~Pov Draco

Eu entrei com a Hermione nos braços no Salão Principal e todos me olharam assustados, inclusive Blás. Mesmo sabendo que ela iria voltar pra mim eu chorava, era péssimo pensar que ela estava morta em meus braços.

–O QUE VOCÊ FEZ?! – O Potter gritou vindo em minha direção.

Ele deve achar que eu fiz isso, assim como todos nesse salão. Então eu achei melhor não responder, apenas coloquei Hermione deitada em cima de uma das mesas.

–NÃO FIZEMOS NADA COM VOCÊ POR ELA E VOCÊ A MATA?! –Gritou o Weasley.

–EU NÃO A MATEI! – Gritei me sentando ao lado do corpo dela e pegando sua mão. Eu só queria poder ver aqueles olhos castanhos se abrindo e olhando pra mim mais uma vez, era tudo o que me traria tranquilidade naquele momento.

–ENTÃO QUEM FOI?! –As varinhas de novo apontadas pra mim.

–LUCIUS! –Respondi escondendo meu rosto com as mãos.

Eu estava sendo fraco, talvez seja isso o que eu sou. Um fraco que nem conseguiu impedir que ela fosse torturada e nem que morresse, assim como minha mãe. Eu me preocupei tanto com Hermione, mas acabei me esquecendo de que dona Cissa também precisava de mim.

–ENTÃO ELA MORREU POR CAUSA DE UMA VINGANÇA DO SEU PAI?! SEU IMBECIL, FILHOTE DE COMENSAL!! –Gritou o Weasley.

Ele estava falando a verdade. Tudo o que aconteceu com ela foi por minha causa, ela não estava segura ao meu lado e eu jamais poderia fazê-la ficar segura porque eu a deixei se aproximar.

O Potter e o Weasley vieram na minha direção para me bater, mas Blás e Longbotton os seguraram. Gina e Luna estavam chorando olhando para a amiga que ainda se encontrava ali, deitada na mesa do salão como mais uma das vítimas daquela guerra.

–PODEM ME DEIXAR FALAR?! –Gritei me levantando. –ELA VAI FICAR BEM!!

–COMO VAI FICAR BEM?! ELA ESTÁ MORTA!!

–EU DEI UM JEITO POTTER! –Respondi. – AGORA ME DEIXE EM PAZ! –Ninguém respondeu. –Bom saber que não foi uma boa ideia vir até aqui. –Falei nervoso pegando Hermione da mesa.

–ONDE PENSA QUE VAI?!

–Estou indo embora pra casa e espero que não tentem me impedir! Eu ainda sou um Comensal da Morte e caso não saibam eu tenho uma masmorra em casa... Vocês não querem passar um tempo por lá, querem? –Ninguém respondeu e eu saí pela porta da frente, em seguida aparatando em minha casa.

Sei que não seria bom para Hermione acordar aqui, principalmente depois de ser torturada em plena sala, mas eu não consegui pensar em outro lugar. Quando entrei me deparei com o corpo de minha mãe.

Ela não voltaria.

Eu subi as escadas levando Hermione até o meu quarto. Coloquei-a deitada em minha cama e tirei seu casaco. Ela usava minha blusa. A blusa que esqueci no apartamento quando fui embora.

Eu limpei o sangue do seu rosto e fiz alguns curativos para que talvez quando acordasse ela se sentisse melhor. No seu braço eu vi os dizeres “SANGUE-RUIM” gravados em sua pele em cortes fundos. Bellatrix ainda pagaria caro por isso, é estranho que ela ainda não tenha vindo pra casa. E depois de cobrir Hermione eu desci as escadas em direção à sala.

Olhei mais uma vez para o corpo de minha mãe e uma lágrima escapou. Lucius acabou com tudo. Com a varinha conjurei um caixão para ela, a peguei no colo e coloquei-a deitada lá. Enterrei minha mãe no enorme jardim que tinha atrás da casa – tinha, porque assim que a guerra começou tudo que havia ali simplesmente acabou - e com a varinha fiz com que aparecesse uma linda plantação de rosas amarelas, as únicas coisas vivas ali. Simples, mas eram as favoritas de minha mãe.

Não era o melhor enterro e estava longe de ser o que ela merecia, mas esse era o melhor que eu poderia arranjar no momento. Ninguém mais viria eu sabia disso, o resto da família estava morta ou simplesmente não se importava.

Depois de alguns minutos pensando em como Lucius acabou com a minha vida eu voltei para o meu quarto e encontrei Hermione sentada na cama com as mãos na cabeça. Ela não percebeu que eu estava ali até que eu me sentei ao seu lado e resolvi quebrar o silêncio.

–Está com dor? –Perguntei tentando disfarçar a cara de choro por causa de minha mãe. Ela assentiu sem tirar as mãos da cabeça. –Vem cá, eu cuido de você. –Eu me deitei ao seu lado, ela deitou com a cabeça em meu peito e eu comecei a acariciar seus cabelos. Eu estava com tanta saudade de ficar com ela assim.

–O que houve? Você ainda não me disse por que estava chorando.

–Nada. –Menti e ela me olhou desconfiada. –Contarei quando você melhorar. –Por mais que estivesse curiosa ela não protestou, sabia tanto quanto eu que estava fraca para grandes emoções.

–O que você fez? –Eu a encarei confuso. –Eu sei que seu pai me acertou em cheio com o Avada, me lembro de em seguida tudo ficar escuro. Eu morri Draco, o que ainda faço aqui? –Delicadamente segurei sua mão e coloquei o dedo sobre o anel. –Você deveria ter me contado.

–Você daria pra alguém que precisasse mais. –Ela não respondeu, simplesmente me deu um selinho. –Eu estava com saudades de você pequena. –Falei abraçando-a, puxando-a para mais perto de mim e ela gemeu por conta da dor. –Está doendo muito?

–Vou superar. Você fez os curativos? –Eu balancei a cabeça assentindo. –Me deixe fazer uns em você também.

–Não, eu estou bem.

–Draco? –Ouvimos a voz de Blás vindo do andar de baixo. Alguns minutos depois ele bateu na porta do quarto e entrou. Atrás dele vinham Gina e Luna, que ainda estavam chorando.

–OH MEU SANTO MERLIN! –Elas gritaram juntas assustadas olhando Hermione, que estava viva em meus braços. Blás já sabia do anel, por isso agiu normalmente.

–Fico feliz que acordou sabe-tudo. –Ele disse e Hermione deu um leve sorriso.

–M-Mione vo-você n-não...? –Começou Gina que ainda estava com os olhos arregalados.

–Como eu disse Gina, eu dei um jeito. –Falei beijando a cabeça da minha morena.

–Draco como você...? –Perguntou Luna.

–Longa história Luna, melhor contar outro dia. –Falei suspirando. –O Potter e o Weasley desistiram de me matar?

–No momento eles estão petrificados no meio da sua sala. –Disse Blás rindo e me fazendo rir também.

–Podem descer e fazê-los voltar ao normal?

–Sério Gina? Eles ficam mais legais assim!

–Anda logo Blás. –Disse Luna rindo e beijando o rosto do namorado. –Queremos falar com a Mione, ver como ela está e tem coisas que não podemos falar com vocês aqui.

–E que tipo de coisas são essas? –Ele perguntou sorrindo e beijando-a. –Vem Draco.

–Espera um pouco morena. –Falei dando um selinho em Hermione e saindo devagar, tendo todo o cuidado do mundo para não machucá-la. –Qualquer coisa me chame.

Blás e eu descemos as escadas e encontramos os dois lá, caídos no meio da sala. Eu não consegui segurar o riso e nem Blás. Os dois dariam um bom enfeite.

–Abaffiato. –Fiz o feitiço para impedir que o Potter e o Weasley escutassem o que eu estava prestes a contar. –Blás, Lucius vai vir atrás de mim. Ele já matou a minha mãe e quando descobrir que Hermione está viva ele virá atrás dela, eu tenho certeza.

–Ele matou a sua mãe?! Por quê?!

–Ele não é meu pai, Blás. –Respondi.

–Então quem é o seu pai?

–Não sei, eu não me importo, pelo menos não agora. Lucius vai ser condenado, eu tenho certeza, você acha que ele consegue fugir de Azkaban?

–Talvez, outros já conseguiram. –Eu suspirei e desfiz o feitiço, em seguida o do Potter e do Weasley.

–Eu disse que daria um jeito. –Falei cruzando os braços. Os dois se levantaram rapidamente e apontaram as varinhas pra mim. –Antes de me matar venham, preciso que vejam uma coisa.

Eu subi as escadas com eles e abri a porta do meu quarto. Hermione sorria junto com Gina e Luna, o que também me fez sorrir. Incrível que mesmo depois de tudo o que aconteceu hoje o sorriso dela ainda me trás paz.

–HERMIONE VOCÊ ESTÁ VIVA! –O Weasley gritou correndo até ela junto ao Potter. Os dois a abraçaram ao mesmo tempo e ela fechou os olhos sorrindo.

–Viva, mas não está 100%. Ela ainda sente dores. –Falei.

–Como você...?

–Há alguns minutos queria me matar e agora acha que eu vou te contar os meus segredos? Acha que eu sou o quê Potter?

–Me esqueci que você é Draco Malfoy. –Eu revirei os olhos.

–Draco, senta aqui comigo. –Hermione pediu me dando espaço ao seu lado na cama. Eu me sentei, abraçando-a e ela se encostou em mim.