Creatures of The Night - The Called of The Wolf escrita por Giovana Machado


Capítulo 5
Capítulo 5 - What the hell did you do?


Notas iniciais do capítulo

Oi! Eu queria me desculpar por ficar no escuro tanto tempo. Eu meio que esqueci dessa história, mas as ideias na minha cabeça não, então, ainda vou continuar postando a história. Eu queria também agradecer à Laáh, que foi a primeira pessoa a comentar e a acompanhar a minha história. Beijos, sua linda! Adoro você por isso.
Bom, espero que goste. Nos vemos nas notas finais!



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Cabelo cheio, unhas compridas e bem feitas, sobrancelhas grossas e muito gostosa. Era assim que a garota a sua frente se parecia se lhe pedissem uma descrição superficial de Sasha.

– Vai ficar parado me olhando ou vamos comer alguma coisa? O horário de almoço está quase no fim. - Sasha revirara os olhos, arrastando a cadeira para trás. Charlie apenas piscara algumas vezes, como que recobrando a consciência, e, ao notá-la parada em frente à mesa de braços cruzados, percebera o quão idiota estava parecendo.

– Ah, claro. - dissera ele, se levantando afobadamente.

A garota suspirara, seguindo-o para a fila relativamente grande.

– Então, de onde você é? Pelo jeito que você fala não é americana. Talvez austríaca, croata, búlgara ou...

– Vai tentar adivinhar de onde eu sou ou prefere que eu responda a sua pergunta? - Sasha o cortara, arqueando uma sobrancelha.

– Desculpe. - Charlie abaixara a cabeça, concentrando-se em não derrubar um pedaço de pizza da bandeja.

– Russa.

– Quase acertei! - o garoto praguejara, socando o pequeno balcão de mármore onde as travessas com comida estavam expostas. Por um breve momento um meio sorriso apossara-se dos lábios de Sasha pelo entusiasmo do rapaz, mas fora só. No instante seguinte a expressão entediada e indiferente estava de volta. - Você está com fome, hein?

– Como é? - ela mais uma vez arqueara as sobrancelhas, abaixando os olhos para sua própria bandeja, tentando encontrar algo de errado. Dois pedaços de pizza de mussarela recém assados, um hambúrguer grande, uma porção de fritas com queijo, uma maçã bem vermelha e um refrigerante de cola a encararam de volta. - Não tem nada de errado com o que eu peguei.

– Eu não disse que tinha alguma coisa errada. Eu apenas comentei sobre a quantidade. - as bochechas fofas de Charlie adquiriram um tom rosado. Ótimo, comentar sobre o quanto uma garota come não é a melhor coisa a se fazer num primeiro encontro, imbecil. Opa. Primeiro encontro? Sério?

– As garotas da América não comem assim? - perguntara ela, sarcasticamente.

– As garotas da América, sim. Agora, as garotas daqui, com certeza não. - Charlie apontara para um ponto específico, onde várias meninas se reuniam ao redor de uma mesa com embalagens de plástico empilhadas umas sobre as outras. O conteúdo delas, em sua maioria, era puramente verde.

– Prefiro minha pizza, muito obrigada. - Sasha cruzara as pernas ao se sentar novamente a mesa com Charlie, atraindo alguns olhares sobre si. - Mas agora é a minha vez de fazer perguntas.

– À vontade. - o garoto sorvera um grande gole de sua Sprite.

– Por que quando eu pesquisei sobre este lugar, não encontrei nada de relativa importância? Quero dizer, pelo tamanho dessa cidade e levando em conta que a maioria das pessoas aqui provavelmente tem mais de seis dígitos nas contas bancárias, aqui não deveria ter o mínimo de atenção nas revistas de fofoca? Não que eu leia esse tipo de coisa, até porque acho isso perda de tempo e de dinheiro, mas enfim... Por que?

E mais uma vez Charlie estagnara na frente dela. Sua boca levemente aberta enquanto tentava processar as palavras despejadas em cima de si com tanta pressa. Agora sim, sabia como as pessoas se sentiam quando conversavam com ele.

– Ah... - pigarreara ele, vendo-a virar a cabeça para o lado (como aqueles cachorros dos filmes fazem quando aparentam não entender algo). - Bem, tente imaginar a Bahia das Esmeraldas como uma atriz de Hollywood. Bêbada e viciada em qualquer tipo de drogas e entorpecentes. Quando ela vai para a reabilitação, as pessoas certas cuidam para que nada comprometedor vaze. No caso dessa cidade, as pessoas certas são as famílias mais antigas e consequentemente as mais influentes que garantem que tudo corra conforme o planejado. Não me admira você não achar nada. Mais alguma pergunta?

– Por que sinto que aquela garota não gosta de mim? - Sasha apontara com o queixo para a mesa em que Carla estava sentada com uma garota loira.

– Quem? Carla, a devoradora? - debochara ele. - Não se sinta especial, quase ninguém ganha a simpatia dela, exceto Candice. - okay, estava louca ou um brilhinho ridiculamente patético passara pelos olhos dele?

– Você quer transar com ela. - afirmara Sasha, com um sorriso malicioso.

– O quê?! N-não, é c-claro q-que... - gaguejara ele e Sasha teve suas dúvidas sanadas ao notar a vermelhidão constrangedora subir do pescoço até as orelhas do pobre rapaz. - Ela é linda, okay? Qualquer um gostaria de...

– Trepar com ela. - provocara ela, arqueando uma sobrancelha.

– Você quer parar com isso?! - sibilara ele, cobrindo a lateral do rosto com a palma da mão, arrancando gargalhadas escandalosas dela. - Estou falando sério, Sasha!

– Certo, certo. Já parei. - desculpara-se ela, limpando uma lágrima imaginária do canto do olho esquerdo. - Mas se está assim de quatro por ela, por que não a convida pra sair? Ou sei lá, manda flores ou alguma baboseira dessas? Garotas gostam disso.

– Você fala como se você não fosse uma.

– Eu sou diferente das outras garotas, querido. Não pode me tomar como base. Mas e aí, por que não chama a loira gostosa para assistir um filme? Essa cidade deve ter, ao menos, um cinema, não é?

– Não a chame desse jeito. Sim, têm um cinema e não, eu não vou convidá-la. - Charlie mexera-se desconfortável na cadeira, abraçando os próprios cotovelos. - Ela já têm um namorado.

– Quem? Eu duvido que esse idiota seja tão divertido e engraçado como você.

– Ele. - o rapaz apontara para as portas de vidro do refeitório que levavam ao pátio arborizado.

Como que num filme, o tempo desacelerou apenas para que o dito cujo garoto de cabelo loiro e olhos castanhos passasse em câmera lenta pelo corredor de adolescentes populares, cumprimentando seus amigos do time de futebol americano com suas jaquetas amarelas reluzindo. E é justamente naquela hora que Candice o agarra na frente de todos, enlaçando seu pescoço com os braços e o beijando de uma forma muito obscena.

– Esqueça o que eu disse. Ele é gostoso. Você é o idiota.

– Que ótimo! Mais uma foi conquistada. - bufara ele, jogando uma batata frita no rosto de Sasha, que riu da carranca no rosto dele e pegou a batata de cima da mesa, comendo-a em seguida. - Vocês são tão bobinhas. Parecem mariposas numa lâmpada.

– Ah, não fique assim, bebê! - Sasha apertara a bochecha dele com força, dando um tapinha em seguida. - Vamos, o almoço já acabou e quero companhia até a minha sala. Por que não frequentamos as mesmas aulas?

– Digamos que as minhas aulas sejam um pouco mais avançadas que as suas. - ele dissera, empinando o nariz. Essa atitude poderia ter sido arrogante, se não fosse engraçada demais para ela.

***

Ao final da penúltima aula o cérebro de Sasha havia virado geleia. Há quanto tempo não sabia o que era álgebra? Ou trigonometria? Ou matemática em geral? Deus, como se sentia burra em matérias exatas. E os professores não ajudavam em nada.

– Senhorita Telacci, seus conhecimentos em matemática são quase nulos. Estou transferindo-a para uma classe onde se sentirá mais à vontade com o conteúdo proposto. - a professora, uma velha baixinha e raquítica que usava óculos bem maiores que o próprio rosto, entregara uma folha de papel para Sasha quando esta se preparava para deixar a sala de aula. - Sua tutora deve assinar e estar presente na próxima reunião de pais e mestres na semana que vem. É só isso, obrigada querida.

– De nada. - se tivesse um grampeador agora, faria bom uso dele. Na cabeça daquela mulher. - Eu que agradeço, professora.

Patética. A palavra parecia brilhar acima de sua cabeça como um outdoor da Broadway.

– Eu ouvi dizer que ela tem problemas de aprendizado. - ouvira uma garota cochichar no canto do vestiário feminino.

– Meu irmão disse que ela nem soube resolver um dos cálculos mais simples do primeiro ano.

– Sério?

– Sim, mas aí os amigos babacas dele disseram que se ela fizesse uma garganta profunda perfeita valeria à pena. - e completara com um sorriso maldoso. Nossa, como as pessoas daqui são infantis.

Sasha apenas revirara os olhos, guardando a bolsa no armário e prendendo o cabelo num rabo de cavalo alto.

– Garotas, mexam-se! - a treinadora Horowitz aparecera apitando. - Como está um dia lindo lá fora, vamos correr um pouquinho no campo. Eu sei, todas estamos loucas para secar os abdômens tanquinhos dos rapazes, mas tentem se controlar. Não quero deixar ninguém de castigo depois da aula. Agora, vamos!

De fato, estava um lindo dia. Ou melhor, um lindo quase fim de tarde. Perfeito para alguns exercícios físicos regados à muita água. Era disso que Sasha precisava. E nem ligou para o jeito que o short do uniforme, dois números menores (infelizmente, esse era o maior tamanho disponível no momento), se agarrava as suas coxas, ou como seus peitos pareciam pular para fora da camiseta baby look de corrida. Ah, por favor! Eles nunca tiveram uma garota grande por aqui? Isso chega a ser ridículo!

– Além de retardada é gorda como uma porca. - comentara Carla, esquecendo-se que ela própria havia elogiado o corpo de Sasha há algumas horas. E, para sua infelicidade, não havia nenhuma cicatriz à vista na pele exposta da barriga, braços ou busto da garota.

– Moças, quero três voltas. Campo inteiro. Vamos! - a treinadora apitara mais uma vez, instigando todas a começarem a corrida.

– Isso é ridículo. - praguejava Candice, alongando seus braços ao lado de Carla. - Prefiro as aulas na piscina. É tão mais produtivo pra nós. Falando nisso, vai tentar o teste para capitã este ano?

A morena que tocava o chão com as palmas das mãos a olhara por cima dos ombros. Sabia que Candice estava jogando o verde para cima de si.

– Vou. Mas não é uma coisa que eu queira. - ela deu de ombros. - Você é mais centrada nessa coisa de esporte. Se eu ganhasse só seria pelo título.

Bom, pelo menos ela é sincera.

– Ei, jogador gato à sua direita. - sorrira Carla, apontando com o queixo. - Não seja discreta.

Candice apenas revirara os olhos, sorrindo e voltando ao seu alongamento. Dessa vez de uma forma bem mais sensual e explícita, atraindo os olhares dos rapazes que treinavam no espaço ao lado.

Se existe um deus do clichê, ele com certeza daria pulinhos de alegria agora. Era o que Sasha pensava ao assistir aquela aula. Bom, vendo pelo lado bom tinha a corrida. E Charlie jogando bola do outro lado.

– Hey, Rússia! - ouvira a voz do garoto a alguns metros. - Mexa-se! Tem muito chão ainda até a linha de chegada, moça. - e depois rira, arrancando um sorriso de Sasha, que lhe mostrara o dedo do meio.

Apesar de conhecê-lo há muito pouco tempo, Sasha se sentia bem perto dele. Muito bem, na verdade. E aquele provavelmente seria o mais próximo de um amigo que poderia conseguir naquela cidade.

– Quero um touchdown! - gritara ela, correndo e acenando freneticamente.

– Por que a novata está falando com você, imbecil? - Aaron, namorado de Candice e capitão do time de futebol, parou ao seu lado, de braços cruzados.

– Se não fosse desperdício de saliva, eu responderia a sua pergunta, Garbender. - retrucara Charlie, ácido.

Aaron e sua turminha fizeram alguns sons esquisitos com a boca.

– O nerdizinho está com as garrinhas de fora. Que surpresa! O que mudou no verão? A puberdade finalmente chegou, foi? - e mais risadas. Charlie apenas afastara-se, enquanto Aaron batia as próprias mãos nas dos amigos.

– Parece que eu não sou a única com desavenças. - suspirara Sasha, de braços cruzados, balançando a cabeça. - Ei, Charlie! - chamara ela, correndo para mais perto dos rapazes.

– Oi. - o garoto virara-se, com uma expressão do tipo "que merda você vai fazer?".

– Oi, será que você pode me dar uma carona depois da aula? - Sasha tocara no antebraço dele, toda melindrosa.

– C-claro. - gaguejara ele, não entendendo nada. - É só isso?

– Na verdade não. - sorrira ela, afastando uma mecha de cabelo do rosto. Os outros caras do time encaravam descaradamente suas pernas descobertas pelo uniforme. - Eu queria saber se você já tem companhia para a festa da Carla, a horrorosa. Você vai, não vai? Por que se você não for, não tenho motivos para ir. Então, você vai?

O sorriso gentil dela "seria muito bom se você fosse", na verdade queria dizer "entra na onda, senão eu te arrebento aqui e agora".

– Vou. - a respiração dele falhara quando a mão dela subira do antebraço, até o ombro, o trazendo para mais perto, para um beijo estalado na bochecha. - Eu te pego às nove, então.

– É claro que sim. - sorrira ela, maliciosa. - Até mais, gatinho! - acenara, saindo rebolando até o vestiário. Todas as aulas do dia haviam terminado e precisava urgentemente de um banho pela quantidade de suor no próprio corpo.

Os garotos (Charlie, inclusive) foram deixados para trás, de boca aberta.


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Notas finais do capítulo

Bom, Laáh, mais uma vez obrigada. Continue acompanhando e postando comentários! Beijos!



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