—Hã...isso é um sim,ou...?

—Ah,claro! Hã..vai em frente. —eu disse,e corei um pouco. Provavelmente eu estive encarando ela,e o cara esperou a resposta. Que coisa linda. O estranho não pensou duas vezes,foi até lá e até conseguiu um abraço(Não que ela se fizesse de difícil). Tá,isso já era meio íntimo e desnecessário. Confesso que me incomodou(não ouse contar isso pra ninguém,ou eu procuro seu endereço.). Cantar com a Fê? Claro,sai que é sua Taffarel. Abraçá-la? Não,valeu,beijo me nem pense em me ligar.

—Nash! Sua vez! —Ela me chamou,e foi aí que eu notei que tinha sobrado:toda santa pessoa naquela praia já tinha ido cantar com a Fê,menos o lindo cara de pijama aqui. Fiquei meio dividido: Eu deveria mostrar minha voz de gato satânico sendo esganado como oferenda de voodoo mas passar um tempo com a mina doida do hotel,ou salvar a honra da minha família e deixar ela no vácuo?

—Hã..Nash,você não vem?

—Ah! Eu..hã..eu vou. —decidi,ainda meio nervoso. Prepare-se Bahia,this is The Voice. Somente jamais. A música tinha mudado,agora era Santeria. Me inglês era do nível do Joel Santana,o que claramente mostrava um futuro brilhante nessa ocasião. A Fê começou,com a voz quase perfeita,a exceção sendo o sotaque. Ela carregava nos erres,e às vezes dava uma enrolada. Admito que eu gostei assim: era diferente e nem um pouco perfeito considerando os padrões normais,como..hã..a Fevereiro mesmo. Se tiver algo de ordinário nela,é só o fato de que ela respira e toma água. Aliás,ela toma água com gás. Que ser humano normal toma água com GÁS? Não vou nem gastar espaço de texto se você gosta,sinceramente,parem de estragar tudo.

Eu tive de me juntar na cantoria. Devo ser melhor do que imaginava,já que nenhum país resolveu bombardear o Brasil pelos barulhos nada saudáveis que ele produzia.

—OK,paramos aqui. Vem,eu vou comprar uma garrafa d'água. —Fevereiro largou o microfone,e foi até a barraca/bar. Fui atrás,logicamente,meu hobby consistia em stalkear minas problemáticas. Super normal,fazia toda sexta.

—Hã..Fê.. —eu comecei,e ela se virou. —Eu..canto bem?

—Não. —ela respondeu,naturalmente e sorrindo. —Algum motivo que te faça querer saber disso?

—Nada,mas..bom,você canta.

—É,eu sei.

—Nossa,mas que modesta. —comentei,rindo.

—Modéstia é coisa dos fracos,e eu sou o oposto.

—É..notei. —respondi,sorrindo,e ela sorriu também.

—Valeu,eu..só tava brincando. Você..hã..soa melhor que uma orca gripada.

—Obrigado,eu..acho. —eu disse,corando. Ela virou os olhos e riu,depois me deu um beijo na bochecha e saiu pro mar. Naquele momento,eu parei de qualquer coisa,e a única coisa que veio à mente foi 'Que porra foi essa?!'

Se fiquei feliz? Óbvio,a Fê não era tãao mal assim. Mesmo assim,eu não cheguei a explodir. Ela errou uns 3 centímetros pra esquerda nesse quesito. E acho que me determinei a fazê-la acertar dessa vez.

—Fê! —chamei,e ela parou bem perto do mar. O vento soprou os cabelos cacheados,e ela teve que tirá-los do rosto,o que fez nós dois rir.

—Fala logo,Nash! —ela disse,entre risinhos,e manteve um sorriso que me fez derreter um pouco,já que nas semanas passadas,meu coração era literalmente um bloco de gelo que faria Arendell enriquecer rápido.

—Posso dizer uma coisa? —perguntei,e andei uns passos mais perto,mas não muito,afinal,eu não ia só chegar direto. Não sou tão sem noção aqui.

—Não. —ela respondeu,o que me fez um pouco surpreso. —Só se me ouvir antes. Promete?

—Eu..hã..ok,mas seja rápida. —eu disse,e dei de ombros. Ela virou os olhos e sorriu torto de novo. Minhas bochechas pareciam faróis vermelhos naquela hora.

—Não acho que eu possa ser rápida com isso. —ela disse,e me puxou pra perto,com um beijo um tanto desajeitado,mas que foi mais do que suficiente pra simular o Réveillon do Rio de Janeiro no meu peito.