O mistério do Iris escrita por strangeland


Capítulo 4
Chegando perto




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Capítulo 4 – Chegando perto

Com certeza, Olímpia não seria o lugar que Lara escolheria. Apesar da parceria que haviam feito, ela já começava a ficar apreensiva. Von Croy havia feito o mesmo que ela: pesquisado o que pode sobre o Iris na brecha de tempo de volta à Inglaterra. O que assustava Lara era a possibilidade dele estar a um ou dois passos na frente dela. Se Von Croy tivesse a epifania do Iris primeiro que ela, poderia ser um pouco perigoso dependendo da situação. Nos cálculos de Lara, eles iriam para Atenas.

Von Croy, Jefferson e Lara pegaram um jato particular de Jeffrey para chegarem à Olímpia mais rápido. Ela manteve sua mochila o mais perto possível, o que fez com que ela se preocupasse se alguém desconfiasse. Felizmente, do avião à Olímpia, ninguém deu a mínima para o que Lara estivesse carregando em sua mochila.

No aeroporto, um amigo de Von Croy o esperava. Era um homem chamado Otto Caligari, beirando os 70 anos, gordinho, cabelos brancos... Ele era um negociador de artes com grande interesse em arqueologia. Ou, pelo menos, sempre dava um jeito de fazer seu negócio com arqueólogos.

Von Croy se apressou em falar com Otto primeiro. Os dois apertaram mãos, elogiaram os ternos que estavam vestindo e só.  A presença de Lara se aproximando dos dois, fez com que a conversa fosse interrompida.

— Você deve ser a senhorita Lara Croft, certo? – Otto apertou a mão de Lara.

— Sim, precisamente – ela disse.

— Sr. Hastings – Otto apertou a mão de Jefferson - que belo jatinho você tem.

— Obrigado – Jeffrey sorriu – Vamos aos negócios? Porque, infelizmente, eu não sou como esses dois arqueólogos que conseguem lidar bem com fuso horários. Se em Londres eu estava sentindo o fuso horário de Nova York em mim, imagine no Camboja e agora aqui na Grécia, senhor Caligari – e terminou a frase de forma azeda.

— Sim, imagino. Vamos para minha casa. Tem um brunch à espera de vocês, caso estejam com fome.

Diferente de Atenas, Olímpia não possuía prédios que fossem maiores que cinco andares. A parte comercial da cidade lembrava uma cidade cenográfica; era completamente calma, mas era comum chegar grupos de excursões, devido aos pontos turísticos da cidade (como por exemplo, o antigo local das olimpíadas).

A casa de Otto era branca por fora e um tanto quanto grande. Possuía um belo jardim com muitas estátuas pequenas em grandes pedestais, e uma trilha feita com pedras largas no chão batido, que levava à entrada da casa. A maioria das estátuas lembrava deusas gregas carregando jarros de água, e anjos com arcos e flechas.

Os três entraram na formidável casa do senhor Caligari. Apesar da Grécia ter uma diferença de apenas 2 horas para Londres, Lara se sentia um pouco cansada pela viagem. Quando viajou para o Camboja, sentiu a diferença de 7 horas, claro, mas não se sentiu tão cansada como estava agora. Resolveu pensar que era apenas stress.

 - Você tem uma casa um tanto quanto encantadora, senhor Caligari – Lara disse, enquanto Otto os guiavam para uma mesa de jantar com bastante comida. Todos se sentaram e começaram a se servirem.

— Muito obrigado, senhorita Croft. Esta é minha segunda casa. Eu moro em Atenas. Gosto de vir para cá quando quero tirar férias ou resolver alguns serviços.

— O senhor é muito amigo de Werner?

Houve um silêncio breve. Von Croy não gostou de ouvir uma pergunta sobre ele como se ele não estivesse ali para ouvir. Mas Lara só queria descobrir a índole de Otto.

— Bom... Teoricamente, Werner só me procura quando quer alguma coisa – ele riu, achando que sua piadinha tinha sido engraçada. - Conversamos mais sobre negócios do que outras coisas – Otto fez uma pausa – Oh, às vezes, vendo coisas para ele. Como esse cajado que ele está segurando agora.

Lara e Jeffrey olharam em direção à Von Croy, que já estava de mau humor.

— Lara, não vejo porque ficar tão tímida em me perguntar as coisas – Von Croy riu forçadamente, tentando parecer um amigo de Lara. – E, Otto, não de tantos ouvidos a essa Fräulein. Ela tende a ser um pouco curiosa.

— Sim, é verdade, querido, – ela deu um sorriso forçado para o arqueólogo – pelo menos, eu sei até onde a curiosidade pode matar.

Houve um silêncio constrangedor. Jeffrey, então, começou a fazer perguntas sobre Olímpia, e Otto sentiu satisfação em responder o que sabia, desde a primeira olimpíada ao Barão Pierre de Coubertin.

—__________________________________

 

Depois de algum tempo, os quatro se reuniram na sala de estar. Sentaram em um sofá azul Royal; havia uma mesa de vidro diante deles. Otto começou dizendo que nunca ouviu falar em nenhum tipo de artefato com o nome Íris.

— Quanto vale uma peça grega de séculos atrás? – Jeffrey perguntou do nada. Otto ficou quase perdido, mas o respondeu.

—Bom, depende de que peça é – Otto passou a mão pela nuca – Von Croy é arqueólogo e sabe que, dependendo da importância, pode ser inestimável o preço e impossível de comercializá-lo para qualquer um.

  Em seguida, seu telefone tocou e ele se retirou por um instante para atendê-lo. Jeffrey estava começando a ficar nervoso.

— Jeffrey, posso...

— Você já pensou onde isso tudo pode levar? Caso alguém a mais descubra toda a história do Iris, as indústrias Von Croy não poderão usar mais o Iris! Já usamos na encolha, vale lembrar. Poucas pessoas sabem dessa história de Angkor-alguma-coisa, mas imaginem alguém saber tudo sobre ele? Seria um inferno! – Jefferson estava suando – É como achar os braços perdidos da Vênus de Milo. O mundo vai querer, você me entende? Já pensou no prejuízo que ficaríamos se o  mundo souber disso? Você está envolvendo muita gente nisso, Werner!

— Hey! Escute bem: eu sei muito bem o que estou fazendo.  Sarit e Otto nunca desconfiarão de nada. Se alguma coisa do Iris sair de controle, será por culpa sua ou de Lara -  Von Croy resmungou num tom que Otto não o ouvisse. Lara tentou se pronunciar, mas Otto estava voltando para conversar com eles.

— Me desculpem a demora. Oh, hum... vocês querem beber algo?

— Não, obrigada -  disse Lara com um sorriso.

— Eu também não quero nada. Acho que podemos...

— Eu quero um whisky. Aceito qualquer um que você tiver – Jeffrey interrompeu Von Croy e se levantou para se aproximar da janela da sala. Estava muito nervoso para ficar ali só sentado. Queria respirar um pouco e olhar a paisagem do jardim de Otto.

Depois que Jeffrey foi servido por Otto, este voltou a falar do artefato.

— Infelizmente, não há nenhum objeto chamado Iris. Existe, na verdade, uma deusa chamada Iris.

— Nós sabemos disso – disse Von Croy.

— Entretanto, separei umas fotos para você com base nas coisas que pesquisa. – O velho se levantou e foi até uma grande estante onde ele guardava copos de vidro. Na parte inferior à direita, na altura da coxa, havia uma gaveta. Ele a abriu e retirou um conjunto de fotos.

 Quando sentou no sofá de novo, entregou as fotos para Lara. Von Croy ficou um pouco incomodado por ele não ter dado as fotos em suas mãos, e só restou esticar o corpo e o pescoço para olhar as fotos nas mãos de Lara.

— Duas dessas fotos foram tiradas num sítio arqueológico aqui em Olímpia, um pouco longe da “cidade olímpica”. As outras são fotos de um museu, onde há um vaso com um objeto desenhado de acordo com as descrições de Von Croy. E outras fotos são quadros relacionados a Íris e tudo mais.

Lara ficou surpresa e chegou a entreabrir a boca. As fotos do sítio arqueológico mostravam um tipo de templo e um dos detalhes na parede do templo era um símbolo muito parecido com o Iris. As outras fotos tiradas no museu mostrava uma mulher alada segurando um caduceu ou um jarro de água, voando e formando um arco-íris por onde passava. Outros quadros representavam como um arco-íris em si. Alguma das obras, Lara havia já visto em um dos livros de sua casa.

Uma das fotos era um vaso grego com um desenho de uma garota segurando o “Iris” (era visível para Lara que era o artefato lembrava muito o que estava escondido em sua mochila). Quando perguntou sobre aquela foto, Otto disse que aquele era um vaso em homenagem à Demetria.

— Quem é Demetria? – Von Croy perguntou ao mesmo tempo em que puxava a foto da mão de Lara.

— Demetria é conhecida como a pacificadora de Heraklion. Bom, as pessoas daquela ilha que gostam mais de lembrar dela. Ela tentou parar uma guerra lá em nome dos deuses, mas acabou morrendo, se não me engano. Por isso ela é conhecida como a pacificadora de Heraklion. – Otto concluiu.

— E o que é isso na mão dela? – Lara perguntou após retirar a foto na mão de Von Croy

— Se não me engano, é “o transporte”. Acho que tava escrito isso no museu.

Von Croy resolveu dar atenção às fotos do templo. Lara olhou para ele, e quando ele encontrou o olhar dela, ela disse:

— Precisamos ir nesse lugar.


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