NADA!

–Calma aí, pequena. –Eu ri e a puxei pra mais perto. –Está querendo brigar com ele?

–Garanto que uns tapas eu acerto.

–Tá bom valentona. –Falei rindo. –Vem, vamos dormir, teremos um longo dia amanhã. –Eu a peguei no colo e ela me abraçou, deitando sua cabeça em meu ombro. –Quer dormir comigo e com a sua mãe?

–Hoje eu quero. –Dei um beijinho em sua testa e a levei para o quarto.

Assim que abri a porta vi que Hermione ainda estava acordada e chorando, mas quando nos viu ela secou as lágrimas rapidamente. Como se nada tivesse acontecido.

–Olha quem eu trouxe pra dormir com a gente. –Hermione sorriu ainda secando os olhos.

–Quer dizer então que hoje você não quis dormir no seu quarto?

–Hoje não. –Ela respondeu descendo do meu colo e correndo para se deitar com a mãe. –Papai, pega o Senhor Ed pra mim?

–Accio Senhor Ed. – Falei sacudindo a varinha, e logo o hipogrifo de pelúcia veio até nós. Quando o pegou a pequena o abraçou e sorriu.

Eu me deitei, e minha moreninha abraçou a mãe, então eu abracei as duas. Depois de um tempo acordado, ouvi a voz de Hermione.

–Draco?

–O que foi?

–O que disse pra Annia?

–A verdade.

–Como assim? Disse tudo?

–Disse. Cansei de mentir pra ela. –Ficamos novamente em silêncio.

–Com que consequências você não se importa?

–Eu já disse.

–Tem certeza que foi só aquilo?

–Tenho.

–Okay, mas se lembrar de mais alguma coisa eu estou aqui para ouvir. –Ela se levantou um pouco e me deu um beijo demorado. –Boa noite amor.

Isso me deixou péssimo. Eu queria contar a ela, mas se contasse ela só ficaria pior. Já está triste o suficiente, e não era certo que iria acontecer. Só aconteceria se eu matasse Lucius - não que eu não queira -, mas se outra pessoa o fizer tudo vai continuar bem.